Troca de Filhas – T 02 – Parte 04

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 5529 palavras
Data: 02/02/2024 18:43:44

Os Desejos de Uma Secretária

Kleber enrolou a toalha na cintura e saiu do banheiro apressado, indo até o quarto e pegando o aparelho celular que recebia uma ligação e, antes mesmo de chegar até o criado mudo onde ele estava, viu a imagem de Lalana sorrindo para ele a brilhar na tela:

– Boa noite minha filha linda! Como estão as coisas por aí?

...

– Eu preciso mesmo falar isso? – Disse ele enquanto retornava para ao banheiro.

...

– Não, não é isso. – A voz de Kleber deixava transparecer que ele estava nervoso com aquela situação e isso ficou ainda mais claro quando ele deu a volta, passou pelo quarto e foi parar na sala.

Infelizmente ele não conseguiu evitar o desastre com essa sua atitude, pois antes de sair pela porta do banheiro, Lalana ouviu uma voz feminina falando com seu pai:

– Vem logo amor, estou louca para continuar a...

Kleber tocou no botão ‘mudo’, mas já era tarde demais. Imediatamente a voz alterada de Lalana foi ouvida por ele, mesmo estando com o telefone longe de seu ouvido, o que significava que ela tinha alterado a voz:

– Quem está aí papai? Quem é essa biscate e o que ela quer continuar?

– Não tem ninguém aqui minha filha. Você deve ter ouvido a televisão, eu estava assistindo ao noticiário e deixei ligada e agora está passando uma novela.

– Novela é? Papai, que horas são aí em Porto Alegre?

– Ainda não são sete horas da noite.

– E que noticiário é esse? A Globo mudou a programação? Pelo que sei o noticiário local ainda nem começou. – Sem saída, Kleber ficou calado enquanto seu cérebro trabalhava febrilmente tentando encontrar uma saída, porém, do outro Lado da linha Lalana o acuava ainda mais.

– E por que é que não estou ouvindo nada agora?

– Eu desliguei a TV.

– Desligou né? Olha aqui seu Kleber. Essa é a história mais mal contada que eu já ouvi na minha vida. Eu não acredito que você aproveitou minha viagem para levar essas putas para foder na nossa cama.

– Não fala assim comigo Lalana. Eu sou seu pai.

– Então. É exatamente esse o problema. Você é meu pai sim, mas sabe que, além de pai, você é muito mais. Não acredito que você fez isso comigo.

Nessa altura a voz de Lalana estava carregada de raiva, porém, logo ela perdeu o controle e não conseguiu evitar o choro e, com raiva, encerrou a ligação e jogou o telefone sobre a cama.

Thyra, ao lado dela, dividia sua atenção entre a conversa que mantinha com Michele e no que estava se passando com sua amiga e quando viu que Lalana, depois de atirar o telefone na cama, se atirou sobre ela de bruços, enfiou a cabeça no travesseiro e deu início a um pranto sentido com o seu corpo estremecendo a cada soluço que ela dava. Então falou para a mãe:

– Mamãe, está rolando algo estranho aqui. A Lana estava falando com o pai dela e do nada desligou o telefone e agora está chorando. Vou desligar e ver no que posso ajudar. – E depois que a mãe concordou dizendo para ela ligar depois, ela sugeriu: – Mamãe, eu acho bom você ir até a casa do Kleber porque eu acho que o problema está lá.

– Já estou indo. Qualquer coisa eu te ligo.

–Tudo bem. Tchau. Te amo.

E a ligação foi desfeita.

Thyra lamentou a situação. Justo depois de ter uma tarde e início de noite maravilhoso, quando conseguiu realizar seus mais ocultos desejos com Lalana, tinha que rolar um estresse na hora de dormir, pois todas as noites, antes de irem para a cama, elas ligavam para o Brasil.

Michele não retornou a ligação naquela noite, mandou apenas uma mensagem pelo Whatszapp informando que estava lidando com a situação e falaria com ela na manhã seguinte, pois poderia demorar e em Paris já estaria vivendo a madrugada do dia seguinte.

