A tempos não dormia tão bem assim, acordo e vejo Lipe debaixo do meu braço, beijo sua nuca e sinto seu cheiro, ele usa uma colônia suave que adoro, o puxo para ficar com seu corpo ainda mais colado no meu, ficar excitado é inevitável afinal meu pau está pressionado contra sua bunda, mas ele não parece se importar, deixo outro beijo em seu pescoço, ele fala algo que não entendo, Lipe consegue ser ainda mais fofo quando está dormindo. “Preciso levantar, tenho aula agora de manhã.” Ele fala e agora consigo entender. “Tem certeza, que quer sair daqui?” Falei o provocando com mordicas leves no pescoço. “Isso é golpe baixo, mas sim, não posso perder essa aula, vai ter uma palestra sobre a área de Infectologia.”
Ele sai um pouco atrasado, mas chamei um uber para ele para compensar, já que o motivo do atraso fui eu, Lipe me deu um selinho de despedida e gostei muito, estou me perguntando se todas as manhãs fossem assim poderia me acostumar com isso, só que não namoro, nunca tive intimidade com ninguém e o pior é que agora nem consigo lembrar o por que disso, o por que de ser um solteirão convicto, só sei que isso é uma merda, Téo está me ligando em uma chamada de video. “Oi fala.” Respondo e vejo que ele está numa praia. “Você não vai acreditar, ontem conheci uma mulher que estava em um despedida de solteiro, conversamos e rolou um clima massa, agora estou no casamento dela, na porra da praia, o noivo é tipo podre de rico.” Ele fala orgulhoso de sua conquista. “Espera, você comeu a noiva?” Estou meio chocado, não por ele pegar uma mulher comprometida, não foi a primeira vez, ele até chegou a bater no marido de uma de suas conquistas, estou surpreso da cara de pau dele de está no casamento. “Claro, tive que vir, ela estava nervosa, ai demos uma no banheiro e agora ela está pronta para subir no altar.” Algumas pessoas não mudam mesmo.
“Parabéns, gostaria de ficar aqui ouvindo sobre suas conquistas pessoais, mas tenho uma entrevista em para um estágio.” Ele coloca uma cara feia e sei o motivo disso. “Você não disse que viria nos visitar?” Téo está me cobrando sobre minha promessa. “É que é uma boa vaga.” Minto, a real é que não sei se estou pronto para isso agora. “Boa sorte, então.” Téo desliga, sei que ele ficou chateado,e é culpa minha mesmo, queria poder não ser assim, o tipo de pessoa que sempre machuca as pessoas de quem eu gosto.
Estou pensando sobre o que fazer, nem percebo a hora passar, Téo tem razão eu tenho que ir, meu pai vai ficar feliz, só quero encontrar minha coragem para isso, pego minhas chaves e minha carteira e vou até o Isaac, ele vai ter alguma pérola de sabedoria para mim, poderia falar com Jonas, mas acho que já o sobrecarreguei demais ele com minhas coisas, meu maninho merece um descanso dos meus dramas, cheguei no apartamento e dei sorte de encontrar com ele de saída. “Iuri, bom dia.” Ele fala com seu sorriso largo. “Bom dia, preciso de ajuda.” Falei e ele fez sinal para que eu entre no carro junto com ele. “Dia de comprar, vem bom que você me ajuda a carregar as sacolas.” Ele fala animado que agora tem companhia para o trabalho, no caminho conto para ele sobre o Téo e nossa relação complicada, engraçado que essa é a primeira vez que falo sobre isso com alguém.
