Amor de Mãe 13

Um conto erótico de Anderline
Categoria: Heterossexual
Contém 3604 palavras
Data: 09/05/2025 18:44:12

Na manhã seguinte, acordei com o calor do corpo de Júlia contra o meu, sua pele morna colada ao meu peito no quarto de hóspedes. A luz suave do sol infiltrava-se pelas cortinas, iluminando os cabelos bagunçados dela e os traços relaxados de seu rosto enquanto dormia. O eco da noite anterior — a transa selvagem, os gemidos que ecoaram pela casa — ainda pulsava na minha mente, junto com a culpa que crescia ao lembrar de Safira e Helena. Deslizei suavemente para fora da cama, vestindo uma camiseta e uma bermuda, e sinalizei para Júlia, que acordou com um sorriso provocador, se vestindo rapidamente com um short jeans e uma regata fina que ela tinha levado para o quarto que marcava os seios sem sutiã.

Descemos as escadas juntos, o aroma de café fresco e pão tostado já preenchendo a casa. Ao entrarmos na cozinha, encontramos a mesa cuidadosamente posta com frutas frescas, queijo, geleia e uma jarra de suco de laranja, um esforço que claramente não era meu. Helena e Safira já estavam lá, sentadas, o silêncio entre elas carregado de tensão. Helena, com um robe leve que realçava suas curvas suaves, segurava uma xícara de café, os olhos fixos na mesa, evitando contato visual. Safira, com uma regata leve marcando suas curvas emergentes, parecia inquieta, os olhos vermelhos como se tivesse chorado.

O clima era denso, mas Safira quebrou o silêncio com um tom que misturava sarcasmo e dor. Olhando diretamente para mim e Júlia, ela disse, a voz firme, mas trêmula: “Aí o casalzinho… dormiram bem?” O comentário cortou o ar como uma faca, e Júlia, ao meu lado, ficou visivelmente desconfortável, o sorriso desaparecendo. Antes que eu pudesse responder, Safira se virou para Helena, os olhos brilhando com lágrimas contidas, e continuou, a voz agora carregada de emoção crua. “Mãe… você ouviu os gritos ontem à noite? Cauã e Júlia… no quarto de hóspedes? Ela é minha namorada, e mesmo assim… fez isso comigo. Fui traída, mãe.”

O ar na cozinha ficou ainda mais pesado, o som das ondas ao longe amplificando a gravidade da acusação. Helena ergueu a cabeça bruscamente, os olhos faiscando com uma raiva que raramente mostrava. Colocou a xícara na mesa com força, o som ecoando, e se virou para Safira, a voz afiada como uma lâmina, carregada de indignação. “Safira, você tem a audácia de falar em traição?” disse ela, o tom fervendo de frustração. “Você acha que pode vir aqui jogar a culpa nos outros quando foi você quem deixou tudo isso acontecer? No deque, quando Cauã e Júlia estavam lá, na sua frente, se entregando um ao outro, o que você fez? Nada! Ficou olhando, se envolvendo, permitindo que a situação chegasse a esse ponto. Você abriu a porta para isso, Safira, e agora quer se fazer de vítima?”

Helena se levantou, o robe esvoaçando com o movimento, e apontou para Safira, a voz subindo, cada palavra um golpe. “Você sabia do desejo dela por Cauã, sabia da tensão que crescia entre eles, e mesmo assim não fez nada para proteger o que era seu. Não foi só no deque, Safira. Foram os olhares, os toques, as conversas que você deixou passar, achando que tudo se resolveria sozinho. Você permitiu que Júlia se aproximasse dele, passo a passo, e nunca disse ‘não’. E agora, quando as coisas explodem, você vem me perguntar se eu ouvi os gritos? Claro que ouvi! A casa inteira ouviu! E você deveria ter ouvido o bom senso antes de deixar essa bagunça chegar onde chegou. Pare de reclamar e assuma a responsabilidade pelo que você permitiu!”

