Uma traição leva a outra - do Karaokê ao estúdio. 5

Um conto erótico de Bruno/Kaori
Categoria: Heterossexual
Contém 4203 palavras
Data: 22/06/2025 10:26:39

Naquela noite, entrei no apartamento e tudo o que ouvi foi o som abafado das panelas sendo mexidas na cozinha. O cheiro do jantar no ar me confirmou que Kaori estava preparando algo — mas apenas para ela. Passei direto pela sala, sem dizer nada. Meu estômago estava embrulhado demais para aceitar qualquer alimento. Fui direto para o quarto.

Deitei na cama, ainda vestido. O teto parecia me encarar de volta enquanto meus pensamentos fervilhavam. Cada gesto dela, cada palavra não dita... tudo girava na minha cabeça como um redemoinho. O silêncio da casa, normalmente acolhedor, dessa vez me sufocava.

Mais de uma hora se passou.

Ouvi passos suaves se aproximando do quarto. Me virei um pouco e vi Kaori parada na porta, o rosto sem expressão, os olhos cansados.

— Eu... posso deitar? — ela perguntou, a voz baixa, quase tímida.

Apenas assenti, me virando para o lado oposto. Senti o colchão afundar levemente quando ela se deitou, mantendo uma distância respeitosa entre nós. Ficamos em silêncio por longos minutos. Um silêncio desconfortável, cheio de palavras presas na garganta.

— Está tudo bem com você? — ela perguntou enfim.

Suspirei, sem virar para ela.

— Eu que devia perguntar isso. Por que você sempre desvia quando falo dos ensaios?

Ela demorou a responder. Senti o colchão se mover um pouco quando ela mudou de posição.

— Porque... eu fico constrangida. — disse, quase num sussurro.

Me virei devagar para encará-la, tentando manter a calma.

— Constrangida? Que tipo de constrangimento você teria comigo, Kaori? Eu sou seu marido.

Ela desviou o olhar, virando-se novamente para o outro lado da cama.

— É só... complicado, tá bom?

Fiquei ali olhando para suas costas por um tempo, sentindo meu peito apertar. Eu queria insistir, pressionar, exigir a verdade. Mas algo em mim dizia que ainda não era a hora. Talvez por covardia... ou por medo do que eu poderia ouvir. Fechei os olhos, tentando dormir. O peso da tensão nos cobria como um lençol invisível.

Na manhã seguinte, acordei cedo, mas fiquei alguns minutos deitado, encarando o teto. Quando saí do quarto, senti o cheiro do café da manhã. Kaori estava na cozinha, preparando um prato simples: arroz, ovos mexidos e frango grelhado. Algo leve... quase simbólico.

Ela me olhou quando passei pela cozinha.

— Preparei o café. Está quentinho.

Peguei minha maleta sem responder de imediato. Meus olhos passaram pela mesa posta com cuidado.

— Não estou com fome. — murmurei, seco.

Vi a expressão dela murchar, mas continuei andando até a porta. Precisava de ar. Precisava de respostas. Saí sem olhar para trás.

O caminho até o trabalho foi um borrão. A cidade parecia seguir seu ritmo, indiferente ao turbilhão dentro de mim. Ao chegar na empresa, fui direto até a sala de Fujiwara. Vazia. Estranhei — ele nunca faltava sem avisar.

Com passos pesados, fui até minha mesa. Já estava pronto para me afundar no trabalho e talvez esquecer um pouco da vida... mas então parei seco.

Um certo alguém me esperava ali. Sentada na minha cadeira, com o olhar decidido a falar comigo.

— Olá, Mutou-san. Espero que não se importe com a visita. Precisávamos conversar.

O frio na barriga que senti naquele momento foi diferente de todos os outros. Porque ali, naquele instante, eu percebi que nada daquilo tinha terminado.

(Mudando a partir de agora o foco para Kaori.)

A vida mudou completamente para mim quando deixei o Brasil e vim morar no Japão. Uma terra onde os costumes, os valores e até o modo de se comunicar são diferentes — mais contidos, mais silenciosos.

Seria um desafio e tanto, muito mais para o Bruno do que para mim, que já era de certa forma, familiarizada com isso. Nunca vivi no Japão, mas meus pais e avós já passaram um tempo aqui nessa nova terra, e sempre fui criada com os costumes de nossa terra querida, mesmo nascida no Brasil;

Aprendi o idioma cedo, assim como aprendi o lugar da esposa nesse ambiente. Por isso eu apoiei Bruno a todo momento.