Já estando morando em sua nova residência, Michele tinha apenas que sair pelos fundos de sua casa, atravessar o quintal e acessar a casa de Kleber entrando pela cozinha e, por esse móvito, vestiu apenas um roupão para cobrir sua quase nudez, pois quando atendeu a ligação da filha tinha acabado de sair do banho e começa a se vestir.

Quando entrou pela cozinha ela ouviu vozes vinda da sala. Era a voz de uma mulher que falava com irritação e a de Kleber tentando dar algumas explicações. Andou até lá a tempo de ver a porta se fechando e não conseguiu ver de quem se tratava, muito embora tenha ficado com a impressão de que conhecia aquela voz, só não se arriscando a afirmar porque a mulher falava com raiva e não normalmente.

Kleber, vendo Michele entrar na sala e se dirigir para ele, falou antes enquanto ela se aproximava:

– Acho que estou fodido.

– O que é que o senhor andou aprontando seu Kleber? Por que a Thyra interrompeu a ligação que estávamos tendo para atender à Lalana, me dizendo que ela estava chorando.

– É uma longa história. Algo que eu tentei evitar por muito tempo e, de repente, deixei me levar por meus sentimentos e agora estou nessa enrascada.

– Nem precisa dizer que se trata de uma mulher. – Kleber olhou para ela com uma expressão de assentimento. Ele sequer demonstrou surpresa por Michele acertar de primeira a que se referia o problema. Percebendo isso e diante do silêncio dele, Michele falou: – Você sabe o tanto que eu te amo, não sabe? Para mim só tem duas pessoas mais importantes do que você. Então, vou estar aqui quando você quiser falar sobre isso.

– Não sei se devo Michele. Estou me sentindo muito mal com tudo isso.

– Vou te deixar sozinho para que você pense a respeito e, se e quando decidir se abrir a respeito, basta me chamar.

Dizendo isso Michele se levantou, deu um rápido selinho em Kleber e saiu pela mesma porta pela qual entrara, deixando Kleber largado na poltrona da sala com um olhar perdido. Na mente dele passavam, em ordem cronológica, os fatos que o levaram à situação atual.

Naquela mesma noite Kleber se junto ao casal Michele e Gunnar e relatou a eles toda a história que levara Lalana a ter aquela reação ao descobrir o que estava acontecendo.

Tudo começou na segunda-feira seguinte ao almoço em que ele, Michele, Gunnar e Naomi estiveram juntos no dia anterior. Naquele dia, Michele agiu de forma a deixar transparecer para a Naomi que eles tinham um caso. E não apenas que tinham um caso, mas que isso acontecia com a aprovação e participação do marido dela.

Na hora, Kleber estava tão focado em Michele e o tesão que lhe invadia com as provocações que ela lhe fazia o deixou cego para o que acontecia a sua volta. Talvez por isso, depois de uma noite tórrida de sexo com Michele que tinha ligado o modo ‘insaciável’, ele chegou cedo ao trabalho. Estava muito cansado, pois depois de uma noite mal dormida, teve que sair da cama antes das cinco da manhã, correr até sua casa e depois de tomar um banho fazer quase o mesmo percurso de volta para chegar ao seu escritório que não ficava muito longe do apartamento do seu casal de amigos.

O primeiro sinal de que alguma coisa não estava certa foi o atraso de Naomi que só chegou ao escritório depois de meia hora do horário de início da jornada de trabalho. No momento em que ela chegou Kleber estava acompanhado do gerente da principal loja que, alegando ter alguns pequenos detalhes para conversar, passara em seu escritório antes de se apresentar em seu local de serviço. Eles tinham conversado na sala dele e Kleber o acompanhou até o saguão do elevador que, quando chegou ao andar, Naomi saiu do elevador pisando duro e passou por ele sem dizer nada. O mais estranho era que usava óculos escuros, o que ela nunca fizera antes dentro do ambiente de serviço.

Kleber estava tão distraído na conversa que mantinha com o gerente sobre umas sugestões que ele lhe trouxera que não notou a atitude estranha de sua secretária. Também não notou nada quando, depois de se despedir do subordinado, voltou para sua sala passando ao lado da mesa de Naomi sem olhar para ela.

