Rúbens
Antônio me deixa no hotel e vai encontrar com a Luana, quero acreditar que eles vão tentar ser apenas amigos, mas Gessika me falou daquela vez que ele era maluco por ela e é meio óbvio até pra mim que não me ligo nessas coisas que ela está querendo se reaproximar justo por saber que ele voltará para ela.
Por mais que eu esteja gostando muito de ficar com o Antônio não vou ser amante de ninguém, caso eles voltem, ou melhor quando eles voltarem tudo entre nós voltará para o platônico na mesma hora, talvez seja esse meu carma, não soube aproveitar e dar valor por meu namorado com Mariano e agora estou pagando por isso, perdi minha chance no amor.
Meu pai teve três esposas ao mesmo tempo, me pergunto agora se ele amava as três da mesma maneira, será que ele assim como eu perdeu sua chance e tentou compensar com várias mulheres na expectativa de encontrar aquilo que ele não tinha mais? Ou ele simplesmente tinha amor de mais para uma mulher só, ele era um marido péssimo, mas era um ótimo pai, sinto falta dele em momentos assim, ele sempre sabia como melhorar as coisas — deveria ter ouvido mais ele e não ter levado tudo tão a sério.
Na recepção do hotel peço para interfonar pra Julia, avisando que estou aqui, daí minha surpresa de saber que ela mentiu para mim, Julia nunca fez o check in, mesmo tendo dito para mim que estava aqui, não sei o que se passa na cabeça dela, Julia é muito irresponsável, aposto que que ela deve está na casa do tal amigo com quem saiu ontem, essa garota não cresce cara, está sempre se pondo em perigo a toa.
Mando mensagem, mas claro que ela não me responde, pior que Antônio mal saiu daqui, ele com certeza vai demorar um pouco até passar por aqui para me buscar, fico um tempo esperando para ver se consigo pelo menos falar com a Júlia, mas ela não me responde, pior é que estou começando a ficar bem preocupado com ela, preocupado mesmo, já que ela está com um estranho em uma cidade onde não conhece ninguém e nem muito menos a cidade em si.
— Puta merda Julia — digo para mim mesmo.
Não posso ficar aqui parado, perguntei na recepção se eles tem o número de algum taxista, não quero ficar aqui já rua esperando até o Antônio vir me buscar, mas infelizmente o recepcionista diz não poder me ajudar, estou tão puto e preocupado que nem estou pensando direito, já liguei umas dez vezes para Julia só nesse meio tempo em que estou aqui, então me ocorreu a ideia de ligar para minha amiga Gessika, talvez ela possa me indicar um taxista pelo menos.
— Oi amigo — ela atende no primeiro toque, pelo som de fundo já sei que ela não está em casa.
— Oi Gessika, tudo bem? Desculpa te atrapalhar, mas é que eu queria saber se você pode me indicar um número de táxi.
— Oh amigo, aconteceu alguma coisa?
— Não, é só que vim encontrar com minha irmã no hotel, só que ela não está e o Antônio está tocando com a Luana hoje, acabei ficando sem carona.
— É eu sei, estou no pub com uns amigos e até fiquei mais no canto pra eles não me verem, tô chocada que ele vai tocar com ela de novo, mas já sabíamos que esses dois não iam ficar muito tempo separados né? — Sinto uma leve pontada quando escuto dizer isso — Mas amigo onde você está, eu vou te buscar?
— Não precisa amiga, não quero atrapalhar sua noite.
— Atrapalha nada e também nem quero ver a Luana se exibindo com o Antônio mesmo, vai está me fazendo um favor.
Não queria atrapalhar a noite da Gessika, mas se ela mesma diz que não vai se importar de me dar essa carona digo a ela onde estou e fico esperando por ela na calçada. Estou tentando não pensar nas merdas que me aconteceram, mas parece que meu dia só piora cara isso é incrível, quando uma coisa começa a dar errado parece que tudo dá errado junto.
