Cheguei no prédio ainda com o suor da corrida escorrendo pelas costas, fones no pescoço, respirando fundo e sentindo o impacto do asfalto nos pés. A endorfina me deixava num estado quase eufórico, até que, claro, a realidade bateu à porta na forma de uma voz seca e bem conhecida:
— Senhor Pedro, essa roupa de novo?
Ergui os olhos e lá estava ele: seu Délio, o síndico, com a camisa polo apertada demais sobre a barriga e aquele ar de autoridade que ele achava que tinha. Cruzei os braços, fingindo um sorriso.
— Bom dia, seu Délio. Roupa de corrida, o senhor já sabe.
— Não tem nada de "bom dia" com essas pernas de fora no hall do prédio! Aqui não é desfile de passarela, é um condomínio familiar!
Engoli a vontade de rir. Meus shorts mal cobriam a metade das coxas e a regata estava colada ao corpo por causa do suor. Era isso que incomodava ele, eu sabia.
— Prometo desfilar menos da próxima vez, tá bom?
— Isso aqui vai parar no grupo do condomínio! — ele resmungou, virando as costas e batendo a porta do elevador.
Entrei rindo baixo, enquanto subia para o apartamento. Assim que cheguei, fui direto pro banho. A água quente escorrendo pelo meu corpo limpava o suor, mas não os pensamentos.
Arthur.
Por que ele me veio à mente no banho? Talvez por causa da forma como ele me olhou ontem, talvez pelas provocações sutis, ou talvez porque o corpo dele me lembrava tudo o que eu costumava querer, principalmente depois daquele sexo incrível! Mas não podia, não dessa vez. Arthur era parte daquele passado que eu estava enterrando. Um passado de bullying, de humilhação. Ele não podia ser uma nova história. Eu não podia me apaixonar por ele.
Respirei fundo, fechando os olhos debaixo do chuveiro, tentando me concentrar no som da água. Eu tinha um plano, uma vida nova. Sentimento não podia atrapalhar isso.
Depois de me trocar, fui direto pra sorveteria. Ao abrir a porta, fui recebido por uma brisa gelada e o som da pá mexendo o sorvete!
— Bom dia, chefe! — disse Mateus, com o avental torto e um sorriso safado no rosto.
— Chegou cedo hoje, hein?
— Sempre pronto pra trabalhar. — Ele piscou, e eu apenas revirei os olhos, escondendo o incômodo que aquele sorriso bonito me causava.
Wellington também estava ali, limpando o balcão, mas com um semblante diferente. Mais sério. Olhos fundos, movimentos lentos.
— Tá tudo bem, Wellington?
Ele hesitou, olhou pra mim e depois abaixou os olhos.
— Chefe… queria pedir uma folga amanhã. Tenho uns problemas pra resolver, coisa pessoal.
— Tá abatido, cara. Claro, pode sim. Vai lá e cuida de você, tá?
Ele assentiu com um leve sorriso, mas dava pra ver que estava longe de estar bem. Eu faria questão de conversar melhor com ele depois.
Fui organizar o caixa, conferindo as entradas e o troco das últimas vendas. Estava digitando no sistema quando o celular vibrou. Notificação de vídeo.
Era do Arthur.
Cliquei, meio sem saber o que esperar… e, sinceramente, não estava preparado.
Ele estava na academia, sem camisa, gravando de frente pro espelho enquanto fazia supino reto. A pele bronzeada brilhava de suor. Os músculos do peito contraíam a cada repetição, marcados, densos, quase esculpidos. O vídeo cortava pra ele em pé, respirando pesado, pegando a toalha e secando o pescoço, o peitoral em destaque, subindo e descendo levemente conforme ele inspirava fundo. Ele então dá aquele sorriso sacana, meio de lado, e manda:
“Esse treino aqui tá bom? Ou você prefere me ver malhando outra parte?”
Senti o calor subir do estômago pro rosto. Quase deixei o celular cair no chão!
