Contratados: A Rendição - Capítulo 15

Um conto erótico de M.K. Mander
Categoria: Gay
Contém 9500 palavras
Data: 11/03/2024 02:59:33
Última revisão: 11/03/2024 03:04:46

CAPÍTULO 15

“MARCOS VALENTE”

“Foi só sexo, Marcos...” Duas semanas depois, as palavras de Anthony na noite em que voltamos da ilha ainda me atormentam. Deveriam? De maneira alguma, afinal, eu já perdi as contas de quantas vezes disse as mesmas vogais, consoantes e espaços exatamente nessa ordem, inclusive para o próprio Anthony no que parece ter sido uma vida inteira atrás.

Por que dessa vez é diferente? Porque todas as vezes em que usei essas palavras, eu estava falando a verdade, Anthony, não. Se eu tenho uma certeza, é de que, o que quer que tenha acontecido entre nós, não foi só sexo.

Sexo não teria me deixado viciado depois de apenas três dias.

Sexo não tatuaria ao nosso redor essa aura de continuidade mesmo depois de duas semanas sem que eu tenha, nem mesmo, beijado sua boca.

Sexo não me aporrinharia, dia e noite, com lembranças e uma necessidade fodida por mais.

Sexo não teria me reduzido a um homem patético que não cansa de esperar, de correr atrás, de dizer o quanto quer mais, mesmo sabendo que receberá a mesma resposta mentirosa de antes. Não foi só sexo e eu estou ficando cansado de Anthony fingindo que foi.

Eu consigo entender sua motivação. Ele está com medo, afinal, como já me disse inúmeras vezes, tem Isabella e se isso der errado, não será o único afetado. Mas nós estamos casados, morando debaixo do mesmo teto e temos um prazo estabelecido até o nosso divórcio. Não dá para dar mais errado do que um casamento, e, ainda, um casamento com prazo de validade.

Não é como se ele corresse o risco de eu não ligar no dia seguinte. Ou de chegar à minha casa e me encontrar com outra pessoa. Não é como se eu já não tivesse deixado mais do que claro que o tratarei com respeito. Eu posso ser babaca, como ele adora me chamar, mas nem mesmo eu seria capaz de arriscar minha própria paz pelos próximos vinte e quatro meses por pura estupidez.

Mas ele nem mesmo me dá uma chance. Não importa como eu aja, sua cabeça já determinou que eu não sou bom o suficiente. E eu quero rir de mim mesmo, porque outro comportamento que perdi as contas de quantas vezes já reproduzir? Repelir a aproximação de um cara, decidido de que qualquer coisa além de uma noite, duas ou três, estava fora de cogitação.

As coisas, definitivamente, não são tão divertidas do outro lado da ponte. E a pior parte é que meus esforços para me aproximar parecem ter, apenas, o efeito contrário.

Na noite em que Isabella teve o pesadelo, por exemplo. Eu, obviamente, não fiz nada além de ser guiado pelo desespero e bom senso, o que me levou a um dos momentos mais inacreditáveis da minha vida. Eu, deitado na minha própria cama, com um homem a qual não toquei qualquer parte do corpo que não a mão, e uma criança envolvida e cercada por uma infinidade de cobertores.

A situação era ridícula. Absolutamente ridícula. Exatamente como eu no início daquela noite. No entanto, quando Tony me estendeu a mão, eu a segurei, porque tinha certeza de que tudo aquilo seria um prato cheio para a sua síndrome do impostor, e que, se deixado sozinho, o primeiro pensamento que atravessaria sua mente era o de ser um pai ruim pelo simples fato de não poder estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Absurdo. Mas, ainda assim, tão real, que eu soube que aconteceria, mesmo que Anthony tenha investido muito mais tempo em fugir de mim, desde que voltamos de viagem, do que em me deixar conhecê-lo.

E mais improvável do que a situação, somente a reação de Anthony, que transformou algo que tinha tudo para nos aproximar em mais uma justificativa torpe para fugir de mim. Depois daquela noite, ele finalmente aprendeu que se deixasse uma garrafa de água em seu quarto, não precisaria atravessar a casa durante a madrugada.

Respiro fundo, pensando em toda e qualquer coisa que envolva Anthony, ao invés de naquilo em que eu deveria estar prestando atenção, a reunião do conselho que se desenrola ao meu redor.

— Que conste em Ata a decisão, tomada em reunião ordinária do conselho diretor do escritório de advocacia Valente & Camil e associados, de nomear Marcos Valente como sucessor do atual sócio administrador, Joaquim Valente, na ocasião de sua aposentadoria, em exatos setenta e cinco dias, a contar de hoje. — Ouvir meu nome finalmente me dá algo além de Anthony em que me concentrar e eu sorrio, aceitando cumprimentos silenciosos dos homens e mulheres ao redor da mesa.

Nenhum deles vêm de qualquer um dos componentes do conselho. Não. Esses nem mesmo tentam esconder sua insatisfação com a decisão que acabaram de anunciar, hipócritas do caralho! A reunião é encerrada e os cumprimentos deixam de ser acenos silenciosos e passam a abraços e apertos de mãos conforme as pessoas vão deixando a sala de reuniões, até que restemos apenas meu pai e eu.

O sorriso em seu rosto é imenso e, outra vez, as palavras de Anthony me atingem com a força de uma bala de canhão. Não as mesmas em que eu pensava antes, outras. Sua afirmação de que o maior legado do meu pai sou eu, não a empresa. E o que ele diz em seguida parece querer confirmar a certeza de Anthony.

— Você está feliz? — Uno as sobrancelhas e rio, confuso.

— Essa fala não devia ser minha?

— A minha resposta depende da sua, Marcos... Se eu quis tanto que esse dia chegasse, é porque acredito que isso é algo que você realmente quer, sempre quis. — Aproxima-se, parando ao meu lado, escorado na mesa de reuniões. — Minha tristeza com a possibilidade de outro me suceder não tinha nada a ver comigo, nunca teve... Preocupava-me, apenas, que em algum momento você olhasse para trás e se sentisse infeliz por ter aberto mão de algo que sempre quis...

— Eu estou feliz, pai... — respondo com sinceridade e o abraço.

— Então eu também estou! — Seus olhos estão presos aos meus e as palmas das suas mãos ao meu rosto, em que ele deixa tapinhas leves, exatamente como fazia quando eu era uma criança. — Agora, se dê o dia de folga e vá comemorar com seu marido! — sugere, me fazendo rir. Tudo o que eu não preciso é acrescentar ainda mais tensão à minha relação com Anthony em um jantar a dois.

Se eu achei que estava na merda depois de sete dias desde que o tive sem reservas, eu, definitivamente não sei onde me encontro agora, exceto que em um estado muito, mas muito mesmo mais intenso de agonia.

Prova A? Voltei ao mesmíssimo estágio de desespero pré-casamento em que bato mais punhetas agora, aos trinta e dois anos, do que bati durante a adolescência.

Primeira e última vez é o caralho. Eu não tenho uma visão ou explicação românticas para o que aconteceu naquela ilha, mas depois de reviver aqueles momentos dentro de minha própria cabeça, uma e outra vez, em um looping infinito, quaisquer dúvidas que eu pudesse ter sobre ter sido ou não, diferente, morreram.