Enquanto espero por ela Julia finalmente me responde dizendo que está na droga do pub, devo ter atirado pedra na cruz, mas pelo menos sei onde ela está e também que está bem, só em saber que Antônio está lá também me deixa mais tranquilo pois sei que se ela precisar pode contar com ele. Nunca fui de dar muito ouvidos pro meu instinto, mas dessa vez estou começando a acreditar que Julia está me evitando de propósito, ela sabe que já descobri o que ela fez e teme que brigue com ela, só que fugir de mim só piora pra ela.
Gessika não demora quase nada e já está aqui, só pela minha cara ela já nota que não estou em um dos meus melhores dias, odeio ter que abusar, mas acontece que se eu não falar com Julia agora vou surtar, não estou acostumado a ficar tão fora de controle da minha própria vida assim, normalmente eu resolvo problemas e não os varro para debaixo do tapete, então com muita vergonha peço pra que a Gessika me leve pro Pub.
— Claro, amigo o que eu puder fazer pra lhe ajudar pode pedir.
— Valeu Gessika, de verdade estou tendo um dia cão e só quero acabar logo com isso.
— O que houve Rubens, conversa comigo, sou advogada lembra, resolver problemas é o que eu faço pra viver — ela tem razão, me abrir com ela pode me ajudar a não tomar decisões precipitadas.
— Beleza você está certa — contei para ela tudo que rolou com o Mariano me ligando para fazer o pagamento e reclamar da Julia, só deixo se fora o ciúmes que está me consumindo por dentro do Antônio com sua ex ou talvez já seja namorada denovo.
— Nossa amigo, e quem é esse amigo com quem ela está?
— Não faço ideia, nem cheguei a ver o sujeito quando ele foi buscá-la — parando para pensar foi flvacilo meu, não ter pelo menos visto a fuça dessa merda.
— Amigo relaxa, lá no pub ela está segura, e vocês vão poder conversar e se entender — Gessika consegue me tranquiliza o que é ótimo, depois de desabafa com ela, Gessika me leva até o pub onde minha irmã está.
Conheço a Julia muito bem, só a aviso que estou indo encontrá-la quando chego no estacionamento do lugar, se eu falasse antes ela iria dar um jeito de escapar. Aproveito pra agradecer a paciência e a ajuda que recebi da minha nova amiga e mesmo falando que ela pode ir, Gessika faz questão de me esperar, ela sabe que não vou ter como voltar pra casa. quando vejo Julia saindo do pub finalmente desço do carro e vou ao seu encontro.
— Julia, o que você tem na cabeça irmã, por que mentiu sobre o hotel?
— Sabia que você iria reagir assim como se fosse o papai, fora que estou ótima vim curtir com uns amigos — ela fala como se não fosse nada.
— Que amigos Julia, você não está aqui não tem nem um dia direito e já tem amigos? — Estou incrédulo de como ela pode ser dada assim.
— Aí Rubens nem começa, nem estou bebendo muito, sou grandinha irmão, eu sei lidar com os períodos noturnos muito bem.
— Tá Juh, não vou brigar com você por isso, agora podemos ir para o hotel por favor? — digo tentando ser o mais paciente possível ossível — preciso conversar com você e você sabe o motivo.
— Faz o seguinte: a gente entra e espera o Antônio, assim vamos os três para casar tá bom, assim eu posso conversar com você — ela não está levando isso a sério e isso me irrita — e de quebra eu posso finalmente dar uns pega no primo gato.
— Julia você — ela arregala os olhos olhando por cima do meu ombro e isso me desconcentra, por curiosidade, olho para ver o que ela está vendo.
— É parece que eu cheguei tarde mesmo — Júlia diz ao vermos Antônio beijando a Luana.