Eu e Bruno sempre sonhamos em construir uma vida sólida aqui. Estávamos determinados a conquistar estabilidade financeira, montar uma família, crescer juntos. E, por muito tempo, parecia que tudo estava indo bem. Nosso casamento era tranquilo, cheio de carinho e planos conjuntos. Bruno trabalhava duro, mas chegava em casa com um sorriso no rosto. Sempre dizia que tudo valia a pena quando me via.

Mas tudo mudou naquele dia. No dia em que ele chegou carregado pelo chefe, bêbado, depois de uma festa num bar-karaokê.

Não foi apenas o cheiro de álcool ou a hora que el chegou em casa — Que eram totalmente fora do padrão do meu marido. Foi a expressão no rosto dele. Algo nele tinha se partido. A partir daquela noite, comecei a perceber mudanças sutis, mas que com o tempo se tornaram difíceis de ignorar.

Tentei falar sobre essas mudanças com as poucas pessoas que tinha de confiança — Minha amiga Mayumi, e minha mãe. Ambas chegaram a cogitar que Bruno estava, ou me traiu. E não sabia como dizer. Mas eu rechacei essa possibilidade. Meu marido me ama.

Mas então as mudanças — antes sutis, ficaram cada vez mais evidentes. Bruno já não me tocava com o mesmo desejo. Por várias noites, apesar das minhas tentativas discretas de iniciar algo entre nós, ele brochava. Me satisfazia de outras formas, mas não conseguia ficar ereto. Eu, por muitas vezes fiquei calada, não questionava. Mas ficava me perguntando, se eu não era mais tão atraente.

Ele também começou a ficar mais distante. Seus olhos me atravessavam, como se eu estivesse ali, mas não completamente presente para ele. Algumas vezes, era ríspido sem motivo. Palavras secas, respostas curtas, uma frieza que não combinava com o homem por quem me apaixonei. Mas logo depois, como se percebesse o que tinha feito, ele vinha com pedidos de desculpas. Sinceros, quase desesperados, como se tivesse um medo enorme de me perder. E isso me confundia. Me fazia questionar se o problema era comigo.

Eu tentava manter o equilíbrio. Preparava o café da manhã com mais carinho, colocava pequenas surpresas em sua marmita, comprava ingredientes que ele gostava. E, por fora, mantinha o sorriso, a normalidade. Mas por dentro... o coração apertava.

Percebia que Bruno também, que antes idolatrava o chefe, passou a ser distante com o mesmo. Como se algo tivesse acontecido no Karaokê. Eu havia convidado o senhor Fujiwara para um jantar, como agradecimento.

Desde o convite, percebi que Bruno não estava confortável. Ele relutou. Alegou que não havia necessidade, que preferia manter distância do chefe fora do ambiente de trabalho. Mas, no fim, acabou cedendo.

No Jantar, o senhor Fujiwara foi de muitos elogios. Mostrou ser um cara simpático, educado. Culto, conhecedor de muitas coisas. Fiquei impressionada com seus feitos. Mas fiquei mais impressionada ainda, é pelo fato de Bruno me valorizar tanto, tendo um retrato meu sempre ao seu lado ali, em sua mesa, mas ao mesmo tempo ser tão distante atualmente.

Notava os olhares de Bruno, como se algo tivesse errado entre eles. Veio as fotos... E meu vislumbre por aquelas fotografias tão lindas e produzidas.

Então veio o convite.

— Elas são tão lindas... eu jamais ficaria bem em algo assim. — Eu disse, passando a me imaginar sendo modelo naquelas fotos. Confesso, que invejei o quanto elas eram lindas.

— Ora, Kaori-san, não diga isso. Você é incrível. Aliás... pensei em uma coisa. Que tal um ensaio com você e Bruno? Algo elegante, sensual e artístico. O estúdio é nosso, com total privacidade. — Ele disse.

— Ah não, chefe. Não acho que isso seja necessário, não temos interesse.

Bruno recusou, e eu fui na dele, mas no fundo, querendo sim fazer algumas fotos. Não tinha nada demais.

— Mas que patético, Mutou-san. — Ele disparou. — Depois de tudo que aconteceu, vai ficar de ciúmes agora? É só um maldito ensaio!

