Dimas tinha razão tinha que fala com os caras, porém não faria isso naquela noite, ele voltou para a festa enquanto fui para casa, mandei uma mensagem para o João Pedro, mas ele apenas visualizou e não respondeu, devia está ocupado ou algo assim, fui para casa e voltei a dormir, que era o que deveria ter feito a noite toda, na manhã seguinte acordei me sentindo bem melhor, João Pedro não respondeu minha mensagem, não vou mentir que isso estragou meu bom humor, mas resolvi que não passaria meu domingo todo pensando nisso, minha família se reuniu para almoçar na casa do meu avô, inventei que tinha um compromisso de trabalho e fui comer na rua, estava completamente sem saco para aturar meu pai e meus tios, Luís Paulo me mandou uma mensagem falando que estava na casa do Luciano e que Dimas também estava lá, pensei em não ir, mas adiar isso só iria deixar as coisas piores então fui falar com eles de uma vez.
Quando cheguei Luís Paulo se comportou como se nada tivesse acontecido, a falta de noção dele realmente me irritava às vezes, nem um pedido de desculpas, no fim a culpa é nossa, acostumamos ele muito mau, Luciano colocou umas carnes no fogo e Dimas trouxe as cervejas, eles estavam falando do quão louco foi a noite deles e eu fiquei calado apenas ouvindo e fingindo interesse, até que Luis Paulo resolveu que era uma boa me alfinetar.
— Pois é só não foi melhor porque o João Miguel bancou o egoista. — Olhei para ele e na mesma hora Dimas segurou meu braço.
— Não fala isso Luís Paulo, João Miguel, melhor falar para eles de uma vez. — Dimas me incentivou.
Abri o jogo com meus amigos que escutaram tudo com muita atenção e não me interrompe nenhuma vez, era impossível saber o que se passava na cabeça deles, quando terminei de explicar a minha demisexualidade todos ficamso em silêncio refletindo sobre o que eu acabara de revelar, a primeira reação claro foi do Luís Paulo.
— Cara você tem que se decidir, você é gay ou é isso ai. — Ele disse e para piorar estava falando serio. — Tipo que frescura esse negócio de confiar para transar, você é muito gay João Miguel.
— Porra Luís Paulo, deixa de ser sem noção caralho. — Dimas o repreendeu e eles foram discutindo em direção a cozinha, deixando apenas Luciano e eu no quintal.
— Pensei que fossemos amigos. — Luciano disse.
— Mas a gente é.
— Então porque só o Dimas sabia disso, afinal isso é uma coisa importante, até mais do que o fato de você pegar caras. — Ele disse visivelmente irritado.
— Luciano é complicado. — Foi só o que consegui dizer.
— O que é complicado, você não pode confiar no Luís Paulo e entendo isso, mas não poder falar comigo? — Não entendi o porquê dele está tão ofendido.
— Só contei para o Dimas ontem quando ele veio atrás de mim, não é uma questão de confiança. — Falo, mas ele está com uma cara que nunca pensei que veria, o olhar dele para mim era duro e magoado.
— Luciano, queria que fosse simples, mas não é irmão.
— Não sou seu irmão, se eu fosse você saberia que podia me contar qualquer coisa. — A reação dele era totalmente contrária ao seu discurso.
— Acho melhor eu ir. — Falei chateado com o rumo que a conversa tomou, meus amigos estavam se comportando de uma maneira completamente estranha com tudo isso e não estava mesmo entendendo o porquê dessas reações.
— Acho melhor. — Ele disse de forma seca.
Nem me despedi do Dimas e nem do Luís Paulo, só fui embora, peguei meu carro e fiquei rodando, até ter certeza que meus parentes já haviam ido embora, Dimas tentou me ligar, mas não atendi, João pedro finalmente havia respondi minha mensagem, só que ignorei sua resposta afinal não tinha importância naquele momento, só tinha perguntado como ele estava, sua resposta poderia esperar um pouco, meu avô me conhecendo melhor do que ninguém me mandou uma mensagem me dizendo que a todos já haviam ido embora, não conseguia mentir para ele, voltei para casa.
— Meu filho, o que houve?
— Briguei com meus amigos, seu Mariano. — Falei.
— Bem, sempre te falei que esses moleques não eram boa gente. — Ele nunca foi fã dos meus amigos. — O que aconteceu?
— Vô é complicado.
— Ei ei, vem aqui, senta aqui. — Ele fala puxando uma cadeira para que me junte a ele na mesa.
— Eu estou bem. — Falei tentando me esquivar, mas com um olhar que ele me deu obedeci e sentei ao seu lado.
