O grande morcego, o jovem pássaro e o palhaço - parte 4 - pássaro ressurge como se fosse fênix

Um conto erótico de Tchelo
Categoria: Gay
Contém 12473 palavras
Data: 17/05/2024 13:12:17

Passamos da metade e caminhamos para o final dessa odisseia, com dramas e emoções. O elenco aumenta, os problemas se acumulam e a putaria rola solta. Mas só para os fortes!

***

De volta à faculdade, retomei os estudo e o combate ao crime com meu novo bando: o casal de atletas e o campeão de arco e flecha, Roy. Eu e ele estávamos cada vez mais grudados. Ele se mudou para meu apartamento. Eu estava gostando cada vez mais dele. Era loiro de olhos azuis. Corpo perfeito. Pinto perfeito, do tamanho do meu. (Talvez eu tenha questões com isso...)

Éramos praticamente um casal, não oficial. Porque eu era namorado da Babi, continuávamos firmes juntos. Nos encontrávamos todo fim de semana.

Eu amava a Babi, e muito. Amava o Morcego, também, claro. Acho que até do Jim eu já estava gostando bastante, não apenas porque ele me idolatrava, mas porque era um garoto realmente muito bacana. E agora, estava amando o Roy, também. E bastante. Santa safadeza, como era possível gostar de tanta gente assim.

O sexo com Roy estava sendo tão gostoso que às vezes eu até esquecia que não tínhamos penetração. Relação gouine, segundo ele. Penetração, pra ele, só em buceta. Não que ele tivesse problema com cu, sabia dar um beijo grego como ninguém. Só não curtia o lance de penetração anal, ativo ou passivo. Mas sem que eu pedisse, ele disse que algum dia deixaria que eu comesse o seu cu, só pra satisfazer minha vontade.

Quando um de nós estávamos muito na fissura de penetrar, arranjávamos uma garota para dar para nós. Antes, a garota do casal de atletas fazia a função, mas eles fecharam a relação.

Mas na maioria dos dias, éramos só eu e Roy mesmo. Só sexo oral, masturbação mútua, esfregação de pintos. Eu estava gostando tanto dele que acho que até toparia ficar só assim pra sempre, e muito satisfeito. E comer a Babi todo final de semana facilitava ficar sem penetração com o Roy...

Recrutamos um novo membro para nossa jovem equipe. Agora, além de mim, Roy, Babi à distância e o casal de atletas, agora Vitório, integrava o time. Ele tem uma história meio triste. Era um promissor jogador de basquete, mas sofreu um grave acidente de moto. Perdeu as duas pernas e um braço. Tem duas pernas e um braço mecânico. Além de uma placa na cabeça. Brincamos que ele é nosso homem biônico. É um exímio mecânico e criador de geringonças para nós. E ainda é um bom atleta, mesmo com as partes mecânicas, então nos ajuda presencialmente também.

Mas é muito tímido, talvez pelas perdas de membros. Nunca vi transando com ninguém, o que todos respeitamos. Assim como todos respeitavam a mim e não diziam nada de meu relacionamento com Roy para Babi. Sempre fazíamos reunião e ela participava online. Só nesses momentos que eu e Roy nos desgrudávamos. Morávamos juntos, combatíamos o crime juntos, e estudávamos na mesma sala. Se tornou a coisa mais próxima de um casamento que eu vivi até agora.

Porém, o semestre chegou ao fim e eu passaria dois meses longe dele, de volta na mansão. Seria difícil ficar longe do meu loirinho por tanto tempo, mas ao mesmo tempo eu não via a hora de voltar a combater o crime com o meu Morcego e o novíssimo Pássaro.

A outra parte difícil era que, a partir de agora e por vários meses, talvez alguns anos, eu ficaria longe da Babi. Ela terminou a graduação e foi admitida em uma especialização em computação inacreditável. Ela passaria pelos maiores institutos de tecnologia do planeta. É claro que Ele bancou tudo. Disse que seria bom para suas indústrias, inclusive. Mas eu acho que Ele queria que ela permanecesse longe de mim por mais tempo...

Encerradas as aulas, me despedi de Roy, que voltaria para a casa dos pais em outro Estado para as férias. Subi na moto e voltei para a mansão.

Queria muito ir para mansão, fazia meses que eu não via aqueles dois. Mas passei o final de semana com Babi, na casa do delegado. Ele me tratava como filho. Fez piadinhas sobre como seria bom se eu não esquecesse de usar cuecas na sua casa. Mas não se importou que eu dormisse três dias seguidos lá, de sexta a domingo. Segunda feira pela manhã fomos levar Babi ao aeroporto.

- Olha quem veio se despedir também, filha? – disse o delegado e, olhando pra mim, continuou – já viu seu pai desde que voltou?

Olhei, e Ele sorri para mim. Dei um forte abraço nele, depois no Jim, que o acompanhava. Até Alfredo tinha ido. Babi se despediu dos três, agradeceu pelo apoio financeiro. Abraçou e beijou seu pai. Depois me abraçou e me beijou. E em seguida foi embarcar em sua aventura na tecnologia pelo mundo.

Eu sugeri a Babi que déssemos um tempo na nossa relação, mas ela insistiu que continuássemos namorando. Mas, se nossa relação já era aberta, agora tudo estava completamente liberado. Que podíamos até namorar outras pessoas, também. Bom, eu meio que já fazia isso. Decidi que depois das férias iria oficializar meu namoro com o Roy e contar para Babi, se ele quisesse.

Me despedi do delegado, que nos agradeceu por tudo que fazíamos para ajudar sua filha, e fui para a mansão na minha moto. Ele, Jim e Alfredo voltaram na limosine.

Cheguei na mansão e esperei por eles na porta. Jim saiu da limosine e me abraçou novamente, perguntando:

- Não estava com saudade dos nossos treinos, não?

- Agora ele só quer treinar com a nova equipe, Jim – Ele falou – especialmente esse tal de Roy, a quem não fomos ainda apresentados...

- Não enche... – falei.

- Bom, quem sabe agora que a Babi viajou, ele não comece a necessitar de um treino mais intenso, mais profundo. Parece que Roy só treina mais superficialmente – Ele falou, de maneira irônica, me provocando.

- Não acredito que você está me espionando à distância? – perguntei, bravo.

- Calma, Rick. Não te espionei. Você sabe que eu sou o melhor detetive do mundo. Só juntei uma informação ou outra que você falou pelo telefone durante o semestre.

- O quê? – perguntou Jim – Também quero saber...

- Ele vai contar, depois, Jim... Não vai, Rick.

Só olhei com cara de indignado para ele e falei:

- Vamos comer, depois eu conto tudo – e, olhando para Jim, continuei – e, sim, estou com muita saudade de treinar com vocês. Treino superficial E profundo... – entrando na zueira, já que não dá pra escapar, mesmo.

Entrando na mansão, falei:

- Mas antes, acho que só vou tomar um banho e já venho, enquanto o Alfredo arruma a mesa.

Fui para o quarto, coloquei a mochila no armário, tirei minhas roupas e entrei no banheiro. Os dois estavam lá, me esperando. O banheiro liga os dois quartos, então nem vi quando entraram.

- Vieram assistir pra ver se eu vou tomar banho direito?

- Não. – Ele falou – Não dava pra esperar tanto... – e então beijou minha boca.

Jim se ajoelhou entre nós e começou a chupar meu pau, que endureceu logo em sua boca quente. Ele soltou meus lábios e se ajoelhou atrás de mim. Abriu minhas nádegas e começou a lamber o meu cu.

Estava delicioso.

- Deixa eu chupar vocês dois um pouco, também. – falei, respirando fundo.

- Agora não, depois. – Ele falou, sem tirar a mão da minha bunda – Há quanto tempo você não é penetrado?

- Meses, desde que fui para a faculdade...

Ele se levantou e me puxou pela mão para o seu quarto. Jim veio atrás.

Me jogou na cama e perguntou:

- Não está com saudade de que eu te penetre?

- Você não imagina quanto... – falei, já abrindo minhas pernas para dar a Ele acesso ao meu cu.

- E do meu cu, não tava com saudade, não? – Jim perguntou – Porque eu não vejo a hora de ter seu pau dentro de mim...

- Então vem, Jim, senta no meu pau enquanto Ele me come... – falei.

Jim começou a me cavalgar enquanto Ele metia gostoso em mim. Estava muito bom. Não queria gozar ainda. Pedi:

- Troca. Troca de lugar vocês dois...

E eles fizeram. Só continuei deitado. Jim passou a me penetrar e Ele a cavalgar meu pau.

- Não vou conseguir segurar mais. – Avisei – Vou gozar!

Eu gozei no cu do Morcego, e o Pássaro gozou em mim. Ele se levantou de cima de mim, parou do meu lado, com seu pinto bem próximo do meu rosto e falou:

- Você sempre curtiu chupar mais que dar, e imagino que agora deve ter virado um profissional. Me mostra, me faz gozar com sua boca.

Obedeci. Me ajoelhei e comecei a chupar aquele pinto inteiro. Não demorou, ele gozou em minha boca. Engoli tudo. Jim só assistia, já se masturbando novamente.

- Agora realmente preciso tomar banho – falei.

Tomamos banho os três. Contei do semestre, do combate ao crime, dos meus fins de semana com Babi. Mas o assunto que queriam ouvir era só o Roy. Contei tudo. Que estávamos morando juntos, que com ele não tinha penetração, mas ainda assim era uma delícia. O assunto só acabou depois que tínhamos almoçado e já estávamos na sala de treino. Só então consegui perguntar.

- E a Selma?

- Está bem. Quis ficar no apartamento dela. Disse que passa aqui uma noite dessas, para te ver – Ele falou.

- E Gilson?

- Continua na mesma... – Ele disse, olhando para baixo.

No final da noite, saímos para o combate ao crime. Jim tinha melhorado muito. Já era oficialmente o Pássaro, ainda que precisasse melhorar golpes e saltos.

