ONDE AS SOMBRAS ACABAM - CAPÍTULO 10: LITERATURA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1864 palavras
Data: 19/08/2023 23:52:51
Última revisão: 20/08/2023 12:02:50

Oi, gente. Tive que dar uma editada no texto. Por favor, me perdoem pela falha.

JIMMY

O Ethan não responde minhas mensagens e nem as dez ligações. Será que eles foram descobertos? Eu olho para cima e penso nos bons momentos que vivi ao lado dele. A gente já está junto há três meses. Na verdade, eu nunca o pedi em namoro. As coisas foram acontecendo. A pegação virou sexo. O sexo virou uma constância em nossas vidas.

Todo esse lance com a Betty trouxe um lado ciumento. Por mim, o Ethan não deveria passar por tudo isso, mas quem sou eu para julgar, né? Afinal, se o papai souber que eu sou gay, morro na mesma hora. Graças a Deus, que os Wards não são violentos. Porém, o que tem mais peso: ser homofóbico ou violento? Os dois são formas de violência.

Aos poucos, vou apagando na cama. Só que acordo com batidas fortes na porta do meu quarto. A voz áspera do meu pai chama por mim, mas eu finjo que não escuto. Fora que coloquei uma cômoda para ajudar caso o meu pai tente arrombar a porta.

Suas palavras são desconexas, entretanto, a maioria é me amaldiçoando. Ele joga toda as suas frustrações em cima de mim. Estou tão acostumado que pego no sono novamente e só acordo quando o despertador toca. A primeira coisa que faço é pegar o celular: nada de mensagem do Ethan.

Faço uma ligação, mas cai na caixa postal. Sem paciência, levanto e vou para o banheiro tomar uma ducha. Eu não quero começar o dia me estressando. Escolho roupas confortáveis, pois o clima é ideal para fazer amor com o Ethan. Qual é, Jimmy? Para de pensar nele. Se ele não respondeu é porque tem motivo. O encontro deve ter sido muito bom.

— Droga. — digo para mim mesmo, enquanto puxo a cômoda pesada que coloquei na frente da porta. — Ele poderia ter consideração por mim e dar um sinal de vida.

Na escola, o primeiro rosto que vejo é do Trevor. Somos amigos o tempo suficiente para ele saber que não estou em um bom dia. A primeira aula que temos é literatura. A professora nos fez ler "A Megera Domada", de William Shakespeare. Nas últimas semanas, o Ethan vem me ajudando com o meu argumento, pois ele é o cara dos livros.

Apesar de tudo, ele não me deu o exercício de mão beijada. O meu namorado propôs uma leitura conjunta e tirei minhas dúvidas sobre o roteiro. Ainda bem que eu estava de molho devido a cirurgia, então me dediquei bastante para impressioná-lo.

— James Robinson, a sua vez. — pediu a professora, depois que a Kate, a aluna CDF, apresentou o trabalho.

— Se lascou, Robinson! — exclamou Trevor, porque eu apresentaria após a Kate.

Eu sei que eu posso! Eu estudei e me dediquei tempo demais para fazer feio. Fora que preciso de uma nota boa se quiser uma faculdade longe daqui. Respirei fundo e li o roteiro que fiz para a apresentação. Iniciei com um resumo da obra, expondo os personagens e suas motivações. A professora pareceu interessada no argumento, inclusive, tirou os óculos de grau. Isso é uma coisa boa, eu acho.

— Inicialmente, a peça foi vendida como uma comédia romântica, porém, com o passar dos anos, as pessoas perceberam questões sobre gênero o que incomodou bastante, mesmo a obra senso escrita no século XVI. — expliquei e recebi aplausos do meu colega, pois havia chegado no final sem gaguejar. Fiz uma reverência teatral para a turma, que continuou rindo.

— E porque você acha isso, James? — a professora questiona fazendo toda a turma ficar calada. — A questão do gênero incomodou?