— Fala. — Foi só o que ele disse e olhei em seus olhos e respirei fundo.
— Vô me desculpa. — Não aguentei e comecei a chorar, como poderia explicar sobre o que eu sou para o meu avô sem que ele me odiasse.
— João Miguel, você foi a melhor coisa que um filho meu já me deu, sua avó e eu te amamos moleque de qualquer jeito, eu sei que o vô é velho e não estou acompanhando mais o mundo a muito tempo, mas não tem nada que você me diga que me faça ter menos orgulho do meu neto policial. — Ele fala me abraçando.
Depois de respirar um pouco contei a ele que tinha descoberto minha bisexualidade recentemente e que tinha dificuldade de me relacionar com pessoas, mas que com o João Pedro tudo tinha fluido muito bem, não queria decepcioná-lo, mas acabou acontecendo, porém meu avô ouviu pacientemente e não me repreendeu e nem mudou suas feição gentil em momento algum.
— João Miguel se avô e velho mais nem tanto, eu sei que existe amor entre homens, um dos melhores chefes que já tive na vida era casado com outro homem e isso não o tornou menos chefe do que ele foi, não te criei para ficar com mulheres ou com homens filho, criei você para que fosse um homem honesto, trabalhador e firme. — Cara foi como se um peso enorme estivesse saindo das minhas costas, seu Mariano era a melhor pessoa que já tive a oportunidade de conhecer e tive muita sorte dele me amar.
— Vô eu estou tão confuso.
— Sabia que quando conheci sua avó eu gostava de outra pessoa, tinha uma namoradinha, mas não era nada sério. — Isso eu nunca soube. — Mas quando conheci sua avó nada mais fazia sentido se não ficar com ela, larguei tudo e ficamos juntos, depois nos casamos e amei essa mulher por todos os dias que passei com ela e ainda amo meu filho, mesmo ela não estando mais aqui, fiquei confuso se deveria mesmo largar tudo por ela naquela época, mas no final foi a melhor coisa que fiz na vida, você tem que se perguntar se esse rapaz realmente vale a pena, se valer vai e lutar pelo que você quer assim como ensinamos você.
Pensei mil vezes em como falaria sobre o João Pedro para o seu Mariano e nenhuma delas foi assim, no fim ele continua sendo meu objetivo como homem, continuou sendo meu melhor amigo, bem diferente daqueles que um dia cheguei a chamar de irmãos, fui para o meu quarto e descansei, não falei com João Pedro e nem com Dimas que ainda tentava falar comigo, só desliguei o telefone e fui dormir, na semana seguinte foquei no meu trabalho, João Pedro havia sumido de novo e resolvi que dessa vez não mandaria mensagens, quando foi na quinta feira estava de plantão e Dimas finalmente havia me convencido a sair para jantar, por coincidência encontrei com Adriana e o novo namorado dela no restaurante, quando perguntei pelo João Pedro ela ficou super desconfortável.
— Ele não falou nada com você, né? — Ela disse.
— Falou sobre o que? — Meu coração apertou.
— JP está namorando com o Emanuel, aquele que foi para o aniversário do Nicolas. — Meu mundo desabou, foi como se o chão faltasse nos meus pés.
Fiz o máximo de esforço para transparecer que estava tudo bem, me despedi dela, acabei aproveitando que Dimas não tinha chegado ainda no restaurante e falei que não ia conseguir sair por causa de um trabalho e voltei para delegacia sem ter comido nada, na primeira oportunidade que tive stalkeei as redes do João Pedro e do tau Emanuel e era verdade, tinha um video que o Emanuel postou pedindo ele em namoro na viagem que eles fizeram, nem vi o video todo, as pessoas desejando felicidades um dos comentários que mais me chamou atenção foi de uma amiga deles falando finalmente JP disse sim para o Manel.
Fiquei muito puto, mas respirei fundo, parei de seguir todos eles nas redes, Adriana, João Pedro até o tau Emanuel, apaguei o número do João Pedro do meu celular, mas tudo isso parecia pouco, como ele conseguiu transar comigo enquanto estava se relacionando com outra pessoa e ainda por cima me dizer que nossa conexão era verdadeira, isso explicava o por que dele ter demorado a responder minha mensagem, me senti o cara mais idiota do mundo, a pior parte é que isso só deixavam meu bloqueio com relacionamentos ainda pior, peguei os plantões de todos os meus amigos e trabalhei direto praticamente morando na delegacia pelo resto da semana e fim de semana, todo e qualquer horario que consegui pegar assim o fiz, queria ocupar minha mente até esquecer que estava apaixonado por um cara que estava namorando outro e que tinha me feito de trouxa.