A situação só foi notada por Kleber quando Naomi entrou na sua sala para lhe entregar um documento e, além de evitar lhe dirigir a palavra, o que nunca acontecia, ela também se manteve com a cabeça baixa evitando o contato visual com ele, o que não foi suficiente para ele perceber que seus olhos estavam vermelhos como se ela estivesse acabado de chorar. Preocupado, perguntou:

– Você está com algum problema Naomi?

Ela negou com um movimento de cabeça ao mesmo tempo em que lhe virava as costas e caminhasse pisando duro em direção à saída. Preocupado, ele foi até ela e lhe disse que, caso ela não estivesse se sentindo bem, que fosse para casa, ela se recusou dizendo apenas:

– Estou bem obrigado.

Naomi disse isso sem levantar a cabeça, porém, sua voz soou estranha para Kleber, o que fez com que ele insistisse:

– Você não parece estar bem. Pode ir para casa. Pode deixar que eu me viro por aqui.

– Eu já disse que estou bem.

A voz de Naomi saiu um pouco alta demais e foi ouvida por outros funcionários que ocupavam uma sala próxima a sua. Na verdade, nem era uma sala, mas um enorme salão ocupado por nada menos que doze funcionários, pois os únicos que trabalhavam na administração e não a ocupava era a servidora que trabalhava na copa e ele e a Naomi que tinham suas próprias salas. Kleber olhou na direção dos demais funcionários e notou que todos estavam de cabeça baixa e evitam olhar em sua direção, lhe dando a certeza de que eles já estavam sabendo de alguma coisa que ele mesmo não estava. Confuso, voltou para a sua sala sem dizer mais nada.

Tentando desvendar o mistério que atormentava sua secretária, ele resolveu convidá-la para almoçar, o que não seria nenhuma novidade, pois era frequente que ambos fossem almoçar juntos. Isso só serviu para aumentar sua preocupação porque Naomi não se limitou a recusar o convite, mas o fez de uma forma ríspida. Ríspida demais para o tipo de comportamento que ela normalmente tinha para com ele.

Durante o seu almoço, ele viu Naomi entrar no restaurante que ele estava em companhia de outros dois funcionários. Era um casal jovem que, segundo a FM Fofoca, tinham um caso, o que meses depois foi confirmado quando eles anunciaram que estavam noivos e com data de casamento marcado, inclusive, que já moravam juntos há meses. Mas o que Kleber notou ao olhar para Naomi é que ela agia normalmente. Conversava com os dois de forma costumeira e, não fosse por seus olhos inchados e a tristeza que se notava nas poucas vezes em que ela sorriu, poderia ser dito que ela estava normal.

Tentando quebrar aquele clima estranho, Kleber brincou com ela quando retornou para o trabalho. Ele havia saído do restaurante antes dela, porém, não voltou direto para seu escritório e passou na loja aonde conversou com o gerente para esclarecer algumas dúvidas que surgiu depois que começou a analisar as sugestões que ele havia lhe dado naquela manhã e, por isso, entrar na empresa, percebeu que Naomi já estava em sua mesa.

Olhou para ela e viu que ela estava com a cabeça baixa e, aparentemente, não se dedicava a nenhuma atividade, com os olhos fixos em suas mãos imóveis sobre a mesa. Ele se aproximou dela e falou fingindo estar zangado:

– Quer dizer que você recusa meu convite dizendo que não está com fome e depois vai almoçar com outras pessoas?

– Eu não disse que não estava com fome. Eu só disse que não ia almoçar com você.

A forma ríspida que Naomi falou isso deixou Kleber alarmado. Pela primeira vez lhe ocorreu que ela estava sim com algum problema e, pior que isso, o problema era com ele. Então se afastou dela ao mesmo tempo em que dizia:

– Desculpa aí hem! – E murmurou para si mesmo: – Parece que tem gente aqui que acordou com o pé esquerdo hoje. Eu hem!

Infelizmente, apesar de ter falado isso em voz baixa, não foi baixo o suficiente para que ela não ouvisse e aquilo foi a gota d’água para a morena que, assim que a porta da sala de Kleber se fechou atrás dele, se levantou de sua mesa e o seguiu. Entrou na sala e fechou a porta antes de dizer:

– Eu não acordei com o pé esquerdo hoje seu Kleber. O que aconteceu foi que eu coloquei o pé esquerdo no chão ontem, quando aceitei um convite para almoçar de pessoas que pensei serem gentis e só me deparei com gente presunçosa e metida a besta.