— Tudo que aconteceu? — Eu perguntei ali. Confusa. Mas o que aconteceu afinal, que fez os dois entrarem em atritos?

O senhor Fujiwara se levantou, ignorando a minha comida, e se colocou para ir embora. E eu cedi.

Na hora, não entendi a gravidade daquilo. Pensei que fosse apenas ciúme. Bruno sempre foi protetor comigo. Achei que ele estava exagerando. E foi por isso que, naquela noite, eu aceitei a proposta. Para evitar um conflito maior. Para demonstrar boa vontade. Para mostrar que não havia nada de errado ali.

Mas eu me perguntava: Será que não havia nada de errado mesmo?

No dia seguinte, o senhor Fujiwara foi muito atencioso e gentil, ao dar uma folga ao meu marido, especialmente para me acompanhar até o estúdo. Provavelmente sem Bruno ali, eu não conseguiria.

Bruno parecia nervoso, mas tentou disfarçar, falando sobre qualquer coisa no caminho. Ele estava, inclusive, mais nervoso do que eu. Ele falava, e eu apenas escutava. A verdade é que meu coração também estava acelerado. Não era todo dia que uma mulher comum como eu era chamada para posar como modelo.

Chegamos ao estúdio no horário marcado. Era um prédio moderno, com fachada espelhada. A recepção era silenciosa e elegante. Assim que entramos, o senhor Fujiwara nos recebeu com aquele sorriso gentil, mas intenso demais para ser apenas profissional.

— Kaori-san, Mutou. Sejam bem-vindos ao nosso pequeno templo de arte.

— É lindo. — Eu comentei, e de fato era muito lindo, extremamente profissional. Eu estava vislumbrada com aquele ambiente. Recebi logo um elogio de Fujiwara-san.

— Kaori-san, você está ainda mais encantadora hoje — ele disse, olhando-me dos pés à cabeça. Senti um calor subir pelo pescoço.

— Obrigada, Fujiwara-san — respondi, tentando manter a compostura.

Ele nos guiou até o terceiro andar, onde o estúdio estava montado. Havia um fundo neutro, cortinas brancas esvoaçando nas janelas abertas e uma iluminação cuidadosamente posicionada. Um fotógrafo nos esperava, ajustando os últimos detalhes com seus assistentes. Acabei por ser apresentada para uma das modelos, ela era muito mais bonita do que eu!

Ela se apresentava de forma doce, mas notei uma certa tensão vindo dela. Não sabia dizer exatamente o que era. Logo que ela se foi, comentei:

— É uma de suas modelos, Fujiwara-san? — Perguntei.

— Sim. A mais talentosa de todas. — Disse ele

— Ela é linda... Mais do que eu. — Respondi.

— Eu não acho. — Respondeu meu marido em seguida, o que me fez corar. Bruno era um fofo.

— Bom... Vamos parar de papo furado? Vamos as fotos. — Disse Fujiwara-san.

Fujiwara-san continuou o tour pelo estúdio, até que me mostrou onde iria me arrumar para a sessão de fotos.

— O camarim de Kaori-san é por aqui — disse Fujiwara, apontando para uma porta lateral.

Lá dentro, fui recepcionada por uma moça sorridente chamada Seika. Ela me tratou com gentileza e empolgação.

— Estou tão animada com você! — ela disse. — Veja só essas peças, foram escolhidas especialmente para o seu tipo físico. Vai ficar maravilhosa.

Ela me mostrou uma arara com várias roupas — vestidos floridos, roupas casuais e algumas lingeries elegantes. Senti meu estômago revirar. A assistente me orientou sobre o ensaio, onde iria experimentar e posar com lingeries. Fingi naturalidade e comecei a experimentar a primeira roupa: uma lingerie vinho, mais discreta, mas que realçava perfeitamente meu corpo.

— E então? O que achou? — Perguntou ela, toda fofa.

— Eu... Acho que estou bonita. — Comentei, sem jeito.

— Você está linda, Kaori-san. — Ela disparou. — Vai arrancar suspiros do Fujiwara-sama.

— Ah é..? — Comentei, meio sem jeito.

— Com certeza. Ele não parou de falar de você nos ultimos dois dias.

Quando saí do camarim, notei que os olhos de todos — Bruno, Fujiwara, o fotógrafo e até os assistentes — se voltaram para mim. Era como se eu fosse o centro de um palco.

