Meu nome é Ana Clara, e eu nunca fui de fazer rodeios, então vou direto ao ponto: essa história é sobre como eu tive que engolir o orgulho e aceitar ajuda de quem eu menos esperava, meu padrasto. Não, não nos dávamos bem — longe disso. Mas às vezes a vida te obriga tomar decisões que você não gostaria.
Contando um pouco sobre mim. Eu tenho a pele bem branquinha e faço o estilo mais gordelícia, peito bem grande e um bundão. Meu xodó é meu cabelo, que cuido com um zelo quase religioso, chega até a cintura. Gosto de estar sempre arrumada, mesmo que para ficar em casa. Os amigos dizem que sou bonita, e eu acredito neles, por isso um dos meus sonhos é ser influencer/streamer, e sei que nesse mundo, imagem é quase tudo. Eu tento aproveitar os dotes que Deus me deu e usar isso para quem sabe fazer uma carreira.
Moro com minha mãe e meu padrasto, que é um senhor asqueroso. Minha mãe ficou viúva quando eu tinha apenas dez anos. A morte do meu pai nos deixou em apuros financeiros sérios, e talvez por isso, três anos atrás, ela decidiu começar um relacionamento com o Alexandre, meu padrasto. Por um lado ele resolveu nosso problema de dinheiro, mas o cara é o clichê do homem que você quer evitar: gordo, careca, bem mais velho que ela e controlador ao extremo.
Meu relacionamento com o Alexandre não podia ser pior, no dia que minha mãe me apresentou ele, eu quase explodi. Como ela podia escolher alguém tão desprezível? Brigamos feio. Ela tentou me explicar que, na idade dela e sendo mãe solteira, não choviam pretendentes. Alexandre, apesar de todos os seus defeitos, oferecia a chance de uma vida sem dívidas e tranquila, segundo ela. Mas eu só conseguia ver o preço que teríamos que pagar por essa "vida boa".
Odiava morar com Alexandre. Ele agia como se fosse um general e minha mãe e eu fossemos seu batalhão. Super controlador e absurdamente ciumento, ele decidia até que roupas eu deveria usar, controlava meus horários rigorosamente e vetava qualquer saída minha só com amigos homens. Até por causa das loucuras dele, eu nunca tinha tido um relacionamento mais longo.
Quando eu recorria à minha mãe em busca de apoio, ela me lembrava, que a casa era dele e, portanto, as regras também. Por isso, o que eu mais queria era que minha carreira decolasse, para finalmente ter meu próprio dinheiro e sair daquela casa.
E parecia que minha chance finalmente havia chegado quando, um dia, recebi uma mensagem no Discord de um cara que dizia ser agente. Ele havia visto meus vídeos e não poupou elogios: disse que eu era linda, divertida e tinha um grande potencial para me destacar entre o público jovem. Falava sobre oportunidades de patrocínio e de como poderia ajudar a impulsionar meu canal. Por um momento, senti uma faísca de esperança, pensando que talvez, finalmente, eu pudesse mudar minha vida.
Minha conversa com o agente se estendeu por meses, e ele parecia ser exatamente a pessoa certa para me ajudar. Tinha um portfólio impressionante, cheio de influencers bem-sucedidas: todas jovens, bonitas, gamers, como eu. Ele era genuíno, sempre mostrando interesse pela minha vida, pelas minhas dificuldades e sucessos. Além de ser divertido e simpático, o que me fez desenvolver um certo crush nele, mesmo que nossas conversas fossem apenas por mensagens. Parecia surreal que alguém tão legal pudesse aparecer justamente quando eu mais precisava.
O agente me dizia que o processo para assinarmos um contrato estava quase no fim, mas que ainda precisávamos resolver algumas formalidades. Inicialmente, ele pediu algumas fotos e vídeos para confirmar que eu realmente era a dona do canal, o que me pareceu razoável. Porém, logo começou a enviar presentes para minha casa: roupas, vestidos, biquínis, e pedia para eu mandar fotos provando-os. Com o tempo, nossa intimidade cresceu a um ponto que, ao provar as roupas, ele simplesmente pedia para eu abrir a câmera e experimentá-las ao vivo no meu quarto. Isso começou a me deixar desconfortável, mas eu estava tão envolvida e ansiosa pela promessa de sucesso que hesitei em questionar suas intenções.