No meu trabalho eu preciso prever os problemas e adversidades que vão aparecendo e sou muito bom nisso, meu perfil sistemático e metódico me fazer ver além muitas vezes, isso acaba respingando na minha vida, tipo eu sabia que isso iria acontecer, não era um talvez, era uma simples questão de quando, só que diferente do meu trabalho dessa vez saber o que aconteceria não ajudou em nada a me precaver para esse momento, o mesmo sentimento que tive quando Mariano me deixou me acertou com força aqui de novo.
É como se eu tivesse no fundo de uma piscina, eu não posso reclamar e nem falar nada afinal de contas não temos nada além de uma aventura, na única vez que me deixei viver algo sem pensar muito nas consequências me machuquei, parece que você está errado afinal pai, eu sabia que eles iriam voltar, mas eu esperava pelo menos que ele tivesse me falado antes, nem sei se tinha esse direito de saber antes, mas foda-se, agora do que isso importa.
— Rubens, eu posso explicar — Antônio diz assim que me ver.
Não quero passar por isso, sem pensar apenas saio desse lugar onde nem queria está pra começo de conversa, entrei dentro do carro da Gessika com a respiração acelerada e me esforçando para segura o choro, ela sai com o carro sem precisar que eu diga nada, só depois de nos afastarmos de lá é que ela finalmente fala comigo.
— Pra onde eu te levo amigo?
— Pro hotel Gessika por favor.
Não quero ir pra casa, não quero ter que me explicar com o Antônio agora, não quero ter que dizer a ele que me apaixonei feito um idiota e que tinha esperança que ele não fosse voltar com a ex, não quero me desculpar por ter feito cena agora a pouco, não hoje pelo menos, só quero que esse sentimento mantido pare, depois disso me recuso a permitir que alguém entre no meu coração de novo, primeiro o Mariano e agora o Antônio, será mesmo que não mereço ser feliz?
— Tem certeza?
— Tenho sim — digo sendo o mais forte que consigo.
Agradeço a Gessika quando chegamos ao hotel e ela se vai, aproveito que a reserva já era meio que no meu nome mesmo e pego o quarto finalmente fazendo o check in que Júlia não fez, meu celular não para de vibrar, apenas o desligo sem olhar nenhuma das notificações, não quero ter que passar por isso agora, tudo que eu preciso é de um banho e tudo vai ficar bem, só preciso racionalizar toda essa situação, é o que eu faço racionalizo, já chega de fazer as coisas usando do a emoção.
No chuveiro fica difícil segurar as lágrimas, a imagem do Antônio beijando a Luana ficou emoreguinada na minha mente, não vou conseguir esquecer, por mais que tente, estou tão confuso, me sinto traído e até idiota por me sentir traído por alguém que nunca me prometeu nada, uma boa noite de sono é disso que eu preciso, porém foi só sair do banho para ouvir a porta batendo, coloco o roupão e vou abrir rezando para não ser o Antônio.
— Por que você me deixou lá sozinha? — É a primeira coisa que ouço da Julia parada em frente a porta.
Sinto um alívio por não ser o Antônio, então apenas deixo a porta aberta para que ela entre e vou até a cama para me sentar, a dor no meu peito me deixou cansado, juntando com o dia que tive não sem nem como ainda estou de pé. Julia me examina por uns segundos até finalmente abrir a boca.
— Irmão você tinha que ter me falado a estava ficando com o Antônio.
— O que isso mudaria Julia — nem estou surpreso dela ter se tocado, ainda mais depois da cena que fiz.
— Bem, pra começo de conversa não teria dado em cima do peguete do meu irmão né — Júlia se senta ao meu lado me abraçando — ele parecia tão legal, que cazão ter voltado com a ex mesmo estando com você.
— Ele não está comigo, a gente só ficou, não tínhamos nada — digo o defendendo.
— Aí Rubens, por que você não me contou, aliás por que você não me conta mais nada?
— É complicado Julia — digo cansado.
