Os dias seguiram maravilhosamente bem após aquela abençoada conversa sobre inseminação caseira. Eu segui resistente a ideia, porém não mais por conta do método, Júlia esclareceu todas as minhas dúvidas. O real motivo de eu não conseguir de maneira alguma aceitar era o medo de que tudo se repetisse. Eu não queria perder mais um bebê e nem muito menos pôr a minha mulher em risco. Foi uma barra pesadíssima, e eu não queria revive-la.
Conversamos diversas vezes sobre o assunto, e isso sempre animava Juh. Quando ela descobre algo que desperta o seu interesse, é bonitinho demais o jeito que ela se empolga, tanto para mergulhar em pesquisas, quanto quanto falar sobre.
Não fizemos um ritual de dúvidas para serem respondidas, foi tudo muito natural e eu sempre quem perguntava sobre. Achei bonito da parte dela me conceder esse espaço, sendo que visivelmente tínhamos opiniões divergentes. Também fiz questão de demonstrar curiosidade e atenção, não queria que minha gatinha sentisse que eu estava sendo indiferente com algo que ela se abriu.
Júlia não admitia, porém visivelmente estava entusiasmada com a ideia. Seus olhos brilhavam, a muié estava radiante e por incrível que pareça, não me gerou preocupações do tipo: "e se ela se iludir" ou "e se ela se decepcionar com minha posição" porque Juh já havia provado algumas vezes que não era o caso, a transparência que existia entre nós não dava espaço para esse tipo de confusão.
Descobri que o pouco que eu sabia sobre Inseminação Caseira na verdade me fazia leiga no assunto, mas eram dúvidas comuns. A gatinha me explicou que são realizados exames com o doador de sêmen e que é possível acompanhá-lo até a clínica de preferência das tentantes, mas em relação a regularidade jurídica, realmente existe o dilema, contudo, não do jeito que eu imaginava. Eu não sabia que o doador assinava um termo de doação e não raciocinava que é muito mais fácil um homem fugir de suas responsabilidades afetivas e pensionais do que exigi-las. O documento não tem valor jurídico absoluto como uma sentença de tribunal. Ele serve mais como uma proteção extra em caso de futuros problemas, mas não impede totalmente que o doador venha a reivindicar direitos ou seja acionado judicialmente no futuro.
O que eu realmente não imaginava e é um problema, era em relação a dupla maternidade na certidão de nascimento do bebê. É necessário acionar a defensoria pública ou contatar um advogado para entrar com uma ação para conseguir o reconhecimento.
~ Eu gostaria muito de colocar isso tudo em diálogos, prefiro passar tudo para vocês do jeito que aconteceu, porém foi tudo tão natural e espaçado que nem juntas conseguimos recordar a ordem de algumas coisas 😐
Essa animação toda da gatinha deixou a nossa vida sexual agitada (por isso eu sou toda engraçadinha, tão vendo? Me traz ótimos resultados 🤣), a gente triscava uma na outra e acabava se pegando. O tempo a mais em casa também ajudou, uma coisa é você ter um tempo vago no seu ambiente profissional outra totalmente diferente é ter esse mesmo tempo em casa com sua muié a disposição. Eu aproveitei bastante cada fugidinha, cada bom dia mais caloroso, cada brecha existente ou criada por nós e também cada carícia ao deitarmos.
Em uma dessas noites em que eu fui fazer uma massagem para a gatinha relaxar, já com maliciosas intenções na mente, usei minhas mãos descaradamente para demostrar o que eu desejava e ela entendeu perfeitamente.
Enquanto meus dedos escorregavam até seus peitos para aperta-los, ela virou lentamente o rosto para me encarar e tinha uma expressão de convencida.
— Eu sabia! — Juh disse, em um sorriso.
— Quê? — Me fiz de desentendida, indo direção aos seus lábios.
A beijei forte e seu corpo foi virando de frente para mim. Dentro daquele beijo, comecei a estimular a seu clitóris e entre um gemido e outro, a gatinha ia tirando a minha roupa. Los estávamos masturbando uma a outra, sem cessar o delicioso beijo, que só era interrompido por nossos suspiros.
Posso jurar que quando nossos olhos conseguiam se encontrar, eu me sentia completamente hipnotizada. Júl esseia tem um olhar marcante, intenso e nunca me canso de contempla-lo de perto. Conseguimos nos entender sem precisar de muito, o contato visual nos basta.
Ela sabe como isso mexe comigo, tem consciência de que eu fico mais excitada ao observa-la tão entregue, as vezes sem dizer uma palavra sequer.