As palavras de Helena cortaram o silêncio como um trovão, cada sílaba carregada de exasperação. Safira arregalou os olhos, o rosto empalidecendo, as lágrimas escorrendo livremente enquanto suas mãos tremiam no colo. Ela abriu a boca para responder, mas nenhum som saiu, apenas um soluço abafado. Júlia, visivelmente desconfortável, tentou intervir, a voz baixa. “Helena, isso não é justo… a gente…”

“Não é justo?” Helena a interrompeu, virando-se para Júlia com o mesmo fervor. “Você transa com meu filho pelas costas da sua namorada, e agora fica calada enquanto ela chora? Você aproveitou a inação dela, a fraqueza dela, e agora quer se justificar? Vocês duas precisam parar de apontar o dedo e olhar para o que permitiram acontecer!” Ela respirou fundo, o peito subindo e descendo com a raiva, antes de continuar, o tom ainda cortante. “Safira, se você quer reclamar, olhe para as escolhas que fez. Você deixou essa porta aberta, e agora lida com as consequências de não ter dito ‘não’ quando podia.”

Eu, paralisado, sentia o peso das palavras de Helena e a dor no rosto de Safira. Tentei falar, levantar a voz para defender minha irmã, mas a intensidade de Helena me silenciou. Safira, com o rosto molhado de lágrimas, finalmente encontrou a voz, um sussurro trêmulo. “Mãe… eu não sabia como parar. Eu amo a Júlia, amo o Cauã… e achei que, se eu ficasse quieta, poderia manter todo mundo. Mas agora estou perdida, e você me culpa por tudo.”

Helena cruzou os braços, a raiva em seus olhos suavizando por um instante, dando lugar a uma exaustão profunda. “Não estou te culpando por amar, Safira,” disse ela, a voz mais baixa, mas ainda firme. “Estou te dizendo para parar de jogar a responsabilidade nos outros. Você permitiu isso, e agora precisa decidir o que quer, lutar por isso ou deixar ir. Mas não venha chorar pra mim quando as coisas desmoronam por falta de ação sua.” Ela se virou, saindo da cozinha com passos firmes, deixando-nos em um silêncio sufocante.

Safira cobriu o rosto com as mãos, os soluços agora mais altos, enquanto Júlia hesitava, dividida entre consolá-la e manter a proximidade comigo. Eu, sentindo a culpa me engolir, estendi a mão para tocar o ombro de Safira, mas ela se afastou, levantando-se. “Me deixa sozinha,” murmurou, antes de correr para o quarto, a porta batendo com força.

Júlia olhou para mim, os olhos cheios de conflito. “Eu não queria isso, Cauã,” disse ela, a voz quase inaudível. “Mas não vou mentir… eu te quero, mesmo que isso machuque ela.” Antes que eu pudesse responder, ela se aproximou, beijando-me rapidamente, um toque quente e desesperado, antes de seguir Safira, provavelmente para tentar consertar o que havia quebrado.

Após o confronto tenso na cozinha, o peso das palavras de Helena e da dor de Safira ainda me esmagava, decidi me ocupar para afastar a confusão que girava na minha cabeça. Saí para o deque, onde a brisa salgada misturava-se ao calor do sol escaldante, e comecei a preparar as bebidas, carnes e demais comidas para um churrasco que planejava para mais tarde. Organizei a churrasqueira, cortei picanha e linguiça, preparei espetos de vegetais e misturei uma caipirinha gelada, o som do gelo tilintando nos copos quase abafando os ecos da discussão. Era uma tentativa de trazer normalidade, de criar um momento onde pudéssemos, quem sabe, respirar juntos.