Depois conto sobre meu dilema de ir ou não para casa. “Então você quer ver o Téo? Mais e o Felipe?” Isaac captou bem a mensagem. “Esse é meu problema, não sei o que vou encontrar em casa e não quero pedir que o Felipe me espere, mas estou com medo de pisar na bola de novo e ele não querer nada comigo quando eu voltar.” Falei sendo cem por centro sincero. “Iuri, a vida é correr riscos, você tem que fazer o que seu coração mandar.” Ele não está ajudando como gostaria. “Não vou te dizer o que fazer mano.” Ele fala como se pudesse ler minha mente. “Mas olha, o que você sente pelo Téo claramente está afetando seus julgamento, tipo parece que por causa dele você está sabotando todas as possíveis relações, é como se você estivesse esperando por ele.” Isaac fala e escutar a verdade assim nu e crua me deixa reflexivo, a um tempo atrás diria que ele está viajando, mas agora, sendo que sou, estando onde estou começo a me perguntar se de fato não seja esse o motivo, em algum momento coloquei em minha cabeça que ele seria o único, porque ele é o único para quem já me entreguei totalmente, gosto do Téo e já gosto dele a muito tempo, mas Lipe me faz sentir coisas que não entendo, quando estou com Lipe quero que dure para sempre, me sinto bem e relaxado, porém Téo me tira de mim, ele é um imã que me atrai mesmo a quilômetros de distância.
“Seja como for Iuri, seria bom você ser honesto com você mesmo e com eles, vai encontrar com Téo e resolver esse caso de vocês, só assim você vai está livre para o Felipe.” Isaac falou e entendi exatamente o que ele quis dizer, nunca vou poder assumir o Lipe enquanto estiver esperando pelo Téo, só gostaria que esse conselho fosse fácil, mas não é, “Como posso fazer isso?” Falei olhando para o chão. “Mano, quando Jonas me traiu com Davi pensei que meu mundo iria acabar, me senti culpado, porque eu deveria ter estado lá quando Jonas precisou, me senti puto e impotente ao mesmo tempo, foi muito ruim e cheguei a acreditar que nunca mais poderia ter nada com ele de novo, ai ele foi embora e meu coração foi com ele, tentei namorar, tentei ter algo com outras pessoas, mas nada era como é com ele, Jonas é a luz da minha vida e o tempo que passamos separado foi uma época de trevas.” Ele fala e sei que suas palavras são carregadas de emoção. “Mas ai ele apareceu no restaurante e eu surtei, pensei que minha vida tinha um propósito quando abri o Sushi, mas foi só ver o filho da mãe parado no salão que tudo caiu por terra, quis agarrar ele ali mesmo, mas tive que me segurar, ele parecia tão mal, estava magro e cansado, a palavra melhor é triste, Jonas estava triste e tudo que consegui pensar quando ele saiu sem falar comigo foi que estava falhando com ele de novo, que o tinha deixado sozinho no momento em que ele precisava de mim.”
Isaac passa a mão no rosto, deve está revivendo aquela noite, ele parece muito comigo e acho que por isso estou sempre buscando amparo com ele. “O que você fez?” Pergunto. “Fui atrás dele, estava preparado para levar um fora ou ganhar o homem da minha vida de volta, se ele tivesse fechado a porta na minha cara naquela noite teria seguido com minha vida, claro que ela não seria incrível como é hoje, mas teria tentado continuar mesmo assim.” Vejo verdade em cada palavra que sai da boca dele, e sei que tenho que voltar para casa e falar com Téo, ter uma conversa definitiva com ele, peguei meu celular e mandei uma mensagem para o meu pai, pedindo que ele providenciasse a viagem, assim estaríamos em casa quando o exame de dna sair, ele claro ficou radiante e me disse que providenciará tudo o quanto antes.
Depois de tudo pelo que passei acho que voltar para casa pode me fazer bem, ou pelo menos vai me permitir fechar algumas feridas que estão expostas a muito tempo, isso vai ser bom, pelo menos espero que seja, meu pai arruma tudo para o fim de semana, é o tempo em que consigo acertar tudo na faculdade para minha viagem e é tempo também para conversar com Lipe, preciso explicar para ele o motivo da minha viagem, mesmo que não consiga falar o real motivo, ele precisa saber pelo menos para onde estou indo.