– Do que você está falando? Ninguém te maltratou ontem.

Naomi respirou fundo. Isso era verdade, porém, o cara tinha que ser muito obtuso para não saber sobre o que ela estava falando. Depois pensou melhor e concluiu que não era esse o motivo. O motivo real era que o Kleber sempre foi completamente cego no que se refere às coisas que estejam fora de sua área de atuação, ou seja, tão inteligente e brilhante no que fazia profissionalmente, mas fora do serviço parecia nunca estar atento a nada e sempre que tentava tirar conclusões sobre algum assunto alheio aos seus serviços, errava completamente.

Assim era aquele homem por quem ela, desde que começou a trabalhar ali a fascinava e aquilo que começou como uma simples admiração por sua competência que depois passou a abranger também sua índole, pois se tratava de um homem com uma moral irretocável. De admiração a atração não demorou muito, afinal, Kleber era um homem bonito que geralmente chamava a atenção das mulheres, atenção essa que ele nunca notava, nem mesmo quando algumas mais atiradas só faltavam se atirar em seus braços e pedir aos brados que ele as levassem para a cama.

Consciente que esse sentimento em relação ao chefe foi a principal causa do fracasso de seu casamento, pois embora nunca tenha traído o seu marido até ir para a cama com Michele, o que ela não classificava como uma traição, sonhava acordada com o chefe e estava sempre fazendo comparações entre a forma como era tradada por ele e por seu marido e, nesse particular, Kleber ganhava de goleada.

Quando acordou desse sonho agoniado, Naomi descobriu que estava perdidamente apaixonada por Kleber. Primeiro resolveu que conviver com ele todos os dias úteis da semana já seria o suficiente, porém, logo seu corpo passou a ansiar por um abraço, depois um beijo e, antes que percebesse, ficava a se imaginar com aquele homem em sua cama, quando então se entregava a ele com toda a paixão que suas energias permitissem.

Por esse motivo, descobrir que o honesto, seguro e direito Kleber era amante da esposa do seu melhor amigo foi um choque muito grande para ela. Pior que essa descoberta foi imaginar que, sendo Michele a felizarda que conquistara o homem a quem amava, ela não tinha nenhuma chance, pois apesar de não lhe ficar devendo nada em relação à beleza e ainda ter a vantagem de ser mais nova, o jeito descontraído e livre de Michele a deixava sem condições de competir. Era o mesmo que dizer que um time amador teria alguma chance se, de repente, fosse guinado à primeira divisão do futebol gaúcho, ou seja, passar do amadorismo para o mais puro profissionalismo de uma hora para outra.

Com todos esses detalhes martelando sua cabeça, Naomi explodiu de vez e falou se controlando para não gritar:

– Não Kleber. Ninguém me maltratou ontem. – A última frase ela falou fazendo uma imitação grosseira da forma como ele havia falado e depois voltou a falar normalmente: – Fizeram pior do que maltratar, pois fazer questão de mostrar que formam um bando de safados, imorais que só curtem a sacanagem é pior do que maltratar.

– Do que... Do que você está falando?

– Estou falando da putaria que você e seu casal de amigo fazem. Conta aí como foi? Quem é quem nessa relação? Você por acaso é o que faz o papel de macho alfa? É você que tema primazia de foder aquela vadia da Michele e o marido só faz isso com sua permissão? Ou talvez não. Talvez seja o inverso e você só fique assistindo a foda deles e batendo punheta como um frouxo.

Kleber olhava para Naomi com a boca aberta. Era difícil para ele assimilar todas aquelas acusações que ainda nem tinham terminado, pois a mulher continuava:

– Quer saber mesmo? Acho que estou errada. Nenhum dos dois é o macho alfa. Ali não tem um macho alfa, mas apenas uma puta experiente e manipuladora de dois marmanjos babões que só fazem o que ela manda.

– Olha aqui Naomi, você...

– Eu sei. Estou demitida não é? E daí? Aliás, quer saber de uma coisa? Você não vai me demitir por ter descoberto o safado que você é. Não vou te dar essa chance. Eu me demito.

