Renda, Feromonios e Cicatrizes

Um conto erótico de LennyBruce007
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 4595 palavras
Data: 29/05/2025 12:51:24
Última revisão: 14/06/2025 00:16:54

"A Casa das Promessas Quebradas"

Novela curta em universo queer BDSM, com enfoque psicológico, sensual e simbólico

Personagens

Sofia – A Escrava por Escolha

Mulher cis, 27 anos, corpo atlético e curvas marcadas. Personalidade dual: intensa e firme sob ordens, mas carinhosa e cúmplice com as mulheres que orbitam sua vida. Submissa convicta de um homem alfa, encontra prazer em obedecer, mas carrega dúvidas silenciosas sobre os limites de sua devoção. Sente desejo por Lizzie, mas se culpa por isso. É quem organiza as dinâmicas e rituais da casa, sob as regras dele. Mantém um ar protetor com as “meninas”, mas teme desobedecer.

Lizzie – A Sissy Omega Capacho

Pessoa transfeminina em processo de hormonização, 25 anos. Frágil, sensível, desesperadamente apaixonada por Sofia, mas presa à ilusão de que um dia será o que ela deseja. Tem um namorado casado, que a vê como objeto de prazer ocasional. Serve a Sofia com devoção cega. Vive em conflito entre a feminilização forçada (em parte por amor, em parte por obediência) e sua necessidade de se sentir amada. É submissa sem vocação para dominar ninguém, o que cria conflitos com Clara.

Clara – A Dogwoman Rebelde

Mulher cis, 29 anos. Ex-amante do Alfa, hoje orbitando os restos de poder emocional que restaram. Intelectual, estratégica e sexualmente intensa. Tem uma obsessão disfarçada pelo namorado de Sofia e manipula as dinâmicas da casa para tentar reconquistá-lo. Submete-se a Lizzie por capricho, e ao mesmo tempo a despreza por não assumir esse papel com vigor. Cobra, provoca, instiga. É ela quem acende os conflitos.

Marcos – O Alfa

Homem cis, 42 anos. Casado. Controlador, racional, sóbrio. Vê nas mulheres e nas submissas formas de estrutura. Ama Sofia, mas do seu jeito – prático, ritualizado. Vê Lizzie como um experimento, uma peça útil, e Clara como ameaça e distração. Não se envolve emocionalmente com nenhuma das “meninas”, apenas com Sofia, a quem molda como esposa ideal... mesmo exigindo que ela case com Lizzie. Mantém regras claras: obediência, ordem, hierarquia.

Capítulo I – Cerimônia do Cheiro

O quarto estava escuro, mas não silencioso. O som dos tecidos, da respiração contida, do tilintar da corrente na coleira de Clara ecoava como um ritual.

Lizzie segurava a calcinha de Sofia com ambas as mãos, a renda fina, impregnada pelo perfume íntimo e traços invisíveis do Alfa, ainda quente. Inspirava como se buscasse um lugar no mundo que só existisse naquele cheiro.

— Mais fundo. — Sofia sussurrou. — Quero que sinta onde estive.

Lizzie obedeceu. A mistura de desejo e náusea a envolveu como perfume ácido. Queria o cheiro de Sofia, mas o odor do homem que ela não suportava estava lá, diluído, presente.

Sofia sentiu um arrepio. Observava Lizzie com o olhar de quem sabe que é amada por alguém que se desfaz só de olhar. E isso lhe dava poder.

Clara, deitada aos pés da cama, olhava com olhos semicerrados. Ela estava nua, com a coleira presa à perna da cama. Desde que se declarara a dogwoman de Lizzie, esperava ordens. Que não vinham.

— Sua cadelinha tá esperando, amor. Vai deixá-la no cio sem direção?

Lizzie abaixou o olhar. Sua feminilização avançava: a testosterona reduzida ao mínimo, os seios inchados, a libido oscilando. Queria poder mandar, mas não sabia como.

— Ela é minha? — perguntou, insegura.