Enquanto eu arrumava as coisas, ouvi passos leves atrás de mim. Virei-me e vi Helena, deslumbrante, caminhando em direção ao deque com um biquíni fio-dental vermelho que parecia desafiar a gravidade. O tecido minúsculo mal cobria os seios fartos, os mamilos visíveis sob a fina camada, e a parte de baixo delineava cada curva de sua buceta, destacando a pele bronzeada que brilhava ao sol. Seus cabelos castanhos caíam em ondas soltas, e os olhos, escondidos por óculos escuros, carregavam uma mistura de confiança e algo mais — talvez vulnerabilidade. Meu coração disparou, o desejo reacendendo apesar de tudo o que ela havia dito.

“Cauã, quer ajuda com isso?” perguntou, a voz suave, mas com um tom que sugeria cautela, como se testasse o terreno entre nós. Ela parou ao meu lado, o perfume floral misturando-se ao cheiro de sal e carvão, e eu senti o calor do corpo dela mesmo estando a poucos centímetros.

“Não, mãe, tá tudo sob controle,” respondi, tentando soar casual, mas minha voz saiu rouca, traída pelo desejo que crescia. Ela assentiu, um leve sorriso curvando os lábios, e caminhou até uma espreguiçadeira próxima, deitando-se de bruços com uma graça que parecia calculada. O biquíni fio-dental deixava a bunda empinada completamente à mostra, a pele reluzindo sob o sol, e eu precisei desviar o olhar para não perder o controle.

Enquanto mexia nas carnes, não resisti e me aproximei, o frasco de bronzeador na mão. “Mãe, quer que eu passe bronzeador em você?” perguntei, a voz mais baixa do que pretendia, carregada de uma intenção que eu não conseguia esconder. Ela levantou a cabeça, os óculos escuros deslizando para a ponta do nariz, e me olhou por um longo momento, como se pesasse as consequências. Finalmente, com um suspiro, ela assentiu. “Tá bom, Cauã. Pode passar.”

Ajoelhei-me ao lado dela, espremendo o bronzeador nas mãos, o líquido frio contrastando com o calor da minha pele. Comecei pelas costas, espalhando o creme em movimentos lentos e firmes, exatamente como fizera naquela primeira massagem em casa, meses atrás. Meus polegares deslizaram pela coluna, desfazendo nós de tensão, enquanto minhas mãos exploravam a textura macia da pele. Ela suspirou baixo, o corpo relaxando sob meu toque, e eu desci para a cintura, os dedos traçando a curva dos quadris, demorando-se mais do que o necessário.

O ar ficou denso, a respiração dela acelerando enquanto eu passava para as coxas, minhas mãos subindo pela parte interna, roçando a borda do biquíni. Como naquela primeira vez, meus toques se tornaram mais intencionais, sensuais, os polegares pressionando a pele sensível perto da buceta, sem nunca cruzar a linha, mas despertando cada nervo. Desci para as nádegas, apertando a carne firme, os dedos circulando a fenda, e senti o corpo dela tremer, um gemido abafado escapando. “Cauã…” murmurou, a voz entrecortada, mas não me pediu para parar.

Continuei, repetindo os movimentos daquela massagem inicial, agora com uma precisão que sabia exatamente como a levar ao limite. Meus dedos roçaram a borda do biquíni, pressionando o clitóris por cima do tecido, a umidade já evidente. Ela arqueou o corpo, as mãos agarrando a espreguiçadeira, e eu intensifiquei, esfregando em círculos lentos, sentindo-a se contorcer. “Meu Deus…” gemeu, o corpo convulsionando enquanto gozava, o biquíni encharcado, os espasmos fazendo-a tremer contra a espreguiçadeira. O orgasmo foi silencioso, mas intenso, os gemidos abafados contra o tecido, e eu parei, as mãos ainda nas coxas dela, o coração disparado.

Helena respirou fundo, o corpo relaxando, e então levantou a cabeça, os óculos escuros agora na mão, os olhos brilhando com uma mistura de prazer e culpa. “Já tá bom, Cauã,” disse ela, a voz baixa, quase um sussurro, sem me olhar diretamente. “Obrigada.” Ela se ajeitou na espreguiçadeira, deitando-se de bruços novamente, ficando quietinha, sem nada falar, apenas tomando sol, como se quisesse apagar o que acabara de acontecer.