Olhei mais uma vez pra tela do celular. O vídeo do Arthur ainda estava ali, piscando como uma isca. O peito suado, o sorriso torto, a respiração pesada. “Esse treino aqui tá bom? Ou você prefere me ver malhando outra parte?”, ele tinha escrito, como se não soubesse o efeito que causava. Como se não soubesse que esse tipo de jogada, hoje, não funcionava mais comigo.
Suspirei fundo e, depois de alguns segundos parado, mandei apenas um emoji: aquele sorrisinho amarelo, sem graça, que diz tudo e não diz nada.
Ele visualizou rápido. Digitando... Parou. Digitando de novo.
“Aconteceu alguma coisa?”
Ignorei.
Simples assim. Bloqueei a tela e larguei o celular no balcão da sorveteria, como se fosse um objeto qualquer, como se meu coração não estivesse batendo mais forte do que devia. Como se não tivesse me dado vontade de responder que sim, que tinha acontecido, que ele era o problema. Que ele mexia comigo de um jeito que me irritava, porque eu não queria que ninguém mais tivesse esse poder.
Mas não era o momento. E ele não merecia essa confissão.
Peguei o celular de novo, mas agora por outra razão. Abri a conversa com Flávio, deixei o polegar flutuar por um instante sobre a tela e depois digitei:
“Topa almoçar hoje? Por minha conta.”
Segundos depois, a resposta veio:
“Toparia até se fosse por sua conta e pela minha também. Que horas?”
Sorri de verdade dessa vez. Um sorriso leve, quase infantil, daqueles que a gente sente no peito antes de sair pelo rosto.
“13h, no restaurante do seu Mariano? Tô precisando de uma conversa boa e comida decente.”
“Fechado.”
Respirei fundo, como se aquele sim tivesse feito alguma coisa dentro de mim se ajeitar.
O tempo passou depressa na sorveteria. O movimento tinha sido bom pela manhã, mas agora, com o calor do início da tarde, a clientela começou a diminuir e o silêncio foi tomando conta do ambiente. Enquanto ajeitava o caixa e finalizava o fechamento parcial, ouvi a porta se abrir.
Era Camila chegando, pontual como sempre, com um sorriso simpático no rosto. Mateus, por outro lado, já vinha se aproximando do balcão, se espreguiçando e coçando a cabeça.
— Tô indo, Pedro. Qualquer coisa me chama — disse ele, já pegando a mochila.
— Valeu, Mateus. Bom descanso.
Camila trocou um aceno com ele e já foi se posicionando no balcão, puxando o avental com a agilidade de quem conhece bem a rotina.
— Tô indo almoçar agora — avisei, pegando minha carteira. — Restaurante do seu Mariano. Tô precisando de comida de verdade e boa conversa.
— Aproveita por nós — respondeu Wellington, com um sorriso discreto, mas ainda abatido.
— Aproveita mesmo — completou Camila, colocando os cabelos pra trás.
Enquanto saía pela porta, o celular vibrou no bolso. Dei uma olhada rápida, mas nem cheguei a ver quem estava ligando. Travei a tela e coloquei no modo silencioso. Não queria interrupções. Aquela hora era só minha e de Flávio.
O restaurante do seu Mariano ficava a poucas ruas dali, dava pra ir tranquilo, andando. O sol esquentava o asfalto, mas o céu azul e o cheiro de comida boa vindo do restaurante faziam tudo valer a pena.
Flávio já estava lá, sentado numa mesa do canto, sorrindo quando me viu. E, meu Deus… ele estava mais fofo do que nunca. Tinha um jeito leve, um olhar sincero, como quem realmente estava feliz por me ver.
— Chegou o astro da sorveteria — brincou ele, se levantando pra me cumprimentar.
— Cheguei, mas ainda tô aprendendo a ser astro, viu?
Sentamos. A comida veio rápida, e a conversa deslizou com naturalidade. Falamos da vida, da rotina, dos pequenos detalhes.
— E aí, como tá a sorveteria? — ele perguntou, pegando o guardanapo pra limpar um pouco do molho da boca.