Sofia assentiu com um sorriso triste. — É. Mas você ainda não sabe o que fazer com o que deseja.

Clara rosnou. Literalmente.

Capítulo II – O Alfa Não Brinca

Marcos chegou tarde. Vestia-se sempre com sobriedade: blazer escuro, camisa branca, sapatos de couro sem um grão de poeira. Beijou Sofia na boca, apertando-lhe o pescoço com firmeza.

— Relatório da noite. — disse, olhando para Lizzie e Clara com indiferença.

— Lizzie resistiu ao cheiro. Clara provocou. A ordem não se quebrou.

— Clara... — ele se virou lentamente. — Ainda interessada em mim?

Ela não respondeu. Sorriu de lado. Um sorriso que conhecia o fracasso.

— Sofia, preciso que sua boneca recolha o material amanhã. Banco genético. É ordem.

— Sim, Senhor. — Sofia se curvou levemente. Lizzie engasgou no próprio silêncio. Doía. A última chance de perpetuar algo do que foi um dia. Os últimos espermatozoides. Uma cápsula de quem ela já não era. Choraria mais tarde. Sozinha.

Marcos olhou para ela com frieza. — E a feminilização... mais intensidade. Nova dosagem, dobrada. O corpo deve corresponder à estética. Sofia, administre.

— Sim, Senhor.

Capítulo III – O Pedido

No dia seguinte, Lizzie foi ao banco genético. Sozinha. A clínica era fria. O vidro que separava o interior do tubo criogênico refletia sua imagem com olhos trêmulos, boca cortada pela ansiedade. A última masturbação “ativa” seria aquela.

Sofia não apareceu.

No retorno, Clara esperava no portão, com um sorriso maligno.

— Parabéns, mamãe. Guardou o que sobrou do seu homem?

— Cala a boca, Clara.

— Ah, amor. Eu sou sua cachorra. Você manda.

— Eu não sei mandar!

Clara riu. Lambia o rosto de Lizzie de joelhos, invertendo os papéis. Lizzie apenas deixou. Sofrer era melhor que não sentir.

Capítulo IV – Casamento e Castigo

Marcos convocou uma cerimônia íntima. Casamento simbólico entre Sofia e Lizzie. Exigiu que não houvesse beijo, nem noite de núpcias.

— É uma união de responsabilidade. Nada além. — disse ele, olhando apenas para Sofia.

Clara usava véu. Não por casar, mas por Renda, Feromônios e Cicatrizes (Versão Definitiva)

"Nem tudo que é quebrado precisa ser consertado. Às vezes, ser rachado é apenas outro jeito de ser inteiro."

Anônimo do submundo.

Parte I: O Templo e Suas Sombras

Capítulo 1: A Casa que Respira

A casa na colina respirava em ciclos. Pela manhã, o cheiro de café forte, coado por Clara com a precisão de um cirurgião, misturava-se ao aroma de lavanda dos lençóis que Sofia, a sacerdotisa não declarada, borrifava com óleos essenciais. Havia uma competição silenciosa no ar: a lavanda de Sofia, um convite ao relaxamento e à entrega; o perfume de lírios que Clara aplicava nos pulsos, uma declaração de poder e autossuficiência. Ambas, à sua maneira, preparavam o ambiente para a possível chegada do Alfa.

À tarde, o som suave da máquina de costura de Lizzie criava uma trilha sonora para as leituras de Bia, que se perdia entre Foucault e os tratados de Simone de Beauvoir. Eram quatro mulheres. Não por falta, mas por transbordo. Um universo contido em paredes que já tinham visto mais rituais que uma catedral antiga.

Clara era o eixo, a Mãe do Templo. Empreendedora de turismo, orquestrava a vida com a mesma precisão com que fechava pacotes de viagem. Seu corpo era um mapa de controle e seu olhar, uma bússola que raramente se perdia.

Sofia era a alma, a Sacerdotisa do Fogo. Com um passado em Filosofia, cuidava dos rituais, das velas e das feridas invisíveis. Seu corpo era submisso por natureza, uma flor que ansiava pelo peso de uma mão firme.