Desde a tentativa de assassinato do Gilson, a cidade continuava tranquila. O Palhaço continuava sumido, os demais chefões estavam bem cuidadosos. Bom período para Jim se desenvolver.

Acabamos voltando cedo para a mansão. Transamos na caverna, e subimos para o quarto. Dormimos os três na mesma cama. Eu estava no meio. Abraçava Jim, e era abraçado por Ele. Dormi feliz.

Na manhã seguinte, acordei com Jim dormindo em meu ombro, seu braço sobre meu peito. Senti seu pau duro contra minha perna. Eu também estava de pau duro. Só estávamos os dois na cama, claro.

Levantei devagar, para não acordar Jim. Ele ainda não estava acostumado com a maratona do dia anterior, tanto de treino quanto de sexo. Precisaria dormir bastante.

Achei um roupão no banheiro e me vesti. Ainda achava estranho andar de pau duro pela mansão e dar de cara com Alfredo de terno e gravata...

Fui procurar por Ele no escritório. Incrivelmente, não estava lá. Nem na cozinha.

- Ele está na caverna, mestre Rick. – falou Alfredo.

Peguei um croissant e um copo de suco de laranja e desci. Ele estava pelado, na frente dos inúmeros computadores, analisando vários exames médicos. Radiografias de cabeça, ressonâncias, tomografias, ultrassons, listas de exames de sangue, pelo que pude notar.

- Bom dia, Morcego pelado – falei, brincando.

Ele me olhou sério, e disse:

- Gilson acordou durante a madrugada...

- Santo milagre, isso é incrível! – eu gritei, dando um abraço nele, que permaneceu sentado.

- Ele não está bem. Parece que está falando coisas estranhas...

- Ficou tanto tempo em coma, nem deve saber onde está... Deve ser normal. Vamos lá!

- Eu vi uma gravação do médico conversando com ele.

- Você grava todos os quartos do seu hospital ou só o do Gilson? – não pude me conter...

- Não importa. O que importa é que Gilson falou que o Palhaço operou um milagre nele. Agora ele estava livre do Pássaro, do Morcego... Especialmente do Morcego. Que ele sabia como livrar a cidade de todo a criminalidade. Exterminando todos.

- Ele deve estar confuso... – tentei justificar.

- Gilson levantou da cama e arrancou a camisola de hospital. O médico tentou convencê-lo a se acalmar. Ele agarrou o médico pelo pescoço e o segurou contra a parede. Disse ao médico que ia tolerar desta vez, já que tinha sido responsável por sua cura, mas que não teria outra chance, que nunca mais tentasse entrar no seu caminho. No percurso até a saída do hospital, agrediu três enfermeiros e cinco seguranças. Três deles estão em estado grave. Saiu completamente nu do hospital, e a partir daí não tenho mais imagens.

- Ele claramente não está bem. Precisamos encontrar o Gilson!

- Sim, eu sei. E logo, antes que ele faça uma besteira muito grande! Estou tentando pensar por onde começar...

- Uma vez ele me contou que dormia em uma escola abandonada, na periferia, na época em que ele se prostituía – falei.

- O quê?

- Não é hora para isso. Vamos com ou sem trajes?

Dava pra ver que Ele estava realmente abalado. Não conseguia se decidir. Então, eu decidi.

- Vamos sem trajes. Ainda é dia, o Morcego só sai à noite. E Gilson não está de máscara, então é melhor ele não ser visto com o Morcego, não queremos mais ninguém descobrindo nossas identidades.

- Tem razão! – foi o máximo que Ele conseguiu falar.

- Eu vou de moto, você segue o localizador que eu sei que você colocou na moto.

- Eu...

- Eu vou colocar uma roupa e avisar o Jim para acompanhar tudo pelos computadores e chamar o delegado se for preciso. Vai se vestir e avisa o Alfredo antes de sair.

Aproveitei e fiz uma mochila com roupas do Gilson. Fomos para a escola abandonada. Pulamos o muro e entramos. Gilson estaria lá, com certeza. Encontramos ele numa sala que parecia ser da antiga diretoria da escola. Ele esperava por nós. Estava sentado numa cadeira, atrás da mesa da diretoria. Não usava camisa, mas tinha um pano vermelho cobrindo todo o rosto.

- Achei que fossem chegar mais cedo, já estava cansado de esperar... – disse Gilson.

- Estamos muito felizes que você está bem, que se recuperou. – Ele falou – Mas estamos preocupados com sua fuga do hospital.

- Medo que eu conte por aí que você é o Morcego?

- Vem pra mansão com a gente, Gilson. Vai ficar tudo bem agora – eu falei.

- Pra quê? – disse ele, subindo na mesa, exibindo seu corpo nu – Estão sentindo falta desse pauzão aqui? Ou desse rabão aqui, que aguenta vocês dois juntos?

- Só estamos preocupados com você... – Ele falou.

- Cansei de ser brinquedo sexual dos outros. De vocês dois. Dos velhos ricos que me comiam de pau mole quando eu passava fome. A partir de agora, só transo com quem eu quiser. Nem me importa se ela ou ele vai querer ou não!

- Gilson, nunca obrigamos você a nada. – Ele falou – Você só fez o que teve vontade de fazer.

- Mas eu estava com a mente confusa. Tinha passado fome, me prostituído. Fiquei seduzido por um bilionário, por seu filho jovem e gostoso. Queria ser parte dessa família.

- Você faz parte dessa família – Ele falou, tentando se aproximar.

- Não mais! – Gilson disse, arrancando o pano vermelho da cara. – Agora estou marcado, deformado.

Ele apontava para a marca do tiro em sua testa, que afundou o osso. Era uma grande cicatriz, muito marcante, mesmo.

- O que importa é que você sobreviveu, que está bem. – Ele falou – E se a cicatriz te incomodar, uma cirurgia plástica resolve.

- Não! Eu quero guardar essa marca. A marca de estar envolvido com você. Com vocês. Com o tipo de louco que se fantasia pra brigar com outros loucos fantasiados.

- Gilson, eu avisei pra você... – Ele tentou se justificar, mas foi interrompido.

- FO-DA-SE! O Morcego comendo a Gata, o Pássaro comendo a Morceguete, e só o idiota aqui na mão. “Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço”. Isso que dá se meter com maluco.

- Cara, eu também já tomei tiro, facada. Soco, nem conto mais. Nunca nada tão grave como você, não vou negar! – eu falei – Acho justo você não querer mais isso. Nem eu sei se aguento muito tempo. Mas vamos ficar bem juntos. Vamos pra casa.

- Minha casa é aqui. Agora eu tô do outro lado. Vou combater vocês. Vou livrar a cidade não só do crime, mas de todos os loucos mascarados. Vocês, Palhaço, Felina, Pato, todo esse bando de filho da puta. Agora vocês podem ir embora. Podem ir cuidar do novo Pássaro, que eu sei que você não ia ficar tanto tempo sem um ajudante. Mas manda ele olhar por onde anda. Eu estarei atrás de vocês o tempo todo...

Ele ia falar algo, mas se calou. Eu falei.

- Gilson, meu irmão. Aqui tem uma mochila com algumas roupas suas. A mansão está aberta pra você. Se preferir, pode me procurar na Faculdade pra gente conversar. Não faz nenhuma besteira, por favor.

- Eu sei que a culpa não é sua, Rick. Mas você é o marionete dele. Você é o seguidor mais fiel. Eu queria você do meu lado pra acabar com Ele. Mas eu sei que você nunca vai sair do lado dele. Não importa a roupa, a máscara. Você é o queridinho e vai ser o único Pássaro até morrer. E você morreria por Ele, que eu sei.

Ele só olhava pra baixo. Nunca o vi tanto abatido.

- Mas não é brigando que você vai acabar com as brigas – eu falei.

- Mas é só o que eu sei fazer! Agora vão embora. Já me cansei de vocês.

Obedecemos. Fomos embora.

Voltamos pra mansão e fizemos uma reunião na cozinha da mansão. Ele, eu, Jim, Alfredo e Selma, que retornou, a pedido. Explicamos a situação e pedimos para todos tomarem muito cuidado com Gilson.

Selma queria permanecer em seu apartamento, não queria se sentir presa na mansão. Ele não concordou, achou que Gilson poderia colocá-la em perigo. Então ela decidiu viajar por um tempo, e Ele bancou sua viagem para o Egito, onde gatos foram endeusados e ela sempre quis conhecer.

Não saímos para combater o crime por dois dias. Eu e Jim treinamos bastante. Ele não saiu da frente dos computadores. Olhava exames médicos, lia teses e dissertações sobre danos cerebrais. Começou a estudar psicanálise, Freud e outros tantos.

Ele queria curar o Gilson. Ao menos, impedir que fizesse alguma besteira, acredito. Mas não sei se havia algo a ser feito.

Uma tarde, já no meio das férias, fui bater um papo com o delegado, ver como ele estava. Eu já estava na metade do curso de direito, queria conversar com ele sobre o futuro. Voltei para a mansão no final da noite. Tudo quieto. Mais quieto que o normal. Quieto demais.

Não achei o Alfredo. Comecei a chamar por ele, gritar. Entrei no seu quarto, acho que pela primeira vez. Ele estava deitado na cama. Imóvel. Mas respirava, tinha batimentos cardíacos. Devia estar dopado de alguma forma. Fui para o quarto do Jim. Ele estava na cama. Nu. Braços e pernas amarrados. Com um pano em sua boca. Mas estava acordado.

Tirei o pano da sua boca.

- Jim, você tá bem? – perguntei, em desespero.

- Tô bem. – ele falou, mas preocupado – Como estão todos?

- Eu acabei de chegar. Alfredo está dopado no quarto dele, mas parece bem. O que aconteceu com você?

- Foi o Gilson...

- Você tá bem mesmo? O que aconteceu?

- Eu era só a isca, ele quer o Morcego!

Sem falar mais nada, comecei a correr pela mansão. Mas peguei o celular. Ele atendeu minha ligação.

- Oi, Rick! – Ele atendeu, calmamente.

- Onde você está? – gritei.