“É uma péssima ideia...” Anthony disse. Mas não pode ser pior do que passar os próximos dois anos desejando isso com loucura. Essa, sem dúvida alguma, é uma ideia de merda.

— Como está Isabella? Sua mãe não para de falar dela!

— Ótima! — Apenas ouvir seu nome me faz sorrir, — Ela descobriu um novo filme essa semana... Finalmente saímos da fase da princesa e do dragão, agora estamos na das pessoas peixe. — comento e se eu não ouvisse minha própria voz, não acreditaria que sou eu quem está tecendo comentários sobre filmes infantis.

Interagir com uma criança é, definitivamente, algo novo. Eu ainda tenho medo de quebrá-la, mas como ela não parece tão preocupada com isso, as coisas ficam mais fáceis. Na verdade, não é como se Isabella me oferecesse qualquer opção.

Não lhe fiz nenhuma outra promessa seduzido por seu olhar de coitadinha, mas porra! Eu quis. Aquela garota sabe exatamente como conseguir o que quer e a única coisa que me impediu de lhe dar foi a lembrança contínua de um homem que também sabe conseguir exatamente aquilo que deseja e, pelo meu próprio bem, é melhor que isso não seja a minha cabeça em uma estaca.

No entanto, quando as vontades de Isabella não estão em conflito direto com as de Anthony, eu me vejo fazendo-as sem qualquer possibilidade de resistência. O que, nos últimos dias, significou desde provar slimes comestíveis de diferentes sabores, até assistir ao filme da princesa e do dragão três dias seguidos.

Esconder-me em meu quarto simplesmente não é mais uma opção, afinal, depois de ter construído uma fortaleza anti-monstros lá, Isabella se sente mais do que confortável em bater em minha porta e transitar pelo meu espaço como se fosse dela também.

Eu poderia pedir a Anthony que a impedisse? Poderia. Mas eu não quero, e a lembrança da sua gargalhada me faz rir. Meu pai espelha o som e eu não entendo o motivo, afinal, ele não faz ideia do que é que se passa em minha cabeça.

— Que foi?

— Saímos?

— Hum? — Não entendo e me pergunto se é possível que ele tenha dito algo e eu não escutei enquanto divagava.

— Saímos da fase da princesa e do dragão? — Franzo o cenho, ainda levando algum tempo para entender do que ele está falando e ergo as sobrancelhas quando finalmente me dou conta.

— É só uma forma de falar, pai... Só uma forma de falar... — desconverso, mesmo que a compreensão tenha me surpreendido.

— É claro que é... — Aceita minha fuga, mas não sem segundas intenções. — Então, onde você vai levar seu esposo hoje? — Volta ao assunto que eu acreditei ter sido encerrado.

— Na verdade, eu ainda tenho muito trabalho pra fazer hoje... Tenho uma audiência importante em dois dias, alguns contratos pra revisar, moções... A comemoração vai ter que ficar pra outro dia.

— De jeito nenhum! — nega, enfaticamente, assustando-me. — Alguma vez eu deixei de comemorar um momento importante com sua mãe e você? — Abro a boca para responder, mas fecho, porque seria obrigado a dizer que, não, nunca. Merda. Respiro fundo, procurando uma saída.

— Não, pai... É só que... Hoje não dá...

— Você vai dar um jeito, eu tenho certeza! Vou pedir à Sônia que faça uma reserva no restaurante do Grigio. — Decide por mim, me roubando a chance de lhe dizer que está muito em cima para conseguir uma boa reserva, mesmo que fosse mentira.

Se eu quisesse fechar o restaurante mais sofisticado da cidade em duas horas, eu conseguiria. Eu sei, ele sabe, e, ainda assim, aqui estamos.

— Pai...

— Sem pai! Casamentos se cultivam nos detalhes! — Dá outro tapinha em meu rosto, depois, aproxima-se, beija minha bochecha e, com um apertão em meu ombro, sai da sala, deixando-me sozinho para lidar com algo que não deveria ser um problema, mas é. Jantar com meu marido.

Suspiro, fecho os olhos e coço a testa.

Talvez não seja tão difícil assim, talvez...

**********

Sua gargalhada é como o som da felicidade e eu me pego sorrindo, idiota. Tão fodidamente idiota a ponto de ser levado a sorrir pelo seu deboche de mim, e mesmo completamente consciente disso, encantado em ver seu rosto se iluminar e o ambiente ao nosso redor ser contaminado pelo som que deixa sua boca.

— Você precisa parar de me olhar assim...

— Assim, como? — pergunto, sentado diante de Anthony no restaurante italiano do amigo do meu pai. Não é como se eu realmente não soubesse do que ela está falando, ou não tivesse tentado parar, mas eu simplesmente não consigo.

Não quando, ao contrário de mim, o universo insiste que as imagens que já tenho de Anthony, gravadas a ferro e fogo em minha mente, não são o suficiente e, esta noite, deu a ele a brilhante ideia de acrescentar mais uma que eu sei que não vou esquecer. Talvez não fosse tão difícil é o caralho...

E, exatamente como previ, assim que entramos no restaurante, cada par de olhos pertencente a alguém com um pau entre as pernas se virou na direção de Anthony, tornando toda a experiência que já não seria boa, ainda pior, porque, de repente, pela primeira vez na vida, eu me senti ciumento.

Sua companhia me tornou capaz de esquecer a sensação incômoda depois de alguns minutos ao substitui-la por outra tão completamente inesperada quanto a primeira. Alívio.

Eu sabia que não estava soltando fogos com o recente afastamento de Anthony, mas não tinha ideia de que estava sentindo sua falta, não até nos sentarmos aqui, conversarmos, rirmos e comermos juntos. As coisas entre nós acontecem e deixam de acontecer em uma velocidade tão absurda, que eu mal tenho tempo de entender o que foi e o que deixou de ser, até ser confrontado pela ausência.

Foi assim com seu beijo, com a sensação de tocá-lo , de receber seu toque, e, agora, percebo que também foi com sua companhia. Só sexo... Ele tem que estar de brincadeira!

— Como se quisesse que eu fosse a sua sobremesa... — Me responde sem qualquer constrangimento. O homem que se envergonhava, corava, abaixava os olhos e a cabeça constantemente, esquecido em outra vida.

— E se eu quiser? — Decido ser tão direto quanto ele. Olho para Anthony e inclino a cabeça para o lado. Seus olhos piscam levemente, ele não esperava por essa resposta. Sua expressão surpresa me mostra que ele está realmente desarmado e eu decido que, ao invés de uma provação, talvez esse jantar possa ser uma oportunidade.

— Isso não vai acontecer, Marcos... Simplesmente não vai.

— E por que não? Nós somos casados. — argumento e ele gargalha. Anthony não estaria rindo se estivesse passando pelo mesmo desespero que eu. Aliás, isso me tira do sério. Anthony não é imune a essa atração descontrolada que existe entre nós. No entanto, é quase como se não se importasse.

— Justamente por isso! A gente não precisa complicar tudo por causa de sexo, Marcos.

— Então você está me dizendo que se eu estivesse fodendo outra pessoa estaria tudo bem, porque assim nós evitaríamos complicar o nosso casamento?