Lizzie, mulher trans em plena florescência hormonal, era a renda. Sua feminilidade era uma tapeçaria tecida com fios de desejo e delicadeza. Aprendiz de costura, suas mãos criavam lingeries que eram armaduras de seda. Seu amor por Sofia, nascido aos onze anos, era a devoção de quem encontra uma deusa em pele e osso. Era a Aia das Oferendas.

E havia Bia. Antes Marcos, um professor de História. Agora, uma mulher trans que cursava a mesma faculdade que um dia lecionou. Sua passividade não era fraqueza; era observação. Seu interesse pela historiografia da Idade Média e história de gêneros moldava sua visão de mundo. Era a Boca do Templo, a escriba das memórias.

Este era o estado das coisas antes da chegada do Alfa. Antes que o perfume de vetiver viesse testar os limites de cada pacto.

Capítulo 2: O Passado de Sofia

O desejo de Sofia por submissão nascera na rebeldia. Aos dezessete, trocou um noivo gentil pela excitação clandestina de ser "a outra" de um homem mais velho e comprometido. A incompreensão dos pais a empurrou para a independência como diarista e faxineira ritualística. Foi nessa fase que Lizzie surgiu, ainda um garoto tímido, Léo, educado e apaixonado por ela. Sofia o relegou à posição confortável de amigo submisso, a sombra sempre disponível. Ela precisava do embate, da tensão, do domínio que a fazia sentir-se viva.

Capítulo 3: As Origens de Bia

Marcos corrigia redações, cansado e sereno. O casamento, um acordo silencioso para criar os filhos. Sofia e seu universo entraram em sua vida como um cometa. Tiveram uma transa esquecível, mas o suficiente para acender nela uma obsessão que ele achava fascinante. Lizzie, ele não compreendia. Clara, que na época fazia parte do círculo, o incomodava com seu ar de julgamento silencioso. Foi nesse vazio de si mesmo, observando aquelas mulheres tão donas de seus desejos, que a semente da transformação brotou. A transição para Bia não foi uma fuga, mas uma busca. Uma tentativa de, finalmente, duvidar da versão oficial de si mesmo.

Capítulo 4: O Coração de Renda de Lizzie

A transição de Lizzie foi uma jornada em direção a si mesma, e Sofia foi o porto seguro que lhe deu coragem para zarpar. Seu amor era vocação. Quando Léo, aos onze anos, viu Sofia chorando na escola, ofereceu-lhe um lenço e soube que passaria a vida tentando consertar as coisas para ela. Sua feminilidade não era uma fantasia para agradá-la; era sua verdade. A hormonoterapia, o crescimento dos seios, a suavização da pele, tudo era parte de um ritual de autoaceitação. Mas cada peça de renda que costurava, cada gesto de serviço, era também uma forma de dizer "eu te amo". Quando Sofia a acolheu naquela casa, Lizzie sentiu que havia encontrado seu templo. Sofia era sua deusa, Clara a alta sacerdotisa, e ela, a aia feliz em lavar os pés de quem a salvou do silêncio de um corpo que não lhe pertencia.

Capítulo 5: O Cheiro do Alfa

Jaime chegou tarde. Não era um homem, era um evento. Seu perfume de vetiver era um comando olfativo. Ele beijou Clara na boca, apertando-lhe o pescoço com uma firmeza que era posse e promessa. O olhar de Clara para Sofia por cima do ombro dele era puro triunfo.

— Relatório da noite — disse Jaime, a voz baixa, olhando para as outras com indiferença calculada.

O corpo de Lizzie, sintonizado pela terapia hormonal, captava os feromônios de Jaime como uma ameaça tóxica, um eco da biologia da qual fugira. Bia se encolhia, fascinada e intimidada. Mas era Sofia que se desfazia. Seu corpo o reconhecia como um cão reconhece o dono. A submissão nela florescia, o ventre se aquecia. Ele era o catalisador, o vigor sexual e reprodutivo que potencializava a ninfomania contida de Sofia.

