Vicio - Abstinência

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 1717 palavras
Data: 19/03/2024 00:06:56
Assuntos: Demi, Gay

Sai do trabalho no sábado de manhã e voltei direto para minha cidade, estava muito cansado e sem vontade de sair, Luís Paulo me mandou mensagem me chamando para sair a noite e ainda disse que Dimas e Luciano iriam colar, maldita hora que passei minhas escalas no grupo, estava num daqueles dias em que não se quer fazer nada, porém se até o Luciano iria brotar não tinha como eu ser o que iria faltar, então quando cheguei em casa só tomei um banho, depois comi uns pães que comprei na padaria quando cheguei com o café do seu Mariano que é o melhor do mundo.

— Como está o trabalho, filho? — Me perguntou enquanto comia.

— Tudo indo bem, seu Mariano, fizemos uma prisão grande que saiu até no jornal local. — Falei um pouco sobre o trabalho.

Depois cai no sono, deixei o celular carregando e simplesmente apaguei, entrei em um sono tão profundo já que não dormia direito a uns dois dias, mas meu sono foi interrompido pelo barulho do meu celular, atendi meio desnorteado e logo um som alto do outro lado da linha me incomodou, abri os olhos e vi o nome do Luís Paulo na tela, ele tentava falar algo, mas não dava para ouvir absolutamente nada, então desliguei e conferir suas mensagens, tinham quatro mensagens dele e nem uma do João Pedro, abri as mensagens do meu amigo e ele estava louco querendo saber se demoraria muito para aparecer, foi só ai que me dei conta que já passava das dez.

— Foi mau cara, tava no plantão, acho que vou deixar para proxima. — Falei com a menor disposição para sair da cama.

— Ah não João Miguel, vou te dar só mais uma hora para você aparecer aqui, ou vamos nos três para sua casa e você sabe que seu Mariano odeia a gente. — Meu avô não odeia meus amigos, talvez ele não goste muito do Luís Paulo, mas não quero entrar em detalhes.

— Serio porra tô cansado.

— Foda-se, uma hora João Miguel. — E ele deixa de ficar online no aplicativo.

Foi a forma dele de desligar o telefone na minha cara, agora não me resta muita opção, eles já devem está bêbados o que significa que a ameaça é real, eles sempre apelam para meu respeito ao meu avô, levanto mesmo, tomo um banho gelado para tentar conseguir a coragem que preciso, depois visto a primeira camisa social que encontro e coloco uma calça jeans, passo um perfume pego a carteira, o celular e a chave do carro, não foi a melhor das minhas produções, mas foda-se também, não é como se o João Pedro fosse está por lá, e ele é o único com quem ando querendo ficar.

Passados quarenta minutos chego até a mesa em que meus amigos estão e para minha surpresa os três estão acompanhados com minhas que não são suas namoradas, sério não sei por que esses caras namoram, na moral, a mina do Dimas é muito boa para ele e o cara não dá valor, já avisei que ele vai acabar perdendo ela, a do Luís Paulo sabe que leva chifre, briga, termina e ele aparece no trabalho dela ou na casa dela e mando o papinho escroto de sempre e ela volta, já o Luciano é mais reservado, nem conheço direito a namorada dele, não sei se ela sabe das escapadas dele, a única coisa que sei é que do nosso grupo eu sou o último fiel, mas cometo meu pecado pela omissão quando saímos com as namoradas oficiais.

Traição na minha família é algo tão comum e banal que não me choca mais desde que era criança, vi minha mãe chorar muitas vezes por causa do meu pai, quando entendi o que ele fazia fiquei decepcionado, mas não deixei de amar meu pai como meus primos, porém meu avô passou a ser meu exemplo de homem a seguir, enquanto meu pai era o exemplo de tudo que você não deve fazer ou ser, esses pensamentos me deixam distante tanto que ao me sentar nem comprimento ninguém, estou chateado e não sei explicar exatamente por que.

— Que cara é essa João Miguel? — Pergunta Dimas.

— Vão se fuder, essa é a cara de quem não dormi a dois dias caralho. — Não era incomum sermos grosseiros uns com os outros, mas sei que o que está me irritando me fez passar um pouco do ponto. — Foi mau é que estava mesmo dormindo quando me ligaram.

— Esquenta não João Miguel, temos uma surpresa para você. — Dimas mal fecha a boca e mais gente que não conheço se senta à mesa.

Luís Paulo me chama para ir com ele no bar comprar mais bebida, então o acompanho, sei que esse é o código para ele falar algo comigo que não pode falar na mesa na frente das piranhas dele, estou tentando melhorar minha cara, mas hoje está meio difícil, devia ser o sono mesmo afinal não dormia direito a dois dias — viu já estava até repetitivo e prolixo — me esforço um pouco para focar no que o meu amigo quer comigo.

— João Miguel, preciso que tu me quebre um galho.

— O que você quer? — Perguntei prevendo algo bem complicado.

— Cara é que a mina que eu to pegando ela tem um amigo.

— Pode parar bem ai. — O interrompi, pois já sabia bem para onde essa conversa estava indo.

— Porra João Miguel, tu não é gay? — Essa pergunta me deixou tão puto que se não fosse os anos de amizade estaria esmurrando ele agora.