— O que é tão complicado Rubens, contamos tudo um para outro, somos nós dois contra o mundo irmão, porra você meteu na cabeça que viria para cá sem nem falar comigo e ainda ficou me evitando, mau tem falado comigo e nem me contou que estava se relacionando com alguém de novo — ela tem razão, eu me afastei dela sem nem perceber.
— Pensei que você tivesse puta comigo por causa da história do cartão — ela me encara surpresa.
— Rubens fala sério, tá eu admito fique chateada pela forma que você falou comigo, mas porra cara só os irmãos, você acredita mesmo que eu só te amo por que você cobre minhas merdas?
— Não, eu sei que você me ama e eu te amo, só que não posso mais continuar fazendo isso, você precisa ficar independente Julia.
— Olha eu odeio isso, mas você está certo irmão, eu posso ter me acostumado a ter você me cobrindo, só que isso não muda nada irmão, eu te amo Rubens, também amo o Ben, mas um pouco menos — ela me faz rir um pouco.
— Julia por que você foi atrás do Marino? — Ela faz uma cara feia só de ouvir o nome dele.
— Não fui atrás dele, nem sabia que ele ia está lá, o Tesão me levou para jantar num lugar bacana e vi seu ex escroto tomando um vinho caríssimo com a porra do dono do restaurante — ela respira fundo — porra Rubens o cara termina com você para no dia seguinte está com outro cara mais rico que você e ainda tem a audácia de querer que você pague pelo cancelamento do casamento, isso é um absurdo.
— Julia fui eu quem disse que ele não precisava me dar nada e ele me avisou que tinha conhecido outra pessoa, mas que queria terminar comigo primeiro para não me trair — digo segurando a vontade de chorar por lembrar que fui trocado, trocado por não ser bom o suficiente.
— Rubens olha me desculpa, mas não tenho seu sangue de barata irmão, fui lá e disse uma verdades para esse parasita, ele meteu o H de que você não dava atenção pra ele, mas a verdade aqui é só uma e você não quer ver.
— Que verdade Julia — já nem tenho mais forças pra brigar com ela.
— A de que ele só te trocou por que o outro cara é mais rico que você irmão, deixa de ser burro Rubens, você se cega paras as verdades que estão bem na sua frente — suas palavras são duras e embora faça sentido, ainda sim me recuso a acreditar.
— Não sou rico Juh, se ele tivesse comigo por dinheiro nem teria começado a namorar comigo, quando começamos nem nessa empresa eu estava ainda.
— Aí Rubens para cima de mim não né irmão, pobre não gasta mais de 70k em um relógio, você pode não ser milionário irmão, mas só sua coleção de relógios já daria pra me aposentar por um bom tempo.
— Primeiro que eu só tenho um relógio se setenta mil, os outros são bem mais baratos e isso não quer dizer que sou rico, até porque você sabe muito bem que parcelei cada um deles Julia — tenho três relógios caros, o que dei ao Antônio era o mais caro, os outros são de quinze e seis mil, o restante nem chega a mil.
— Bom estarmos conversando sobre isso também, você pode me explicar por que o Antônio está com seu relógio preferido no pulso dele?
— Eu dei a ele — os olhos dela só faltam sair de dentro do crânio.
— Você o que?
— Dei a ele.
— Depois você diz que não é rico, você deu um carro popular na forma de um relógio suíço para um cara que conheceu a duas semanas, Rubens você nem sequer emprestou esse relógio pro Mariano quando ele pediu pra usar daquela vez.
— Julia não quero falar sobre isso, o relógio era meu e agora é dele e fim de papo.
— Ah mais esse filho da mãe vai devolver seu relógio, depois do papelão que ele te fez passar — ela está ficando puta de raiva.
— Julia já chega, você não vai se meter, ainda nem te desculpei por ter ido brigar com o Mariano e tem mais você vai se desculpar com ele — falei o mais sério possível.