Jaime se virou lentamente para Sofia, mas seus olhos miravam Clara.

— Minha flor... está bem cuidada? — A pergunta era para Sofia, mas a provocação era para Clara, que apenas sorriu de lado. A disputa estava declarada.

Parte II: Rituais de Semente e Sangue

Capítulo 6: O Ventre Negado e a Oferenda do Corpo

A infertilidade de Sofia, descoberta após exames que Jaime exigiu, veio como uma sentença.

— Ele não quer filhos. Disse que uma escrava não gera sucessores — confessou a Clara.

Clara, que ouvia tudo, sentiu uma fúria protetora. No dia seguinte, encontrou Sofia chorando no jardim e fez a oferenda:

— Se quiser... posso ser seu ventre. Só seu. Não dele. Nosso.

Capítulo 7: A Última Semente de Lizzie

A solução veio de Lizzie.

— Sofia, preciso que me leve ao banco genético amanhã. É ordem de Jaime. Será a última chance antes que a feminilização completa silencie para sempre o que restou do que fui. O sêmen que vou congelar... se for teu desejo... pode ser nosso filho.

Capítulo 8: O Ritual das Sementes Imperfeitas

O quarto foi transformado em um templo. Clara estava nua, deitada sobre pétalas de rosa. Lizzie segurava a seringa com o sêmen recém-coletado. Sofia conduzia o rito. Nervosa, Lizzie derramou metade do líquido.

— Desculpa...

— Era para ser assim — riu Sofia. — Tão imperfeito quanto sagrado.

Clara foi inseminada. Depois, as três deitaram-se juntas, tocando o ventre de Clara. Todas haviam sido fertilizadas, não com uma semente, mas com uma ideia.

Capítulo 9: O Sangue Fantasma e a Celebração da Falha

A inseminação simbólica não resultou em gravidez. Clara menstruou. Mas a chegada de seu sangue não foi um fim, e sim o início de um dos rituais mais profundos do Templo.

— O corpo dela fala. E o nosso vai aprender a escutar — declarou Sofia.

Elas não apenas celebraram. Elas buscaram a comunhão. Clara, a Mãe, deitou-se no centro do altar. Seu sangue, recolhido em uma taça de prata, foi misturado com vinho tinto, mel e tintura de artemísia. Lizzie e Bia, as filhas da transformação, deitaram-se ao seu lado.

Guiadas por Sofia, entraram em um transe profundo, focado na energia do ventre de Clara. Através de cânticos, meditação pélvica e da ingestão cerimonial da bebida consagrada, elas "chamaram" o ciclo para si.

Não era biológico, era mágico. Lizzie sentiu as pontadas familiares da disforia se transmutarem em cólicas fantasmagmas, uma dor que não era de rejeição, mas de pertencimento. Bia, a intelectual, sentiu sua mente se dissolver em uma onda de emotividade, chorando sem motivo, rindo sem razão. Ambas experimentaram uma "menstruação de alma", um eco psíquico e hormonal induzido pela força do ritual e pela irmandade.

No auge, penduraram panos brancos no varal, cada um marcado com uma gota do sangue de Clara e uma pincelada do vinho ritualístico. Eram as bandeiras de uma guerra que não precisavam mais lutar sozinhas.

Quando Jaime apareceu e zombou, Sofia, fortalecida, respondeu:

— Celebramos o poder do nosso sangue, com ou sem fruto. O sangue que flui e o que aprendemos a sentir.

Capítulo 10: O Despertar de Lizzie e Bia

O ritual dissolveu a rivalidade. A vulnerabilidade compartilhada gerou desejo. Numa noite, na varanda, Bia ajoelhou-se, repousando a cabeça no colo de Lizzie.

— Se for hoje... eu quero. Mas seja devagar. Eu tenho medo.

— Não vou te ferir — prometeu Lizzie.