— Você não está? — Parece genuinamente surpreso e minha boca seca. Porra! Esse homem não me deixa fodê-lo, mas continua fodendo meu juízo como se esse fosse seu esporte favorito!

— Você está? — faço a pergunta e meu coração vem na boca em expectativa pela resposta. Ah, caralho! Suas sobrancelhas se erguem, ele desvia o olhar brevemente, antes de voltar a focá-lo em mim.

— E se eu estiver, Marcos? Isso seria um problema? Porque até onde eu me lembro, desde que sejamos discretos...

— Isso foi antes de eu sa— paro no meio da frase, me dando conta de que eu estava prestes a lhe dizer que, sim, me importo se ele estiver transando com outro. Puta que pariu!

Anthony ri. O maldito ri da fonte do meu desespero e eu viro todo o vinho que ainda restava em minha taça de uma vez na boca.

— Antes de você achar que eu realmente faria isso... — fala lentamente, como se estivesse degustando as palavras. — Era o que você ia dizer, não era?

— Não! — nego, mas sua sobrancelha arqueada me diz que ele não acredita.

— Mentiroso! Então você pode, mas eu não?

— Se nós dois transássemos, a vida seria muito mais fácil... — Abre a boca, mas eu lhe poupo o trabalho, — Eu sei o que você vai dizer, vai me chamar de criança birrenta. — Sorri e seus olhos gritam uma de suas frases favoritas, “Você aprende rápido...”, reviro os meus e tomo uma inspiração profunda antes de voltar a falar. Até eu sou capaz de reconhecer que o ciúme é uma péssima abordagem. Tento outra.

— Do que você tem tanto medo, Anthony?

— O que você chama de medo, eu chamo de bom senso... — Sua voz é calma. Completamente diferente de mim.

— Isso explica muita coisa, porque tem um pouco mais de um mês que perdi o meu... — Anthony gargalha.

— Oh, então agora a culpa é minha?

— Minha que não é! — aponto o óbvio. — Anthony... — Olhos escuros me encaram em expectativa. Ouço seus gritos, eles querem fugir outra vez e as palavras estão sendo ditas por mim antes mesmo que eu tenha a chance, intenção ou vontade de processá-las, — Por que você se esforça tanto pra fugir?

— Nós não vamos jogar esse jogo, Marcos... — Desvia os olhos dos meus e eu tenho quase certeza de que se eu lhe der a oportunidade, Anthony vai achar não apenas uma fuga de palavras, mas uma física também.

— Como você faz isso? — Minha dúvida é genuína. Eu não sei como ele é capaz de simplesmente ignorar algo que está me fazendo beirar o desespero, — Como você consegue se negar algo que quer tanto? Porque você pode fugir o quanto quiser, Anthony... Mas a verdade é que a cada dia que passa, você suporta menos que eu te toque sem sentir que está enlouquecendo um pouco mais... — Morde o lábio e desvia os olhos dos meus.

— Digamos que o Hulk e eu temos o mesmo segrego... — As palavras saem baixas, ditas ainda sem que ele olhe para mim. Quase como se Anthony estivesse dizendo isso muito mais para si e elas são seguidas por uma risada seca.

— Eu não faço a menor ideia do que isso quer dizer... — Volta a prestar atenção em mim, sorri, e eu balanço a cabeça, negando. Mais um enigma, mais uma complicação.

— Tudo bem, você é um advogado... Faça seu caso! — Não é um pedido, nem uma ordem, é o tipo de coisa que você diz para fazer alguém calar a boca e eu quero rir, mesmo que não esteja achando qualquer graça. Viro a cabeça levemente, faço um bico com os lábios, tamborilo os dedos sobre a mesa, e respondo.

— Não.

— Não? — repete, surpreso.

— Não. — Balanço a cabeça, confirmando a única palavra que deixou minha boca e me recosto na cadeira. É a vez dele de inclinar a cabeça para o lado e erguer uma sobrancelha.

— Achei que você tivesse dito que me queria como sobremesa... Eu estou te dando uma oportunidade... — Confuso. Anthony está realmente confuso.

— Não, não está! E você sabe disso. Você está brincando comigo, aliás, eu estou começando a me perguntar se você realmente parou de fazer isso em algum momento... — Meus dedos voltam a tamborilar a mesa enquanto olho para ele e o silêncio se estende entre nós. — Não existe nenhum motivo que eu possa te dar que você já não tenha, Anthony. O que eu te diria? Que nunca antes foi como foi com você? Que eu não quero só transar com você? Que eu quero sua companhia, suas risadas e seu humor terrível pela manhã? Que eu acredito de verdade que os próximos dois anos podem ser muito melhores do que esse jogo sem graça de gato e rato que nós estamos jogando? — Dobro o lábio inferior e balanço a cabeça para um lado e para o outro. — Você já sabe de tudo isso e, ainda assim, foge... Me pedir pra repetir mesmo sabendo que não vai mudar nada é uma brincadeira de muito mal gosto...

— Você não está sendo justo comigo... — fala baixo, atingido pelas minhas palavras e eu suspiro.

O clima de diversão entre nós foi completamente substituído por tensão. Aquela, que já é nossa velha conhecida e uma outra, a quem nós dois ainda não havíamos sido apresentados. Ele engole em seco e pega a taça de água diante de si. Goles pequenos fazem sua garganta se movimentar devagar.

— E você? Está sendo justo comigo? — Não desvio os olhos dos seus, essa fuga eu não lhe dou. — Veja bem... Eu não sou um homem de discursos eloquentes ou de grandes gestos e, mesmo assim, continuo me pegando de novo e de novo em situações em que hora estou fazendo um, hora estou fazendo outro, e em todas elas, eu faço pra você... — Ele bufa.

— E agora você está jogando isso na minha cara...

— Não... — rio, sem humor, — Eu estou conversando com você, e você achar que eu realmente estou fazendo qualquer coisa diferente, só prova o meu ponto. Você está sempre esperando o pior de mim, Anthony... Quase desejando, e continua negando a si mesmo e a mim algo que seria incrível sem nem ter a decência de me dizer o porquê, porra! — Abre a boca, mas eu acabo de descobrir que estou realmente irritado e ainda não terminei.

— Não é não! Eu entendo isso e não questiono, mas você não me diz não, você não quer me dizer não, simplesmente foge. De novo e de novo, sem se importar com o rastro que deixa pra trás, isso soa justo pra você, Anthony? Porque pra mim, com certeza, não soa! — Afasto-me do encosto da cadeira, de repente, enérgico demais para manter uma postura tão relaxada.

Apoio um dos cotovelos sobre a mesa, aproximando-me de Anthony muito menos do que eu gostaria, mas, ainda assim, muito mais do que eu deveria, porque preciso manter a racionalidade aqui e todo mundo sabe que ele faz as malas e me dá adeus no instante em que eu sinto o calor do corpo desse homem terrivelmente mau.

— Vamos inverter a situação... E se fosse o contrário? E se fosse eu a fazer o que você está fazendo? Eu seria um grandessíssimo filho da puta, não seria? — Apesar das palavras duras e da irritação que me leva a dizê-las, a calma em minha voz é surpreendente, porque eu não quero nada além de entender Anthony, mesmo que eu já não ache que ele vá me dar esse privilégio. — Então me diz, esposo... Todo esse tempo, você estava apenas sendo o vingador que Graziela disse que você seria, ou realmente existe um motivo pra tudo isso? Porque, nesse momento, eu não consigo enxergar alternativas e estou muito tentado a começar a acreditar na primeira.