- No hospital, com os médicos, tentando entender o que pode ter acontecido. Por que você está assim?

- O Gilson entrou na mansão, atacou Alfredo, atacou Jim.

- Impossível! Como eles estão?

- Jim está bem. Alfredo está vivo, mas acho que está drogado, deitado no quarto dele.

- Rick, não saia daí. Fique cuidando deles.

- Aonde você vai?

- Atrás do Gilson, ele foi avisado... – Ele falou, num tom que eu só ouvi quando Ele falou com o Palhaço antes dele me violar.

- Não, por favor! É isso que ele quer... – implorei – vem pra cá.

- Chego em cinco minutos.

Não sei como, mas Ele chegou realmente em cinco minutos. Alfredo ainda dormia. Jim tomava um chocolate quente que eu tinha feito para ele.

Ele entrou correndo e abraçou Jim. Como se tentasse protegê-lo entre seus braços.

- Que bom que você está bem! O que aconteceu?

- Resumidamente. Todas as luzes se apagaram, e eu senti alguém me agarrando por trás. Ele colocou alguma coisa no meu rosto, e eu apaguei. Acordei já amarrado na minha cama, sem roupa. Ele estava do lado da cama, com um gorro vermelho que cobria metade do rosto, do nariz para cima. E só. Passou a mão no meu corpo, perguntou se eu gostava de ser escravo sexual de vocês. Passo seu pinto pelo meu rosto, sugeriu que eu podia mudar de lado. Fiquei quieto, tentei nem olhar para ele.

- O que mais aconteceu? – Ele perguntou.

- Nada. Ele disse que já tinha o que queria e saiu, colocando esse pano na minha boca.

Era a minha antiga sunga de Pássaro, a que Gilson tinha usado antes do uniforme novo. Jim não teve coragem de contar, mas Gilson fez sexo com ele, contra sua vontade. Ele chorou antes, contando pra mim. Contei que já tinha acontecido comigo, que o Palhaço tinha sido meu algoz. Jim me abraçou naquele momento. Mas não conseguiu contar para o Morcego. Mas Ele sabia.

- Eu vou atrás dele. Vou por um fim nisso. Se ele acha que vai implantar o terror, ele vai se lembrar que o Morcego que aterroriza os criminosos! – Ele falou, com ódio nos olhos.

- Não! – ordenei, tentando ficar mais parecido que eu conseguia com o Morcego – Vocês vão fazer merda, você e o Gilson. Eu que vou atrás dele. Onde ele está?

- Eu não vou deixar você se foder por mim novamente, Rick. – Ele falou, bravo – É tudo culpa minha, eu que vou resolver isso.

- Não, a culpa não é sua. – tentei acalmá-lo – A culpa é do Gilson. Você avisou, ele foi fazer o que não devia! Mas ele acha que a culpa é sua... Só que ele não está bem, está fora de si. Eu vou. Vocês me dão cobertura, mas bem de longe.

- Eu não posso deixar... – Ele falou, baixinho.

- Se você ainda tem algum carinho pelo Gilson, então me deixa ir sozinho – argumentei.

Ele só acenou com a cabeça, autorizando.

- Será que ele está naquela escola? – Perguntei.

- Não. – Ele respondeu – Comprei a escola, já está reformando, está cheia de câmeras... Ele foi visto em na região dos galpões, perto das docas.

- Você acha que sabe onde ele está ou você sabe exatamente onde ele está? – perguntei.

- Eu sei. Vou mostrar nas câmeras e no GPS. Mas ainda acho melhor que eu vá, não você...

- Cuide de restabelecer o sistema de segurança da mansão. Vê se está tudo bem na caverna. Ele não vai fazer uma emboscada para mim.

- Agora é você quem está se achando... – Ele falou.

- Aprendi com o melhor! – brinquei.

- Eu vou junto – falou Jim.

- De jeito nenhum – Ele falou – E você ainda está se recuperando.

- Só porque ele me fodeu você acha que eu tenho medo dele? – Falou Jim – Não é como se meu cu fosse virgem... Eu vou, vou escondido, pra dar cobertura. Você vai com a sua moto, Rick. Eu vou com a moto do Morcego.

- Não, ninguém vai a lugar nenhum... – Ele protestou.

- Vai cuidar do Alfredo, veja se ele está bem. Reorganize os sistemas de segurança, veja como impedir que ele acesse novamente... – comecei a mandar em tudo – Nós dois vamos, vai dar tudo certo. Vamos pra caverna, Jim.

Sem que Ele pudesse impedir, saímos. Eu já tinha as coordenadas de onde Gilson estava.

Entrei de moto no galpão, me anunciando.

- Gilson, irmão. Vim aqui pra conversar. Não quero brigar. Não vou te levar pra lugar nenhum. Bandeira branca.

- E tá uniformizado por quê, Pássaro depenado?

- Só pra não ser reconhecido no caminho.

Falei tirando a máscara. Tirei as luvas, as botas. Tirei o uniforme. Fique completamente nu, para que ele soubesse que não estava escondendo armas ou câmeras.

- Não tenho nada a esconder de você, irmão.

- Para de me chamar de irmão. Não sou seu irmão. E eu não sei se não tem nada enfiado dentro de você...

- Pode vir ver... – falei, virando de costas.

Ele apareceu. Me agarrou por trás. Senti seu corpo nu encostando no meu. Ele falou no meu ouvido.

- Eu estava com saudade de você...

- Eu também, Gilson.

Ele me empurrou, me fazendo cair no chão.

- Mentira! Você só tem olhos para o Morcego. Nem a Morceguete ganha a mesma atenção. Tenho até dó daquele novo Passareco...

- Gilson, você está certo... – falei, me levantando – Eu tenho mesmo uma adoração pelo Morcego. Tá melhorando, mas acho que vai ser assim pra sempre. Que bom que você conseguiu superar isso!

- Completamente. Quero eliminar essa má influência de todos!

- Você acha que vale a pena entrar numa guerra com o Morcego? Você está deixando Ele furioso.

- Eu não tenho mais medo dele!

- Mas devia. Ele é muito mais forte que você, mais treinado que você, e tem recursos ilimitados, você sabe. Você acha que vai conseguir fazer uma emboscada?

Nesse momento, surge a Palhacete, com um mini vestido, mas pintada como o Palhaço, e com uma metralhadora na mão. Ela diz:

- Ai, meu Gorrão Vermelho, você prometeu caça a Morcegos hoje...

Eu fiz duas acrobacias para trás, alcancei uma bota que eu havia tirado e taquei na direção dela. Ela se assustou e soltou a metralhadora pesada, que caiu de suas mãos. Alguns disparos foram efetuados, mas não acertaram ninguém. Antes que ela conseguisse pegar, corri e catei a metralhadora.

- Cara – eu falei – a gente só quer o seu bem, só quer oferecer ajuda. Ok se você não quer, mas então fica na sua, não arranja problema. Se vocês dois estão bem juntos, vão pra outra cidade, vão vier longe daqui.

- Eu não consigo! – Gilson falou, tirando o gorro de seu rosto, exibindo a marca de tiro em sua testa – Eu estou preso nesta loucura!

Nisso, ele veio pra cima de mim, me agarrou e me beijou. Não resisti, e beijei de volta. Gilson me segurou e a Palhacete arrancou a metralhadora de minhas mãos.

Neste momento, como vindo do nada, Jim derrubou a Palhacete, arrancando a metralhadora das mãos dela.

- Isso é injusto! – ela falou – só eu não tenho uma pistola comigo...

Nisso notei que o beijo me deixou de pau duro. Gilson também.

- Tanta coisa melhor pra fazer do que brigar... – falei, olhando pra ele.

Voltamos a nos beijar.

- Tá bom. Uma trégua, só por essa noite... – falou Gilson.

- Uhu! Posso ficar assistindo? – perguntou a Palhacete, levantando a saia, sentando no chão e começando a se masturbar.

- Eu tomo conta da metralhadora – falou Jim, mais longe.

- Tá descarregada, Pássaro burro! – zoou Gilson – Tira meu uniforme de Pássaro de seu corpo magrelo e vem aqui, desconta toda raiva que você tá pelo que fiz com você...

- Não tô com raiva, não, só bem dolorido... – Jim falou, tirando a roupa – Mas quero comer seu cu, com certeza!

- Então me come, Passarinho novo, enquanto o Passaralho aqui chupa meu pauzão – falou, olhando pra mim.

Caí de boca no cacete grande do Gilson, que já estava deitado, de pernas abertas. Jim chegou, meteu seu pau no cu dele e começou a socar com vontade. A Palhacete tocava uma siririca com gosto e gemia alto. De repente, puxou a metralhadora.

Antes que qualquer um de nós (eu e Jim) pudéssemos fazer algo, ela começou a enfiar o cano da metralhadora na buceta. Depois de uns instantes, Gilson só olhou e falou:

- Tira esse caninho de merda da buceta que eu vou te comer com o maior caralho dessa porra toda.

Ela riu, uma risada de doida, sentou do meu lado e abriu as pernas. Eu saí, Jim também. Gilson começou a meter nela. Virou pra mim e falou:

- Me come, Rick. Nunca dei comendo uma buceta antes.

Aceitei a proposta e meti no cu dele. Olhei pro Jim e falei:

- Se você achar uma posição, pode me comer, também...

- Então você também tá dando o cu por aí, não só pro Morcego? – Gilson perguntou, sem parar de meter na buceta da Palhacete.

- Você acha que é o único que tem direito de ter prazer dando o cu? – provoquei.

- Porra, Rick. Se a buceta dela não fosse tão gostosa e eu não tivesse com tanto tesão acumulado do tempo em coma, ia te comer hoje... Mas vou gozar logo. Então mete com força no meu cu, vai, porra! – falou Gilson.

Meti com força. Jim agarrado em minhas costas pra não cair, seu pau enfiado no meu cu. Gilson gritou, gozando na buceta da Palhacete. A contração de seu cu em meu pau me ajudou a gozar mais rápido. Me deitei sobre os dois e senti Jim socando meu cu. Achei que até fosse mais rápido, já ia falar se ele queria um boquete (a posição tava complicada), mas ele gozou em mim.