A noite prosseguiu com toques, risos e uma intimidade que selou a nova aliança. Elas se tornaram irmãs de pele, amantes de alma.

Capítulo 11: A Nova Ordem de Jaime

Percebendo a mudança, Jaime precisava reafirmar seu poder.

— Clara, você e Sofia virão para a cidade. As aias ficam.

A separação foi dolorosa, um golpe calculado para quebrar a unidade que elas haviam construído.

Capítulo 12: O Exílio e o Reencontro

Meses depois, o reencontro aconteceu no equinócio da primavera. O ritual foi intenso. Jaime comandou, usando a saudade e o ciúme como ferramentas. Fez Sofia punir Clara por um erro banal, enquanto Bia e Lizzie assistiam. A hierarquia foi brutalmente reafirmada. Mas no final da noite, quando Jaime adormeceu, as quatro se reuniram no jardim. Em silêncio, lavaram as feridas umas das outras com água de rosas. O pacto original, embora ferido, ainda pulsava.

Parte III: A Semente de Sara

Capítulo 13: O Chamado para Gerar

A ideia de um novo filho voltou com força, mas desta vez, o plano era uma fusão completa. O embrião seria formado em laboratório, com um óvulo de Sofia e o esperma de Bia. O corpo de Clara seria o receptáculo. Lizzie, a guardiã do processo.

Capítulo 14: O Ritual de Consagração do Sêmen

A cerimônia para a coleta do esperma de Bia foi sagrada. Bia foi guiada ao centro. Sofia ficou atrás, abraçando-a, beijando-lhe a nuca. Bia chorava, sua masculinidade residual oferecida como sacrifício. Enquanto Clara recolhia o sêmen, pediu que Sofia se deitasse sobre ela, ventre contra ventre, as xotas se roçando com reverência. Um consolo duplo foi encaixado entre ambas, e elas se moveram gemendo os nomes de seus homens ausentes. Era uma forma de integrar e transcender o masculino. Lizzie assistia, segurando uma taça com leite e mel.

Capítulo 15: O Pacto da Abstinência

— Este ventre está sagrado. Não haverá mais toques de prazer nesta casa até que a nova vida pulse dentro de mim — declarou Clara.

O jejum da carne começou. Para Sofia, ovulando com fúria, foi um tormento. Lizzie, mais feminina do que nunca, andava pela casa como um perfume vivo. As duas selaram um pacto silencioso de se amarem com os olhos. Bia, sentindo-se uma sombra, passou a dormir no chão. Sofia a encontrou e lhe deu uma vela: "Eu te vejo, mas não posso te tocar." A casa virou um templo de luxúria silenciada.

Capítulo 16: O Positivo

No quadragésimo primeiro dia, o teste de laboratório chegou. Clara leu e chorou:

— Positivo.

Lizzie caiu de joelhos e beijou o ventre de Clara. Sofia e Bia chegaram e entenderam sem perguntar. Naquela manhã, o pacto da abstinência foi encerrado com quatro corpos nus sentados em círculo, mãos dadas sobre a barriga de Clara.

Capítulo 17: O Reencontro das Aias

A tensão acumulada explodiu. Sofia e Bia subiram para o quarto.

— Anda. Vem pra dona — sussurrou Sofia.

Bia caiu de joelhos. Lambeu seus pés. Sofia, vestindo o arnês, penetrou-a com a intensidade de quem esperou uma vida inteira.

— Isso é tua recompensa. Mas também é tua punição. Agora vamos queimar tudo que seguramos.

Bia chorava e gozava. Sofia a abraçava.

— Ainda sou tua alfa. Mas agora... sou também tua devota.

Capítulo 18: O Nascimento de Sara

A gestação de Clara foi mística. O parto, na primavera, foi na clareira do bosque, com as outras três como parteiras espirituais. Nasceu uma menina, Sara, a encarnação de uma quinta alma.