— Marcos... — começa a falar, mas para logo depois de dizer meu nome. A luta que Anthony trava dentro de si mesma me atinge como uma onda gigante que arrasta tudo por onde passa. Arrasta, inclusive, uma vontade súbita de dizer que não precisa, de lhe dizer que eu retiro minhas palavras e isso me faz franzir as sobrancelhas. Minutos inteiros são assassinados e nada além do meu nome é dito.

Estendo a mão e pego a taça de água diante de mim. Tomo alguns goles lentamente. Balanço a cabeça, derrotado e confuso como o inferno com a maneira que reagi ao que quer que minhas palavras tenham causado ao Anthony.

Ele está se sentindo mal por ter entendido que está me fazendo mal. Isso não deveria fazer com que eu me sentisse bem? Então por que caralhos não está?

Expulso o ar dos pulmões, subitamente cansado e eu me lembro do motivo de esse não ser o tipo de coisa que eu faço. Eu não sou o tipo de cara que entende e cuida do cara e nem sei como é que eu vim parar aqui, sentado neste restaurante, tentando ser.

Olho para meu esposo, seus braços estão apoiados sobre a mesa e ele está olhando para mim como se me implorasse que ouvisse os gritos de seus olhos e quisesse escondê-los de mim ao mesmo tempo.

— Pede a sua sobremesa? Eu preciso ir... Eu... Eu volto logo. — Tiro o guardanapo aberto de cima das minhas pernas e sem esperar pela sua resposta, a deixo sozinha.

************

— Me desculpe... — Anthony diz quando estamos nos aproximando da porta do seu quarto e eu viro o rosto em sua direção. Acho que é a primeira vez que ele me diz essa palavra querendo realmente dizê-la.

Quando voltei à mesa depois de algum tempo, deixei do lado de fora do restaurante qualquer vontade de retomar o assunto que discutíamos. A uma distância segura dele, desistir foi fácil.

Encontrá-lo com uma expressão carregada no rosto testou minha determinação, mas eu a mantive e, experimentando a mesma postura de Anthony, vesti uma máscara de indiferença.

Roubei algumas colheradas da sua sobremesa e Anthony não reclamou, apenas observou tudo acontecer como se estivesse se perguntando o que mudou em dez minutos. Fiz piadas insignificantes sobre todo e qualquer assunto oportuno, me comportei exatamente como sempre me comportei com qualquer outro cara, só para perceber que nunca antes com Anthony eu havia usado uma máscara.

Nosso primeiro encontro aconteceu no pior momento possível, comigo desacordado, bêbado, prestes a sufocar em meu próprio vômito. Me apresentei a ele completamente despido de gentilezas e eufemismos, porque queria que ele soubesse exatamente quem lhe propunha o que.

Depois, um evento conturbado depois do outro continuou me atingindo todas as vezes em que estávamos juntos e eu precisei reagir, continuamente, sem jamais ter tempo para fazer qualquer coisa além de ser sincero, além de ser eu mesmo. E, até o momento em que me dei conta disso, na mesa daquele restaurante, eu ainda não entendia porque a resistência de Anthony me afetava tanto, ou me deixava tão irritado.

Quando entendi, eu quis rir de mim mesmo. O que está me deixando louco, além do tesão reprimido, logicamente, é o fato de que eu não tenho sido nada além de sincero com Anthony.

Todo mundo usa máscaras, mas, com ele, eu nunca nem mesmo ensaiei um teatro, e, ainda assim, ele insiste em guardar partes de si mesmo de novo e de novo. E mesmo quando eu, logo eu, me vejo naturalmente disposto a agir como nunca pensei ser capaz de me comportar, ele não nega querer, ele não diz que não me quer, ele simplesmente foge, se esconde, se mascara.

Na mesma medida em que me entendi, me senti estimulado a fazer com ele exatamente o que ele vem fazendo comigo desde sempre, não por pirraça, mas porque não sei mais como agir.

Não senti prazer algum, eu odiei cada segundo. Odiei cada sorriso forçado. Odiei cada risada superficial. Odiei não aproveitar os momentos finais da companhia dele com uma conversa gostosa, com seu humor ácido, ou com sua forma direta, quase grosseira de se expressar. Odiei não poder falar de Isabella, odiei que todas as minhas vontades fossem demais para aquilo que o homem diante de mim estava disposto a me dar.

E essa é toda a razão pela qual eu olho para ele agora querendo tanto que ele esteja sendo sincero comigo.

— Pelo que? — Paramos ao alcançar a porta do quarto de Anthony depois de ambos termos feito uma visita silenciosa a uma Isabella adormecida. Seus dentes são afundados no lábio inferior, sua cabeça é tombada para trás, apoiando-se na porta, e seus braços caem soltos ao lado do corpo.

De frente para ele, enfio as mãos nos bolsos e espero. E espero. E espero. E sorrio mesmo que não haja graça. Movo a cabeça para cima e para baixo antes de me despedir.

— Boa noite, Anthony...

— Você é péssimo nisso... — diz, interrompendo minha caminhada depois de apenas dois passos. — Eu sei o que você está fazendo e você é muito ruim mesmo... — É mais forte do que eu e mesmo sabendo que não devo, me viro, encarando seus ombros eretos e seu olhar escandaloso.

— E o que seria isso?

— Fingir que não se importa... — Abaixa a cabeça devagar com uma risada amarga. Eu rio também, tão desgostoso quando ele. Mas só até que suas palavras se assentem em minha mente. Minhas bochechas se esticam conforme meus lábios voltam à posição normal. Giro a cabeça levemente, franzo o cenho e pisco os olhos com força na tentativa de clarear meus próprios pensamentos.

Um após o outro, os momentos em que Anthony fugiu de mim passam diante dos meus olhos, por trás das pálpebras fechadas e, agora, tudo parece tão claro, que, não pela primeira vez quando se trata do meu esposo, eu me sinto estúpido por ter levado tanto tempo para perceber algo óbvio.

— Marcos? — A respiração de Anthony falha quando dou um passo largo para frente, transformando o espaço entre nós em um fio de distância. Ergo a mão e toco sua bochecha, mas o toque leve rapidamente se transforma em um agarre quando meus dedos deslizam pela pele e se infiltram entre as raízes dos seus cabelos. — O que você está fazendo? — Engole em seco e os pelos dos seus braços se arrepiam, ah esposo! Você está atuando, não está?! Rio. Porra, esse homem!

— Marcos... — Sua voz agora é um sussurro e se eu tivesse qualquer dúvida sobre a conclusão que acabei de chegar, elas saltariam de precipícios nesse exato instante e se estilhaçariam no chão muito, muito abaixo dos topos dos prédios. Sem conseguir impedir o riso em minha voz, afundo o nariz no pescoço de Anthony, aspirando seu cheiro que se tornou minha droga preferida, a única de que preciso.

