Onde o sol se esconde - Capítulo 9

Um conto erótico de Teo e samuel
Categoria: Gay
Contém 501 palavras
Data: 02/05/2025 19:22:24
Última revisão: 02/05/2025 19:27:05

Onde o Sol se Esconde (Caopitulo 9)

O salão principal do orfanato São Jerônimo estava mergulhado num silêncio sepulcral.

Todos os internos estavam ali — meninos e meninas encolhidos, assustados, sem entender o que estava prestes a acontecer.

Dona Clarice, a cozinheira velha e cansada, mas de olhos firmes, ficou diante dos inspetores.

Ao lado dela, Teo, Samuel e Guto — ainda sujos e trêmulos.

Os inspetores trocavam olhares impacientes, como se já tivessem ouvido histórias demais em suas vidas cinzentas.

Mas Clarice não hesitou.

**

— Esses padres... — começou, a voz rouca. — Estão fazendo coisas horríveis com essas crianças há anos.

Ela respirou fundo.

— Abusos. Agressões. Castigos secretos. Subornos para esconder a sujeira. Meninos sumiram daqui e ninguém nunca perguntou onde foram parar.

— Ela olhou diretamente para os inspetores. — O pequeno Elias... ele fugiu porque era assediado. Depois apareceu morto. E ninguém investigou.

O salão inteiro pareceu prender a respiração.

**

Padre Buzzi, parado ao fundo, sorriu — um sorriso frio e cheio de dentes.

Padre Maurício murmurava orações falsas, fingindo piedade.

**

Clarice continuou, a voz embargada de emoção:

— Ontem à noite, eles tentaram levar Guto. Tentaram levar Teófilo.

— Ela apontou para os meninos. — Se não fosse pela coragem desses dois, teríamos mais uma tragédia escondida sob este teto podre!

Guto soluçava baixinho, agarrado à mão de Samuel.

Teo tremia, mas mantinha o queixo erguido.

**

Os inspetores anotaram tudo, rostos impassíveis.

Quando Clarice terminou, o silêncio era tão pesado que parecia que as paredes velhas iriam desabar.

Então, o homem mais velho do trio — o chefe da inspeção — pigarreou.

— Investigaremos as denúncias — disse num tom burocrático. — Mas, enquanto isso, para preservar a integridade da instituição, os padres serão afastados temporariamente de suas funções.

**

Teo piscou, sem entender.

Samuel franziu a testa.

— Afastados... temporariamente? — repetiu, a voz falhando.

O inspetor sequer os olhou nos olhos.

— Até que a Santa Sé e o Conselho de Assistência Social decidam o que fazer.

**

Padre Buzzi sorriu novamente — um sorriso que dizia:

"Vocês nunca vão me tocar."

Padre Maurício, com sua máscara de santidade, murmurou agradecimentos aos céus.

**

Teo sentiu a raiva queimá-lo por dentro.

Guto abraçou Samuel, tremendo.

Dona Clarice soltou um suspiro de derrota.

Ela sabia.

Sabia que estava lutando contra algo muito maior que sua coragem e sua voz.

**

Naquela noite, o orfanato voltou ao seu silêncio opressor.

Buzzi e Maurício foram enviados "para retiros espirituais" — mas todos sabiam que era apenas um tempo até que a poeira baixasse e eles retornassem, talvez ainda mais perigosos.

**

Samuel e Teo ficaram sentados no peitoril da janela do quarto, olhando o céu nublado.

Guto dormia entre eles, como um passarinho machucado.

Teo encostou a cabeça no ombro de Samuel.

— A gente tentou — murmurou, a voz falha.

— Ainda não acabou — respondeu Samuel, apertando sua mão. — Enquanto a gente estiver junto... eles não vão ganhar.

Teo fechou os olhos.

Ali, no meio de toda a escuridão, o calor da mão de Samuel era a única luz que restava.

E eles juraram silenciosamente, sem palavras:

Iriam sobreviver.

Juntos.

Custasse o que custasse.

Continua...

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