Eu me levantei, o tesão pulsando em mim, mas respeitei o silêncio dela. Voltei para a churrasqueira, o calor do sol agora secundário ao fogo que queimava dentro de mim, sabendo que, apesar das palavras dela na noite anterior, o desejo entre nós era uma chama que nenhum de nós conseguia apagar completamente.

Enquanto eu terminava de organizar as carnes e bebidas para o churrasco, o sol brilhava impiedosamente no deque, refletindo na piscina com um brilho quase cegante. Helena, ainda deitada na espreguiçadeira após o momento intenso do bronzeador, permanecia quieta, os olhos escondidos pelos óculos escuros, o corpo relaxado, mas com uma tensão sutil que eu podia sentir. O silêncio entre nós era carregado, o eco do orgasmo dela ainda pairando no ar, mas nenhum de nós ousava quebrá-lo.

Foi então que ouvi risos leves vindos da direção da casa. Virei-me e vi Júlia e Safira caminhando de mãos dadas, aproximando-se do deque com uma cumplicidade que contrastava com a tensão da manhã. Ambas estavam em seus biquínis indiscretos — Júlia com o azul-asa-delta que mal cobria os seios fartos e a buceta, e Safira com o rosa-fio-dental que realçava suas curvas suaves, moldadas pela terapia hormonal. Seus corpos brilhavam ao sol, o suor destacando cada contorno, e elas pareciam alheias ao peso do confronto na cozinha, sorrindo como se tivessem encontrado uma paz inesperada.

Elas se aproximaram das espreguiçadeiras ao lado de Helena, ainda de mãos dadas, e se deitaram para tomar sol, os biquínis minúsculos quase desaparecendo contra a pele bronzeada. Helena levantou a cabeça, os óculos escuros deslizando para a ponta do nariz, e olhou para as duas com uma expressão que misturava curiosidade e desconfiança. “Vejo que vocês se entenderam,” disse ela, a voz neutra, mas com um tom que sugeria que ela não estava totalmente convencida.

Safira, deitando-se de bruços, olhou para a mãe com um sorriso tímido, os olhos ainda carregando um brilho de vulnerabilidade. “Mãe, eu amo muito a Júlia,” disse ela, a voz suave, mas firme. “Ela ficou tão feliz com a noite com o Cauã… tão viva, tão radiante. Eu vi isso nela, e decidi que quero a felicidade dela. Se isso significa dividir, que seja. Eu só quero que ela esteja bem.”

Helena ergueu uma sobrancelha, o olhar desconfiado intensificando-se, como se a passividade de Safira a incomodasse. Ela não respondeu imediatamente, apenas ajeitou os óculos e voltou a se deitar, mas a tensão em seus ombros era evidente. Talvez ela visse na atitude de Safira uma fraqueza, uma repetição da inação que tanto criticara na cozinha, ou talvez estivesse lutando contra o próprio ciúme, sabendo que eu também era parte daquele desejo compartilhado. O silêncio dela falava mais do que qualquer palavra.

Júlia, por outro lado, parecia inflamada pela declaração de Safira. A passividade da namorada, o consentimento explícito, parecia ter acendido algo nela, como se uma barreira invisível tivesse sido derrubada. Ela olhou para mim, ainda ocupado com a churrasqueira, e seus olhos brilharam com uma ousadia descarada. Não havia mais pudor, nenhum traço de culpa por Safira. Ela se levantou da espreguiçadeira, caminhando em minha direção com um balançar de quadris que era puro convite, o biquíni azul destacando cada curva do corpo suado.

“Cauã, precisa de ajuda com isso?” perguntou, a voz doce, mas carregada de provocação, parando tão perto que o calor da pele dela era quase palpável. Antes que eu pudesse responder, ela se inclinou sobre a mesa onde eu cortava as carnes, o decote do biquíni revelando os seios quase completamente, os mamilos endurecidos visíveis sob o tecido fino. “Ou prefere que eu te distraia um pouco?” sussurrou, mordendo o lábio, a mão roçando meu braço de forma deliberada, os dedos traçando linhas lentas que enviaram um arrepio pelo meu corpo.