Depois, deixo que minha língua lamba o caminho até sua orelha, ao finalmente alcançá-la, sussurro: — Você finge... — Pauso, olho seu rosto bonito, a máscara de indiferença finalmente caindo. Olhos levemente arregalados e pupilas completamente dilatadas me observam. — A porra dessa dúvida me atormenta há semanas... — Mordo o lóbulo da orelha de Anthony e aproximo meu corpo do seu até que eles não só se toquem, como se pressionem... Não evito o risinho baixo e volto a focar meus olhos nos seus.

— O segredo do Hulk, Anthony... — Balanço a cabeça para cima e para baixo, concordando comigo mesmo. — O segredo dele é estar sempre com raiva... O seu... — Aproximo nossos rostos até que a proximidade dos nossos lábios torne insuportável a pouca distância que os separa, — É estar sempre fingindo que consegue se manter longe. — Anthony arfa e estremece, entregando-me a vitória que eu já tinha desistido de receber, — O tempo todo... — Minha voz é baixa, ainda tão incrédula que está despreocupada em anunciar a própria vitória.

— E, assim, você me mantém distante o suficiente pra que eu nunca descubra. — O riso está minha boca, olhos, voz. — E você é bom, Anthony! Você é muito bom, — admito, porque é verdade. — Tão bom, que foi capaz de me fazer esquecer que é um excelente ator. — Arfa, atingido pelas palavras exatamente como achei que seria, seu corpo inteiro reage a elas e ao que minha descoberta significa para nós dois. — Mas me diz uma coisa. — Olhos quentes, lábios entreabertos esperam pela pergunta, — O teu cuzinho também atua? — Minha voz é rouca, completamente engolida pelo desejo agora que sua satisfação é iminente. O calor, o cheiro, o gosto do corpo de Anthony, tão insuportavelmente perto, assaltam meus sentidos, entorpecendo-os com o excesso, — Ou, se eu enfiar minha mão na sua cueca, vou te encontrar durasso de tesão exatamente como eu acho que você está? — Geme. Baixinho. Gostoso. Meu coração acelera no peito me mostrando que eu estava enganado. Seu cheiro não é a única droga de que preciso. Necessito de seus gemidos também e se a reação do meu próprio corpo for algum indício, eles me são muito mais letais do que apenas o vício do seu cheiro. — Se eu arrancar sua camisa, eu vou encontrar teus mamilos duros, implorando pela minha boca, minha língua, pelos meus dentes? — Um batimento cardíaco, dois, três, é o tempo que lhe dou, — Ah, Anthony... Você deveria ter guardado esse segredo pra você! — São minhas últimas palavras antes de saquear sua boca com toda a vontade que existe no mundo inteiro e que ainda não parece o suficiente.

Minha língua se infiltra por sua boca quente, molhada, gostosa, e antes que eu tenha chance de qualquer coisa, as unhas de Anthony estão descendo por minha nuca, arranhando minha pele, seu corpo está se esfregando no meu e ele está conquistando minha boca com a mesmíssima intensidade com que tomo posse da dele.

******************************

*** ANTHONY ***

Não existe ar, e eu não preciso dele. Meu coração bate em um ritmo frenético e inexplicável. — Nenhuma parte do corpo deveria ser capaz de se mover tão rápido. — O beijo é longo, gostoso, intenso e tem gosto de desespero e saudade. Sim! Saudade, eu senti tanta saudade dessa boca, da forma como o beijo de Marcos parece rasgar meu corpo de ponta a ponta e, ao mesmo tempo, se submeter a mim, me entregando tudo o que eu quero, o que eu preciso.

Nós somos línguas e mãos e braços e pernas e pele e suor e gosto e sabor e somos um só num emaranhado de sons e membros até não sermos mais, porque ele se afasta.

Abro os olhos tão lentamente que sou capaz de enxergar meus cílios tremerem antes de minha visão se fixar em qualquer coisa ao meu redor. Meu corpo parece, ao mesmo tempo, em abstinência de oxigênio e com excesso dele. Enxergo levemente embaçado e tudo em mim reage a distância recém-imposta por Marcos com uma necessidade agonizante de acabar com ela.

Não preciso de um espelho para saber exatamente como está minha aparência agora, eu a sinto. Meu colo avermelhado, meus lábios inchados, molhados, minhas bochechas coradas, Marcos parece beber dessa visão. Parece saber exatamente o que estou pensando e o quanto estou desesperado para voltar a ser tomado por sua boca, por seus braços, por seus dedos, mas não é isso o que ele faz.

Com a respiração ofegante e um leve tremor envolvendo todo o seu corpo, ele fala.

— Eu posso ser um babaca, Anthony, mas eu nunca menti pra você, nunca te enganei, nunca te fiz promessas que não estava disposto a cumprir, ou agi de acordo com algo que não fosse a minha intenção. — Arrasta as mãos pelos cabelos, parece tão pego de surpresa pelas próprias palavras, pela própria atitude, quanto eu. É como se ele não acreditasse no que está fazendo, mesmo que esteja. — E eu tô cansado de ser sempre eu a pedir, a esperar, a descobrir, a me expor... — Desvia os olhos de mim. Girando a cabeça para o lado apenas por três segundos, dobra os lábios para dentro da boca, esfrega-os um no outro e mesmo no meu estado de completa afetação e ausência de racionalidade, eu consigo entender o que ele diz, e, pior, concordar. Depois de uma expiração profunda, Marcos volta a falar pausadamente, querendo garantir que não restem quaisquer dúvidas a respeito do significado de suas palavras. — Você não é uma criança, você não precisa ser conduzido, você sabe o que quer e não pede permissão pra pegar! É esse o homem que você é e é esse o homem que eu quero! Quando você cansar de fingir, Anthony... Sabe onde me encontrar. Eu só vou andar até metade do caminho, o resto é por sua conta. — E, sem me dar qualquer outro segundo de sua atenção, ele se vira, pronto para se afastar mim.

Engulo em seco com a mente confusa, totalmente incapaz de processar a quantidade de informações que preciso, e ainda assim, enxergando-as com clareza.

Sozinho, parado no corredor, com o corpo escorado à porta do meu próprio quarto enquanto Marcos caminha na direção do dele, deixando-me para trás. Como isso aconteceu? Como é que eu acabei confrontado por Marcos em uma situação em que sou eu a errado e não o Marcos babaca? Puta merda! Inacreditável.

O ritmo acelerado do meu coração é uma prova física e incontestável de que não estou sonhando. Estou acordado, muitíssimo acordado. Cada centímetro meu está aceso e clamando por mais. É como uma droga. Não dê o primeiro gole. Não dê o primeiro trago. Não dê o primeiro beijo. Eu dei.

Dei, e puta que pariu! Nada pareceu tão certo quanto a língua de Marcos em minha boca e nada nunca pareceu tão errado quanto o tempo que fiquei sem isso.

Suas mãos passearam pelo meu corpo como se tivessem um mapa dele, como se fossem o mapa dele e eu ainda sou uma poça derretida que não consegue nem mesmo sair do lugar.

Uma respiração.

Duas respirações.

Três respirações.

— Marcos! — chamo seu nome e ele se vira imediatamente. Seus olhos são como labaredas de fogo lambendo minha pele e esquentando até o centímetro mais oculto dela, incinerando meu juízo e a capacidade de pensar além dessa necessidade incontrolável que me atravessa em puro coração acelerado e falta de ar.