— Sim, professora. A obra 'A Megera Domada' faz referência à transformação de Catarina, que passou de uma mulher independente a uma esposa submissa. Só que todos sabem que isso é um reflexo da época, onde as mulheres eram submissas nas relações conjugais. — disse, aproveitando a respeito de uma conversa que tive com o Ethan.

— Muito bem, James. Uma das melhores defesas que vi hoje. Pode voltar ao seu assento. — ela pediu, olhando a lista de chamada. — Brian Trevor.

— Se lascou. — bato na costa do meu amigo, que levanta da carteira desanimado.

Eu consegui! Eu me superei! Tive a ajuda do Ethan, mas acho que ainda estou chateado com ele. Aproveito o desastre de apresentação do Trevor e dou uma checada no celular e ainda continuo sem resposta. Acho que o plano deu errado. Isso. O plano deu errado e o Ethan está sendo levado para uma clínica de conversão.

Ok. Devo pensar em um plano de ação. Será que vou ser preso se invadir a clínica? Posso resgatar o Ethan e dou abrigo por um tempo. O papai não usa o porão, então é o lugar ideal para esconder o meu namorado. Eu já vi o caso de uma velha que escondia o amante no porão de sua casa. Tudo bem, que os dois acabaram assassinando o marido da coroa, mas eles ficaram neste esquema por muitos anos.

Estou tão distraído, que nem vejo o Trevor imitando a morte de Romeu e Julieta. Esse cara precisa de um tratamento sério. No fim da aula, estou de saída quando a Kate Wells se aproxima e parabeniza o meu trabalho. Ela pegou o mesmo livro que o meu e não contava que eu havia de fato estudado para a lição.

Já o Trevor chegou se lamentando. Eu pego no ombro do meu amigo e o conforto. Assim como eu, o Trevor está buscando oportunidades em universidades de fora do Estado. A gente sabe que não vai conseguir vaga na mesma universidade, mas queremos ficar perto um do outro. Na infância, a gente imaginava a vida de universitários com bebidas, festas e pegação.

— Fica assim não. A atuação vai te render uns pontos. — solto para o desespero de Trevor, que senta na carteira desanimado. — Kate, você pode consolar o Trevor. Eu preciso encontrar um colega. — pedi, antes de sair da sala correndo.

— É isso, Kate. Todos estão me abandonado. — escuto o Trevor dizer de longe. Esse dramático.

JIMMY

Noite perfeita! Vou pagar os lanches da Betty com prazer. Tudo bem que vou ficar sem tempo de escrever, mas os meus pais estão felizes com o meu "relacionamento". Sério, a Betty já pode ir direto para Hollywood. Se cuida Scarlett Johansson, a Bettany Bailey vai chegar abalando as estruturas do cinema mundial.

Eu quero fazer uma surpresa para o Jimmy, mas na animação matinal esqueci meu celular em casa. Fiquei sem qualquer tipo de eletrônico nos últimos meses, que acabei me acostumando com a vida offline. Enfim, tenho uma vitória e preciso comemorar com a única pessoa que importa, o meu namorado.

Após a interminável aula de geografia, eu vou até a sala 21, onde o Jimmy tem literatura (a minha aula favorita e amo a Sra. Jones de coração). Acabo esbarrando em alguém e quase caio no chão, mas a pessoa consegue me segurar. É o Jimmy. Meu Deus. Que homem perfeito. Estamos em uma posição engraçada, mas precisamos disfarçar, porque os outros alunos comentam sobre o "encotrão".

— Jimmy! — exclamo, abrindo um sorriso, mas ele pega na minha mão e me leva para as escadarias.

— Qual é o teu problema, Ethan? — questiona Ethan, andando de um lado para o outro esperando uma resposta.

— Desculpa, acabei ficando animado que o plano deu certo que esqueci de olhar o celular. Está tudo certo, Jimmy. A Betty deu um show de atuação e meus pais caíram. — aviso o abraçando. — Desculpa, se te deixei preocupado.

— Eu, preocupado? Nunca.