Dizendo isso Naomi saiu da sala e, parecendo não se importar com o que os outros pudessem pensar, bateu a porta da sala do chefe com um estrondo, foi até sua mesa, pegou sua bolsa e saiu correndo em direção ao elevador. Ao ver que não havia nenhum elevador no andar, abriu a porta que dá acesso à escada e entrou por ela descendo na maior velocidade que conseguia.

Kleber ficou fechado no escritório pelo resto daquele dia. Ele temia que, se aparecesse diante dos demais funcionários, sua expressão de espanto poderia ser revelador e, associado ao comportamento de Naomi ao sair do escritório, permitisse aos demais servidores começarem a ligar os fatos e a indústria da fofoca começasse a agir.

Mal sabia ele que, antes que se passasse meia hora do momento em que Naomi abandou o escritório, já havia até uma lista de apostas aonde as opções eram: Kleber e Naomi eram amantes e tinham brigado; Kleber havia assediado Naomi que se ofendeu por causa disso; e Naomi demonstrou seu interesse, quis seduzir ao Kleber e foi rechaçada. Outra lista de aposta já apontava para o destino dos dois, como: que ficariam juntos e assumiriam um romance; Naomi poderia tira o cavalinho da chuva que, em se tratando do Kleber, era um caso de “dessa mata não sai coelho”, e a última e a com menor adesão a de que o Kleber podia fazer o que quisesse que jamais teria uma chance com a morena.

O situação teve desdobramento quando, no dia seguinte, a funcionária que dirigia o departamento de pessoal veio até ele para perguntar sobre a situação de Naomi, pois ela havia ligado perguntando quando poderia passar para pegar seus documentos pessoais e fazer o acerto relativo à sua demissão. Ele se limitou a dizer que dissesse à Naomi que, não havendo um pedido formal de demissão, não existia nenhum acerto de contas a ser feito.

Naquela mesma tarde a mulher voltou com o pedido de demissão assinado por Naomi. Kleber o aceitou dizendo para que aguardassem a sua decisão e o colocou de lado. Depois disso, as coisas ficaram assim até a tarde do dia seguinte quando a mulher veio lhe informar que Naomi voltara a ligar perguntando sobre sua demissão. Dessa vez ele disse que o documento que recebia não era uma comunicação de desligamento voluntário, mas sim um pedido de decisão e que ele ainda estava pensando a respeito. A mulher então informou a ele que, se ele não resolvesse isso logo, Naomi poderia entrar na justiça com um pedido de rescisão unilateral do contrato de trabalho. Ele disse que na manhã seguinte decidira sobre isso e que, se Naomi ligasse, era para enrolar para que ele tivesse mais tempo de pensar sobre isso.

A mulher deixou sua sala sem entender nada. Ela sabia que, caso Naomi se mantivesse firme em sua decisão de se desligar da empresa, não havia nada que o Kleber poderia fazer, pois ali não era o caso de cancelamento de um contrato e, o pior que ele poderia fazer, era que Naomi cumprisse o prazo de aviso prévio estipulado por lei e, mesmo assim, ela poderia se recusar, desde que pagasse à empresa o salário previsto para esses casos. Isso seria fácil, pois Naomi só informara que seu pedido de demissão era imediato e se esquecera de solicitar a dispensa desse aviso prévio como é de praxe.

Naquela tarde, antes das dezessete horas, Kleber saiu do escritório e avisou à estagiária que substituía Naomi de que não retornaria mais naquele dia.

Meia hora depois, ele insistia com o porteiro do prédio em que Naomi residia para que ela permitisse que ele subisse até o apartamento dela ou que descesse, pois ele precisava conversar com ela. O homem aceitou e, pela terceira vez usou o interfone para se comunicar com a mulher que a princípio repreendeu ao porteiro para dizer que ela estava se sentindo incomodada com a insistência dele, mas depois do homem se desculpar e dizer que o Kleber lhe dissera que não arredaria o pé dali antes de falar com ela, disse alguma coisa que, pelo alívio demonstrado na expressão do pobre homem, fez com que Kleber percebesse que ela estava cedendo e, como ao desligar o interfone o homem não lhe disse para subir, concluiu que ela estaria descendo para falar com ele.