— Você está brincando né?
— Pareço estar brincando, eu nunca me meti nas suas enrascadas, nem na sua relação esquisita pra caralho com seu namorado, então não vou admitir que você faça isso comigo, entendeu.
— Rubens — levanto a mão interrompendo seu protesto.
— Eu te amo e gosto de você se preocupar comigo, mas estou falando sério Julia, você vai se comportar e vai perder desculpas.
— Tá bom, só quero ver depois quando você descobrir que eu tinha razão a cara que você vai fazer tendo se arrependido de defender esses machos escrotos.
— To cansando Julia, só quero pôr um ponto final nessa história, pode ser?
— Tudo bem — ela finalmente se deu por vencida.
— E você vai embora amanhã, aqui é para ser um lugar pra esfriar minha cabeça e não ficar me preocupando com o que você está aprontando e com quem está.
— Sua sorte é que eu já estava querendo ir embora mesmo, esse lugarzinho é muito parado para mim.
— Obrigado — agradeço por ela não protestar ainda mais, Julia é muito rebelde, mas pelo menos a mim ela ainda me escuta.
— Irmão?
— O que foi?
— Agora que o Mariano te pagou você não está mais tão endividado para pagar meu cartão né — Juh é uma pessoa inacreditável.
— Tá, mas vou diminuir seu limite, você vai ter que trabalhar pra cobrir o resto de quiser continuar gastando feito uma louca.
— Eu te amo muito meu irmãozinho lindo — ela começa a me beijar, essa maluca não tem jeito.
Agora que tudo foi resolvido mudamos o assunto pra falar de casa e me atualizar também sobre sua vida, depois de muita insistência dela acabo contando também como foi que as coisas com o Antônio comecaram a rolar, estava com saudades de conversar com minha irmã, ela é louca e muito folgada, mais é minha irmã, do jeito dela ela achou que estava fazendo algo pro meu bem, defendendo minha horra, mesmo assim estou satisfeito que ela tenha concordado em se desculpar com Mariano.
— Vamos pedir comida, não jantei e ainda tomei uns dois drinks lá no pub — Juh já fala pegando o celular e procurando algo no aplicativo de delivery.
— Tá pede uma pizza, acabei ficando com fome também — digo.
Enquanto esperamos Juh escolheu um filme na tv para assistirmos, um tempo depois escutamos uma batida na porta, deve ser o entregador, achei estranho não terem interfonado, mas Juh também entrou de uma vez quando veio, esse hotel é bem estranho vou me lembrar de não ficar aqui de novo caso precise ficar em um hotel de novo por aqui, de qualquer forma Juh vai até a porta pegar nosso pedido, já está pago é só receber mesmo.
— O que você quer aqui? — Juh responde com hostilidade, quando olho para a porta vejo o Antônio em pé do lado de fora.
— Rubens, por favor, vamos conversar — ele diz quase suplicando e ignorando minha irmã em sua frente.
— É muita cara de pau Antônio, sai daqui seu palhaço, meu irmão não é seu brinquedo pra você usar e depois descartar assim — Júlia é ainda mais hostil.
— Rubens, me escuta, não foi o que você está pensando, por favor me deixa explicar — sinto um aperto no coração, ele parece tão ruim quanto eu.
— Deixa, Júlia, eu vou falar com ele – digo me dirigindo até a porta.
— Tá bom, mas olha aqui Antônio eu estou de olho em você — ela diz encarando ele nos olhos.
Não quero que minha irmã se meta na conversa, então vou com ele até o Fuscão que está estacionado aqui na frente do hotel, ele parece nervoso. Entramos no carro e ele pega minha mão, a princípio penso em soltá-la, mas deixo que ele a segure, pois isso parece acalmá-lo, assim ele vai dizer melhor o que tem pra dizer.
— Então pode falar, estou ouvindo — digo seriamente.