— Ah, e trouxe um pouco da caçarola de frango da mamãe. Vamos comer? — o convido.

— Por favor, estou faminto. Acabei não comendo nada pela manhã. — ele confessa, pegando na barriga e posso ouvir um barulho estranho vindo do seu estômago.

Temos um tempo antes da próxima aula. Sirvo um pouco da caçarola em um prato de plástico para o Jimmy. O meu namorado saboreia como se não houvesse amanhã. O nosso encontro é atrapalhado pela Betty, que voltou a sua tonalidade emo. Os fios estão coloridos e as roupas parecem que foram compradas em "Jovens Bruxas", o clássico, pois a Betty odeia a continuação.

— Thelma, Louise. — ela nos cumprimenta e senta. — A caçarola da Judy! Eu quero.

— Espera. — pego um prato de plástico e sirvo para a Betty. — Inclusive, obrigado por ontem.

— Qual é! Está tendo uma festinha? — o Trevor questiona, se sentando, pegando um prato e se servindo.

Olho em desespero para o Jimmy e Betty, que dão com os ombros. Tudo bem. Eu não vou surtar. O Trevor é o melhor amigo do Jimmy. Preciso fazer uma conexão com ele. Mudamos de assunto por motivo óbvio, porém, queria contar para o Jimmy o que aconteceu na noite passada. E do lado "Coração de Ouro" da Betty.

— Caralho, Jimmy. — Trevor fala, enchendo a boca de frango. — A comida da tua mãe é 10! Lembra do dia em que tentou fazer frango frito, Jimmy? O teu pai ficou uma fera e me expulsou da tua casa. Nunca mais eu me atrevi a pisar lá.

A feição do Jimmy mudou de uma hora para outra. Ele até deixou um resto de comida no prato. Com certeza, o Sr. Robinson bateu no filho por causa da bagunça na cozinha. Eu vejo alguns reflexos e gatilhos no meu namorado. Uma vez, eu levantei a mão e ele meio que se defendeu. Viver em alerta deve ser cansativo demais, ainda mais quando se é adolescente.

— Ah, Ward, obrigado pela ajuda na aula de literatura. Peguei A. — ele avisou, talvez querendo se livrar do último assunto.

— Sério, parabéns. — um sorriso foi inevitável.

— Ele arrasou mesmo. — concorda Trevor, que a essa altu;ra está todo lambuzado.

— Meu Deus. Essa escola está criando lobos. — a Betty termina de comer e se levanta. — Até depois , Jimmy. — ela coloca os fones e dá para ouvir de longe a música.

— Ei, Jimmy. Já acertou com o técnico a nossa viagem para Yellow Groove? É na próxima semana. — avisa Trevor, servindo mais frango para si.

— Você, né? — ele me pergunta.

— Bem, acho que sim. Só espero que dê tudo certo. — desejo, mas nem sempre as coisas acontecem de acordo com o planejado.

Depois de guardar tudo, o Jimmy me acompanhou até a aula de matemática. Eu fiz um breve resumo de tudo o que Betty aprontou em casa. Ele riu bastante, principalmente, da personalidade que a minha amiga inventou. Dei um beijo de felicitação pela nota dele em literatura, afinal, eu o ensinei, mas ele fez a maior parte.

— Um dia quero ler um livro seu. — ele pede me beijando.

— Tudo bem. Você vai ser o meu primeiro leitor. — digo, mas não tenho certeza disso. — Ei, você vai para o Yellow Groove, né? Eu só vou por sua causa.

— Vou sim. Eu consigo falsificar a assinatura do meu desde os meus 12 anos. Fora que tenho o dinheiro para o passeio. A Sra. Watanabe me deu o que faltava. — ele garante, sorrindo e me beijando. — Vamos, tenho que entregar essa belezinha para o Sr. Wolf e suas incontáveis aulas de matemática.

— Nem me diga. Quero ficar. — protesto, mas seguimos para fora da sala vazia.

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