Capítulo 19: A Chegada de Élanie

Com o nascimento de Sara, o Templo se tornou conhecido. E então, chegou Élanie. Vinte anos, pele cor de barro molhado e o aroma de jasmim e umidade fértil.

— Ela é da linhagem da Deusa... — sussurrou Clara.

A iniciação de Élanie foi um batismo dourado. No tanque de mármore, nua, recebeu sobre os ombros a urina quente e perfumada de Sofia. Foi um ato de poder, humilhação e consagração. Élanie sorriu.

— Estou onde devia estar.

Capítulo 20: A Prova de Élanie

Suas provas foram de sentir sem tocar, submeter-se sem compreender e desejar sem possuir. Foi provocada pelas palavras de Lizzie, comandada pela língua de sonhos de Sofia e torturada pela proximidade do corpo de Bia. Élanie chorou de desejo incontido.

— Agora és do templo. E o templo é teu. Mas saiba... quanto mais desejares, mais o templo exigirá — sentenciou Clara.

Capítulo 21: A Fertilidade das Marés Internas

Clara propôs um ritual para selar Élanie como um ventre do templo.

— Quero você — disse a Lizzie, cuja semente ainda estava congelada. — Quero tua semente viva dentro dela.

O corpo de Lizzie lutou para responder. Foi preciso um ritual de carinho absoluto para que sua neca ficasse pronta. A penetração de Lizzie em Élanie foi um eclipse. O útero da novata a recebeu. Lizzie gozou gritando o nome de Clara, mas era para Élanie que sua alma se derramava. O sêmen era a poesia de um corpo que escolhia amar.

Capítulo 22: O Falo da Aurora

A madrugada pedia mais. Sofia surgiu com o arnês.

— Agora é a minha vez de abrir caminho para ti.

Ela penetrou Lizzie analmente, despertando a força que dormia nela. A ereção de Lizzie veio, não forçada, mas como um brotar. Do outro lado, Clara gemia o nome de Jaime, enquanto Bia a beijava.

— E Lizzie... Lizzie é a encarnação dele agora — disse Bia.

Sofia se retirou. E Lizzie, com sua neca desperta, caminhou até Clara e a possuiu.

— Me planta em ti, Lizzie. Como Jaime plantaria. Como tu mesma és, agora, sem precisar deixar de ser quem é.

O segundo coito foi preciso, fundo. E o nome de Clara ecoou com a força da criação.

Capítulo 23: O Equilíbrio da Casa

A chegada de Élanie forçou uma redefinição de papéis. Clara tornou-se a guia suprema. Sofia encontrou poder em ser a deusa de Lizzie. Lizzie transcendeu sua identidade, tornando-se uma ponte. E Bia encontrou seu poder na palavra, tornando-se a cronista do templo.

Capítulo 24: As Quatro Sacerdotisas

A transformação final ocorreu em uma cerimônia de renúncia. Clara renunciou ao controle sobre seu corpo. Sofia queimou o colar com o nome de Jaime. Lizzie enterrou seu dildo de adorno. E Bia ofereceu sua coleira. O orgasmo que sentiram, todas juntas, sem toque, foi o da alma.

Capítulo 25: A Nova Ordem

Clara guiaria os ciclos. Sofia interpretaria os sonhos. Lizzie purificaria os corpos. E Bia daria voz aos desejos. A casa tornou-se um centro de poder feminino. As primeiras iniciadas começaram a chegar.

Capítulo 26: A Fome do Espírito

Após uma revelação mística, a casa mergulhou num torpor erótico. Sete dias de abstinência sagrada. O corpo de Sofia se tornou insuportável, ovulando com fúria. No sétimo dia, exaustas, foram ao salão para um ritual de liberação controlada.

Capítulo 27: A Morte do Desejo

Cada mulher encenou sua maior fantasia e depois renunciou a ela, em um ritual de esgotamento do ego, sem atingir o orgasmo.

Capítulo 28: A Encarnação

Uma boneca de sal, vinho e mel, usada nos rituais, começou a esquentar e ganhar uma forma viva, translúcida.

