Não é fácil ser pai viúvo durante a quarentena. Ser pai-mãe. Não é fácil ter que observar a solidão e a tristeza da minha filha adolescente, no desabrochar dos seus 19 anos, e não poder fazer quase nada para ajudá-la. Eu, enquanto professor, sentia-me quase afastado das minhas funções. Num recesso interminável, as escolas públicas do meu estado haviam parado as suas atividades e a mim restava o único papel de trancar-me em casa com a minha eterna pequena. Ela, junto comigo, vivia as asperezas de um “fique em casa” que nunca terminava. Ela, da mesma forma que eu, estava sem atividades. A universidade pública em que tinha acabado de ingressar estava completamente parada.
Assim, na ociosidade absoluta da quarentena, nós dois fomos ficamos cada vez mais íntimos. No sofá, ela encostava-se no meu colo e buscava consolos, contando-me detalhes cada vez mais particulares de sua vida. Fiquei sabendo do seu primeiro beijo, do seu primeiro sexo, das suas descobertas, dos seus medos, da vez em que pensou que estava grávida, do dia em que experimentou novos prazeres com uma amiga lésbica... ela ia contando de tudo e cada vez mais sentia-se confiante para penetrar em assuntos ainda mais sigilosos. Certo dia, aconchegada no meu colo, a minha filha me perguntou:
– Pai, o que você acha do sexo anal? Já experimentou?
Na hora, lembro que ambos coramos, vermelhos, mas resolvi responder. Disse que o anal, por exigir uma intimidade e uma entrega maior, poderia ser até mais prazeroso que o sexo vaginal e que eu sempre curti todas as formas de prazer.
A minha filha parece ter gostado da minha resposta e acabou por admitir que havia tentado experimentar, mas não havia conseguido sentir prazer com um homem. O ex-namorado era inexperiente e a tentativa acabou sendo dolorosa, o que a fez desistir. Mas disse que acredita que iria gostar se o parceiro fizesse o ato com cuidado. Então, ela acrescentou:
– Pai, eu te contei que eu e a Ângela tivemos nossas aventuras, não foi? O que eu não te contei é que não foi uma única vez. E ela, quando transávamos, gostava de chupar o meu cuzinho e de colocar um ou dois dedinhos no meu buraquinho. E, eu não vou mentir, gostava daquilo. Era diferente. Era estranho. Mas eu gostava. A Ângela arrepiava o meu corpo, sabia me deixar quente... sabia onde me tocar... sabia muito mais do que um homem. Se, além de tudo isso, ela pudesse entrar com o seu corpo no meu, seria perfeito. Mas ela não tinha o mais importante. Não podia, mesmo que quisesse, me penetrar fundo. Isso só os homens podem. Ou melhor, só as pessoas que nasceram homens. As transexuais... enfim, o senhor sabe. Faltava um membro. A Ângela até tentou utilizar um dos seus brinquedinhos, mas eu falei que não curtia um objeto de borracha dentro de mim.
Fiquei mudo, diante de tantas novidades, fato que deixou a minha filha confusa e apreensiva.
– Pai, você não vai me julgar agora. Não vai ficar me achando uma vadia, uma qualquer, só porque estou te contando essas coisas.
Sem saber o que dizer, resolvi abraçá-la, alisar seus cabelos e dizer que não se preocupasse, eu só não sabia o que falar diante de tantas novidades. Mas a tranquilizei, falando que ela estava contando apenas experiências normais de adolescente e que aquilo era completamente compreensível. E que, em matéria de prazer, quando se respeita as vontades da outra pessoa, tudo deveria ser permitido e ninguém tinha nada a ver com isso.
Quando disse essa última frase, senti-me liberal demais, percebi que encaminhava as minhas palavras para a retirada de todos os limites da moralidade cristã e seus tabus. Agora, porém, não havia mais voltas. Tudo havia sido dito. Eu percebi que não poderia mais voltar atrás, porque minha filha concordava completamente com as minhas palavras:
– Sabe, pai, eu também penso assim. A gente não deve ter medo do sexo e dos seus prazeres. Se a gente não prejudica ninguém, então o que tem de errado? Agora, por exemplo, se eu quisesse andar de calcinha em casa, isso prejudicaria alguém? Não. E não teria ninguém para me censurar, já que somos só nós dois aqui. Então, nesse calor, o senhor me permitiria, andar apenas de calcinha?
Tentei, então, contra-argumentar:
– Você é milha filha e o incesto é um tabu em quase todas as culturas. Então...