— Rubens a Luana me beijou, assim que ela me beijou eu a afastei, você tem que acreditar em mim.
— Por que Antônio, você não me deve nada — digo com sofrimento na voz.
— Claro que eu devo, estou ficando com você Rubens, não estaria transando com você e dormindo junto com você se não te levasse a sério, estou muito envergonhado e eu quero que você saiba que não estou dizendo que a culpa não foi minha, porque foi, não devia ter aceitado tocar com ela, me iludi achando que poderíamos ser apenas amigos e não percebi que isso podia dar uma falsa impressão.
— Antônio você pode voltar com ela, eu não vou ficar chateado com você — digo inteiramente da boca pra fora.
— Eu não quero voltar com a Luana Rubens, eu quero ficar com você, quero continuar fazendo o que a gente está fazendo — não consigo acreditar no que acabei de ouvir — eu vacilei, admito e tô muito puto comigo mesmo por isso, mas não pense nem por um momento que te considero um brinquedo ou só uma transa, eu não sou assim, quando eu transo com alguém é pra valer.
— Antônio eu não sei.
— Por favor, só diz que me perdoa e que vai dar outra chance, eu prometo que nunca mais vou te fazer passar por isso de novo — seus olhos me encaram com tanta súplica, ele quer mesmo ficar comigo é surreal, entre mim e ela, Antônio me escolheu.
— Me desculpa também por ter reagido daquela forma — ele beija minha mão com tanta ternura que me aquece o peito.
— Não Rubens, não se desculpe por isso, eu vacilei feio, eu que te devo perdão, por ter feito você pensar que não te respirava, eu te respeito pra caralho, você tem sido uma feliz descoberta na minha vida.
— Tá, vamos só esquecer que isso aconteceu, tá legal — estou ficando muito envergonhado com suas declarações.
— Eu nunca vou esquecer, Rubens eu prometo que não vai acontecer de novo, nada desse tipo — ele falou tão sério que não tenho como não acreditar.
— Mas e a Luana, como ela ficou depois daquilo?
— A gente não namora mais, devo um pedido de desculpas a ela também, mas acho que por hora não tem como continuarmos amigos, não enquanto estou descobrindo o que você e eu temos.
— Tá certo, então você está sugerindo que fiquemos exclusivos? — Meu coração vai sair pela boca.
— Sim, é isso que eu quero — ele confirma.
— Antônio eu quero muito ficar com você, mas acontece que eu tenho prazo de validade nessa cidade, você sabe que quando meus avós voltarem eu volto pra minha vida em Fortaleza — mesmo tendo tempo até esse dia chegar, já está me doendo saber que vou embora.
— Vamos fazer um trato então — Antônio me pega de surpresa com essa história de trato.
— Que trato? — Pergunto curioso com esse acordo.
— Vamos viver isso até o dia de você ir embora, de hoje até o momento em que você tiver que entrar no ônibus para ir embora vamos está juntos, depois cada um segue com sua vida.
— Tem certeza disso? — Me parece um bom plano, ainda mais para mim que gosto de está no controle da situação, seria uma boa ter todos os detalhes planejados dessa forma — tipo vamos namorar até eu ir embora e depois, acabou?
— O que me diz?
— Eu aceito, vamos namorar até o dia em que eu tiver que ir embora, temos então um contrato de namoro de dois meses e meio — digo animado com a possibilidade de viver um romance com Antônio pelo meu tempo aqui na serra.
Selamos nossa contrato com um beijo, um beijo de felicidade e de alívio de ambos, ele já está com uma feição muito melhor, bem mais tranquila, Antônio ficou feito doido me procurando até me encontrar e agora que esclarecemos as coisas vamos namorar, como um dia que começou tão ruim pode ter acabado tão bem, não sei o que vai ser da gente nesse tempo, mas como já dizia o poeta Vinícius de Moraes na poesia Soneto de fidelidade “que seja infinito enquanto dure”.