Não há nada na minha cabeça além de desejo. Quente, borbulhante, sufocante e desesperador. Aquele que eu vinha trancando a sete chaves nas últimas semanas. Todo ele. Não falta uma gota sequer e parece que se eu não ceder, vou enlouquecer, mas Marcos não se importa com a minha sanidade. Ele se virou, mas continua parado no mesmo lugar. Seus olhos estão fixos em mim e ele não faz qualquer movimento em minha direção.

— Metade do caminho, Anthony, — repete suas últimas palavras e, de repente, eu sou um imã praticamente voando na direção do seu polo oposto . Me vejo andando, colocando um pé na frente do outro como se eu não tivesse qualquer opção além dessa, como se ficar parado me doesse, me gastasse.

Eu não estou pensando. Eu não estou calculando ou interpretando. Quando finalmente o alcanço e há apenas centímetros ridículos de distância entre nós, eu não estou fingindo.

Não é um beijo. É um saque o que faço à boca de Marcos quando me lanço em seus braços e ele me segura firme, apertado. Meu marido enfia as mãos pelos meus cabelos, puxando-os ao mesmo tempo em que empurra minha cabeça na direção da sua, minha boca na direção da sua.

Eu gemo. Gemo de prazer, de desejo e de liberdade e eu não faço ideia do que isso significa, porque continuo não pensando, eu estou apenas sentindo.

Implorando com língua, toques e calor que Marcos apague a fogueira que acendeu no meu estômago, que garanta que não vai restar nem mesmo uma brasa que uma leve brisa possa voltar a transformar no incêndio sem medida que está me virando a cabeça, arrepiando a pele e roubando o ar. Deus, eu estou perdido. Tão, tão perdido.

Quente. Aceso. Elétrico. Desenfreado. Desesperado. Colado ao seu corpo, no meio do corredor, sem empenhar qualquer esforço em qualquer coisa que não seja senti-lo tão perto de mim quanto é impossível, sem empenhar qualquer esforço em nada que não seja desafiar a lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.

Os dentes de marcos descem pelos meus lábios, queixo, arrastam-se pelo meu maxilar, suas mãos me apalpam e apertam e eu estremeço com a vontade de que elas me estapeiem também.

Finalmente, ele começa a se mover na direção do próprio quarto outra vez, mas, agora, parece certo, está certo, porque estou indo com ele.

Entre tropeços e esbarrões a porta se fecha atrás de nós e Marcos me imprensa contra ela. Deus, sim! Por favor, por favor! Acho que murmuro quando suas mãos começam a me livrar das minhas roupas e as minhas começam a livrá-lo das dele. É rápido, é quase invisível e de repente estamos nus e eu não sei para onde foram as peças que arrancamos um do outro ou quando foi que Marcos colocou o preservativo e eu não me importo, eu não me importo.

Meus neurônios morreram, eu sou feito inteiramente de terminações nervosas e hormônios. Ofego quando a testa de Marcos se cola à minha, nossas bocas estão grudadas, mas há espaço para respirar. Sua mão deixa a exploração minuciosa que fazia do meu corpo nu e sobe até meu rosto em uma carícia lenta, eu diria terna, se não fosse o desespero que vejo em seus olhos ao abrir os meus. Eu não tenho dúvidas, os meus olhos estão repletos do mesmo sentimento.

Todo o tempo que existe se passa enquanto eu mergulho naquelas piscinas azuis. Não ouço nada. Não vejo nada nelas e, ainda assim, não quero sair daqui nunca mais. Marcos não fala. Eu também não. Inclino o rosto na direção da sua palma, puxo uma inspiração profunda, solto-a pela boca e a trégua acaba.

Sua boca desce sobre a minha, suas mãos agarram minhas coxas e eu estou no ar, estou cruzando minhas pernas ao seu redor, estou sendo apoiado contra a porta em minhas costas e estou gritando quando em uma única investida seu pau me rasga inteiro e me dissolve e eu juro, juro que nunca mais vou ser capaz de me juntar outra vez.

Primeiro sinto a dor nada sutil e ainda assim, deliciosa, da penetração descuidada. Depois, a ardência dos movimentos lentos e quase inexistentes, por último, o prazer. Ele me atinge em ondas pela boca, barriga, braços e cu, por todo e qualquer lugar em que estou sendo tocado enquanto minhas unhas arranham e cravam pele macia.

Rebolo. Forçando meu próprio corpo contra a superfície lisa atrás de mim, indo e voltando, não me importando com nada além de sentir, mais e mais. Não me importando com nada além de me render e exigir, com nada além de ser absolutamente tudo sem ser nem remotamente nada.

O sangue em minhas veias corre ao invés de circular, meu coração dança, sapateia e chacoalha enquanto meu corpo balança a cada investida potente de Marcos. Seu peito duro se esfrega contra o meu e o ritmo da sua respiração roça meus mamilos sensíveis. Ele geme arrastado, gostoso, me aperta e segura como se um mínimo relaxamento fosse nos fazer sumir.

Marcos me fode bruto, tão, tão gostoso, tão enlouquecedoramente gostoso. Não há delicadeza em seus movimentos, não há cuidado ou preocupação, há entrega, há tantas coisas e eu sinto todas e não sei dar nome a maior parte delas.

Nossos dentes se batem quando eu não consigo manter o beijo de tanto desespero. Eu estou gemendo, rebolando e deixando de existir quando abro os olhos para já encontrar os de Marcos abertos, e, outra vez, eles me tragamO orgasmo me despedaça inteiro.

Largo o corpo amolecido entre os braços de marcos e a porta que me sustenta. Sua boca desce, grunhindo um som seco que anuncia seu gozo e ele continua metendo, agora, devagar, até que não haja nenhuma gota sequer que não me seja dada.

Sua língua lambe meu pescoço, minhas clavículas, seus lábios beijam a pele quente e molhada de suor dizendo sem palavras que se concentrar em voltar a respirar é um desperdício de tempo e ele não pode parar de me tocar. Subo minhas mãos por seus ombros, acariciando os músculos, agora, relaxados, tateando as reentrâncias até alcançar seu pescoço, suas bochechas.

Ainda com os olhos fechados, colo a testa sua outra vez. Aproveito a sensação por alguns segundos, e decido que não quero correr o risco de estragar tudo com a mistura de vogais e consoantes errada, eu o beijo.

************

— Sabe, eu posso ouvir seus pensamentos... — Marcos sussurra em meu ouvido, sentado atrás de mim, com o peito colado às minhas costas, na varanda do seu quarto.

É incrível aqui. Perdi as contas de quantas vezes limpei esse lugar, sempre o achei fantástico, mas nunca antes eu estive aqui à noite. É completamente diferente.

A jacuzzi, o paisagismo, as espreguiçadeiras, o tatame coberto por um delicioso futon confortável, onde estamos praticamente deitados agora, continuam os mesmos, no entanto, o clima é outro.

É possível ver boa parte da cidade e são tantas luzes, perto e longe, que quase dá para acreditar que São Paulo tem estrelas.

Devagar, solto a respiração que estava presa.

— E o que eles dizem?

— Hã?

— Meus pensamentos, você disse que pode ouvi-los, o que eles dizem?

— Eu disse que posso ouvi-los, não os entender...

— Você gosta muito de ouvir sua própria voz, — resmungo. Sinto os lábios de Marcos em minha orelha instantes antes de ele sussurrar.