Olhei para Safira, esperando alguma reação, mas ela apenas observava, deitada na espreguiçadeira, um sorriso pequeno nos lábios, como se aprovasse a ousadia de Júlia. Helena, por sua vez, permanecia imóvel, mas eu podia sentir o peso do olhar dela por trás dos óculos escuros, uma mistura de desaprovação e algo mais — talvez desejo reprimido. Júlia, alheia ou indiferente, intensificou a provocação, pressionando o corpo contra o meu ao pegar uma faca da mesa, os seios roçando meu peito, o quadril colando-se ao meu por um instante. “Você é tão bom com as mãos, Cauã,” murmurou, a voz rouca, “não só na churrasqueira, né?” O tom era descarado, e ela riu, jogando o cabelo para trás, sabendo exatamente o efeito que causava.

Eu, preso entre o tesão e a culpa, tentei manter o foco nas carnes, mas o calor do corpo dela, o olhar de Safira e a presença silenciosa de Helena tornavam isso impossível. “Júlia, para,” murmurei, a voz rouca, mas sem convicção. Ela apenas riu novamente, voltando para a espreguiçadeira com um rebolado exagerado, deitando-se ao lado de Safira e puxando-a para um beijo rápido, como se quisesse marcar território enquanto me provocava.

Safira correspondeu ao beijo, mas seus olhos encontraram os meus por um instante, e havia neles uma mistura de aceitação e desejo que me desarmou. Helena, ainda quieta, ajeitou-se na espreguiçadeira, o biquíni vermelho brilhando ao sol, e eu sabia que, apesar do silêncio, ela estava atenta a cada movimento, cada palavra. O churrasco, que deveria ser um momento de união, agora parecia o prelúdio de algo maior — uma explosão de desejo, ciúmes ou, quem sabe, uma tentativa de encontrar equilíbrio naquele caos de sentimentos.

O almoço no deque, sob o sol escaldante da tarde, foi servido em meio a uma tensão palpável. O churrasco que preparei — picanha suculenta, linguiça grelhada, vegetais assados e caipirinhas geladas — deveria ser um momento de trégua, mas a atmosfera carregada da manhã ainda pairava. Helena, deslumbrante no biquíni fio-dental vermelho, estava sentada à cabeceira da mesa, os óculos escuros escondendo parcialmente seus olhos, mas não a desconfiança que emanava dela. Safira, com o biquíni rosa, parecia mais quieta, os olhos fixos no prato, enquanto Júlia, no biquíni azul, mantinha a atitude provocadora, lançando-me olhares que misturavam desafio e desejo.

O silêncio incômodo foi quebrado por Helena, que, após um gole de caipirinha, olhou diretamente para Júlia, a voz firme, mas carregada de uma curiosidade cortante. “Júlia, por que você tá fazendo isso com a minha filha?” perguntou, o tom exigindo uma resposta honesta. “Você trai Safira com Cauã na cara dela, provoca como se ela não importasse. Qual é o seu jogo?”

Júlia parou, o garfo a meio caminho da boca, e respirou fundo, como se tivesse esperado por aquele momento. Ela colocou o garfo na mesa, os olhos encontrando os de Helena com uma franqueza desconcertante. “Tá bom, Helena, vou abrir o jogo,” disse ela, a voz calma, mas firme. “Isso que vou dizer nunca disse pra Safira, então escutem bem.” Ela olhou para Safira, que ergueu o rosto, os olhos arregalados, antes de continuar. “Eu gostava do Ícaro. Quando ele era Ícaro, havia uma conexão, uma química. Eu me senti bem ajudando-o a se tornar Safira, apoiando sua transição, estando lá. De tanto ficarmos juntos, aceitei o pedido de namoro, porque achei que era amor. Mas quando Safira começou a tomar hormônios, as coisas mudaram. Ela não… subia mais, sabe? O negocinho dela encolheu, e hoje só serve pra fazer xixi. Tentamos com strap-on, mas não era a mesma coisa. Eu queria carne, Helena, queria sentir um homem de verdade. Foi aí que Cauã apareceu e satisfez meus desejos. Não é amor, Safira. É tesão, é necessidade. E você consentiu, deixou isso acontecer.”

