Foi numa manhã. Depois de deixar meus filhos na escola.
O tempo que eu tinha pra mim cabia naquele intervalo entre o portão do colégio e o retorno pra casa. Nada demais. Nada de menos. Só aquele pedaço do dia onde eu existia sem ser mãe, sem ser ex-esposa, sem ser ninguém pra ninguém.
Nos conhecemos num varejão. Ele puxou um assunto qualquer. Conversamos fiado, dessas conversas que não pedem muito do cérebro. Na terceira vez em que nos esbarramos, me chamou pra um café. Depois disso insistiu em um encontro romântico, algo que não estava aberta naquele momento. Continuou a insisitir mas dessa vez me convidou diretamente para transar. Aceitei mais por cansaço do que por vontade. Na verdade, fui decidida:
“Vou sair com ele, transar de qualquer jeito e pronto. Assim ele para de insistir.”
Só que não foi assim.
Havia algo entre nós. Um encaixe, uma química, uma familiaridade inesperada. Não sei se era o jeito dele me olhar, ou o modo como não tentou me convencer de nada. Era advogado também — coincidência ou sina — mas com a minha idade, o que era novidade. Naquela manhã, combinamos um ponto de encontro. De lá, seguimos juntos no carro dele. Fomos direto para o motel. Sem rodeios, mas sem pressa. Era como se o desejo estivesse amadurecido, esperando uma fresta.
Assim que a porta do quarto se fechou, ele se aproximou por trás, puxando meu cabelo devagar. Abaixou o zíper do meu vestido com um cuidado que me fez arrepiar. Me virei de frente e ele me encarou — não com pressa, mas com fome. A mão deslizou pela lateral do meu corpo até alcançar minha bunda, que ele apertou com gosto, como quem reconhece algo que quer explorar a fundo.
Antes da cama, me empurrou gentilmente contra a mesa da ante-sala. Ali mesmo me despiu com calma: calcinha, sutiã, tudo foi tirado com gestos lentos e certeiros. Me abriu com as mãos e mergulhou. A língua dele me lambeu inteira, sem hesitação, sem pudor. Sugava meu clitóris com pressão e ritmo, como se cada contração minha fosse combustível. Quando metia dois dedos e curvava pra cima, eu arqueava.
Não falava. Só gemia.
Ele me dizia:
— Gozar é obrigação. Você vai jorrar pra mim. - mal sabia ele do meu "defeito de fábrica" E eu ria, desacreditando. Mas fui perdendo o controle.
O prazer subia, feroz, sem freio. Jorrei. Com força.
Molhei tudo.
E no instante seguinte, o pavor me tomou.
— Desculpa… — sussurrei, envergonhada.
Meu ex tinha nojo. Sempre teve.
Mas ele não.
Ele me olhou com um sorriso de canto, os olhos brilhando de tesão.
Me segurou pelas coxas e voltou a sugar, lambendo meu líquido como quem se alimenta.
— Você tem o gosto mais delicioso que eu já provei, ele disse, entre uma lambida e outra.
E voltou a me chupar até me fazer gozar outra vez.
Me carregou até a cama. Me penetrou com firmeza, fundo, sem piedade, faminto. Cada estocada vinha com intensidade. Pernas nas costas, depois de ladinho, depois de bruços, por fim de quatro para depois me virar de frente. Me fodia com uma precisão cruel e deliciosa. Sem pressa de acabar.
E quando gozei pela quarta vez, já sem forças, ele continuou — como se ainda quisesse mais.
Saí de lá com as pernas tremendo. Com a alma em paz. Fiquei dolorida por três dias. Mas era uma dor boa, de quem foi usada e adorada. De quem voltou a ser corpo. De quem foi desejada de verdade.
Foi quando percebi: a vida seguia. E o meu corpo, mesmo depois de vinte anos de pertencendo a outro, ainda era meu. E que prazer nenhum merece ser pedido em desculpas.
Naquele dia, eu achei que era só sexo.
Mas era o começo.
Esse homem — que eu quase dispensei — ficou na minha vida por mais de um ano.E esse encontro foi só o primeiro de muitos em que ele me revelou partes minhas que eu nem sabia que existiam.
Com ele, eu não apenas transei de novo.
Com ele, eu REdescobri minha própria sexualidade.