— Está perfeita. — Comentou Fujiwara-san. Meu marido, com a cara meio fechada, apenas concordou com o rosto. Era a minha vez de brilhar.

O fotógrafo me orientou:

— Vire um pouco o queixo... isso. Agora olhe para o lado. Mão na cintura. Sim, ótimo. Agora, tente sorrir com os olhos. Perfeito.

Ouvi o som dos cliques da câmera. Estava tentando manter a pose, mas a verdade é que me sentia nua. Bruno me olhava, mas eu não conseguia decifrar sua expressão. Já Fujiwara... ele me observava como quem admira algo que deseja possuir. Aquilo me fez corar. Senti vergonha, nervosismo... e algo a mais. Uma excitação que me pegou desprevenida. Estar sendo vista daquela forma... não sei, era como se algo em mim despertasse.

Troquei de lingerie algumas vezes. Algumas mais exoticas, outras mais provocantes. Observei a atenção de todos, e fiquei visivelmente corada, tímida. Mas no fundo me senti poderosa, uma rainha.

Vejo os dois conversando ali alguma coisa, mas não dava para saber o que era. O fotógrafo me disse para experimentar só mais algumas lingeries, para mais algumas fotos.

Voltei ao camarim com um leve tremor nas mãos. Vesti a próxima lingerie: preta, rendada, com transparências. Quando saí, o estúdio ficou em silêncio por um segundo. Meus passos ecoaram no piso de madeira. As poses agora eram mais ousadas: mãos na nuca, costas arqueadas, olhar sedutor. O fotógrafo me guiava com precisão:

— Deite-se sobre esse tecido... isso. Agora olhe para mim, como se estivesse esperando alguém. Ótimo... vire de lado. Coloque o dedo no lábio. Perfeito.

A cada clique, sentia-me mais exposta. Mas também mais livre. Era como se estivesse descobrindo algo sobre mim que sempre esteve ali, mas eu nunca tinha tocado. Vi Fujiwara sorrir algumas vezes, satisfeito. Bruno permanecia imóvel, olhando tudo com expressão tensa.

Depois de quase duas horas, o fotógrafo parou e assentiu para Fujiwara.

— As imagens ficaram incríveis — ele disse. — Kaori-san, você é um talento.

Fujiwara se aproximou. Ele olhou para o monitor, como se pensasse em algo.

— Eu queria explorar mais algumas composições... talvez algo em preto e branco, com sombras mais marcadas. Mas não hoje. Isso exige outro tipo de iluminação, outra preparação. Se estiver disposta, podemos agendar mais uma sessão amanhã. Que tal?

Eu gelei naquele momento. Não sabia muito o que pensar. Olhei para meu marido.

— O que você acha, amor?

— Se você quiser, a gente vem. — Bruno disse, seco. Parecia não ter gostado, mas notei uma coisa nele que iria resolver depois.

Fujiwara sorriu.

— Amanhã, então. Podemos fazer as fotos, eu estou com muitas ideias na cabeça.

— Eu tenho certeza que as fotos ficarão lindas. — Comentei.

— Eu acho que vocês poderiam repensar o fato de tirar fotos em duplas. Acho que os dois se sairiam muito bem, e ficariam lindos nas fotos.

— Vou pensar. — Bruno então respondeu. No fundo, queria tirar umas fotos mais ousadas com meu marido. Com certeza me sentiria mais confiante.

— Obrigado pelo trabalho de hoje. — Disse o fotógrafo.

— Foi um prazer — respondeu Fujiwara, sempre sorridente e simpático. — Estou ansioso por amanhã.

Enquanto saíamos, observei Bruno um tanto calado. Ele parecia incomodado. Eu sondei:

— Você está bem?

— Estou. Só cansado.

Então fomos para casa. Eu fiquei bastante empolgada com esse primeiro dia de fotos. Me peguei desfilando e tirando fotos e tendo meu rosto em banners dos mais variados tipos, espalhados pela cidade.

Fomos pra casa. Bruno aproveitou para sair, disse que iria fazer compras. Foi então que recebi uma ligação do senhor Fujiwara, enquanto ele estava fora.

— Kaori-san.

— Olá, Fujiwara-san. Aconteceu alguma coisa?

— Sim. — Ele respondeu. — Percebi que você é a modelo mais que perfeita para desfilar para minha agencia.

— Modestia sua! — Comentei, ficando levemente corada.

— Eu quero fazer de você uma estrela internacional. Mas vi protestos do Mutou-kun.