De um dia para o outro, todas as redes sociais do agente simplesmente desapareceram. Instagram, Facebook, LinkedIn, até o site pessoal dele sumiu sem deixar vestígios. Fiquei confusa e preocupada com esse sumiço repentino, me sentindo deprimida por achar que tinha perdido uma grande oportunidade de carreira. Mas o que começou como confusão e tristeza logo se transformou em horror. Várias pessoas começaram a postar comentários nas minhas próprias redes sociais com conteúdos vulgares e ofensivos, perguntando quanto eu cobrava por programa, expressando desejos inapropriados e até me xingando.
Um dia, um homem nojento me mandou mensagens perguntando quanto eu cobrava por programa e o que estava incluso. Eu já não suportava mais aquilo e explodi, xingando-o com toda a força da minha indignação. Ele pareceu genuinamente confuso, dizendo que tinha gostado do meu perfil no OnlyFans e não entendia por que eu estava ofendida. Foi nesse momento que meu mundo desabou completamente. Descobri que o agente tinha criado um perfil no site usando meu nome e minhas imagens sem meu consentimento. Pior ainda, eu tive que pagar 10 reais para acessar o perfil e ver o conteúdo publicado lá: vídeos meus trocando de roupa, fotos com fantasias e até tinha feito deep fakes com as fotos de biquini para parecer que eu estava nua.
Fiquei completamente desesperada. Não sabia o que fazer e não tinha ideia de com quem contar para resolver esse problema terrível. A vergonha de ter caído num golpe tão sórdido me consumia, e o medo de alguém da minha família descobrir era paralisante. Passei a primeira semana trancada no meu quarto, chorando sem parar, incapaz de reagir ou pensar claramente. Demorou até que a ideia de entrar em contato com o suporte da plataforma sequer cruzasse minha mente. Eu estava tão abalada que a simples ideia de expor ainda mais minha situação me aterrorizava.
O pior aconteceu na semana seguinte. Eu tinha acabado de voltar da faculdade, lugar ao qual só fui para manter as aparências, fingindo que nada de errado estava acontecendo comigo. Quando cheguei em casa, Alexandre estava sentado à mesa da cozinha com um laptop, algo incomum para uma tarde de dia de semana, já que ele deveria estar no trabalho. Ele tinha uma expressão séria no rosto e disse que precisava falar comigo. Senti um arrepio percorrer meu braço; era muito raro ele se dirigir diretamente a mim, especialmente na ausência da minha mãe.
Alexandre virou o laptop e o perfil do OnlyFans com meu nome estava na tela. Sua postura e expressão me fizeram pensar que ele já estava preparado para essa discussão, como um vilão de filme do James Bond girando a cadeira. Sem dar tempo para que eu explicasse qualquer coisa, ele começou a me cobrar, as palavras saíam cortantes: "Você acabou de fazer dezoito anos e decidiu virar puta? Você não pensa como isso afeta minha reputação? A minha enteada vendendo seu corpo?" Cada palavra era como um soco, reforçando o quão rápido ele estava pronto para me julgar sem entender a situação.
Enquanto Alexandre disparava acusações, eu me perguntava como ele tinha descoberto o site. Sabendo o quanto ele era controlador, a resposta mais provável era que ele tinha visto a compra no extrato do meu cartão de crédito ou, quem sabe, instalado algum programa espião no meu computador. Relutante, percebi que não tinha outra escolha a não ser me abrir para ele. As lágrimas começaram a cair dos meus olhos enquanto eu despejava a verdade, contando que tinha caído num golpe, que a maioria das fotos e vídeos eram falsos ou manipulados e que eu tinha sido enganada. Eu esperava qualquer coisa, menos compreensão.
Enquanto eu me desmanchava em lágrimas, ele permanecia imóvel. Esperou que eu parasse de soluçar, me encarou profundamente nos olhos e falou: “Ana, você nunca me respeitou. Vivia dizendo que sua mãe merecia coisa melhor, mas eu sou o responsável por vocês duas terem um teto e comida. Isso é apenas uma consequência dessa forma mimada e egoísta que você vive, nunca respeitando nenhuma regra ou limite.”
Voltei a chorar enquanto ele falava. Eu estava no fundo do poço e aquele homem que eu abominava estava pisando na minha cabeça. Mas ele tinha uma intenção além de aproveitar aquele momento para me humilhar. Extremamente sério, Alexandre declarou que poderia resolver meus problemas, mas avisou que as coisas teriam que mudar a partir de agora. Eu teria que obedecer ele sem questionar e assim meu segredo estaria seguro com ele.