Passei no mercado, comprei macarrão e carne, quando cheguei fiz uma macarronada, minha especialidade, também preparei um suco, e deixei tudo no ponto para quando o Lipe chegasse, levei as coisas para o meu quarto e até deixei o ambiente mais romântico, tomei um banho e passei meu melhor perfume, estou bonito o suficiente para um primeiro encontro, quando ele chegou lhe mandei uma mensagem para que vinhesse no meu quarto. “Você preparou um jantar para mim?” Ele pergunta com um sorriso lindo que eu tanto gosto no rosto. “O melhor para minha pessoa especial.” Ele me beija e cara posso dizer, estou viciado nos beijos que ele me dá. “Olha, já jantei, mas não vou fazer desfeita, posso comer mais um pouco.” Agora sou eu que deixo um beijo na boca dele, Lipe é o cara mais fofo que já conheci, sirvo o prato dele e depois o meu. “Então para que é tudo isso?” Ele pergunta desconfiando que tenho segundas intenções com o jantar. “Queria fazer algo especial para você, mas tem uma coisa que precisamos conversar.” Ele está relaxado, ainda bem, não saberia o que falar se ele começasse a brigar comigo agora. “Eu vou fazer uma viagem.” Falo de uma vez para não perder a coragem. “Vou ver meu pai e uns amigos, tenho que resolver umas coisas também.” Ele assentiu pensativo até que perguntou. “E quando você volta?” Esse é o problema, não sei, não faço ideia do que vai acontecer nessa viagem. “É que, Lipe eu gosto de você de verdade, gosto como nunca gostei, mas preciso resolver algumas coisas e não faço ideia de quanto tempo isso vai levar.” Falei e ele começa a ficar meio preocupado. “Quer me pedir para te esperar?” Quero, é exatamente o que eu quero, mas nunca faria isso, não seria justo com ele. “Não, não posso fazer isso, só quero que você saiba que tudo que tivemos foi real.”
Lipe me encara por um tempo e segura minha mão. “Tem outra pessoa não tem?” Devo ser um livro aberto, todos me leem com tanta facilidade, devo ser o cara mais óbvio do mundo. “É complicado.” A única palavra possível para descrever o Téo, ele pensa mais um pouco. “Você gosta mesmo dessa outra pessoa né.” Ele falando assim parte meu coração, quero mais do que tudo falar que não, que é dele que eu gosto, mas não seria justo mentir assim, até porque eu gosto dele porém não estou certo de que posso esquecer o Téo sem antes falar com ele, me sinto um merda porque Lipe está com um olhar distante, quero abraçar ele, mas ele recua quando me aproximo, meu coração está se partindo.
Olha Iuri isso faz até sentido, espero que as coisas deem certo para vocês. ele levanta para sair do quarto, mas seguro a mão dele, “Lipe, olha eu queria poder ser seu, eu quero ser seu, mas preciso pôr um ponto final nisso primeiro, se não.” Ele me interrompe. “Nunca vai poder estar totalmente aqui, eu sei, sinto isso toda vez que estou com você.” Suas palavras me acertaram em cheio. “Mesmo assim estou aqui, devo gostar de sofrer.” Ele fala e não consigo mais, puxo para os meus braços mesmo com seus protestos. “Lipe, eu vou voltar.” Falo e sinto o peito dele inflar, sua respiração está acelerada, Lipe está chorando no meu peito. “Esse é o problema Iuri, eu não quero gostar de você, mas eu gosto, pode me chamar de emocionado ou o que for, mas desde que ficamos a primeira vez eu te quis e ainda te quero.” Estudo tudo o abraçando forte. “Mais não peça para esperar porque eu não vou, sei que você precisa se resolver, mas minha vida não pode girar em torno de suas decisões, posso está sendo egoísta agora, mas se você for, não garanto está aqui quando você voltar.”