— Bom, meu marido é um pouco ciumento mesmo. — Comentei. — Mas, Fujiwara-san. Eu não sei se quero isso. Era pra ser só essa sessão, eu me preparei só pra ela.

— Pois então se prepare para ser grande. Até seu marido vai sentir orgulho. Mesmo que ele não te dê motivos para se orgulhar.

— Como assim?

— Nada não, meu bem. — Ele disse. — Preciso desligar. Mantenha essa conversa só entre nós, eu conversarei pessoalmente com Mutou-san.

Não achei certo esconder algo assim de meu marido, mas como Fujiwara-san iria conversar com ele pessoalmente, acabei dando de ombros.

Meu marido chegou com as compras, e fiz o jantar, um delicioso frango teriyaki com arroz, uma de minhas especialidades. Jantamos e dormimos. No dia seguinte, acordei animada para o novo ensaio. Particularmente gostava de fotos preto e branco, sempre achei elas tão artística e realçava muito bem o brilho da pele. Olhei então para meu marido ao acordar:

— Está animado para hoje?

— Claro.. Vai ser um dia cheio. — Ouvi sua resposta, sem muito entusiasmo.

Me levantei, e fiz o café para ver se ele acordava melhor e de bom humor. Ele veio, e então passamos a tomar nosso café. De repente, ele me olha nos olhos, e diz:

— Kaori... sobre hoje, você tem certeza que quer ir de novo?

Fiquei surpresa, enquanto passava manteiga no meu pão. Minha surpresa era muito mais pela descrença de Bruno sobre mim. Respondi:

— Ontem você disse que não havia problema. Que confiava em mim.

— Eu confio. Mas... não sei. Me sinto desconfortável com tudo isso. Foi uma sessão muito pessoal ontem.

Consegui perceber ali a insegurança de meu marido, mas não tinha nada com que ele pudesse se preocupar. Afinal de contas ele estaria ali comigo, não estaria sozinha. Além do mais, ele sabe que pertenço somente a ele.

— Se eu tivesse algo a esconder, você não estaria do meu lado hoje, Bruno.

De repente o telefone tocou e ele pediu um momento, ele foi para outro cômodo e atendeu o telefone enquanto continuava o café da manhã. Logo ele voltou, e comentou sobre seu trabalho hoje.

— Amor... surgiu um compromisso. Um cliente do Brasil acabou de chegar, e o chefe quer que eu acompanhe. Não vou poder ir com você hoje.

Eu entendia perfeitamente seus compromissos. Afinal, ontem ele faltou para me acompanhar, não seria justo ele deixar seu trabalho por minha causa. Eu concordei.

— Tudo bem. Eu só vou tirar umas fotos e volto. Se algo me deixar desconfortável, eu paro. Prometo.

— Eu confio em você, Kaori. Eu não gosto apenas de outros homens te olhando com desejo, sei lá.

— Oras... — Eu comentei. — Mas não acho que alguém ali me olhava com desejo.

Bruno e eu então nos arrumamos. Cada um iria seguir um caminho diferente. Ele me deixou ali na porta do estúdio, e nos beijamos. Confesso que senti saudade dele segundos depois que ele se foi.

Entrei no estúdio, e para minha surpresa, Fujiwara estava lá, olhando as lentes junto do fotógrafo.

— Olá, Kaori-san. Pronta para mais um dia duro hoje?

— Sim. — Assenti com a cabeça.

— Pode ir até o camarim, Seika está esperando por você.

Assenti com um sorriso leve, tentando disfarçar o frio na barriga que começava a se espalhar. Caminhei até o camarim e fui recebida por Seika, que era simpática e falava num tom suave.

— Essa é a peça de hoje, Kaori-san. — disse ela, estendendo uma lingerie preta rendada, extremamente fina e provocante. Fiquei olhando por alguns segundos, sem saber se respirava ou recuava. — Foi escolhida pessoalmente por Fujiwara-san. Ele achou que combinaria muito com você.

— Não, sei, não posso vestir isso. — Respondi.

— Por que não? Ficaria linda em você. — Ela disse

— Porque... É exagerada demais.

— Pare de pensar assim, você é uma modelo. Pense que é tudo profissional.

Engoli em seco, peguei a peça e entrei na cabine. Ao vesti-la, senti que minhas curvas ficavam praticamente moldadas, como se a lingerie tivesse sido feita sob medida. Meu reflexo no espelho me deixou ruborizada. A mulher que me olhava de volta parecia segura, poderosa… sensual.