Naomi surgiu no saguão do hotel com os cabelos molhados, sem nenhuma maquiagem e usando uma bermuda jeans velha e toda desfiada e uma camiseta larga que, pelo distintivo, anúncio e número atrás, deixava claro pertencer ao seu marido. Nos pés, uma simples sandália havaiana. Ela se dirigiu a ele com uma expressão séria e Kleber ficou olhando para ela com uma expressão de admiração. Ele, que tinha ciência de que Naomi era uma mulher linda, mas a simplicidade de seus trajes e seus cabelos molhados causava uma impressão tão forte que Kleber suspirou enquanto a media com os olhos dos cabelos até os pés.

Quando Naomi se aproximou ele se levantou para cumprimentá-la, porém, ela fingiu não ver o gesto dele e o ultrapassou se dirigindo à saída do prédio. Ele foi atrás dela e não entendeu nada quando ela manteve o portão que o segurança havia desbloqueado aberto para que ele passasse. Por uma fração de segundo ele pensou que ela, em sua revolta que ele não entendia, estava expulsando a ele do prédio, mas quando passou por ela e viu que ela o seguiu saindo para a rua, respirou aliviado.

Naomi tomou a iniciativa e andou até onde ele havia estacionado o carro e, lá chegando, encostou-se no capô e cruzou os braços fazendo a pose típica de quem está esperando por alguém e, como ele não falou nada e continuava olhando admirado para ela, perguntou:

– E aí senhor Kleber? O senhor não veio aqui só para olhar para mim. Ou veio?

– Sem essa de senhor Naomi. Você nunca usou dessas formalidades para se dirigir a mim.

– Mas agora eu uso. Apesar de ser apenas meu ex patrão, merece todo o respeito.

– Ainda não sou o seu ex nada. E é por isso que estou aqui. Vim te informar que a sua demissão não foi aceita.

– Ha ha ha. Não foi aceita por quem? Posso saber?

– Por mim, lógico. Eu analisei o pedido e decidi que ele deve ser indeferido.

– Indeferido? O que é isso? Quer dizer que agora eu não tenho sequer o direito de decidir aonde e quando trabalhar? Ah vai! Sem essa moço. Não preciso ser advogada para saber que esse papinho seu não tem legalidade nenhuma. Ou será que a libertação dos escravos foi revogada e eu, por ser descendente de um deles tenho que me submeter às vontades do branco senhor de escravos. Daqui a pouco você vai aparecer aqui com um chicote e chicotear em público.

“Vontade de te dar umas chicotadas é o que não me falta. Que porra de birra é essa?” – Pensou Kleber antes de falar em voz alta:

– Você quer, por favor, parar de agir como criança e me ouvir?

– Sim senhor. Vai me amarrar no tronco antes ou depois de falar.

– Pare com isso Noemi. Vamos conversar como adultos que somos.

Noemi ficou calada por mais de um minuto. De repente ela percebeu que confrontar ao Kleber daquela forma estava sendo divertido. Ela nunca antes tinha agido assim e ao perceber que estava tirando a ele de sua zona de conforto a deixou eufórica. O silêncio que se formou foi quebrado por Kleber que falou:

– Além disso, caso você mantenha essa sua decisão estúpida de pedir demissão, você vai ter que cumprir o aviso prévio.

– Não vou não. Já me informei a respeito disso e sei que a empresa tem o direito de cobrar esse período descontando do valor da rescisão. Isso é o máximo que a empresa pode fazer.

Esse é um detalhe que Kleber desconhecia. Sem conhecer as Leis Trabalhistas e sempre aceitou as orientações que o pessoal do RH lhe transmitia. Isso fez com que se calasse;

Naomi ficou pensando em qual seria o motivo de Kleber estar ali. Ela tinha a noção de que nenhum empresário, mas nenhum mesmo, se daria a esse trabalho e que, no caso de algum interesse no funcionário que não queira perder, pede para que outras pessoas o procurem e ofereçam a ele aumento de salário, promoção ou outras vantagens, mas aparecer assim pessoalmente era a mais completa prova de que esse era um detalhe de que ele não tinha experiência alguma, a não ser que...