– Mas não estamos falando de incesto e sim de nudismo, pai. Estou falando da liberdade de andar nua, livre, sem amarras. Sabe, quase como o oposto dessa droga de covid19, que me obriga a cobrir o rosto como se eu pertencesse a uma religião fundamentalista e tivesse que usar sempre um véu ao sair na rua. Eu quero me sentir livre, pai.
– Minha filha, se estivermos falando de nudismo, eu também teria que ser livre para estar nu. Você se sentiria bem, vendo o seu pai pelado?
– E qual o problema, pai, seria até engraçado. Já vi muitos homens nus, você não seria o primeiro. Se eu quero ser livre, então você também pode. E outra, eu já te vi pelado. Certo dia, acordei de madrugada e vi que você estava pelado no seu escritório, masturbando-se e vendo um filme pornô. Não falei nada, pai. Mas vi. Sem problemas. E, se fossemos mais liberais, você não precisaria mais se esconder. Poderia até fazer tudo na minha frente. É normal, não é? Quer dizer, na nossa sociedade hipócrita não. Mas qual o problema? Seriamos mais felizes assim, não acha? Você poderia até ver um desses filmes na televisão da sala, que tem uma tela maior. Seria de boa para mim, nenhuma. Sério. Eu, às vezes, também vejo esse tipo de filme. Por que temos que fazer escondidos?
Eu escutava aquelas palavras e parecia que estava sonhando... não parecia verdade. As palavras entravam numa áurea de irrealidade. Minha filha não poderia estar dizendo tudo aquilo com tanta facilidade. Então, resolvi olhar para ela com seriedade e perguntar:
– É sério tudo isso, Bia, você acha que realmente se sentiria mais feliz se nossa casa fosse, digamos, mais liberal?
Ela assentiu com a cabeça. Eu, então, resolvi falar:
– Sabe, minha filha, talvez eu seja antiquado, mas tudo isso que você está me dizendo ainda parece muito estranho para mim, muito fora da realidade. Mas, quando eu vejo seu rostinho triste, nessa pandemia, sem amigos, sem aula, sem lazer, sinto um aperto no coração. Então, quero saber de você uma coisa: se eu te der toda a liberdade que você está pedindo, se transformarmos nossa casa num espaço de nudismo, com menos tabus, você promete que vai colocar um sorriso nesse rosto?
– Prometo, pai, de verdade. Eu seria muito mais feliz.
– Então, tudo bem, pode fazer o que você quiser.
A minha filha, como uma criança com seu doce, deu pulos de contentamento e, sem a menor cerimônia, foi logo tirando a roupa, ficando apenas com uma calcinha fio-dental rosa de fio duplo, que contornavam o seu bumbum, adequando-se de forma confortável ao seu corpo. Os sutiãs, porém, ela resolveu tirar, deixando de fora seios arredondados, pontiagudos, capazes de formar lindos e circulares triângulos nas suas formas recém-desnudas.
Minha filha, então, olhou para mim e deve ter percebido uma certa admiração no meu rosto, porque pediu:
– Pai, se apenas eu tirar a roupa, não vai parecer uma coisa natural, eu vou ficar parecendo a filha maluca ou vadia que quer andar nua dentro de casa. Para ser nudismo e parecer natural, você também precisa se libertar.
Fiz o que ela mandou e fiquei apenas de cueca. No início, rubro de vergonha, mas, aos poucos, me acostumei. Confesso que até cheguei a gostar da ideia, não precisaria mais me preocupar em colocar uma roupa quando acordasse pela manhã e teria menos roupa para lavar e passar durante a semana. Mas aquele pequeno contentamento teve que se deparar com novos estranhamentos.
Naquele dia, para desviar os meus pensamentos do nudismo familiar com o qual ainda não havia me acostumado, resolvi ir para cozinha e preparar um jantar diferenciado. Retirei um pacote de tilápias que estava no freezer e resolvi preparar com azeite, brócolis e batatas. Pronto o jantar, fui até o quarto da minha filha para chamá-la. Ao abrir a porta, ela estava completamente nua, masturbando-se. Mas não foi isso que me surpreendeu. O que chamou a minha atenção foi que ela continuou com a sua atividade, como se estivesse pintando as unhas ou fazendo qualquer atividade banal. Sua xota estava lisa, depilada, aberta e, enquanto um de seus dedos fazia movimentos circulares, o outro a penetrava delicadamente, entrando e saindo. Quando, por pudor, eu pedi desculpas e procurei me retirar, ela falou:
– Pai, você esqueceu do nosso acordo? Nada de desculpas. Somos livres. Nada de tabus, de vergonhas. Pode me olhar, não tem problemas, eu até gosto de ser observada. Eu estou quase gozando, quando terminar aqui, lavo as mãos para a gente jantar juntos, tudo bem?