— Eu não disse? Está perfeita, Kaori-san. —Disse Seika, simpática como sempre.

— Você acha? — Respondi.

— Claro. Você está poderosa. Se entregue a mulher poderosa que está ai no espelho.

Saí do camarim com passos hesitantes. Quando entrei no estúdio, o ambiente ficou em silêncio. Fujiwara me olhava fixamente. O fotógrafo e a assistente trocaram olhares e sorriram com surpresa.

— Inacreditável… — murmurou Fujiwara, se aproximando de mim. Estendeu sua mão com elegância. — Por favor, me acompanhe.

A ponta dos meus dedos tocaram os dele. Meu coração batia como se estivesse sendo ouvido por todos. Ele me conduziu até o espaço de iluminação, e a sessão começou.

O fotógrafo me pedia poses — de lado, apoiada na parede, sentada de costas com o rosto virado, mãos sobre o colo, dedos nos cabelos… E enquanto eu me movia, a cada clique, sentia os olhos dele sobre mim. Não apenas do fotógrafo. Mas os de Fujiwara. Eram mais intensos. Me despia com o olhar, mesmo com as lentes entre nós.

— Perfeita… — murmurava ele. — Natural, elegante… provocante sem esforço.

Meu rosto corava, mas algo dentro de mim aquecia. Sentia vergonha… mas também um misto de excitação e estranheza. Eu gostava de ser olhada assim?

Vestia novas peças. Lingeries diferentes. Algumas claras, outras mais ousadas. E então, no intervalo, o fotógrafo anunciou:

— Vou até o mercado aqui perto, volto já. Vou trazer água e algo leve pra comer.

Ele saiu, e o estúdio se fez silêncio. Fiquei ali com Fujiwara, em meio às luzes e as lentes paradas. Ele se aproximou lentamente.

— Você está ainda mais impressionante do que imaginei, Kaori-san.

Sorri educadamente, tentando não parecer nervosa.

— Obrigada… acho.

— Posso te perguntar algo? — Ele disse.

— Pode sim.

— O que está achando? Me conte, quero saber o que tem achado de posar, ser modelo. Ser... Observada.

— Bom... — Fiquei pensativa por poucos segundos, logo respondi. — É uma experiência única, eu diria até mesmo reveladora. Não pensei que poderia me sentir desse jeito sendo... Fotografada.

— Bonita? Desejada? — Ele comentou.

Naquele momento, eu corei novamente, pois era exatamente isso que sentia sempre que era fotografada, e observava os olhares ao redor.

— Bom.. Não sei, quem sabe. — Disfarcei.

— Eu trabalho com algumas garotas aqui, mas nenhuma é como você. Todas são artificiais, você é... Natural. Mostra autenticidade. — disse ele.

— Eu agradeço então por isso. — Respondi, mudando o tom. — E me conta, Senhor Fujiwara...

— Me chame de Takeda. — Ele respondeu.

— Eu prefiro Fujiwara mesmo. Soa mais profisional, né? — Respondi. — Me conta sobre sua vida, como vai o casamento?

— Estou me separando da minha esposa. — Ele respondeu.

— Sinto muito — respondi, sem saber o que dizer.

— Descobri uma traição recente. Por mais que isso seja malvisto no Japão, não consigo conviver com alguém que me enganou. Me diga… o que você faria se estivesse no meu lugar?

Hesitei.

— Não sei. Nunca pensei nisso. Eu… confio no Bruno.

Ele me olhou com atenção, como se tentasse adivinhar o que havia por trás da minha resposta.

— Às vezes, confiar é a pior armadilha. — disse ele. — Eu mesmo fiquei nos ultimos meses sendo ignorado em casa. A falta de carinho… de desejo. Faz você secar por dentro. E quando você conhece alguém como você…

Ele parou de falar, me encarando com intensidade. Fiquei muda. Porque, de certo modo, eu entendi.

Nos últimos tempos, Bruno parecia distante. Não me tocava mais. Sempre cansado. Sempre tenso. Mas eu tentava justificar isso com o trabalho, com o estresse da empresa. E o dia do karaokê… ele voltou estranho. Muito estranho.

— Posso te fazer uma pergunta? — disse ele. — Você e o Bruno… têm uma vida sexual ativa?