Ele se levantou. Eu deitei no chão. Gilson levantou e deitou ao meu lado. A Palhacete deitou em seu peito. Jim deitou do meu outro lado, sobre meu braço. Eu olhei pro Gilson e falei:

- Nós somos uma família. Vamos sempre te amar.

Gilson se levantou bruscamente e falou:

- Porra, Rick! Você tem que estragar tudo?

- Calma, irmão. – tentai acalmar – Você não precisa morar com a gente, não precisa nunca mais olhar pra ele. Mas não vai buscar encrenca. Se precisar de algo, pode me chamar!

- A mim, também! – falou Jim.

- Viu, cara. Vocês dois acabaram de se conhecer, foi errado da primeira vez, mas tá tudo certo agora. – falei – Só não arranja problema.

- Foda, viu... – Gilson falou – vocês são caras legais. Não tô bem, sei que não tô legal. Mas vou ficar na minha. Vamos ficar na nossa, né, gatinha?

- Vamos, sim! – falou a Palhacete – Vou com você onde você quiser. O Palhaço nunca quis me comer, mesmo...

- Tá... – Gilson continuou – Por vocês, vamos dar uma sumida. Mas eu tenho o seu telefone, não me deixa na mão...

E assim Gilson se aquietou. Começou a ser sustentado, através de mim, pelo seu tão odiado Morcego. É claro que ele sabia quem estava bancando tudo, eu ainda nem emprego tinha, estava na metade da faculdade. Mas parou de arranjar problemas.

O final das minhas férias foi uma tranquilidade. Poucas noites de combate ao crime, sem grandes problemas. Voltei para a faculdade.

***

Iniciei o quinto semestre. Eu e Roy agora somos oficialmente namorados. Mas continuo namorando a Babi a distância. Roy sabe, claro. E agora Babi sabe, também. Me sinto muito melhor assim.

O casal de atletas terminou o namoro, mas continuam na equipe. Ela começou a namorar um nadador que é também um baita mergulhador. Parece um peixe. Quer que ele entre pro time. Vamos deliberar. Não sei o quanto um cara da água seria útil.

A vida com Roy está uma delícia. Parece um comercial de margarina, mas com dois caras como o casal. Não vou dizer que a gente teve uma relação fechada, ninguém combinou de fechar nada, mas foram meses que a gente não ficou com ninguém mais. Só nós dois. Nenhuma outra mina, nenhum outro cara. A coisa mais próxima de algo com outra pessoa foi a prova física que exigimos do Cadu, o nadador-mergulhador. Exigimos um exame físico completo, tirando toda a roupa (só de sacanagem, mesmo). A namorada falou que não precisava ver, e não compareceu. O ex-namorado, se recusou. Ficamos só eu, Roy e Vitório.

Cadu ficou pelado no meio da nossa sala, nós três no sofá examinando. Ele tinha uma pele meio cobre, meio dourada de sol. Cabelos descoloridos. Olhos cor de mel. Era muito bonito. Um pau grande, igual do Gilson. Cadu ficou meio envergonhado, então não conseguiu segurar, ficou de pau duro na nossa frente. Um pau de respeito, sem dúvida. Eu e Roy ficamos de boa, Vitório ficou muito incomodado. Não acho que ele tenha tido desejo, só incomodado. Às vezes, fico me perguntando se ele não perdeu o pinto no acidente. Será que tem um pinto biônico?

Bom, depois do exame, aprovamos Cadu. Mais um membro pra nossa equipe, que ainda não tinha um nome.

Durante o meu semestre de mais puro romance com Roy, as coisas complicaram na mansão. O Palhaço reapareceu, tocando o terror. Ben voltou. Até o Pato e outros criminosos loucos reapareceram. A saída do Gilson do coma parece que despertou todos os piores bandidos de um coma, também. Como o Morcego não enlouqueceu, eles se sentiram livres para reaparecer e voltar a praticar seus crimes.

Continuei transferindo dinheiro para Gilson, e ele continuou na dele, sem dar trabalho. Mas Jim contou que ele aparecia pelo menos uma vez por semana na mansão. Sempre que o Morcego saía sozinho. Os dois Pássaros então transavam na caverna. Ele até levou a Palhacete pra transarem a três algumas vezes.

Parece que a ideia de identidade secreta já tinha ido por água abaixo. Acho que só a imprensa não sabia quem era quem. Bandidos e combatentes do crime sabiam a identidade uns dos outros, sem a menor dúvida.

Ainda bem que estava chegando o final do semestre. Eu estava ficando agoniado, precisava voltar pra casa, ajudar no combate ao crime. Mesmo não querendo ir embora desse momento de paz e amor com Roy, sabia que era só um sonho. Minha realidade era lá, onde o crime não para.

Chegando perto do fim do semestre, pedi para Roy voltar comigo. Ele ficou receoso, conhecer o Morcego, meu pai adotivo e amante. Mas ele topou, avisou para os pais. Eles não tinham ideia de que nós éramos um casal. Muito menos que combatíamos o crime, que transávamos com várias pessoas, homens e mulheres. Era muita informação, então ele só disse que ia passar um tempo das férias com o melhor amigo na casa do seu pai.

Voltamos. Eu dirigia a moto, Roy agarrado em mim, em minha cintura. Perto de chegar, recebo uma ligação.

- Rick, onde você está? – Ele questionou, com voz de muita preocupação.

- Chegando, em poucos minutos – falei.

- Graças aos céus. Palhaço, Ben, Pato e o terrorista Raul, esse quarteto do quinto dos infernos, se uniram. Invadiram a mansão. Sequestraram a Selma, o Jim, o Gilson e a Palhacete. Eu estou indo atrás do Raul, ele é o mais perigoso de todos e está com a Selma. O Palhaço pegou o Jim. Você consegue salvá-lo?

- Claro. É hoje que tenho minha revanche com esse Palhaço, ele não sabe com quem se meteu! Onde estão os outros?

- Não sei o que fazer, acho que não vai dar tempo de salvar a todos, infelizmente... – Ele falou com voz triste, quase de choro.

- Roy está comigo, ele acerta uma flecha certeira a um quilômetro de distância. Vou passar na caverna e pegar sua moto. Ele consegue salvar mais alguém, tenho absoluta certeza.

- Gilson deve estar com Ben. Fala pro Roy não se atrever a chegar perto, esse monstro consegue arrancar a cabeça de alguém com as mãos...

- E a Palhacete?

- Se Roy está com você e pode ajudar Gilson, eu tenho um plano pra Palhacete... Estou saindo da cidade, chegando onde Raul deve estar se escondendo.

- E nós estamos chegando na caverna. Vou desligar. Avisa se precisar de ajuda.

- Vocês também. Boa sorte!

- Falou!

Expliquei tudo ao Roy. Passei meu celular pra ele. Catei um reserva na caverna (obviamente, ele tem vários comunicadores reserva na caverna).

Roy colocou sua roupa verde (preciso pedir um uniforme melhor pra ele, agora). Coloquei o meu. Saí com a moto do Morcego, Roy com a minha.

Entrei no galpão onde devia estar o Palhaço. Era o mesmo galpão onde eu e o Morcego fomos aprisionados e abusados. Jim estava onde eu estive. Não sei se ele estava acordado ou não. Nem sei se estava vivo, mas acho que sim. O Palhaço não ia perder a oportunidade e matar um Pássaro antes da chegada do Morcego.

Eu precisava do elemento surpresa, não sabia o que me esperava. Lancei uma bomba de gás, pra escurecer o ambiente, que tinha luzes fortes. Ainda assim, ele viu o vulto preto do meu novo uniforme através da fumaça.

- Meu Morceguinho está diferente, perdeu as asas... – falou efetuando disparos em minha direção.

Não me acertou. Joguei mais fumaça, pra tentar escurecer ainda mais. Ele conseguiu me achar e enfiou uma faca nas minhas costas. O uniforme protegeu bastante, mas ainda assim penetrou em mim.

Consegui derrubar o Palhaço, apesar da dor da perfuração. Soquei a cara dele e prendi seus braços magrelos com minhas pernas. Eu queria fazer como o monstro do Ben e arrancar a cabeça dele. Mas ao invés disso, tirei minha máscara.

Ele já tinha notado que eu não era o Morcego a essa altura, claro. Mas se surpreendeu quando arranquei minha máscara.

- Porque a surpresa, Joca? Você sempre soube quem eu era! Eu não sabia quem era você, quando você me violentou, mas você sabia quem eu era. Você sabia que eu não tinha nada a ver com seus problemas com Ele. Aliás, seus problemas com você, mesmo. Não com Ele.

- Você não sabe de nada, MOLEQUE!

- Eu sei muito mais do que você imagina. Sei que Ele te amou um dia. Sei que foi honesto com você quando terminou, porque não queria te enganar. Sei que Ele pretendia voltar com você depois da faculdade. Sei que Ele tem problemas de relacionamento, de confiar em pessoas, mas olha o que aconteceu com Ele. E você era dez anos mais velho. Era formado. Era experiente. Você que tinha que ter ajudado e você achou que tinha o direito de surtar e enlouquecer.

- Ele é um enrustido babaca. Vocês todos são!

- Ele dá o cu pra mim sempre, e goza assim. E Ele me come também, é uma delícia. Você que não deu o tempo dele. Você que achou que Ele tinha que ser resolvido quando Ele mal tinha virado adulto.

A fumaça foi baixando. A raiva do Palhaço, também. Nesse momento, notei que havia bombas em todos os cantos do galpão. E o detonador continuava nas mãos do Palhaço. Ele podia ter explodido tudo quando quisesse. Era esse o plano dele. Morrer junto do Morcego, levando Jim com eles. Mas ele não fez. Não detonou. Não sei se porque eu não era o Morcego, não sei se porque ouviu o que eu tinha que dizer. Arranquei o detonador de suas mãos. Ele continuou deitado, sangrando pela boca, onde eu tinha batido nele.