— Ela... está viva — sussurrou Lizzie.

O comando era claro: a entidade Sara queria nascer em cada uma delas.

Capítulo 29: Missões Individuais

Cada sacerdotisa recebeu uma missão de purificação. Clara deveria caminhar nua e vendada, renunciando ao controle. Sofia deveria gritar verdades dolorosas. Lizzie deveria se cobrir com os fluidos de suas irmãs. E Bia deveria meditar com a boca presa a uma pedra salgada.

Capítulo 30: A Visão Compartilhada

Ao completarem suas provas, a entidade Sara se mostrou a elas como uma jovem com quatro faces.

— Agora que conhecem o outro nome do desejo, escolham: continuar como servas... ou nascer como sacerdotisas.

Capítulo 31: A Renúncia e a Ascensão

No templo, cada uma fez sua renúncia final. Clara ofereceu seu anticoncepcional. Sofia queimou o colar de Jaime. Lizzie enterrou seu dildo. E Bia ofereceu sua coleira. Ao final, deitadas em pétalas, nuas, sentiram o orgasmo da alma.

Capítulo 32: As Primeiras Iniciações

Ao despertar, as quatro encontraram marcas de nascença em forma de letra em suas coxas, formando SARA. Suas missões estavam claras, e as primeiras candidatas começaram a chegar para as iniciações.

Capítulo 33: O Nó de Bia e a Liberdade de Clara

Bia e Clara aprofundavam seu laço.

— Você tem um jeito de me olhar que é... doce demais, Bia — sussurrou Clara. — Eu te amo. Mas não como você ama os homens.

Naquela noite, em um banho de lavanda, elas se exploraram. Bia tentou brincar de "dogwoman" com Clara, roçando sua vulva na dela, mas a tentativa foi mais doce do que dominante. Bia desistiu e, movida por desejo, começou a dar prazer oral a Clara, lambendo sua xotinha com atenção, enquanto Clara, rindo, marcava um encontro com um novo namorado no celular.

— Eu não sabia que podia gozar sem transar — confidenciou Clara a Sofia. — Bia tem uma língua adorável.

Capítulo 34: O Fio Vermelho das Intenções

Sofia resgatou um Ritual de Amarração do Fio Vermelho de sua linhagem. Não era para prender, mas para alinhar os desejos. Trançaram fios vermelhos entre as mãos de Bia e Lizzie, entoando versos e selando o pacto com água de flor de laranjeira.

Capítulo 35: A Prova das Flores Cruzadas

Clara sentiu que um último teste era necessário entre Sofia e Lizzie. Um jogo de domínio e entrega sem transgressão. Sofia tombou primeiro, arfante.

— Eu... perdi. Mas quero servi-la — sussurrou para Lizzie.

— Eu nunca quis vencer. Só queria... pertencer — respondeu Lizzie, abraçando-a.

O templo estava em paz.

Capítulo 36: O Florescer de Clara

Na madrugada seguinte, Clara sentiu a primeira contração leve. A gestação de Sara seguia firme. Chamou Lizzie e Bia.

— Cuidem de mim. Mas também cuidem uma da outra. Eu carregarei esta vida, mas vocês... carregarão o templo.

As quatro se abraçaram sob o vapor do banho.

Capítulo 37: Tango de Cera e Ciúmes

A calmaria foi quebrada por uma viagem de Clara. Jaime a levou para Buenos Aires. Dançaram tango. No hotel, Jaime ligou por vídeo para Sofia.

— Oi, minha pequena. Olha a Clara.

Do outro lado, Clara, com voz melada de prazer, disse:

— Boa noite, escravinha.

Jaime ordenou um banho de cera quente para Sofia, com Bia como executora e Lizzie como vigia. Sofia gritava, não de dor, mas de ciúme. Clara, do outro lado da tela, se molhava inteira ao ver a boceta de Sofia brilhando sob a cera quente.