Meus olhos arregalaram. Fiquei sem reação por alguns segundos.

— Prefiro não comentar… isso é pessoal.

Ele deu um leve sorriso.

— Claro. Desculpe. Apenas curiosidade. Mas é que ele não parece… faminto. Eu sou o oposto.

A cor subiu ao meu rosto. Meus dedos se entrelaçaram, nervosos. E então ele se aproximou. Seus olhos desciam até minha boca.

— Kaori-san… seu rosto… seu corpo… você é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida.

Antes que eu conseguisse reagir, ele tocou meu rosto, deslizou seus dedos até meu queixo… e me beijou.

Foi um beijo quente. Direto. Intenso. E por alguns segundos… eu cedi. Minhas mãos foram até seus braços. Meu corpo encostou no dele.

Mas então, a realidade voltou como um choque. Empurrei-o com força e dei um tapa no seu rosto.

— Não faça isso de novo! — disse, ofegante.

Ele abaixou a cabeça.

— Me desculpe. Foi impulso. Você me enlouquece…

A porta se abriu. O fotógrafo estava de volta. Sorri nervosamente e fingi que nada havia acontecido. Fujiwara ajeitou a gola da camisa, como se nada tivesse acontecido também.

As fotos voltaram a acontecer. Novamente, fiz uma e outra pose, até que o senhor Fujiwara mandou parar as fotos. Ele sugeriu:

— Eu acho que essas fotos estão perfeitas para o anunciante avaliar. Porém, acho que seria justo, que eu tivesse algumas pra mim.

— Como assim? — Perguntei.

— Kaori-san. Acho que podiamos postar uma foto juntos. O que acha?

— Dupla? Perfeito, Fujiwara-sama. — Respondeu o fotógrafo.

Fiquei em silêncio. Meu instinto gritava “não”. Mas Fujiwara sorriu e respondeu antes de mim:

— Ótima ideia. Vamos tentar.

— Eu... Bem.. — disse, hesitante.

Minutos depois, Fujiwara saiu do camarim vestindo apenas uma sunga preta. Seu corpo era definido, e sua confiança me deixava nervosa. Evitei olhar, mas foi inevitável. Ele tinha um volume enorme na sua sunga, diferente do que eu já tinha visto. Eu fiquei nervosa com aquilo, mas aceitei. Me posicionei de lado, ele colou atrás de mim, sua mão em minha cintura.

E os flashes começaram.

Meu corpo tremia, mas meu rosto sorria. Por trás, ele começou a roçar o volume em minha bunda. E ali, ficou movendo a cintura, a cada troca de posição.

— Eu sinto você trêmula, Kaori-san.

— Eu estou só nervosa! — Respondi.

— Não fique. Fique natural. — Ele respondeu.

E ali, eu já não sabia mais o que era certo ou errado. Só sentia. Sentia demais.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 21 estrelas.
Incentive Kayrosk a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Uma história envolvente. A cada episódio as máscaras vão caindo...o casal "perfeito" traiu um ao outro...o pecado é viciante...a esposa recatada já está entregue!

0 0
Foto de perfil genérica

Muito legal a visão de Kaori,e como uma relação que começa a se abalar confunde a cabeça dos envolvidos.

0 0
Foto de perfil de Sannora

;) Garotas gostosas estão te esperando no --- Sexy24.mom

0 0
Foto de perfil genérica

Um hipótese me veio, a agência do Fujiwara não é para apenas fotos, ele usa das modelos para o que fez no karaokê, com isso creio que Kaori será usada pelo Fujiwara para prostituição.

0 0
Foto de perfil de rbsm

Muito bom , o que posso imaginar é que algo aconteceu mas acho que a intenção do chefe é fazer chantagem e conquistar os serviços da protagonista , mas vamos ver essa interessante historia , acho que vai ter reviravoltas interessantes por parte do marido

Parabéns capítulo envolvente

0 0
Foto de perfil genérica

capitulo delicioso e agora na visão de Kaori xD

Sabemos que até o momento do primeiro ensaio, nada foi dito sobre a traição, e o sacana do fujiwara ficou jogando verde muitas vezes

nossa heroina ficou "impressionada" com o pau do homem, já era... E rolou o beijo, eu sabia kkk

Agora mais certezas ainda que ela deu pra ele no tal encontro de sabado.

e quem sera que encontrou bruno no escritorio ali?