- Pro seu bem, eu espero que Jim esteja bem. – falei, tentando imitar como o Morcego falaria.

- O moleque está bem, só drogado. Vai acordar logo...

Arrastei o Palhaço até a moto e o algemei, mãos e pés. Desamarrei Jim e o deitei no chão. Mandei mensagem avisando que Jim estava bem e que havia detido o Palhaço. Avisei o delegado, que mandou três viaturas para levar o Palhaço preso. Liguei para Roy. Ele estava bem, mas preocupado. Não sabia se tinha matado Ben, ou se aquele capanga estava só fingindo. Gilson continuava amarrado, mas Roy obedeceu os comandos e não chegou perto de onde Bem estava.

Após a polícia levar o Palhaço pro Arcabouço, fui ao encontro de Roy. Ben continuava caído e sangrava muito. Foram muitas flechas nele, algumas com tranquilizantes. “Foda-se ele”, pensei. Estávamos resgatando o Gilson. Entrei, e Roy me deu cobertura. Soltamos Gilson e carregamos ele pra fora, onde estava Jim, acordado, mas ainda sonolento. Consegui fazer Gilson montar na moto e agarrar na minha cintura. Jim foi com Roy.

Liguei para o delegado novamente, ele já esperava por isso. Ele mandou mais de trinta homens armados pesadamente, e eles conseguiram prender Ben. Ele estava ferido, mas vivo. Certamente sobreviveria.

Chegando na mansão, vemos que lá estão Alfredo e a Palhacete. Gilson foi cambaleante e se abraçou a ela.

- Como? – eu só perguntei.

- O Pato não suja suas mãos, e os capangas dele são só mercenários. Nada que um pouco de dinheiro vivo não fizesse com que eles soltassem a garota... – falou Alfredo – não uso fantasia, mas ainda consigo fazer um resgate simples, oras!

Estávamos quase todos bem, seguros e na mansão. Até Babi, que estava em no país vizinho, já estava no aeroporto esperando um voo para vir para cá. Só faltavam Ele e Selma.

Mandei mensagem no comunicador, Ele não respondia. Ficamos os seis no escritório, esperando notícias. Foram duas horas de silêncio. Nesse tempo, Alfredo tratou minha ferida (ele era ótimo com pontos). Enfim, vi nas câmeras o automóvel entrar na caverna. Corremos os seis para lá.

Ele saiu do automóvel. Estava muito machucado, acho que nunca tinha visto Ele assim. Sangrava pela boca, o uniforme estava danificado em vários locais, muito sangue. Mas Ele caminhava, como se nada tivesse acontecido. Selma saiu do banco do passageiro. Mas não saiu sozinha.

Tinha o corpo de um garoto em seus braços.

- Vocês estão bem? – perguntei – Quem é esse, o que aconteceu com o garoto.

- Estou bem, obrigado. – Ele falou, tirando a máscara, como se não estivesse inteiro machucado. – Alfredo, por favor, busque curativos, linha e agulha, uma tala e esparadrapo, e injeções de antibiótico e antitetânico.

Alfredo saiu rapidamente. Nós continuamos olhando, sem entender nada. Selma continuava com o garoto em seus braços. Ele sentou na cadeira do computador e disse:

- O garoto é meu filho, ao que tudo indica.

Tirou sua máscara e começou a tirar as luvas e as botas.

- Como assim? Você nunca tinha dito que tinha um filho. Ele tá vivo? – perguntei. Ninguém estava entendendo nada.

- Tá vivo, sim, Rick. Só completamente anestesiado. Selma, deite o garoto naquela mesa, já vou examiná-lo pra ver se Raul não fez nada com ele. Deixa só eu tirar esse uniforme que tem parte dele entrando nas feridas.

Ela obedeceu. Ele tirou o uniforme, ficando completamente nu na frente de todos. Se todos já tinham visto seu rosto, acho que Ele não se importava que vissem o seu pinto! Eu que não imaginava que, da primeira vez que fosse apresentar meu novo namorado pro meu pai, Ele estivesse completamente pelado...

Alfredo retornou com todo os medicamentos e curativos. Ia começar a preparar a injeção, mas Ele o interrompeu:

- Whiskey, antes, Alfredo. Por tudo de mais sagrado...!

- Pra mim também – Gilson gritou.

- Pra mim, cerveja, por favor – falou a Palhacete.

Eu só olhei feio para os dois.

- Alfredo, siga com os cuidados médicos. Eu busco bebidas para todos, acho que todos merecemos, mesmo – falo Selma, saindo da caverna.

Só agora reparei que ela tinha hematomas no rosto e no corpo, marcas de ter sido amarrada pelos pés e pelos pulsos, como os outros. Ele voltou a falar:

- Raul estava com Selma. Me esperava, claro. Acho que todos esperavam por mim. Quando cheguei, ouvi Raul se comunicando com o Palhaço. Parece que planejavam matar quem eu não socorresse. Jim e Gilson também estavam capturados, cada um em um canto da cidade, ou fora dela.

- Eu também! – falou a Palhacete.

- Sim, porque mesmo que eu salvasse Gilson, ele me odiaria ainda mais por te deixar morrer. Mas eles não contavam que você, Rick, voltanado mais cedo da faculdade esse semestre. Ainda menos na companhia de Roy, já treinado por você em combater o crime. Muito obrigado, garotos. Não estaríamos aqui se não fossem vocês. E você também, Alfredo, uma ajuda inestimável, como sempre.

- Ah, mestre. O que eu não faço pelo senhor e por essa juventude danadinha? – falou Alfredo, em tom de piadinha, enquanto limpava inúmeros os ferimentos.

Selma voltava com duas sacolas com copos e bebidas. Colocou tudo na mesa, do lado dos pés do garoto e serviu dois copos de whiskey, em para ela mesma e outro para Ele.

- Sirvam-se! – ela disse.

- Avancei para cima de Raul, e entramos em luta corporal. Ele é um dos melhores lutadores que já vi na vida, mas já está ficando velho... – Ele continuou.

- Exato! Como ele conseguiu te machucar assim? – perguntei, abrindo uma garrafa de vinho e servindo para mim e para Roy.

- Não foi Raul. – Ele falou – Foi o garoto...

- O quê! – Gilson berrou, quase cuspindo a cerveja que tomava.

- Selma e Rick sabem. Alfredo também, claro. Anos atrás, antes da chegada do Rick, eu tive um caso com uma mulher chamada Talita. Só quando terminamos eu descobri que ela era filha do Raul, um dos maiores terroristas do planeta. Nunca mais a vi. Ela voltou para seu país e nunca mais deu sinal de vida.

Eu só levei minha mão ao rosto, tampando minha boca. Não acreditava no que ouvia. Ele seguiu:

- Parece, pelo jeito, que ela foi embora grávida. – Ele suspirou e continuou – Enquanto eu lutava com Raul, com quem nunca tinha encontrado pessoalmente até então, porque ele nunca teve negócios no país, comecei a ser atacado pelo garoto. Daniel.

- E como ele, jovem assim, conseguiu causar tanto dano em você? – Jim perguntou.

- Pelo jeito, o garoto foi treinado pelo avô louco desde o nascimento para ser uma máquina de matar, não apenas de lutar. Ouvi Raul dizendo que ia me matar pelo que eu tinha feito com a filha dele. Ele ainda falou pro garoto matar o homem que abusou da sua mãe e deixou ela para morrer.

- Ela que fugiu, você disse, não? – questionou Selma.

- Sim, nunca abusei de ninguém! – Ele falou, olhando para mim – Nos desentendemos sobre democracia e liberdade, e ela decidiu terminar a relação e voltar pra casa. Mas jamais maltratei a Talita. Até tentei ir atrás dela, num primeiro momento, mas nunca consegui localizá-la. Foi só então que descobri que ela era filha de Raul.

- Ela morreu no parto, pelo jeito. – Disse Selma – Então o terrorista precisava escolher alguém em quem por a culpa...

- Consegui arrancar uma das adagas da mão do garoto e enfiei fundo na barriga de Raul. Nunca tinha ferido alguém assim gravemente, antes. Ele fugiu. Nesse momento, Daniel partiu com a outra adaga para cima de Selma, que continuava amarrada e indefesa.

- O garoto não teve a melhor educação. – Selma brincou – Nunca recebi tantos “elogios” na vida...

- Ele queria matar Selma como forma de vingar a morte da mãe, pelo que pude compreender. Consegui derrubar o garoto, que bateu com a cabeça e se desorientou. Neste momento, consegui injetar um forte sedativo nele. Contando, parece ter sido rápido, mas lutamos por mais de uma hora até eu conseguir anestesiar o garoto. Antes de soltar Selma, garanti que Raul tinha fugido, não queria um ataque surpresa.

Alfredo terminou os curativos, e colocou uma tala em seu antebraço esquerdo. Ele se levantou e foi em direção à mesa. Ficou parado em pé, nu, contemplando o garoto. Serviu outra dose dupla de whiskey, enquanto Alfredo aplicava duas injeções, uma em cada nádega.

- Raul fugiu e abandonou o garoto. Vou fazer exame de DNA. Vou cuidar dele, de qualquer, eu jamais deixaria um jovem aos cuidados de um terrorista. Mas quero saber se ele realmente é meu filho.

- Olha, se não for, deve ter algum outro homem com a sua cara por aí... O garoto é uma miniatura sua! Só um pouco mais bronzeado... – a Palhacete falou o que todos havíamos pensado mas não tivemos coragem de falar.

- O tom de pele de Talita. – Ele falou, sem delicadeza ou saudosismo na voz, apenas uma constatação objetiva. – Mas antes do DNA, preciso passar o garoto pelo scan, para ver se ele não teve nenhum ferimento mais grave lutando comigo. E se o avô terrorista não traficou nada dentro do corpo dele...