— Tá indo bem. Os funcionários são bons, a clientela tá começando a ficar fiel. Mas ainda tem muita coisa pra melhorar.
Flávio sorriu e então puxou o celular do bolso.
— Eu achei uma casa incrível, Pedro. Lá perto do lago, com varanda, quintal enorme… do jeito que você sempre falou que queria. Se você ainda quiser se mudar, claro.
Meus olhos se acenderam. Era como se ele tivesse acendido uma luz dentro de mim.
— Quero sim! Quando a gente pode ir ver?
— Quando você quiser. Só me dizer.
— Então me diz que amanhã dá. — Ri.
Ele assentiu, e após conversamos amenidades, terminamos o almoço com mais sorrisos do que garfadas. Ao sair do restaurante, nos despedimos ali mesmo, de um jeito tranquilo, natural, com um beijo discreto, mas cheio de significado.
Eu ainda estava com o gosto do almoço e o calor do beijo de Flávio na boca quando vi Arthur parado na calçada, de farda, braços cruzados e o maxilar travado. A luz do sol batia no rosto dele e deixava tudo ainda mais cinematográfico. Só que, ao contrário de um filme romântico, aquilo ali estava mais pra drama policial.
Meus pés travaram no chão.
Ele atravessou a rua devagar, com passos firmes, e veio direto até mim.
— O que você tá fazendo aqui, Arthur? — perguntei, sem esconder o incômodo. — E ainda de farda?
— Vim falar com você. Tentei de outros jeitos, mas você resolveu ignorar.
— Eu tava ocupado.
Ele estreitou os olhos.
— Eu achei suas mensagens no WhatsApp… frias. Secas. Como se você tivesse querendo me afastar de vez. Tentei te ligar ontem à noite, hoje de manhã… nada.
— Eu vi. Só não quis atender. Isso é um problema?
Ele respirou fundo, desviando o olhar por um instante, mas logo voltou a me fitar.
— Fiquei preocupado. Aí fui até a sorveteria e a funcionária — Camila, né? — disse que você tinha saído pra almoçar no restaurante do seu Mariano. Então eu vim. Mas pelo visto, você tá bem até demais, né? Se agarrando com macho na rua agora?
O veneno na voz dele era disfarçado por uma camada de dor que eu conhecia bem. Mas isso não me dava mais pena. Eu tava cansado.
— Primeiro: não era "um macho", era alguém que me trata bem. Segundo: eu não tenho que prestar contas da minha vida pra você, Arthur.
Ele se aproximou mais, e eu senti o cheiro da rua, da rotina dele, misturado com o mesmo perfume que ele usava desde o colégio. Uma parte de mim vacilou, mas eu me mantive firme.
— Eu só… não entendi. A gente tava se aproximando, Pedro. Achei que tava rolando alguma coisa. E de repente, você esfria tudo, me ignora, some… — Ele passou a mão na nuca. — Você pode não me dever explicações, mas podia ter sido honesto.
— Honesto? — ri seco. — Arthur, eu fui honesto. Eu sempre fui. O problema é que você não sabe o que quer. Uma hora me manda vídeo sensual, outra tá dizendo que é policial e não pode ser viado. Sabe o que eu preciso? De alguém que se assuma pra si mesmo, pelo menos.
Ele então me puxou. Do nada. Com força. Minha reação foi automática: meu corpo colou no dele e meu peito bateu contra a farda dele com um impacto que não foi só físico.
— Eu sinto algo por você — ele sussurrou, o rosto tão perto do meu que dava pra contar os cílios. — Mas eu tenho medo. Medo do que vão dizer. Medo do que posso perder. Eu sou policial, Pedro. Eu não posso ser viado.
Fiquei em silêncio por alguns segundos. Era como se o tempo tivesse parado. A gente ali, no meio da calçada, dois homens adultos travando uma guerra interna entre o que se sente e o que se pode demonstrar.
Foi então que eu senti. A ereção dele, dura, pressionando minha coxa. Ele sabia. Eu também.
Mas em vez de me deixar levar, dei dois passos pra trás. Senti o ar voltar pros pulmões.