— Eu gosto mais da sua... Principalmente quando está gritando o meu nome!

— É claro que gosta... — Não consigo evitar a risada e seus braços se apertam ainda mais ao meu redor. Eu me aninho, aproveitando a fonte de calor na noite fria, já que não visto nada além de uma camisa de Marcos. — Eu não entendo como você pode não estar surtando sobre isso, Marcos.

— Eu achei que a essa altura você já me daria mais crédito... — Seu tom é bem humorado, mas as palavras que saem de sua boca não têm nada de piada.

— Eu não entendo você, — admito. Lábios quentes passeiam por minha pele, acariciando. — Você não se decide sobre quem é... Uma hora você é o homem que não tem pudores em me dizer que quer se casar comigo só porque isso vai tornar fácil manter sua vida de solteiro. Outra hora, você é o homem que me seduz sem nenhum pingo de remorso. Na outra, o que brinca com a minha filha e cuida dela, mesmo sem ter obrigação, e, na outra, você é o homem que sai pra transar porque eu te disse não. — Suspiro e a sensação de esvaziamento que dizer essas palavras me causa é tão boa, que continuo. — Mas você também é aquele que toma minhas dores com relação aos meus pais, que entende meus motivos... E, agora, eu tô no seu quarto, Marcos... Depois de horas e horas de sexo e eu não vou embora daqui a pouco, ou amanhã, eu moro aqui. Ainda assim, você tá me abraçando e dizendo que quer conhecer os meus pensamentos... Eu, simplesmente, não entendo você... — Derrubo a cabeça para trás, apoiando-a em seu ombro e suspiro.

O alívio preenche meu peito. Cada palavra dita parece ter tirado cem quilos de bolas de algodão da minha garganta. Eu não tinha a intenção de dizer todas essas coisas, mas é tão exaustivo guardá-las para mim o tempo todo. Além de que, não deu muito certo, deu? Eu estou aqui, nos braços de Marcos. A resistência ficou para trás, mas minhas dúvidas não.

— E por que é que eu não posso ser todos esses? — pergunta com simplicidade. Os lábios jamais param quietos. Continuam explorando cada centímetro da minha pele que encontram.

— Ninguém é tantas coisas ao mesmo tempo, Marcos... — Ele ri baixinho, achando graça.

— Você é um menino de vinte e um anos que ainda vai descobrir o mundo, mas também é um homem inteligente, determinado, com objetivos traçados e disposta a sacrifícios por eles. Você é um pai, Anthony... Um pai incrível... E um amante delicioso. — Afunda o nariz em meu pescoço na carícia que eu já me acostumei a receber. — Você é um bom amigo, ou aquela mulher maluca não me ameaçaria por você. É um estudante dedicado, é gentil, trabalhador, é honesto, e, ainda assim... Você não piscou quando teve a oportunidade de me enganar pra alcançar seus próprios objetivos. — Pausa por um instante. — Por que você pode e eu não?

Passo algum tempo ponderando suas palavras apenas para perceber que ele está coberto de razão. Mas isso não explica tudo.

— Isso ainda não explica como você pode estar tão tranquilo com toda essa situação.

— Vem cá, — pede, soltando os braços de mim. Fico de joelhos e me viro, me posicionando de frente para Marcos. Quase imediatamente, as mãos sobem pelas minhas pernas e infiltram-se sob o tecido, encontrando a pele completamente nua.

— Eu gosto da minha camisa em você.

— É claro que gosta... — Me ajeito em seu colo, deixando suas coxas entre as minhas e Marcos geme quando me sento.

— Achei que você quisesse respostas... — resmunga.

— E eu quero, ué!

— Então é melhor você parar de me distrair, — avisa e eu me sinto desafiado, mesmo que não tivesse a intenção antes. Rebolo, esfregando minhas pernas abertas em seus shorts. Lentamente, passeio os dedos pelos braços expostos até chegar aos ombros, peitoral e Marcos aperta minha bunda com força. É a minha vez de gemer. Sua boca se aproxima do meu queixo e o morde, — Gostoso... Gostoso demais, — murmura, antes de deixar os braços caírem ao lado do próprio corpo e da boca também se afastar de mim. Choramingo e ele ri.

O castigo não dura quase nada, porque bastam alguns segundos para que uma de suas mãos esteja em meu rosto, — Eu sou um homem prático, Anthony... Eu não fujo dos meus desejos nem sofro pelas minhas próprias vontades. Definitivamente, passar os próximos dois anos comendo você não é motivo pra chorar. — De repente, ele estreita os olhos, como se subitamente tivesse ficado intrigado com alguma coisa e suas próximas palavras só confirmam isso. — Como você fazia pra ficar vermelho, Anthony? Porque eu não sou louco! Você parecia envergonhado o tempo todo, baixando os olhos e ficando corado... Como?

— De onde veio isso? — Franzo as sobrancelhas, achando graça e me sentindo curioso.

— Eu tô me perguntando isso há algum tempo... Mas toda vez que algo me lembra disso, nós estamos muito ocupados pra eu querer falar. — Sorri safado. — E então?

— Ah... — Rio. — Era de raiva...

— Quê?

— Eu não fingia ficar vermelho, Marcos... Eu ficava mesmo... Mas era de raiva! — explico e o sorriso em seu rosto vai se formando como uma pintura a óleo. Lindo, o maldito é lindo de uma maneira arrogante. Então, ele explode em uma gargalhada potente que sacode seus ombros e me faz gargalhar também.

— Ah, meu Deus! Eu nunca tinha pensado nisso! Você deve ter ficado tão puto com algumas das coisas que eu te falei...

— Algumas? Que tal todas? — Mais gargalhadas antes de ele beijar minha boca com delicadeza.

— Eu gosto da gente assim, sabia? — pergunta e por algum motivo, esqueço que eu tenho que respirar, pisco os olhos e a cada palavra que ele diz a seguir, eu solto um pouco do ar que prendi. — Eu não sabia que era possível... Mas eu gosto mesmo... Talvez a sua idade faça eu me sentir mais jovem... — E lá se foi o momento estranho de falta de ar. Sua gracinha me faz revirar os olhos.

— Ah, claro! Porque você é tão... Tão velho! — digo arrastadamente e sua mão desce um tapa gostoso na lateral do meu corpo. Eu gemo e rebolo, Marcos morde o lábio e nega com a cabeça. — Você lembra do que eu disse quando te pedi em casamento?

— Você disse muitas coisas. — Viro o rosto e um som humorado deixa minha garganta, — Muitas, muitas coisas mesmo... — Estala a língua.

— Quando você me perguntou se um casamento de conveniência não deveria, pra começo de conversa, ser conveniente.

— Você disse que seria... Pra mim e pra você.

— Eu não consigo pensar em nada mais conveniente do que transar com a meu esposo gostoso, você consegue?

— Eu também me lembro de você dizendo com todas as letras que não precisava de um esposo pra foder!

— E eu não preciso! Mas eu quero foder meu esposo, e poder fazer isso é realmente muito conveniente.

— Você é um idiota...

— E você casou comigo, lindo... O que isso diz sobre você? — Gargalho e colo nossas testas.

— Eu não sou muito esperto, sou?