Começou a tirar a roupa de couro do garoto, que permanecia desmaiado. Deixou-o completamente nu e observou seu corpo deitado na mesa. Pegou-o cuidadosamente em seus braços, e o levou para a sala onde estava o scanner. Eu e Jim fomos atrás.

A Palhacete começou a conversar com Gilson, e Selma foi falar com Roy, talvez para não deixá-lo sozinho, já que Alfredo estava saindo da caverna com o resto dos medicamentos e algumas latas de cerveja vazias deixadas por Jim, Gilson e a Palhacete.

Entrando na sala, Ele deitou o garoto no scanner, onde eu e Ele já tínhamos feito inúmeros exames.

- Vou precisar muito da ajuda de vocês! – Ele falou – Rick, lembra quando falei que precisava de sua ajuda pois Gilson era muito inconsequente, violento às vezes? – eu só fiz que sim com a cabeça, e Ele continuou – Pois o garoto é um milhão de vezes pior. Ele é ódio puro.

- Quantos anos ele tem? – perguntei, enquanto o scanner começava a funcionar.

- Se minhas contas não estiverem erradas, por vota de onze.

- Ainda dá tempo de corrigir – tentei ser otimista.

- Eu não estou exagerando. Ele é como um animal selvagem. Não pode ficar à solta. Vou cuidar dele aqui em casa, e ele vai fazer terapia todos os dias. E ter sessões frequentes com um psiquiatra de confiança. Aliás, já vou pedir para Alfredo para que esse psiquiatra venha amanhã. Daniel precisa de medicamentos. Se ele não estiver sobre fortes doses de calmante, até que a terapia funcione, acho que teria que deixá-lo numa jaula!

- Que exagero! – falou Jim.

- Gostaria que fosse, Jim. Gostaria que fosse...

Feito o scan, vimos que o garoto tinha o corpo intacto. Alguns hematomas apenas, só coisa superficial. Não sei de onde, Ele tirou um kit de exame de DNA. Colheu seu próprio sangue, depois o de Daniel. Indiquei com a cabeça para Jim para deixar os dois a sós. Pai e filho, pelo que tudo indica. Saímos. Ficaram só os dois, nus, na sala fria.

Ficamos todos na caverna, esperando. Depois de alguns minutos, Ele saiu da sala de exames. Continuava nu, carregando o corpo nu do garoto. Ele abraçava o garoto, que repousava a cabeça em seu ombro.

Ele parou na frente de nós e falou:

- É meu filho! – lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, inacreditavelmente – Daniel é meu filho... – e o abraçou ainda mais forte.

Ele parecia que se controlava para não começar a chorar, a soluçar. Mas as lágrimas não paravam de escorrer.

Corri para abraçá-lo. Fiquei abraçado ao seu lado, de forma que consegui dar um beijo na cabeça do garoto. Selma e Jim vieram na sequência.

Olhei para Roy, para Gilson.

- Vem logo todo mundo... – falei.

Todos nos abraçamos ao redor dele. Roy ficou abraçado atrás de mim. Eu comecei a chorar, Jim começou a chorar. Alfredo também começou a chorar! Os demais também estavam emocionados, mas não chegaram a verter lágrimas.

- Alfredo, tem champagne? – perguntei, soltando os braços e limpando o rosto.

- Claro, mestre Rick. Muito! – Alfredo respondeu alegremente.

- Então, champagne para todo mundo, Alfredo! – falei, quase gritando.

- Certamente, senhor! Mas, se permite, mestre Rick, vou servir no salão de festas. Esta caverna não é local para celebrar evento tão espetacular!

- Todos para o salão! – Gritou Gilson.

Fomos todos para o salão. Alfredo começou a servir taças de champagne. Selma pegou duas e falou:

- Quer que eu segure ele um pouco para você brindar?

Ele fez que não com a cabeça.

- Então abrace seu filho, abrace pra compensar todos esses anos, vocês merecem esse abraço... – falou Selma, beijando seus lábios. Nesse momento, lágrimas escorreram novamente, agora dos dois.

Ele segurou Daniel junto ao seu corpo com apenas um braço, pegou uma taça e ergueu, dizendo:

- Eu já era pai. Do Rick, do Gilson, do Jim. Mas saber que posso passar pra frente os genes de meu pai, Tom, o homem mais incrível que já viveu nessa cidade, me tocou de um jeito que eu jamais imaginaria.

- Perdeu o lugar de preferido, Rick... – zoou Gilson bem alto.

- Vocês todos são minha família. – Ele continuou - Vocês, meus filhos. Você, Alfredo, um pai. Você, Selma, meu amor. E vocês também – para Roy e Palhacete – que são família da minha família!

- Com licença... – disse Babi, entrando no salão, com mala de viagem nas mãos, estranhando aquela cena, em especial Ele, pelado, no centro do salão, com um garoto também pelado em seus braços, levantando um brinde.

- Babi! – falei, e fui abraçá-la.

- Entre, Babi. Você também é família. Minha filha!

- Enfim, uma menina. – falou a Palhacete – eu já estava me candidatando à vaga de filhabrinde ao meu filho, Daniel! – Ele falou, ainda mais alto agora – Mais novo integrante dessa linda família do Morcego!

Todos brindamos. Ele voltou a pedir a atenção de todos:

- Vocês, minha família, estão todos convidados a se mudarem para cá, para a mansão, os que ainda não moram aqui. Mesmo os que não possam ou não queiram, eu peço para que todos fiquem aqui essa noite, e que continuem ao menos amanhã, para que possamos celebrar devidamente. Meu corpo está exausto e preciso repousar logo. Mas quero um banquete com toda esta minha família amanhã!

- Que banquete, que nada! – falou Gilson – Festa na piscina, isso sim!

- Festa na piscina, então!

Não dava para não topar. Mas, naquele momento, todos fomos descansar. Fui com Babi e Roy para um quarto distante. Meu quarto, conexo, seria provisoriamente ocupado por Daniel, que precisava permanecer em observação. Gilson e Palhacete foram para outro quarto próximo. Jim foi para seu quarto. Até Alfredo se permitiu ir descansar sem organizar as taças e garrafas.

Eu estava muito cansado, com um corte na barriga, pontos dados pelo Alfredo embaixo do curativo grande. Mas eu precisava conversar com os dois. Conversar a três. Eu estava tenso, mas foi muito mais tranquilo do que eu imaginaria. Os dois se conheciam, claro. Eram amigos, mas só tinham se encontrado poucas vezes. Ela era de nossa equipe, nos ajudava no combate ao crime, mas à distância, de outra cidade. Cuidava dos rackeamentos e coisas do tipo. Eu sabia que eles trocavam mensagem, mas não falavam de mim, eu acho...

Contei tudo. Em especial que, na faculdade, eu praticamente só estava ficando com Roy. Que até demos um jeito para dividir uma moradia estudantil. Para minha surpresa, ela achou melhor do que eu ficar transando cada dia com uma pessoa diferente.

Bom, ficou estabelecido que ela continuava sendo minha namorada. Estaria viajando, nos veríamos sempre que possível, mas seria poucas vezes no ano. E que, aqui, Roy seria meu namorado. Os dois não se definiram como namorados entre si, já que provavelmente não ficariam só os dois sem mim. Eu disse que não ligaria, até acharia legal, os dois transassem se eu estivesse internado no hospital porque levei uma facada para salvar a humanidade!

- Quando você salvar a humanidade e estiver em coma, eu e Roy conversamos... – brincou Babi.

- Pô, linda, não precisa me colocar em coma, não... – entrei na brincadeira.

- Então a gente pode transar na sua frente, no quarto de hospital! – Roy emendou.

- Eu não ia reclamar, não. – Falei, tirando a camiseta – Aliás, já queria ver agora...

- Antes, deixa só eu perguntar uma coisa, Roy. Você vai deixar o Rick continuar transando com todo mundo que põe os pés nessa mansão? – questionou Babi.

- E eu tenho condição de controlar esse pinto aqui? – disse Roy, colocando sua mão sobre meu pinto, em cima da minha bermuda – Além do mais, quando só estamos nós dois, não rola penetração, então eu sei que ele não ia aguentar ficar assim pra sempre.

- Claro que aguentaria! – protestei – Eu gosto muito de penetração, vocês sabem, mas se fosse para escolher nunca mais ter penetração ou só ter penetração, sem sexo oral, masturbação, esfregações, eu escolheria nunca mais ter penetração. Eu preciso ser chupado e chupar. Pinto, buceta, cu, não importa. Eu amo oral!

- Oh, bebê! – Babi me zoou – tudo bem, é so brincadeira... – começando a tirar minha bermuda, seguiu – hoje você vai conseguir seus dois namorados chupando você!

Quando a bermuda e a cueca foram tiradas de mim, só abri as pernas e os dois começaram a me lamber, em chupar. Nossa, que lindo ver meus dois namorados, minha namorada Babi e meu namorado Roy juntos, chupando meu pinto. Não quero morrer nunca, mas se um dia isso for acontecer, talvez essa cena seja a que eu queria que ficasse na minha memória.

Depois de um tempo, eles começaram a se beijar, meu pau fica entre a boca dos dois. Eu via que, naquele momento, a mão de cada um estava dentro da calça do outro. Eles se ajoelharam na cama e começaram a tirar a roupa, um de frente pro outro. Eu fiquei deitado, assistindo, me masturbando.

Eles tiraram todas as suas roupas e voltaram a se beijar, se efregar, se acariciar. Eu me masturbava bem devagar, não podia correr o risco de gozar logo.

- Faz de conta que tô naquele hospital... – sussurrei – quero ver os dois transando na minha frente!

Nem era fetiche cuckold. Eu era namorado dos dois, eu que transava com os dois. Mas ver os dois se curtindo tava me deixando com muito tesão.

Roy se ajoelhou e começou a chupar a buceta dela. Eu não sei pra onde eu olhava, se para os peitos dela, para a cara dele enfiada entre as pernas dela ou se para a bunda dele empinada.

- Deita, Roy, deixa a Babi cavalgar você... – sussurrei, novamente.