1 0
Foto de perfil de Sensatez

Complicado, minha admiração pelas atitudes da Kaori sofreram uma derrocada, ela não sabia ainda da traição e mesmo que já soubesse não seria esse tipo de comportamento a melhor escolha, afinal, depois da conversa seguida do beijo, ela já sabia das reais intenções do Fugiwara, está sendo permissiva demais, o chefão nem tá precisando fazer muita coisa, ela está deslumbrada pela atenção de uma pessoa poderosa, dentro do universo dela, e também pela possibilidade de virar uma super modelo internacional, acho que o "chefão" vai fazer dela, barba, cabelo, bigode, gato e sapato, algo me diz que vai piorar muito, antes de melhorar, mas por enquanto, somente a culpa que consome o Bruno está influenciando de alguma forma a Kaori, principalmente por que se não houvesse a culpa, fatalmente ele não seria tão permissivo.

Moral da estória, se trair, não sinta culpa ou remorso. Kkkkkkkkkk talvez não seja o mais virtuoso dos conselhos, mas é a mais pura verdade.

2 0
Foto de perfil genérica

Eu sinto que ela vai ficar sabendo no fatídico encontro de sábado e vai ceder pro cara por causa disso

Mas lembra que ela volta completamente derrotada depois do encontro de sábado?

To curioso para saber, porque ela volta derrotada daquele jeito, depois de dar pro velho, sabendo da traição?

1 0
Foto de perfil de Sensatez

Ela já caiu facilmente na armadilha, a traição do Bruno é uma arma secreta caso a Kaori tenha algum lampejo de lucidez.

Agora quanto a nossa curiosidade, imagina uma transa no qual os ingredientes são:

A dominância do "chefão", a submissão cultural e estrutural da Kaori, a vingança pela traição do Bruno, a luxúria, por ela ela entender que está prestes a entrar no mundo de glamour e sofisticação das super modelos.

Pode sair lava do vulcãozinho, Fio.kkkk

0 0
Foto de perfil genérica

Eu li a volta pra casa dela depois do ensaio de sabado, e ela não deixou nem mostras para que bruno pudesse sei lá, ver alguma marca, algo assim no corpo dela.

0 0
Foto de perfil genérica

Acho que você está colocando dois pesos e duas medidas. Kaori já poderia ter entendido as intenções de Fujiwara e cortado o mal pela raiz? Poderia. Bruno poderia ter feito o mesmo quando o chefe ficou convidando para se embebedar e ficar com mulheres? Poderia. Nenhum dos dois fez. Na minha visão, erraram igual em respeitar demais o Fujiwara e trair suas convicções por medo das consequências.

1 0
Foto de perfil genérica

Exatamente, estão respeitando demais o homem e ele ta nadando de braçada nos erros dos dois.

1 0
Foto de perfil genérica

Bom, eu vou tentar justificar o que está acontecendo aqui, vejam que Kaori e Bruno estão no japão, um país com uma cultura completamente diferente da nossa, e Bruno está literalmente até esse momento nas mãos do patrão. Kaori vai ficar muito relutante se conta ou não para o Bruno o que aconteceu. Primeiro porque ela foi criada para ser uma esposa submissa, desde jovem, por sua mãe e família, e se ver livre desse jeito tem sim mexido com ela, segundo, ela tem receio de contar e o Bruno explodir, tirar satisfação com Fujiwara e sofrer represalia no ramo profissional. Ta dificil mesmo isso, mas se acalmem que jaja vem surpresas xD

0 0
Foto de perfil de Sensatez

Sim, concordo plenamente Poseidon88, os dois já erraram, mas na realidade, até agora dentro do texto, na minha opinião, o pior erro foi o do Bruno, que traiu efetivamente, e por um motivo torpe, ou seja, falta de firmeza no próprio caráter, cedendo a uma pressão inadequada, passando por cima da própria convicção e desrespeitando um amor que só lhe fazia bem, se ele não tivesse sido um covarde, fraco no seu propósito e transgredido próprio comportamento, o casal não estaria na posição que está, mas aí não teríamos a trama principal desse bom conto, peço que desconsidere meu humor ácido e sem noção do comentários anteriores kkkkkkk é que fazer essas piadinhas sem graça é mais forte do que eu kkkkkk

0 0
Foto de perfil de Sensatez

Mas que a maravilha da Kaori é um vulcãozinho prestes a explodir isso é. Kkkk

0 0
Este comentário não está disponível