Pasmado, sem compreender a cena, fiquei parado vendo a minha filha brincar com o seu corpo. Sim, ela agia como se estivesse terminando uma brincadeira, como se não fosse nada demais aquela cena que eu estava presenciando. De repente, escuto pequenos gemidos:
– Ahhhhh, pai, estou gozando, gozando, que gostoso... como é bom poder gozar sem ter que me esconder de ninguém... é até mais... quente, mais vivo, mais emocionante. Eu fiquei super molhadinha. Olha, está até pingando de tanto prazer. Agora, já podemos jantar.
Na mesa, Bia olhou para mim e falou que eu precisava me soltar também. E disse que eu seria mais feliz se fizesse como ela. Falou:
– Pai, do que você tem medo? Nós somos adultos. Ninguém está aqui para nos julgar. As cortinas da casa estão fechadas. O mundo lá fora está de quarentena. Eu não tenho nenhum namorado ou melhor amiga para compartilhar minhas intimidades, então escolhi você. Talvez tudo isso seja um pouco o efeito de tanto tempo trancada nessa quarentena. Fiquei imensamente cansada e, dentro de casa, com a sua permissão, resolvi chutar todos os tabus. Mas, por favor, não me olha com essa cara de espanto... Por favor, tenta aceitar tudo isso com naturalidade... Aceita tudo isso como sendo o nosso Novo Normal. Se você não aceitar, voltarei a ser a mesma menina triste de sempre, é isso que você deseja?
Não, não era. Acho que preferia uma filha um tanto libertina, do que uma menina deprimida pelos cantos da casa. Procurei, por isso, controlar meu estranhamento e tentar aceitar tudo aquilo com naturalidade. Aquela menina que estava conversando comigo completamente nua, com seios pontudos e arredondados e uma vulva lisa e rosada era a minha filha. E se, por estar daquele jeito, ela se sentia mais livre e feliz, não seria eu que deveria impedir. Como ela dizia, ambos éramos adultos e deveríamos fazer o que mais nos apetecesse. Então, depois de pensar um pouco, acabei por dizer, quase como quem se alivia:
– Tudo bem, filha, se isso te faz mais feliz, que se danem todos os tabus.
– Isso, pai! Agora, repita comigo: fodam-se os tabus.
– Fodam-se os tabus.
Depois disso, a minha filha levantou-se, foi até a minha direção e falou:
– Agora, pai, para que eu possa acreditar que você está sendo sincero, gostaria que você se levantasse.
Fiz o que a minha filha pediu, esperando um abraço ou qualquer demonstração de afeto. Mas o que ela fez foi completamente inusitado. Com as duas mãos, ela retirou rapidamente a minha cueca, deixando-me completamente nu. Depois, olhando fixamente para mim, ela falou:
– Agora sim, pai, você está pronto para aceitar o meu novo modo de vida. Este será o nosso Novo Normal. Você está pronto para tentar ser nudista junto comigo? Acha que consegue?
Após dizer isso, a minha filha me abraçou com força, roçando os seus seios no meu peito e sorrindo para mim. Eu não sabia se estava pronto. Não sabia se deveria acabar com tudo aquilo ou aceitar aquela situação inusitada. Mas talvez, no íntimo, eu não quisesse admitir para mim mesmo que era tão liberal quanto minha filha. Apesar de ser pai e essa função exigir de mim uma maior responsabilidade, no íntimo eu queria o mesmo que a minha pequena Bia. Queria mais liberdade e menos tabus. Queria ser livre como uma criança pequena que pode andar nua pela casa sem dar satisfações a ninguém. Por tudo isso, aceitei o nudismo como algo que pudesse ser positivo para mim e para minha pequena. Aceitei, já sabendo que não se tratava apenas de nudismo. Eu sabia que os prazeres mais contidos e escondidos aguardavam apenas o momento certo para poderem se manifestar.
LEIA TAMBÉM A SEGUNDA PARTE: O NOVO NORMAL: NUDISMO EM FAMÍLIA (PARTE 2).
Para ler a segunda parte, basta clicar no pseudônimo Álvaro Campos e buscar os últimos contos publicados.
Ao todo, a narrativa "O Novo Normal" possui 12 partes, totalizando quase 100 páginas. Ou seja, trata-se praticamente de uma novela (gênero entre o conto e o romance).
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