Juntas intensificamos nossos movimentos e não foi mais possível manter nossos lábios colados, direcionei meu rosto para o pescoço dela e aspirei lentamente, sentindo seu cheiro. A mulher se encontrava completamente arrepiada e isso me atiçou a continuar, a beijei suavemente e logo depois apliquei uma mordidinha que a fez gemer meu nome roucamente.
Ela me apertou contra seu corpo e eu continuei penetrando-a com firmeza, pouco tempo depois senti o seu abdômen se contrair, sua mão foi de encontro a minha e um gemido gostoso tocou meus tímpanos.
Após o orgasmo ainda permaneci daquela maneira por algum tempo, mas logo depois já me deliciava, sentindo o gosto da minha gatinha por toda extensão dos meus dedos.
Juh retornou os movimentos dentro de mim e inverteu a posição, ficando por cima. Ela me encarava diretamente e mantinha um sorriso maldoso nos lábios.
— Você me enlouquece, sabia? AHHHHH — Falei devagar, enquanto me rendia completamente.
— Eu sou louca por você, Lore — Júlia disse de maneira sensual e logo após, segurou meu queixo com a outra mão para me dar um beijo.
Ela cravou seus dedos em mim, tocando onde eu mais desejava me fazendo estremecer e suspirar cada vez mais conforme a sentia dentro de mim. Em um gemido intenso, gozei abundantemente e com o mesmo olhar marcante de antes, Juh se direcionou até o meio das minas pernas para sugar os meus fluídos.
— Filha da puta! — Exclamei, fazendo-a abrir novamente aquele sorriso envolvente.
Após um tempo de reparo energético, fomos tomar um banho e comecei a brincar, initando-a e chamando-a de um "apelido" que ela não gosta.
— Tá bom, próxima massagem quando você começar com suas mãos bobas eu vou dar o seu — Ela disse, convencida.
— Pois me dê mesmo, bem gostosinho que nem hoje, ********** — Zoei novamente e Juh fez uma careta.
Eu estava trocando o lençol da cama quando ouvi que a gatinha já se aproximava.
— Ah, não! — A ouvi reclamar e voltei a minha atenção para sua direção.
Ela estava com a cinta nas mãos.
— Acho que quebrei seu último brinquedinho — Juh disse, um pouco chateada.
— Sério? — Me aproximei para averiguar e parecia ter cedido.
— Foi mal, ia brincar com você... — Ela disse.
— Brincar como, em? — Perguntei, curiosa e já rindo.
— Não é nada disso, mente poluída... Você estava me abusando e eu ia abusar de volta — Juh falou, rindo também.
— Huuuuuum, safada... Queria me comer... — Fingi não acreditar no que ela dizia, enquanto a imprensava contra a parede, segurando em sua cintura.
— De novo? — Juh soltou, com um tom provocativo, me fazendo rir.
— De novo... — Repeti e a beijei.
Fomos para a cama e seguimos conversando, agora trocando pequenos sinais de carinho.
— A gente pode comprar uma nova — Falei, me referindo a cinta.
— A gente pode fazer uma caixinha nova - Júlia disse, em um tom mais baixo do que estava usando antes.
Olhei para ela sem acreditar.
Eu lembro até hoje a primeira vez que eu mostrei para ela. Júlia é um pessoa muito expressiva, então ficou estampado na testa dela o quão assustada estava. Ela ainda chegou a dizer: "Você nunca vai enfiar isso aqui em mim" e bom... Pagou com língua, enfiei e não foi uma vez só, a ponto dela passar a tomar a iniciativa em pedir, algumas vezes.
Mas refazer a caixa dos meus brinquedos? Não imaginei que Juh fizesse essa proposta. Ela quem sugeriu a aposta e ganhou, se desfazendo sem nem deixar eu me despedir.
— Tá sentindo falta, é? — Brinquei.
— Não é isso... Eu que eu me arrependi de ter feito aquilo... Eu estava com raiva... — Juh justificou.
— Adorei a ideia, amor — Falei, fazendo carinho em seu rosto.
Eu realmente gostei e também não ia deixa-la ficar triste por algo que já havíamos resolvido.
Entramos em um site de sexshop aqui de Salvador e montamos um carrinho. Não seria uma caixinha como a anterior, admito que haviam coisas que não faziam mais sentido ter. Eu sempre brincava que não me desfazia porque tinha apego emocional, porém não era verdade. Acho que eu gostava somente de ser uma muié safada mesmo, de alguma forma aquela quantidade de brinquedinhos me remetia a essa ideia.
Finalizamos a compra e Juh viu o anúncio de um parcker.
— Parece que isso tem uma textura melhor — Ela me disse, baixinho.
— Você acabou de fechar uma compra e tá com vergonha de mostrar interesse nesse? — Perguntei, ao notar seu rosto completamente rosado.
— Sim… — Juh admitiu, sem me encarar.