As palavras de Júlia caíram como uma bomba, o silêncio que se seguiu tão pesado que até o som das ondas parecia abafado. Safira arregalou os olhos, as lágrimas escorrendo instantaneamente, o rosto pálido como se tivesse sido golpeada. Helena, por sua vez, ficou rígida, os óculos escuros não escondendo a raiva que faiscava em seus olhos, mas também uma ponta de compreensão, como se a honestidade crua de Júlia tivesse tocado algo nela.

Eu, que até então observava em silêncio, senti uma onda de raiva e clareza me invadir. Levantei-me abruptamente, o prato tilintando na mesa, e encarei Júlia, a voz firme, carregada de uma decisão que não admitia volta. “Então é assim, Júlia? Você usa Safira, usa a mim, e acha que tá tudo bem porque ela ‘consentiu’? Eu não vou ser brinquedinho de ninguém mais. Vocês que arrumem outro. Acabou.”

O olhar de Helena se iluminou, como se minha fala tivesse acendido algo dentro dela, uma chama de orgulho ou desejo. Era como se, ao me impor, eu tivesse mostrado a força que ela sempre admirou, e seus olhos, agora sem os óculos, brilhavam com uma intensidade que me fez sentir que ela estava completa, pronta para se entregar novamente, mesmo que lutasse contra isso. Safira, ainda chorando, tentou falar, a voz embargada. “Cauã, eu… eu só queria que ela fosse feliz…”

Júlia interrompeu, levantando-se, a voz agora defensiva. “Cauã, não é assim, eu não usei ninguém! Eu fui honesta, disse o que sinto. Safira sabia, ela deixou, e você… você queria isso tanto quanto eu!” Ela deu um passo em minha direção, os seios quase saltando do biquíni, mas eu levantei a mão, cortando-a.

“Não, Júlia,” retruquei, a voz decisiva. “Você não decide o que eu quero. E Safira não merece ser tratada como um consolo. Acabou. Não tem mais jogo, não tem mais provocação. Resolvam suas coisas, mas sem mim.” Minha voz ecoou no deque, e o silêncio que se seguiu era definitivo. Helena me olhou com um misto de admiração e algo mais profundo, enquanto Safira enxugava as lágrimas, o rosto marcado por uma dor silenciosa.

Júlia hesitou, como se quisesse argumentar, mas acabou sentando-se novamente, os olhos baixos. Safira, ainda tremendo, murmurou: “Eu… eu preciso pensar.” A conversa morreu ali, o peso das palavras sufocando qualquer tentativa de continuar. Para aliviar a tensão, mudei de assunto, a voz mais leve, mas firme. “O que vamos fazer à tarde? Piscina, praia, ou outra coisa?”

Helena foi a primeira a responder, a voz suave, mas com uma presença que eu não sentia há muito tempo. “Piscina parece bom,” disse ela, um pequeno sorriso curvando os lábios, os olhos encontrando os meus por um instante. Naquele momento, após tanto tempo, senti a presença dela na minha vida novamente, não como uma amante proibida, mas como uma força que me ancorava, uma conexão que transcendia o desejo. Safira assentiu, ainda quieta, e Júlia apenas deu de ombros, a energia provocadora agora apagada.

O almoço terminou em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos, mas a decisão que tomei parecia ter mudado algo no ar. A casa de praia, apesar de tudo, começava a parecer menos um campo de batalha e mais um lugar onde, talvez, pudéssemos encontrar um novo equilíbrio.

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