— Não. Fica longe de mim, Arthur.
Ele me olhou como se eu tivesse lhe dado um tapa.
— Eu não tenho mais tempo nem paciência pra menino mimado que não sabe o que quer da vida. Eu já passei da fase de esperar alguém decidir se me ama em segredo ou se vai continuar escondido atrás de desculpa. Se você sente alguma coisa por mim, ótimo. Mas não é o bastante. Porque você não tem coragem de viver isso comigo. E eu cansei.
— Pedro…
— Chega.
Virei as costas. A calçada parecia mais longa do que antes, o calor mais forte, e a batida do meu coração, mais descompassada. Cada passo era um esforço. Meu corpo dizia “volta”, mas minha cabeça gritava: você fez a coisa certa.
E eu repeti isso como um mantra, até virar a esquina e deixar Arthur — e tudo o que ele representava — pra trás.
Mas, lá no fundo, algo em mim ainda ardia. Não desejo. Não raiva. Era um luto silencioso por tudo o que poderia ter sido… e nunca seria.
Não voltei direto pra sorveteria.
Precisei de ar. De silêncio. De um espaço onde eu pudesse escutar minha própria respiração sem o som das notificações ou os olhares cruzados de quem espera algo de mim.
Fui ao parque. O mesmo de sempre. Árvores altas, vento cortando leve, um céu que tentava se abrir entre nuvens pesadas. Me sentei num banco mais afastado, daqueles que quase ninguém escolhe porque é meio torto e tem vista pra um canteiro desleixado. Mas ali, naquele canto imperfeito, encontrei meu abrigo.
Fechei os olhos por alguns instantes. Inspirei devagar. Expirei tentando empurrar pra fora o nó que pesava no meu peito desde o encontro com Arthur.
Mal abri os olhos de novo e ouvi passos se aproximando. Um silêncio tenso, que precede a palavra.
Arthur.
— Você não cansa, não? — perguntei, sem olhar pra ele.
— Eu juro que tentei. — A voz dele estava baixa, arrastada. — Juro que quis te deixar ir… Mas não consigo.
— E veio aqui por quê? Me seguir de novo?
Ele deu um leve riso sem graça e se sentou ao meu lado.
— Eu não podia ir embora daquele jeito. Precisava te dizer, Pedro... Eu *não* posso ser viado. Não do jeito que você quer. Não no mundo em que eu vivo. Mas também não dá pra negar o que eu sinto por você.
Respirei fundo, encostando os cotovelos nos joelhos.
— Arthur...
— Eu fico feliz quando tô perto de você. Em paz. Como se a vida ficasse mais leve. Sem contar o tesão desgraçado que eu sinto toda vez que te vejo. É como se você mexesse comigo de um jeito que ninguém nunca conseguiu. Nem perto.
Virei o rosto pra ele. Tinha verdade nos olhos dele, e isso doía.
— E mesmo assim você acha que pode me pedir pra esperar? — falei. — Eu não sou seu segredo. Não vou viver no armário alheio.
— Eu só... preciso de tempo.
— E eu precisei de alguém que estivesse inteiro. Eu fui com sede até você, Arthur. Eu me entreguei naquela noite, e foi gostoso. Você é um cara bom. De verdade. Mas eu amo o Flávio. E ele tem me dado paz, respeito, carinho. O que você me dá é dúvida.
Arthur abaixou a cabeça, e o silêncio entre nós ficou espesso. Então ele me puxou de novo.
Mas dessa vez, foi diferente.
Não teve fúria. Nem desespero. Teve doçura. Teve sentimento. E teve aquele beijo. Aquele maldito beijo que me deixou de pernas bambas, o coração feito tambor e a respiração entrecortada.
Por um segundo, meu corpo pediu pra ficar. Mas eu escutei minha alma — cansada de recomeços que nunca vão pra frente.
Me afastei devagar. Os olhos dele ainda fechados. A boca entreaberta, pedindo mais.
— Adeus, Arthur.
Ele arregalou os olhos.