Dele deitou, seus pés nas minhas pernas, quase tocando meu saco. Ela foi sentar nele, eu conduzi:

- De costas pra ele, Babi. Deixa eu ver você subindo e descendo no pau dele.

Ela obedebeu. Ela subia e descia no pau dele. Ia até a pontinha, deixando só a cabecinha dentro, depois descia, e o pau sumia dentro da buceta molhada dela. Não resisti. Me ajoelhei, depois fiquei de quatro. Comecei a lamber os dois. Começava no saco do Roy, subia por seu pau até o clitóris da Babi. Lambia de baixo à cima, como quem lambe um daqueles pirulitos gigantes.

Babi segurou minha cabeça, com minha boca em seu clitóris, seu quadril pra cima, e ordenou:

- Mete, Roy, mete!

Ele meteu com vontade. Minha língua trabalhava o clitóris da Babi. O pau do Roy se esfregava em meu lábio inferior. Eu sentia seu saco roçar no meu queixo. Babi apertou mais minha cabeça contra a buceta dela e gozou. Senti seu corpo todo tremer. Soltou minha cabeça.

- Já gozou... – falei, com voz de pidão.

- Você quer mais? – ela falou, entre suspriros.

- Eu sempre quis meter em você, no seu cuzinho, enquanto o Roy metia na sua buceta...

- Ai, que delícia, ter vocês dois dentro de mim ao mesmo tempo! Mas você vai ter que prometer gozar rapidinho, você sabe que eu não aguento atrás muito tempo...

- Pode ficar tranquila que eu já tava quase gozando só de ver vocês dois transando na minha frente...

Ela saiu de cima do pau do Roy, se virou de frente pra ele e direcionou seu pau de volta para aquela buceta que já estava mais do que melada.

Eu falei:

- Espera um pouquinho...

Passei dois dedos na buceta dela, coletando aquele néctar que escorria abundantemente. Esfreguei meu pau no do Roy e entrei na buceta da Babi, pra deixar meu pau todo melado. Tirei meu pau e falei:

- Pronto. Pode abocanhar o pau dele...

Ela sentou no pau dele até o fim, se deitou sobre ele e abriu bem as pernas. Eu encostei meu pau no cu dela e fui forçando, lentamente. Ela gemia, de dor e prazer.

Ele ficou parado. Ela ficou parada, agarrada nele. Meu pau entrava e saia suavemente do cu dela. Eu sentia o pau dele sob o meu. Meu saco roçava no dele.

Babi beijava o pescoço do Roy. Roy olhava para mim, mordendo o lábio. Eu metia no cu da Babi e sentia meu pinto esfregando no do Roy, sem tirar meus olhos de seu olhos azuis. Babi gozou novamente. Não consegui me conter.

- Vou gozar, porra! – anunciei.

Babi tirou os braços dos ombros do Roy e colocou as mãos na minha bunda, empurrando meu quadril para ela, para meu pau entrar mais fundo. Ele abraçou nós dois ao mesmo tempo, me puxando para mais perto e me beijando na boca. Me deitei sobre os dois. Babi falou:

- E você, garoto dourado, não goza, não?

- Eu já gozei! – Roy falou – Entre um e outro...

Fui saindo aos poucos de cima dos dois. Babi saiu de cima do pau do Roy, que já estava melado e começando a amolecer.

- Ele sempre goza assim, quietinho que nem presidiário, Rick?

- E vocês transam com presidiários, por acaso? – provocou Roy – Porque, pelo jeito, transar com criminosos é um vício comum aqui na mansão...

Eu só pensei: “bom, fui violado pelo Palhaço, transei com a Felina, com o Ginlson, na sua fase criminoso de gorro vermelho, com a Palhacete, que certamente não anda na linha, quem mais?”. Meu pensamento foi interrompido pela Babi, falando para Roy:

- Quem pergunta demais acaba de castigo, dormindo sozinho no chão...

- Calma, aí... – Roy tentou se explicar – é que eu tô acostumado em casa, com meus pais por perto. Ou no antigo dormitório, não podia ficar acordando o chato do Vitório, que nunca transa com ninguém...

- Roy, cala a boquinha e vamos dormir – falei, dando um beijo nos lábios dele.

Dormimos os três abraçados. Eu abraçava Babi pelas costas, Roy me abraçava pelas costas. Acordei com o quarto todo iluminado, já devia ser quase meio-dia. Babi não estava mais na cama. Roy dormia abraçado comigo. Sentia seu pau duro encostado em mim. Meu pau estava duro, também, mas não era momento de transar (não que eu não quisesse, queria transar com Roy todo o tempo). Precisava saber como estava tudo, se estavam todos bem. Principalmente, se Daniel tinha acordado e feito algo de errado. A imagem que passaram dele era a pior possível.

Coloquei a bermuda que estava usando no dia anterior para tentar, sem muito sucesso, esconder minha ereção, e desci em direção ao escritório. Ouvia vozes vindo de lá. Ele e Babi conversavam.

- Perdi algo? – perguntei.

- A curiosidade matou o Pássaro... – falou Babi.

- Primeiro – palestrei – eu não sou um Pássaro há anos... Segundo – continuei – se a Selma ouve esse ditado, errado ou certo, ela faz sashimi de você...

- Com a Selma, eu me resolvo, não se preocupe... – ela falou, com um sorrisinho sacana.

- Já devíamos estar há anos-luz de distância de ter ciúmes, Rick... – Ele comentou.

- Só estou brincando... Depois de ontem, achei que todo mundo ia estar mais disposto a brincar nesta casa!

- Bom – Ele seguiu – de qualquer forma... Eu estava avisando pra Babi que eu quero contar absolutamente tudo para o delegado e estava pedindo a concordância dela, já que está envolvida e é filha dele.

- Vai contar tudo?!? – me surpreendi.

- Tudo do combate ao crime, meu lindo... – Babi falou, calmamente – Não acho que meu pai tenha o menor interesse em saber quem transa com quem. Ou com “quens”. Nem existe essa palavra, mas, nessa situação, preciso inventar uma...

- Claro, eu falava sobre isso, também... – tentei disfarçar – Mas como estão todos, como está o Daniel? Porque eu sei que se eu perguntar de você, sempre vai estar tudo normal...

- Acho que eu estou mais machucado fisicamente do que eu nunca estive, obrigado por meio que perguntar... – Ele falou – porque apesar de não ter tomado tiro ou quebrado um osso, nunca tive tantos ferimentos em tantas partes do corpo ao mesmo tempo. – e seguiu – Mas você está correto em ter mais preocupação com Daniel – O psiquiatra chefe do presídio Arcabouço, Jonatas Cano, alguém de minha extrema confiança e que sabe de absolutamente tudo, do combate ao crime, claro, já veio aqui e medicou Daniel.

Fiz cara de dúvida, e Ele então continuou:

- Daniel está acordado. Anda, come, conversa. Mas está anestesiado. Dr. Jonatas virá todos os dias e, com sua equipe, organizaremos um tratamento eficaz para ele. Por enquanto, ele precisa não ser um perigo para os outros ou para ele mesmo...

- Mas dopar um garoto... – tentei argumentar.

- Ele está na piscina, com o Jim. – Ele falou – vai lá ver...

Fui pra piscina.

Primeiro, tenho que contar que o Alfredo não é só o mordomo, o cozinheiro, o pai postiço de todos, o faz tudo. Ele deve ser mágico.

Tinha um banquete ao redor da piscina. Frutas, pães, queijos, frios. Mais várias comidinhas. E as bebidas! Refrigerantes, sucos, cervejas, vinhos, champagnes, whiskey... Tinha comida para uma tropa toda, e éramos só nove ontem, pelas minhas contas. Incluindo o Alfredo. Ah, dez, com Daniel, ainda não tinha contado o garoto.

Jim estava sentado numa espreguiçadeira, ao lado de Daniel. Ambos, na sombra de uma palmeira.

- E aí, Rick? – me chamou Jim – Vem conhecer nosso irmão caçula...

Só ouvi baixinho, saindo com voz de bêbado da boca de Daniel:

- Não sou irmão de arrombado, não. Bando de filho da puta. Vou matar todo mundo. Deixa eu achar minhas adagas, não vai sobrar um bosta nessa merda de mansão. E vai começar com o maldito do Morcego que desgraçou minha mãe.

Antes que ele continuasse, Jim falou:

- Toma um pouco de água, Daniel. Você deve estar com sede.

E entregou um copo de plástico, com canudo de plástico, para ele.

- Tô com sede, sim! – continuou, ainda com voz de bêbado, pegando o copo de água sem firmeza – essa merda de remédio que vocês me deram deixa a boca seca. Vou só me hidratar e vou acabar com a raça de todos vocês, não vai sobrar um...

Jim se levantou e veio em minha direção.

- Rick, o moleque não tá só reclamando, falando palavrão. Ele já tentou me atacar duas vezes, tentando enfiar uma fatia de maçã na minha perna e na minha barriga...

- Bom, – falei – ele está medicado. E tem várias pessoas de olho nele. E vai começar o tratamento. Não vai faltar profissional e dinheiro pra fazer ele voltar a ser uma pessoa normal.

- Nem boas inspirações, como você, Rick!

- Como todos nessa família disfuncional, mas que se ama, Jim...

Roy apareceu na piscina, com a roupa de ontem também: calça e camiseta de manga longa. Ele veio até mim e perguntou:

- Onde está minha mochila? Não achei, queria tomar um banho...

- Vem comigo, acho que sei onde o Alfredo colocou. Já aproveito e chamo o Gilson, a festa na piscina não começa sem a ilustre presença dele e da sua namorada doidinha...

- Não fala assim... – Babi me deu bronca – até porque você tem dois telhados de vidro pro Gilson te zoar!

Levei Roy até um grande armário, onde estavam nossas mochilas. Ele foi tomar banho, eu fui esmurrar a porta do quanto onde estava Gilson.

- Acorda, filho da puta! – gritei – Quem pediu festa na piscina?

Só ouvi Gilson falando:

- Nossa, vou socar seu cu, Rick...