Peguei o celular de sua mão e comprei também.
— Ai, meu Deus... Como você consegue ser fofinha me pedindo um... — Eu ia dizendo, mas ela fechou a minha boca com as mãos.
— Não completa, vamos dormir — Júlia se apressou em falar e me deu um beijo.
— Eu te amo e amo esse seu jeitinho... — Disse-lhe, enquanto ela se ajeitava sobre o meu peito.
— Eu te amo por inteiro também — A gatinha respondeu, completamente aninhada em mim.
No outro dia, saí cedo para o hospital e nem consegui me despedir de Juh e falar com as crianças, contudo, dei um beijinho em cada, antes de cruzar a porta.
Foi um dia chatinho, parecia mais do mesmo, sem ter o que fazer para alterar aquela sofrida realidade. Reuni forças para tentar transpassar ânimo a todos, mesmo não o carregando comigo.
No meio do dia recebi uma ligação do meu amor, ela queria saber como estava sendo o meu dia e com certeza ele havia acabado de melhorar ao ouvir a doce voz dela. Também conversei com meus guris que reclamaram de estarem entediados.
— Lava uns pratinhos — Brinquei.
— Mãe, é sério... — Kaká falou.
— Deixa a gente ir no tio Lorenzo, por favor — Mih pediu.
— Não, não... Chegando em casa conversamos — Disse para eles, que lamentaram.
Assim que estacionei o carro na nossa garagem ao final do dia, os dois me esperavam sentados no muro da varanda, cada um com um tromba de dois metros no meio da cara.
— Estou encrencada... — Falei para eles.
— Não aguento mais ficar em casa, mãe — Disparou Kaique.
— Posso tomar um banho primeiro? — Perguntei.
Eles se entreolharam e assentiram, o que me fez rir.
— Cadê Juh? — Questionei.
— A vovó ligou e elas estão conversando — Milena me respondeu.
— Tem muito tempo? — Perguntei levemente preocupada.
— Tem e acho que a mamãe tá brava — Mih me informou.
— Eita... — Soltei, meio sem querer enquanto imaginava o assunto.
Me dirigi ao banheiro e lá estava a gatinha na sala, recostada em uma almofada e com uma tromba maior que a de Kaique e Milena juntos. Brad estava junto com ela, deitado sobre sua perna.
Soltei um beijinho para ela e fui tomar o meu banho.
"Ai, meu Deus, o que será dessa vez?" — Pensei.
Saí do banheiro e Juh permanecia lá, parecia mesmo estar brava e ouvia atentamente a minha sogrinha do outro lado da linha.
Dei um beijinho nela e me juntei a Kaká e Mih para ouvir as lamentações deles.
— A vovó vem aqui, não vem? — Mih perguntou.
— Vem, mas por pura teimosia — Rebati.
— O vírus não sabe o que é teimosia, mãe — Kaique respondeu, convencido.
— Contudo, eu, vocês e a vovó sabemos e temos que nos previnir — Disse-lhes.
— Mãe.... Por favor... — Eles choramingaram.
Estavam visivelmente tristes e impacientes.
— Eu sei que não é fácil e é diferente do que estamos acostumados, já que amamos um grude... Porém, se faz necessário, imagina se a vovó ou o vovô são contaminados... O COVID é muito perigoso, na idade deles mais ainda... — Constatei.
Eles demonstravam me entender, mesmo chateados.
Lembrei que no final de semana eu iria lá, dialogar com meus pais, a pedido do meu irmão. Eles não estavam levando as coisas tão a sério, dando sempre um jeito de escapar, arranjando saidinhas.
— No final de semana eu vou lá, vou conversar com Juh para saber o que ela acha de levar vocês... Mesmo que a resposta seja positiva, vai depender do comportamento dos senhores até lá — Disparei, completamente rendida por aqueles olhinhos de jabuticaba.
— Aeeeeeeeeee — Eles comemoraram, me abraçando.
Entramos juntos e nos deparamos com Juh a ligação havia sido finalizada e ela deixava algumas lágrimas escaparem, Tentou esconder virando para o lado oposto, mas tarde demais, não escapou da visão dos nossos filhos.
— Mamãe, o que foi??? — Mih correu até ela.
— Por que tá chorando, mamãe? — Kaká questionou.
— Deixem eu conversar com ela um pouquinho, depois vocês vêm - Pedi, e mesmo contrariados, atenderam.
A abracei e a gatinha foi se acalmando.
— Não é nada, amor... São só as coisas acontecendo mesmo — Juh explicou.
— Eles já vão viajar? — Perguntei.
— Vão, amanhã... Queriam que eu fosse junto e eu falei que é perigoso — Me respondeu.
— E se não fosse, você iria? - Questionei.