“Meu Deus! Estou variando. Não pode ser isso!”

Como não? Só havia um motivo para ele estar ali que seria o interesse pessoal. Ele não queria que ela saísse da empresa por ser seu desejo mantê-la ao seu lado. E se era isso mesmo, não era apenas por bons serviços prestados. Uma secretária eficiente pode até ser difícil de encontrar, mas não é impossível e, afinal de contas, ela já ouvira da boca do próprio Kleber de que ninguém naquela empresa era insubstituível. Aquilo a deixava confusa, pois se não fosse por isso, ele estaria agindo na contramão de suas próprias convicções.

Por outro lado, isso era totalmente o oposto do que ele deixava transparecer. Não foram poucas as vezes que ela deixara transparecer o seu interesse por Kleber. Aliás, foi a convivência com ele que ajudou a deteriorar o relacionamento com seu marido que, antes disso, já lhe dera vários motivos para uma separação e ela acabara por deixar passar. Mas depois de se descobrir interessada em seu chefe, ela passou a ser mais rigorosa e a última que o marido aprontou foi decisiva. Acontecera há mais de seis meses que ela descobrira mais uma traição da parte dele e, desde então, o expulsara de sua cama e eles mantinham apenas um casamento de aparência. A verdade mesmo é que a última vez que ela gozara para valer foi quando transou com Michele naquela viagem, pois depois disso, seus orgasmos foram conseguidos com as masturbações que ela muitas vezes praticou, sempre com sua imaginação trabalhando com a imagem de Kleber fazendo amor com ela.

Esse pensamento fez com que Naomi baixasse a guarda e, com voz mais calma, jogou o seu anzol e perguntou:

– Sabe de uma coisa Kleber. Eu acho muito estranho você vir atrás de mim com essa argumentação inútil de que eu não posso sair do trabalho ou que, pelo menos, tenha que cumprir aviso prévio. Você mesmo vive dizendo que ninguém é insubstituível. Então, fala para mim qual é o verdadeiro motivo dessa conversa sem sentido que nós dois sabemos que não vai dar em nada.

– Como assim? Não entendi. O que você quer dizer que não vai dar em nada.

– Eu quero te dizer que: em primeiro lugar nós dois sabemos que toda essa sua conversa não tem o menor amparo legal e que não passa de conversa fiada. Em seguida, que você não é o tipo de chefe que se daria ao trabalho de ir atrás de uma funcionária que deseja se demitir. Isso vai totalmente contra os seus princípios. E como eu não vejo outro motivo, acho que você está perdendo o seu tempo e o meu. Então, vamos logo parar com isso que já tem umas cabeças aparecendo na janela para vigiar o que estamos fazendo aqui.

– Você não acredita mesmo que é muito importante para mim.

– Nem vem. Você consegue outra secretária e em questão de dias vai conseguir treiná-la para agir como você gosta. Afinal, você é muito bom nisso.

– Você acha é? E no que mais você acha que eu sou bom?

– Em foder a esposa do seu amigo na frente dele.

– Você quer fazer o favor de não envolver a Michele nessa conversa?

– Isso. Você tem que proteger à sua amante, não tem?

Kleber respirou fundo e fez a pergunta que deveria ter sido feita na primeira vez que Naomi tocou nesse assunto:

– Me fala uma coisa Naomi. Qual o motivo de você se sentir tão ofendida por causa de um relacionamento meu que não tem nada a ver com serviço.

– Se você precisa de uma explicação para isso é porque nós não temos mais nada para conversar. Meu Deus homem! Como uma pessoa tão intuitiva como você para alguns assuntos pode ser tão obtusa em outros.

– Não entendi. Você pode me explicar.

Naomi perdeu de vez as estribeiras e gritou com ele:

– Eu não vou te explicar porra nenhuma. Vai se foder senhor Kleber.

Dizendo isso ela fez menção de sair andando, porém, Kleber segurou seu pulso e a puxou para que ela voltasse a ficar na posição que estava antes. Ao fazer isso, Noemi perdeu o equilíbrio e, para não cair, se apoiou nele que ao mesmo tempo esticou o braço para ampará-la e segurou com as duas mãos em sua cintura. Esse movimento foi decisivo para o que aconteceu em seguida.