Capítulo 38: O Decreto de Jaime e a Confissão de Lizzie

No dia seguinte, Jaime decretou por vídeo:

— Segunda-feira, volto com Clara. E quero você fora da cama dela. Clara será sua senhora.

Sofia assentiu. Com a volta de Clara, a nova ordem se instalou. Na cozinha, dias depois, Lizzie caiu de joelhos diante de Clara.

— Eu a amo, Clara. Amo a Sofia desde os onze anos. Mas tenho medo de amá-la e destruí-la.

— Amar também é serviço — disse Clara. — Você vai cuidar dela. Comigo. Nós duas.

Capítulo 39: Rebeldia e Amor Velado

Sofia foi até o quarto de Lizzie.

— Me faça lembrar como é sentir-se amada, sem pertencer a ninguém.

Elas se tocaram, um ato de amor que desafiava as regras. Na madrugada, Sofia confessou tudo a Clara.

— A semente de Lizzie foi prometida a mim, Sofia. E teu ventre... deveria gerar meu filho — disse Clara, com a dor da quebra de um ciclo.

Capítulo 40: A Cerimônia da Verdade

A traição simbólica precisava ser purgada. Jaime foi convocado. Sofia confessou. Jaime se levantou e olhou para Lizzie.

— Repita aqui, diante de todas, o que fizeram.

Lizzie tentou montar em Sofia, mas sua neca não respondia.

— Isso é um brinquedo quebrado — murmurou Jaime, rindo.

Ele entregou uma cinta com dildo a Lizzie e ordenou que a usasse em Sofia. O medo da desobediência foi mais forte. Sofia virou Lizzie de bruços e, desajeitada, começou o ato. O que foi penetrado ali não foi um corpo, mas a masculinidade que restava em Lizzie, selando sua identidade de forma definitiva.

Capítulo 41: A Lua Minguante e o Plano de Bia

A casa mergulhou em silêncio. Sofia teve crises de ansiedade. Lizzie encontrou paz na ruptura. E Bia traçou um plano para ser escolhida por Clara. Preparou um jantar, deu-lhe um livro e confessou seu amor.

— Eu vejo você, Bia. Se você puder esperar, quero caminhar com você. Você já é mais minha esposa do que imagina.

Capítulo 42: O Retorno à Harmonia

O amor declarado entre Clara e Bia uniu as quatro. A rotina tornou-se erótica nos pequenos gestos. Sofia e Lizzie também se reencontraram. Fizeram um novo ciclo de renúncia.

— Quero libertar minha culpa — disse Sofia. — E aceitar que ser amada por diferentes pessoas não me torna menos fiel. Me torna mais inteira.

Na madrugada, dormiram todas no salão, entrelaçadas como raízes de uma árvore antiga.

Epílogo: As Filhas, o Futuro e a Travessia

Os anos passaram. A empresa "Raízes do Ventre — Turismo de Reconexão" prosperou. A justiça acatou o pedido de multiparentalidade para Sara. Bia publicou seu livro: "Espelhos e Rendinhas: narrativas socioafetivas em famílias rituais contemporâneas".

Para celebrar, a família viajou para João Pessoa. Foram todas: Clara, Sofia, Lizzie, Bia e a pequena Sara. E com elas, Jaime, agora o amante livre de Sofia; Henrique, um homem colossal e doce que se tornara o namorado de Clara; e Janaína, a babá de Sara.

Na beira da Praia de Tambaba, fizeram um novo círculo. Bia leu um trecho de seu livro. Henrique trouxe vinho. Jaime assou pão. Janaína dançou com a menina.

Sofia, deitada sobre Clara, sussurrou:

— Agora sim... conheço todos os meus desejos.

Clara sorriu, mordendo o ombro da amada.

— Eu faço da tua xota altar. E da tua entrega, eternidade.

Lizzie suspirou:

— Que a Deusa nos mantenha ardendo. Mas sempre juntas.

E Clara, olhando para o céu, ergueu a taça:

— Assim foi selado. Assim será mantido.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive errantedosmares a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários