Poker dos Cornos - 4

Da série Poker dos Cornos
Um conto erótico de Mais Um Autor
Categoria: Heterossexual
Contém 1133 palavras
Data: 19/06/2025 18:09:03

Fiquei olhando para o teto a semana inteira no meu emprego. Passava o dia sonhando acordado, planejando o que eu faria quando ganhasse o próximo campeonato do clube de poker. Para mim, não era uma questão de “se”, mas quanto eu iria ganhar.

Chegou a sexta-feira e enviei uma mensagem para o Fábio, perguntando que horas ele ia.

“Cara, nunca vou na última sexta-feira do mês, é o dia do Poker dos Cornos”, ele respondeu.

“O que diabos é isso?”, perguntei.

Julgando só pelo nome, achava que fosse alguma fanfic de qualidade duvidosa de Game of Thrones. Mas, mesmo se meu palpite estivesse certo, ainda assim, não explicava por que Flávio não iria ao clube.

“Toda sexta-feira tem um campeonato sem taxa de inscrição, onde o vencedor leva tudo”

“Sem taxa? E quanto é o prêmio?”

“1 milhão ou um prêmio alternativo.”

Tive que segurar meu queixo para ele continuar preso ao meu rosto. Um milhão de reais? Sem entrada? Naquele clube? Era uma oportunidade de ouro. Uma chance de mudar minha vida para sempre.

De qualquer forma, antes de participar daquilo, precisei saber todos os termos e condições. Contrariando a sabedoria popular, eu levo um cavalo recebido de presente ao dentista, para garantir que o meu novo equino está em perfeitas condições.

“Prêmio alternativo? Como assim? Por que você não joga se é sem inscrição?”

“Cara… vem comigo assistir hoje. Mais fácil mostrar do que te explicar.”

Enquanto esperava Fábio passar em casa para irmos juntos, fiquei andando de um quarto para o outro. Devo ter feito os meus dez mil passos no corredor, ansioso para um cacete com a ideia de competir, e principalmente, ganhar o prêmio. Mas ele atrasou horrores, quando finalmente chegamos ao clube, o campeonato já estava em andamento, restando apenas quatro jogadores na mesa.

Entre os finalistas, um deles me chamou muita atenção. Não exatamente por ser um exímio jogador de poker, mas pelo estilo exagerado do sujeito.

Os cabelos e bigodes eram brancos, usava um ridículo chapéu de cowboy, óculos escuros e um cinto de fivela. Em uma das mãos, um gigantesco charuto, enquanto a outra girava compulsivamente um copo de whiskey. Ele parecia uma versão “dark” do protagonista do Monopoly.

E mais por sorte do que por juízo, a pilha de fichas dessa caricatura crescia. Um jogador caiu, depois outro, até restarem apenas ele e outro rapaz na mesa. E apesar de o desafiante também estar com um copo de whiskey na mão, sinceramente, ele era tão jovem que não aparentava ter nem dezoito anos.

Um era jovem, o outro já grisalho. Um era negro, o outro, branco. Um parecia um executivo e o outro um motoboy. O contraste entre os dois finalistas era gritante.

Os dois jogaram mais algumas mãos, até que o jovem empurrou todas as suas fichas para o centro da mesa. Mesmo se ele quisesse blefar, seria difícil, dado a tremedeira de suas mãos e a tensão que exalava do seu corpo. Faltava apenas saber se o Clint Eastwood da Shopee tinha cartas de verdade na mão, e se fosse o caso, era o fim da linha para o moleque.

O velho colocou os óculos escuros na aba do chapéu, para encarar diretamente o seu adversário. O único som no clube inteiro era os passos apressados das pessoas se amontoando ao redor da mesa, ansiosas para testemunhar o desfecho daquela batalha. Virando o copo de whiskey, de forma teatral, o velho empurrou todas as fichas para o centro da mesa, aceitando a aposta.

Agora, as cartas nas mãos de cada jogador precisavam ser reveladas.

O velho batucou com seu dedo em cima das duas cartas que tinham escondidas, uma espécie de mandinga que traria a sorte a seu favor. Virou lentamente as duas cartas simultaneamente, brincando com a ansiedade da plateia. E…

Risadas. O clube inteiro foi tomado por gargalhadas. Um sete e um dois de copas. Aquele desgraçado decidiu jogar a mão final de uma mesa com prêmio de um milhão de reais com a pior mão possível do poker.

O moleque sorriu, a tremedeira finalmente parou. Rapidamente virou suas cartas, revelando um par de reis.

Na mesa, três cartas já estavam visíveis, um quatro e um valete de paus, junto de um oito de copas. Nove em cada dez vezes, o jovem venceria, por isso, ele já não conseguia se controlar. Chorava de alegria, suas mãos apontadas para o céu, agradecendo.

Eu jamais faria isso se estivesse no lugar dele. Duas cartas ainda estavam escondidas, e eu já tinha visto tantas coisas impossíveis acontecendo numa mesa de poker, que nunca celebraria antes da hora. Talvez esse seja o peso da juventude, não ter a consciência ainda das reviravoltas cruéis que a vida pode trazer.

A penúltima carta virou. Um nove de copas. Agora, qualquer carta daquele naipe, que o símbolo era sinônimo do amor, faria o sonho daquele menino virar pó.

As risadas cessaram. Olhei à minha volta, todos fixados na carta escondida, nem piscavam, para garantir que de forma alguma perderiam a decisão final.

Apesar de curioso com quem ganharia aquela mão, eu estava mais interessado em saber como cada um deles se sentia.

Os odds ainda favoreciam o menino, mas ele tapava o rosto com a mão, deixando apenas uma fresta entre seus dedos para não perder de vista a carta que faltava. Era como assistir ao atacante do seu time se aproximando para bater um pênalti, aquele momento antes da cobrança, que só de olhar para o rosto do jogador, você já sabe que ele vai errar.

Já o velho estava impávido, nada na sua postura ou expressões revelava o que acontecia no seu interior. Não sei como ele conseguia, se era por ter um controle total das emoções, ou um completo desinteresse com o resultado daquela mesa.

A última carta virou. O silêncio que se seguiu foi tão profundo que parecia engolir o ar do salão, nada do frenesi típico de uma final de uma mesa de um milhão de reais. Era o clima sombrio de um velório. Um rei de copas, a poderosa trinca que o menino tinha conquistado, ainda assim, era incapaz de derrotar o improvável “flush” do velho.

A quietude do salão só foi quebrada quando o perdedor colapsou, começando a berrar. Chorava de soluçar, como se houvesse perdido a própria alma naquela partida.

Com um profissionalismo exemplar, a crupiê apenas o ignorou a dor do jovem, perguntando ao vencedor:

— Markus, qual prêmio você vai escolher?

— A mulher do participante seis, na sala vermelha. — respondeu o velho, enquanto apontava com o queixo para o rapaz desesperado.

E eu, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo ali.

<Continua>

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Comentários

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