— Não... — Me respondeu, encaixando o rosto no meu peito.
— Quer um beijinho? — Perguntei, e vi um sorrisinho no canto de sua boca.
— Quero — Respondeu, erguendo o rosto.
Fui depositando inúmeros beijinhos nela até fazê-la sorrir.
— Vai ficar tudo bem, prometo — Falei.
Tudo foi conduzido de maneira muito errada, mas era um fato, estava acontecendo. Não tinha como adiar, os irmãos de Júlia estavam para chegar à família.
Embora todo aquele caos estivesse instaurado, eu sei que Juh é uma ótima pessoa e jamais trataria alguém mal, muito menos os novos membros. Ela é extraordinária e tinha tudo para ser uma irmã maravilhosa, tendo ou não apego a eles.
— Eles vão passar aqui antes para deixar o carro — A gatinha me informou.
— Então na volta você já conhece os seus irmãos — Falei e ela ficou pensativa.
— Não tinha pensado nisso — Juh soltou, em um tom melancólico.
Ficamos um tempo ali abraçadas e depois ela foi conversar com as crianças, que com certeza estavam curiosas tentando entender o que acontecia.
Meus sogros chegariam por volta das 04h, o voo deles era cedo. Eu apaguei até o alarme tocar, mas Juh não conseguiu e resolveu esperar acordada.
— O que eu digo? — Ela me perguntou.
— Papai, traz meus irmãozinhos logo — Brinquei.
— Nunca! — Juh exclamou rindo.
— Mamãe, quero passar uma semana com vocês e comece a chorar — Ironizei.
— Nem pensaaaar e eu não vou chorar — Ela enfatizou.
— Não sei, amor, o que você achar adequado — Falei e ela revirou os olhos.
— Vou dizer que não quero irmãos, pra eles pegarem um voo de volta para o Rio — Ela brincou, rindo e me abraçando.
— Dá um abraço neles, sei lá — Falei.
— Queria que eles me abraçassem — A gatinha deixou escapar.
— Eles vão... — Disse-lhe, isso era certeza para mim.
— As crianças vão surtar e é bom que vão parar de reclamar de tédio - Falei após algum tempo em silêncio.
— Isso é verdade e a minha criatividade para entretê-los depois das aulas está indo para o beleléu — Ela disse.
— Quer me entreter? — Brinquei e levei um tapinha.
Nisso, ouvimos o som do carro se aproximando e levantamos.
Meus sogros estavam com os olhos brilhando de felicidade, assim que Sr. José abriu a porta, dei um empurrãozinho na minha muié e ela o agarrou, com o rosto banhado em lágrimas.
Ele nada disse apenas apertou o abraço, enchendo o topo da cabeça dela de beijos.
D. Jacira me cumprimentou e ficamos próximas deles, logo foi a vez dela ser apertada pela filha.
— Ela saiu de lá de casa brava, não esperava encontra-la desse jeito — Sussurrou em um sorriso, me abraçando.
— Estou feliz por vocês — Falei, também sorrindo.
Toda a confusão não tirava o brilho do ato de amor, foi lindo o que eles fizeram e eu estava ansiosa para conhecer meus cunhados, saber como eles eram e como seria dali para frente.
— Não é para contar para eles que aconteceu isso tudo — Ela disse, com um biquinho e fez a gente rir.
— Tá, é segredo, amor — Minha sogra falou e deu um beijo nela.
— Trouxemos uma coisinha para ti — Disse meu sogro, tirando uma caixinha de veludo preta do bolso.
Quando Juh abriu, era uma pulseira, semelhante a uma outra que ele a presenteou e ela não tira do braço. Na primeira tem gravado "Não existe regra para o amor" e a gatinha recebeu logo no início do nosso relacionamento.
— O que tem gravadooo? — Perguntei, interrompendo o novo abraço.
— Nosso Primeiro Amor — A gatinha leu, com a voz trêmula.
— Ninguém tira nosso amor por você, bebê — Falou meu sogro.
~ Fala sério, se tivesse começado assim, tudo não seria diferente? Mas era aliviante ver as coisas aparentemente começando se resolvendo.
Juh foi acompanhá-los até o Uber e eu preferi deixá-los aproveitar aquele momento.
Fiz um cafezinho para acompanhar os pãezinhos feitos pela minha sogra e como a gatinha demorou para retornar, levei para o quarto.
Fiquei por um tempo, já estava quase pegando no sono quando ela entrou no quarto.
— Lore, eu acabei de passar uma vergonha... — Júlia falou.
Voltei minha atenção para ela que tinha algumas encomendas em caixas nas mãos. Poderia ser somente uma coisa e eu comecei a rir instantaneamente, independente do contexto, eu sabia que seria engraçado.