— Vai se fuder, eu não sou gay e outra não vou ficar com uma pessoa que eu nem conheço só para você se dar bem Luis Paulo. — Nem percebi que minha voz deu uma levantada.

— Cara isso é homofobia. — Esse cara é inacreditável.

Deixo ele falando sozinho e vou indo para saída, meus outros amigos perceberam a nossa briga e Dimas veio atrás de mim enquanto Luciano foi “consolar” o Luis Paulo como sempre, Luciano sempre passou pano para as babaquices do Luis Paulo, já o Dimas fazia o papel do insentão, ficava no muro o quanto podia se ele não fosse um dos envolvidos, mas dessa vez ele veio falar comigo, me seguiu até meu carro que estava quase na esquina.

— João Miguel, espera. — Ele fala e finalmente paro. — Cara o que está acontecendo?

— Eu cansei das babaquices do Luís Paulo só isso. — Respondo agora com meu tom de voz normal, porém mantendo o grave de raiva em meu tom.

— João Miguel, o LP sempre foi babaca, mas desde que você começou a ficar com esse tal de João Pedro você ficou diferente. — Cara não estava acreditando no que estava ouvindo.

— Ah não Dimas, vai se fuder você também, o cara veio querer me jogar para cima de uma pessoa que nem conheço.

— Ele sempre fez isso e não só com você, porque isso é um problema agora? — Ele não entendia até porque meus amigos não sabem sobre a Demisexualidade.

— Pois é e eu cansei, estou de saco cheio disso, não forço vocês a fazerem o que eu quero, nunca pedi algo que deixasse vocês desconfortáveis, por que diabos tenho que cede sempre.

— Desconfortável? Ele só estava achando que por você ser bi você ficaria com o cara assim como já fez com as minas que ele te arrumou. — Falando assim parecia até que eu estava dando um piti do nada.

— Dimas eu não sou como vocês, eu tentei, juro que tentei, mas não sou, João Pedro não tem nada haver com isso, alias em partes, tipo ficar com ele abriu meus olhos para o que eu realmente quero.

— O que isso quer dizer? — Dimas me perguntou.

— Dimas, eu não consigo transar com qualquer pessoa, eu tenho receios e traumas que você nem pode imaginar, durante todos esses anos me forcei a ser normal, ou pelo menos o que vocês ditam como normal, mas eu não sou assim, João Pedro não foi o primeiro com quem gostei realmente de ter algo, já aconteceu, é raro, mas aconteceu, só que com ele é diferente é melhor, não sei explicar.

— João Miguel, não estou entendo, como assim trauma cara? — Essa é a razão por eu nunca ter contado isso a ninguém, a cara de preocupação e medo que o Dimas fez para mim naquele momento é a razão de ter escondido isso por todos esses anos e vou levar isso pro túmulo comigo.

— Esquece Dimas, tenho que ir, preciso mesmo dormir.

— João Miguel, sou seu irmão, somos amigos caralho, me fala o que está acontecendo me explica por favor. — Nunca vi Dimas tão preocupado.

Não queria conversar ali então fomos até a burgueria que o João Pedro me apresentou para comer algo e conversar com mais privacidade, chegando lá abro o jogo da Demisexualidade com Dimas, conto o que é e como tenho convivido com isso todos esses anos tentando manter em segredo dos meus amigos mais próximos.

— Isso explica muita coisa, mas aí com o João Pedro subiu?

— Todas as vezes, ele chega perto e fico duro, não sei explicar, temos uma conexão que até parece que vem de vidas passadas.

— Cara você tá muito fodido, você foi ter um imprinting logo com um vagabundo que foge de relações sérias?

— Você vai meter referência de crepúsculo agora Dimas? — Falei fingindo seriedade.

— Minha namorada me fez marotonar essa porra com ela esses dias. — Ele explica.

— Eu sei que ele além de mais novo não quer nada sério, é só que quando escuto ele chamar meu nome não consigo não responder.

— É meu caro você foi amarrar seu burro no pior lugar possivel, mas falando séiro agora, você tem que falar com Luís Paulo sobre isso que você me contou e com o Luciano também, a gente te ama João Miguel, você é nosso eterno Miguelito, eles vão entender tenho certeza, a galera ficou de boas quando tu falou que tava dando o cu. — Ele fala com uma naturalidade que assusta.

— Primeiro não estou dando meu cu e segundo acho que você tem razão, foi bobeira minha guardar isso por tanto tempo assim.

— Ainda João Miguel, mas do jeito que as coisas estão indo logo o JP vai está te encarando meu amigo. — Dimas é um pé no saco, mas não posso negar que essa possibilidade me anima.

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Comentários

Foto de perfil de Jota_

Tá na hora mesmo do JM se abrir com os amigos! E esse JP aí, a hora que se ligar talvez seja tarde

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Foto de perfil de Paulo Taxista MG

Mais um ótimo capítulo, na boa eles são amigos desde sempre, mais eles são péssimos amigos, se ele contar pra todos, talvez todos aceitam que nem o Dimas. Mais mesmo assim o LP é o pior de todos, pois é sempre ele que arruma as merdas todas. É não aceita os concelhos dos outros.

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