Com ambos em pé ao lado do carro e seus corpos colados, um de frente para o outro, Noemi tinha os braços dobrados apoiados no peito de Kleber e ele com as mãos segurando sua cintura. Para qualquer observador eles estavam namorando, pois seus olhos se encontraram e se prenderam em um elo invisível.

A aproximação de Naomi fez com que o perfume dos cabelos dela invadisse suas narinas e com a leve pressão que seus quadris faziam foi inevitável que seu pau desse sinal de vida e Naomi, ao sentir a pressão de encontro à sua barriga, um pouco abaixo de seu umbigo, fechou os olhos e respirou fundo. Quando ela voltou a abrir os olhos se deparou com o rosto de Kleber a poucos milímetros do seu e aguardou paralisada pelo que estava para acontecer.

Não aconteceu nada. Como se fosse uma estátua, Kleber se mantinha parado mantendo aquela posição e Naomi percebeu naquele momento que ele queria a mesma coisa que ela, apenas não tinha a coragem de tomar a inciativa. Então, já que era assim, não tinha outro jeito. Ela tinha que agir.

Forçando um pouco os braços para que ele desse espaço para que ela pudesse libertá-los da prisão formada pelo fato de seus dois corpos estarem muito juntos, levou-os para cima e enlaçou o pescoço, ficando em seguida nas pontas dos pés e encostando sua boca na dele.

O beijo começou lento e suave. Apenas os lábios se tocando e foi ela que, mais uma vez, deu o passo seguinte. Usou a língua para forçar o Kleber a abrir a boca e a invadiu com sua língua, mas assim que conseguiu dar esse avanço, recuou e aguardou. Dessa vez ele tomou a iniciativa e avançou com a língua dele e ela, sugando com força, fez com que a língua dele invadisse cada vez mais sua boca e então a prendeu em uma deliciosa sucção. Naomi começou a, literalmente, mamar na língua de Kleber.

Usando as mãos que seguravam a cintura da morena, Kleber fez com que ela se movimentasse e, liberando uma de suas mãos, enfiou a mão no bolso e apertou o controle remoto do carro. Depois abriu a porta e, sem deixar de beijá-la, forçou o corpo dela para que ela ocupasse o assento do carona. Só depois que ela se sentou que suas bocas se separam e ele, depois de fechar a porta, deu a volta no carro e foi ocupar o assento do motorista, logo colocando o carro em movimento.

– Onde você está me levando? – Foi a única coisa que Naomi perguntou.

– Vamos até minha casa.

– Eu preferia não ir.

Kleber olhou para ela com um olhar que era um misto de decepção e súplica e ela, percebendo que ele não entendera que a restrição que ela colocara era apenas com relação à casa dele, falou:

– Pode me levar para onde quiser. Motel, hotel, para o meio do mato ou praia deserta. Qualquer lugar. Só não a sua casa porque não acho apropriado.

Kleber entendeu e continuou dirigindo, tomando o rumo do Drops.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 42 estrelas.
Incentive Nassau a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Almafer

Nassau essa saga tá demais parabéns namorada mil

0 0
Foto de perfil genérica

Eita que a bomba que está para explodir no meio dessas duas famílias é grande viu! A Lalana já ficou "P" da vida ao saber que o pai/amante está com outra mulher, resta saber o que vai acontecer quando ela souber quem é essa mulher e também o que a Thyra vai fazer!

Cara, top demais Nassau! Tu é foda!

0 0
Foto de perfil genérica

Naomi não sabe onde está se metendo, parece que ela não tem psicológico pra isso.

Kleber é um boco kkkk.

Parabéns.

0 0
Foto de perfil de rbsm

excelente capitulo , ele se meteu numa enrascada

0 0
Foto de perfil genérica

Aí sim! A coisa esquentou de vez, esse Kleber é muito desligado mesmo, todas as mulheres abusam de sua bananice, até sua filha abusa muito. Tamara que ele aprenda um pouco com Naomi e fique mais esperto. Apesar que mesmo sendo esse banana o cara passa o rodo geral.

Parabéns Nassau, adoro suas histórias e o jeito que você escreve de forma envolvente.

Obrigado!

0 0