Corri para o banheiro, entrei no chuveiro com Roy, sem tirar a bermuda. Nos beijamos, eu acariciei seu pinto até deixar seu pau bem duro, e saí molhado do chuveiro, correndo de volta para a piscina. Molhei dois andares da mansão. Pulei como uma bomba na piscina.

Nunca tinha visto a mansão com tanta vida. Nem nas várias festas que já vi acontecer aqui. Festas chatas, só um bando de interesseiro puxando o saco de um bilionário. Hoje, não. Hoje tinha vida, tinha alegria.

Gilson e a Palhacete (que acabei descobrindo que se chama Helen) desceram de roupão. Ele chamou atenção de todos:

- Aham! Não é só Morcego que fica pelado aqui, não. – falou, sem cobrir a marca do tiro na sua testa.

Os dois abriram e jogaram longe os roupões, exibindo seus pelos corpos nus. Ele chacoalhou o pinto, gritando:

- Todo mundo pode, até ex-Pássaro!

Eu, que estava dentro da piscina, tirei a bermuda, girei sobre minha cabeça, jogando água pra todo lado, e joguei em direção ao Jim.

Selma voltava nesse momento, trazendo outra caixa imensa, com vários gatos, que ela soltou ao redor da piscina.

- Dois gatos por pessoa, no mínimo. Sejam livres, filhotes. Livres como todo gato é!

E falando isso, vendo Gilson e Helen (preciso lembrar o nome dela, não posso ficar chamando mais de Palhacete) pelados, Selma tirou sua roupa também. Deu uma piscadela para Babi, então se deitou ao sol, como todas as gatas gostam de fazer.

Babi tirou a sapatilha, sentou na borda da piscina, tirou a camiseta e o sutiã, deixando expostos seu lindos seios:

- Não vou me molhar, vou pegar avião ainda hoje...

- Já, meu amor? – falei, fazendo drama.

- Preciso voltar pro curso, já até comprei passagem. Se a situação tivesse se complicado, eu ficaria, você sabe.

- Eu também preciso ir embora logo... – falou Roy, chegando na piscina, só de shorts.

- Ih, Rick, ninguém te aguenta muito tempo, pelo jeito... – me zoou Gilson, pra variar.

- Porra, cara! – não me contive, mas falei baixo, olhando para Roy – você ia ficar as férias todas...

Babi olhou pra ele, ele olhou de volta. Sabia que os dois tinham conversado, organizado tudo.

Ele se ajoelhou próximo onde eu estava na piscina e me falou, baixinho:

- Eu queria. Mas agora não é um bom momento. Vocês precisam de um tempo só vocês, quem mora aqui. Vai ser uma mudança grande...

Eu fiz cara de coitado.

- Fico até amanhã. E volto nos últimos dias, antes de voltarmos juntos pra faculdade, pode ser?

- Pode! – falei, beijando e puxando Roy pra piscina.

Arranquei o short dele e joguei junto ao meu, perto do Jim.

- Para de se exibir, Rick. Você namora dois, só eu tô solteiro aqui nessa piscina...

- Que adianta ter dois, se os dois vão embora? – Gilson repetiu a piada, já de dentro da piscina – Mas você pode ficar trocando as fraldas do bebezão, aí do seu lado...

Se prestasse atenção, dava pra ouvir Daniel ainda ameaçando a todos:

- Fica falando, vou arrancar sua língua com minhas mãos, quando pegar minhas adagas, vou cortar seu pau fora e enfiar na sua goela, você vai morrer asfixiado com seu próprio pau, mas antes vou furar seus olhos e arrancar suas unhas e vou cortar...

Parei de prestar atenção. Por sorte, Jim pulou de roupa e tudo na piscina, jogando água pra todos os lados. Daniel passou a ser cuidado por seu pai biológico. Ele estava bonito como sempre. Camisa azul, inteira aberta. Bermuda preta. Óculos escuros.

O clima estava ótimo. Tanto o sol, a temperatura, como a interação entre todos. Mesmo o Gilson enchendo meu saco sem parar estava divertido. No meio da tarde, Babi foi arrumar as malas (não que estivessem desarrumadas, mas foi para o quarto). Eu e Roy saímos da piscina, os dois pelados, e fomos atrás dela.

Transamos novamente os três. Teve ainda mais chupação, desta vez. Mas a penetração foi igual. Roy na buceta da Babi, eu no cu. Mas ninguém gozou dentro, desta vez. Babi quis ver como eu e Roy gozávamos só nós dois. A gente fazia de muitas maneiras, sem penetração. Mas quisemos fazer da maneira mais gostosa, pra ela ver. Gozamos esfregando nossos paus e nos beijando. Ela gozou se masturbando, assistindo nossa esfregação. Combinamos de fazer chamadas de vídeo, pra ela assistir nós dois nos esfregando, e ela se masturbando com a cena.

Alfredo levou Babi para o aeroporto. Selma foi junto, pois ia ficar no apartamento dela, depois. Queria ficar um tempo afastada, dar um tempo para pai e filho sozinhos.

Gilson me chamou de lado e pediu uma grana pra que ele e Helen pudessem passar um tempo longe. Transferi como se fosse meu, apesar de Gilson saber que eu ainda não continuava sem nenhuma fonte de renda.

Ficamos na piscina eu, Roy e Jim. Pai e filho foram embora, para tentarem conversar (fazia parte do tratamento, que já tinha começado, ao menos uma hora por dia, sozinhos, conversando ou tentando). Alfredo se retirou para seus aposentos.

- Fala logo, Jim, o que você quer perguntar? – falei, vendo que ele estava se controlando para não invadir nossa privacidade.

- Você é g0y, Roy? – perguntou Jim, aliviado.

- Nem sei direito o que é isso, cara. – respondeu Roy – Gosto de homem e de mulher. Mas só gosto de penetração com mulher. E só vaginal. Não curto penetração anal, só isso.

- Por quê? Você acha que é sujo, que é errado?

- Não, nada disso. – respondeu – Só não curto, mesmo. Por enquanto, estou bem assim. Quem sabe um dia eu não vou pra terapia tentar descobrir...

- Tá querendo experimentar como é, Jim?

Ele nos olhou, meio espantado, meio excitado. Começamos a nos beijar, os três. Transamos na piscina, mesmo. Todo mundo chupou todo mundo. Todo mundo esfregou o pinto no pinto de todo mundo. Nos chupamos em triângulo. Fizemos mão amiga a três. Gozamos nos esfregando os três juntos, em pé, num beijo triplo. Só paramos quando o último gozou (o Roy, no caso).

- Curti essa pegada... – falou Jim.

Ele foi para o quarto dele. Eu e Roy para o que já tínhamos dormido na noite anterior. Ele iria embora ao amanhecer. Ele explicou que também achava que, com a chegada do Daniel, era melhor só ficar os mais próximos. Eu concordei. E ainda assim, seria muito difícil a adaptação.

Na manhã seguinte, tomou café conosco e foi embora para a casa dos pais, com minha moto. Garantiu que voltava antes do fim das férias.

Depois do ocorrido daquela noite, com a prisão do Palhaço e do Ben, e com o sumiço de Raul, lesionado e abandonando seu neto, todos os criminosos suspenderam atividades. O Pato desapareceu, nem nos seus bares e cassinos foi visto. Todos souberam que o Morcego não estava sozinho. A equipe era grande, bem treinada, e sempre aparecia mais um de surpresa. A paz voltou a reinar na cidade. Não sabíamos até quando.

As férias foram todas dedicadas a Daniel. Dr. Jonatas vinha na mansão duas vezes por dia, pela manhã e no final da tarde. Um jovem psiquiatra, orientando seu, passava os dias todos acompanhando Daniel. Um psicanalista vinha todos os dias, duas horas de terapia.

Os professores começaram a aparecer. De todas as matérias, menos lutas. Acho que o garoto nem precisava de aulas de luta. Almoçávamos e jantávamos juntos. Conversávamos com ele, como um adulto. Ele permaneceu sob forte medicação o tempo todo. Mas conseguia andar, falar, se alimentar sozinho. Mas sempre lentamente, parecia sem forças. E era necessário.

Os xingamentos foram reduzindo aos poucos, mas o ódio em seu olhar, não. Eu e Jim não forçávamos conversas, mas nunca ignoramos sua presença. Alfredo evitava muito contato. Ele não lida bem com xingamentos e ameaças, pelo jeito...

Pai e filho, porém, tinham todos os dias seu momento de conversas. Algumas vezes só os dois. Algumas vezes com um intermediador, o psiquiatra ou o psicanalista. Às vezes, Ele saia com os olhos cheios de lágrimas dessas sessões.

Foram as primeiras férias que nós não transamos, eu e Ele. Apesar de ter uma pontinha de ciúmes em algum lugar dentro de mim, eu sabia que Ele não tinha cabeça pra isso. Eu fiquei sem Ele, sem Babi, sem Roy. Jim adorou. Transamos muito. Saímos pra beber, fomos em festas. Algo raro nessa cidade tão perigosa. Esse lado foi bom, curtir a cidade com um amigo. Poder beber, sem precisar combater o crime depois.

O final das férias estava chegando. Roy voltou, como prometido. Passou dois dias conosco, antes de voltarmos pra faculdade. Foi bom. Dessa vez deu pra ele conhecer direito a mansão, a caverna. Jim. O Morcego.

Jim ficou com um pouco de ciúmes do Roy. O Morcego, não. Ele gostou que eu não estava ficando sozinho, agora que Ele precisaria dar muita atenção pra Daniel e Babi ficaria fora por talvez uns dois ou três anos.

Eu e Roy voltamos para a faculdade.

***

E aí, sobreviventes? Estamos no finalzinho, só mais um capítulo. Será que alguém chega ao fim? Leitores, claro, porque os personagens são imortais!

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Comentários

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Tava boiando aí vi que pulei um capítulo kkkk

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Hahahah eu chego ao fim!! Leitura gostosa da porra, tudo que eu precisava depois de uma semana tensa no trabalho hehehe

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