— Pedro, por favor...
— Cuida de você. Aprende a se amar como é. E, um dia, talvez, você possa amar alguém do jeito certo. Mas esse alguém não vai mais ser eu.
Me levantei, sentindo o coração acelerado, mas firme na decisão. Enquanto me afastava, não olhei pra trás. Eu sabia que, se olhasse, talvez não fosse forte o suficiente pra continuar andando.
Voltei pra sorveteria com um vazio no peito... mas também com a consciência limpa.
Eu tinha escolhido a mim. Escolhido a verdade. E, pela primeira vez em muito tempo, isso bastavaMe sentei no meu escritório na sorveteria. A cadeira ainda fazia aquele rangido leve, e a luz do fim de tarde entrava pelas persianas tortas, desenhando linhas no chão como grades de uma cela. Eu encarava a parede branca à minha frente como se ela pudesse me dar as respostas que eu precisava.
Arthur.
Consegui o que queria. Fiz aquele homem se apaixonar por mim.
E, pra ser honesto… quase me deixei levar também.
Mas “quase” não é amor. “Quase” não cura o que ele fez comigo anos atrás. Não cura as humilhações nos corredores da escola, os risos abafados quando eu passava, os empurrões, os apelidos cruéis. As vezes em que fui jogado contra o armário por gente como ele — ou por ele mesmo. Porque sim, ele tava lá. Com farda ou não, Arthur foi parte do meu inferno particular na adolescência.
Eu sangrei por causa dele. Por culpa dele. Não se trata de vingança por sentimentos feridos. Isso aqui não tem nada a ver com paixão mal resolvida.
Isso aqui é justiça. Justiça à minha maneira.
Era hora de ir adiante. Era hora de quebrá-lo.
Se tinha uma coisa que Arthur parecia amar mais do que seus músculos ou seus joguinhos emocionais, era o maldito cargo dele na polícia. A farda. O respeito. A autoridade. A reputação.
Perfeito. Era por aí que eu começaria.
Peguei o celular e disquei o número de alguém que sabia exatamente o que fazer com esse tipo de plano. Meu advogado. Um dos poucos que sabiam de tudo e não faziam perguntas demais.
Ele atendeu no segundo toque.
— E aí, Pedro? Tô com a papelada da sua nova remessa de fornecedores aqui, posso te mandar ainda hoje.
— Esquece isso agora. Preciso de outra coisa — falei, direto. — Preciso incriminar alguém. Um policial...e Delegado na verdade!
Silêncio.
— Incriminar mesmo? Pedro, isso não é um jogo.
— Eu não tô jogando. Isso é guerra. E além disso, preciso de dois capangas. De confiança. Quero eles aqui comigo. Não me sinto mais seguro.
Do outro lado da linha, ele suspirou, mas seu tom mudou.
— Conheço um cara. Tá preso, mas é frio, discreto, calculista. Bola é o nome dele. Eu sou o advogado dele. Já tirei o cara de encrenca mais de uma vez. Ele me deve. E sabe ser leal.
— Serve. E o segundo?
— Bola tem um parceiro lá. Pietro. Quase um namorado, na verdade. Os dois são inseparáveis. Você bota a grana, eu cuido do resto. Liberdade assistida, nada que chame atenção demais. Eles fazem o que for preciso e somem quando você quiser.
Um sorriso amargo escapou dos meus lábios. Aquilo tava se encaixando mais rápido do que imaginei.
— Dinheiro não é problema. Eu só quero isso bem feito. Rápido. Sem rastros.
— Tá feito. Confia em mim. Mas Pedro… isso aqui não tem volta.
— Eu sei. E… isso aqui é só o começo.
Desliguei.
Fiquei ali, olhando pro teto, sentindo o peso da decisão e, ao mesmo tempo, uma estranha paz.
Se Arthur achava que podia me fazer de bobo, brincar de esconder o que sente, dar migalhas depois de anos de violência, estava enganado. Ele tinha uma dívida. E eu era o cobrador.
Agora ele ia pagar.
Continua...