Alexandre finalmente abriu um sorriso, mas era um sorriso sinistro que só aumentou minha confusão. Por um lado, sua oferta era um alívio—Deus sabe o quanto eu precisava de ajuda para enfrentar aquela situação horrível. Mas, por outro lado, havia algo de perturbador na maneira como ele apresentava essa ajuda; senti como se estivesse à beira de fazer um acordo faustiano, vendendo algo mais valioso do que eu podia entender naquele momento.
"Sim," disse eu, olhando para os próprios pés. Alexandre, ainda sentado e fitando-me de cima a baixo, retrucou bravo: "Sim o quê?". Indignada e incrédula com a situação em que me encontrava, levantei o olhar. "Sim, eu vou te obedecer." Ele continuou me olhando de forma fixa e insistiu: "Senhor." Foi então que, com um nó na garganta e sentindo uma mistura de revolta e impotência, completei a frase que ele queria ouvir, a frase que me libertou daquela conversa opressora: "Sim, eu vou te obedecer, senhor."
Saí daquela conversa me sentindo minúscula, diminuída a algo menos que eu mesma. Fui diretamente para meu quarto e me tranquei, tentando encontrar algum refúgio nas paredes familiares. Algumas horas mais tarde, ouvi uma batida insistente na porta. Era Alexandre. Ele começou por dizer que eu nunca deveria trancar a porta na casa dele. Em seguida, com uma frieza calculada, informou que o problema estava resolvido e saiu sem mais explicações. Tremendo, tentei acessar o site que tinha consumido meus dias e noites de angústia, e para minha surpresa, estava fora do ar. Não sabia o que ele tinha feito ou como, mas, ao menos por enquanto, meu pesadelo parecia ter terminado.
Naquela noite, pela primeira vez em dias, consegui deitar minha cabeça no travesseiro e dormir de forma tranquila, como se um imenso peso tivesse sido removido dos meus ombros. No começo, pensei que talvez Alexandre não fosse tão ruim quanto eu imaginava e que, de alguma forma, ele realmente se importava comigo. Mas, as ações dele nos dias seguintes deixaram claro que ele não era um benfeitor que simplesmente deixaria meu segredo seguro sem receber nada em troca.
Nos dias seguintes, parecia que Alexandre estava testando minha obediência, pedindo coisas simples inicialmente, como retirar a mesa, lavar as roupas e realizar outros serviços domésticos. Num impulso, cheguei a retrucar que não seria sua empregada, mas a resposta dele foi rápida e intimidadora. Segurando meu braço com uma força assustadora, ele me lembrou que só cumpriria sua parte do acordo se eu cumprisse a minha. Esse toque e suas palavras foram suficientes para me fazer recuar, engolindo a indignação e a vontade de resistir.
As coisas ficaram mais estranhas com o passar dos dias. Alexandre insistia para que eu sempre o chamasse de "senhor" e começou a deixar roupas preparadas para mim todas as manhãs. Acostumada a usar vestimentas confortáveis e largas, de repente me vi obrigada a vestir mini-saias, vestidinhos, e roupas justas e decotadas. Quando questionei o motivo dessa mudança, ele respondeu friamente que, na casa dele, eu tinha que demonstrar classe. Essa justificativa não apenas me confundiu, como também intensificou o desconforto que sentia, marcando cada vez mais o quanto meu espaço e minha autonomia estavam sendo invadidos e controlados por ele.
Alexandre estava definitivamente ultrapassando todos os limites. Um dia, enquanto eu estava na cozinha lavando a louça com minha mãe, ele de repente virou um tapão no meu bumbum. Minha primeira reação foi gritar, surpresa e incomodada com o ato. No entanto, percebendo o olhar estranho de minha mãe sobre nós, rapidamente tentei disfarçar, rindo sem graça: "Lê, para com essas besteiras!" Tentava fazer parecer que tudo não passava de uma brincadeira inocente e minha mãe até parecia feliz por nós dois finalmente estarmos interagindo. Internamente, eu me sentia cada vez mais cúmplice de suas loucuras, tudo para proteger meu segredo.
Com cada dia que passava, a situação se tornava mais insustentável. Alexandre claramente estava adorando o controle que exercia, aproveitando-se de cada oportunidade para impor sua autoridade de maneiras cada vez mais perturbadoras. Eu sentia um aperto no peito, uma urgência crescente de fazer algo antes que a situação escalasse para algo verdadeiramente horrível. A sensação de estar presa em uma armadilha se intensificava, e eu sabia que precisava encontrar uma saída, uma maneira de retomar minha vida e minha liberdade antes que fosse tarde demais.
<Continua>