— Bem... Você conseguiu me enganar por um tempo...

— Isso não quer dizer que eu sou esperta, só que você é muito idiota...

— É um jeito de ver as coisas.

— É o único jeito de ver as coisas. — Dá de ombros.

— E o que nós fazemos agora?

— Agora nós tornamos os próximos dois anos muito, muito convenientes. — A voz soa arrastada e sua língua lambe meus lábios devagar, fazendo com que eu a sinta bem no meio das minhas pernas.

— E como é que nós vamos fazer isso? — Uma de minhas sobrancelhas está arqueada e há um sorriso no canto da minha boca.

— Eu tenho algumas ideias... — Fecho os olhos, querendo esquecer as palavras, mas há uma pergunta que precisa ser feita antes dessa conversa acabar.

— E se em algum momento isso parar de dar certo? E se parar de funcionar, Marcos?

— Aí, nós sentamos e conversamos, exatamente como estamos fazendo agora, se chama ser adulto Anthony... — provoca.

— E eu não fazia ideia de que você era capaz dessa proeza... — respondo à alfinetada na mesma moeda e ele ri.

— Nós temos um acordo, esposo?

— Você quer uma amizade colorida? Enquanto nosso casamento durar?

— Nós queremos... Assuma a responsabilidade, Anthony. — Pede, ficando subitamente sério. Aceno com a cabeça, concordando, e ele volta a relaxar. — Eu até que suporto sua companhia quando você não está gemendo também... — Faz piada e eu soco seu braço, ele ri, — Viu só? É por causa desse tipo de coisa que quando você não está gemendo, eu só tolero sua companhia...

— Vai à merda, Marcos!

— Sem chance! Eu acabei de sair dela! — As mãos deslizam pelas minhas costas por dentro da camisa larga, tateando-as, completamente nuas. Ah, Deus!

— Isabella não pode saber. — Consigo me agarrar ao pouco que resta da minha consciência por tempo o suficiente para dizer essas palavras importantíssimas. Imediatamente, Marcos para com seus toques provocadores e suas sobrancelhas se franzem.

— O quê?

— Nós dois, Marcos... Isabella não pode saber! — Levo as mãos até suas bochechas e seguro seu rosto entre minhas palmas, mantendo seu olhar preso ao meu.

— Ela já sabe que nós nos casamos, Anthony... Que diferença isso faz?

— A diferença é que você é o marido do pai dela. Ela é uma criança, mas não é idiota, Marcos. Isabella já me perguntou por que é que nós não nos beijamos, por que é que nós dormimos em quartos separados... Ela entende esses limites e é melhor continuarmos assim!

— Ela perguntou? — Soa surpreso, confuso.

— Perguntou... — Balanço a cabeça.

— Eu não fazia ideia de que ela reparava nessas coisas. Quer dizer, como é que ela sabe que pessoas casadas dormem no mesmo quarto? — eu rio.

— O papai pig e a mamãe pig dormem da mesma cama, Marcos... E esse é só um dos exemplos... — Agora, ele está, sem dúvida alguma, chocado.

— Os porcos dormem dentro de casa? — Não aguento, gargalho.

— Mas é claro que eles dormem, Marcos! A casa é deles! — Preciso me controlar para não gargalhar quando Marcos resmunga.

— Porcos dentro de casa... euem! — Beijo a ponta do seu nariz enquanto ainda estou rindo.

— Temos um acordo? — questiono, mas sua resposta vem na forma de um movimento rápido. Marcos nos vira e quando me dou conta, estou embaixo dele.

— Dois anos passam muito rápido... É melhor a gente começar a aproveitar. — Não tenho tempo para rir da sua idiotice antes que sua boca devore a minha.

****************

— Eu realmente quis dizer o que eu disse, sabe... — As luzes estão apagadas, o quarto de Marcos está completamente silencioso e seus olhos estão fechados há algum tempo.

Tenho quase certeza de que ele está dormindo e só por isso decidi falar. Ele não me responde, isso me encoraja. É mais fácil dizer verdades assustadoras quando ninguém está ouvindo. — Eu sinto muito ter abusado de você... — digo ao silêncio, — Porque eu sinto isso. Sinto que abusei de você... No começo, sinceramente, você mereceu, — rio sozinho, — Quer dizer “Eu preciso de um marido!” — Engrosso a voz ao dizer essas palavras. — Quão arrogante alguém tem de ser pra falar uma coisa dessas e daquele jeito? Então por aqueles dias não, eu não sinto muito. Mas eu acho que essa é toda a questão com os preconceitos, não é? Nós temos certeza absoluta de que conhecemos alguma coisa. Tanta certeza, que quando ela se mostra diferente, é mais fácil acreditar que tem algo errado com ela, não importa o quão bom seja o diferente, do que acreditar que nós, simplesmente, estamos errados... Você estava certo, Marcos. Você nunca foi nada menos do que decente comigo e, surrealmente, na maioria das vezes, foi mais... Muito mais... E aí você ainda tinha que ser gostoso, ridiculamente gostoso e me enlouquecer a ponto de eu esquecer meu nome... — Qualquer dúvida que eu pudesse ter sobre Marcos estar ou não me ouvindo é sumariamente exterminada quando o silêncio continua firme após essas palavras. O ego de Marcos jamais me deixaria sair impune depois dessa declaração. — Eu não fui justo com você, Marcos... Mas eu estava com tanto medo..., pra ser honesto, eu ainda estou com muito, muito medo... Eu não só finjo o tempo todo, eu estou apavorado o tempo todo... E se fingir é algo que eu posso controlar, ter medo não é... Não existe um botão que eu simplesmente possa desligar... E o medo nos faz tomar decisões estúpidas... Eu não posso prometer que não vou mais fazer coisas que não deveria... Mas eu posso prometer tentar... Eu juro que vou...

Minha mente faz um excelente trabalho em me lembrar que manter um segredo não é uma forma muito eficiente de cumprir a promessa que acabei de fazer. Expiro com força, sentindo a cabeça doer.

Mordo o lábio, totalmente consciente de que essa noite complicou e muito a minha vida. Mas o que eu deveria fazer? Continuar me martirizando para me manter longe de Marcos porque não quero lhe contar algo que não tem nada a ver com ele? Não... Isso não faria sentido algum. Minutos de passam e nada. Nenhuma palavra é dita em resposta nem ao meu monólogo interior, nem ao exterior. Respiro aliviado.

Se eu me orgulho disso? Não, definitivamente, não. Na verdade, minha covardia me faz pensar que Marcos estava certo desde o início, eu sou imaturo, mas são tão poucas às vezes em que me é dado esse direito, que, esta noite, eu o aproveito.

**************

*** MARCOS VALENTE ***

Controlo meus lábios para que eles não se estiquem em um sorriso. Finalmente, Anthony. Já não era sem tempo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Ka Mander a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Acho que seria tão sensato ambos reconhecerem um para o outro que se amam. Conversam muito e no fundo não dizem nada só se defendem do que não existe e não dizem o principal. Mas tudo bem, vamos aguardar.

0 0
Foto de perfil genérica

E por que se fizer isso acaba o conto. kkl

brincadeeiras a parte , sentimento,entrega, tudo doie dar medo. afinal de contas ê seu coração que vai ser machucado.

1 0