Doce Vingança 20.

Um conto erótico de Lukinha e Id@
Categoria: Heterossexual
Contém 4340 palavras
Data: 21/07/2023 18:43:34

Vincenzo estava decidido e incapaz de ouvir a voz da razão. Ele se livrou das mãos de Mirian e entrou no carro, precisava correr, pois a cerimônia seria em menos de doze horas e a viagem levaria no mínimo dez.

As primeiras seis horas de viagem foram tranquilas, mas assim que adentrou o estado do Rio de Janeiro, se guiando pela localização do celular da Bá, tudo começou a dar errado. Acidentes, blitz policial em sequência, lentidão … começou a perceber que não conseguiria chegar a tempo. Sua única opção era tentar falar com a Bá. Mandou uma mensagem pedindo a ela que tentasse ligar para ele. Vinte minutos depois, seu celular tocou e ele atendeu com o coração aos pulos:

– O que está acontecendo aí? Você está de olho em Anastasia? Não consigo falar com ela, o telefone parece que está desligado. Estou a caminho, chego em algumas horas.

Bá o acalmou:

– Está tudo bem sim. – Mas também, não conseguiu ficar quieta. – Apesar de eu não concordar com nada disso.

Vincenzo sentiu uma leve tensão na voz dela e ficou preocupado:

– E você? Está bem? Sinto que está tensa.

Bá conhecia Hélio muito bem. Sabia que tinha alguma coisa errada. Ele não era um homem que sorria com frequência, a não ser que estivesse fazendo alguma maldade. Aquele casamento não estava acontecendo da forma correta. Hélio jamais perderia uma chance de se exibir para os seus inimigos, de desfilar com Anastasia e causar inveja nos seus desafetos. Receosa, ela achou melhor alertar Toni:

– Me escuta, eu estou preocupada. Apesar de ter reservado com exclusividade toda a pousada, Hélio quer que eu e Mila, logo após a cerimônia, o deixemos sozinho com Yelena. Quer que a gente volte imediatamente para casa. Ele disse que irá para o destino da lua de mel, mas pelo que os funcionários aqui me disseram, o motorista contratado só virá buscá-los duas horas depois da cerimônia. E ele também tem um helicóptero preparado a poucos quilômetros daqui.

Entendendo as preocupações de Bá, Toni acelerou mais forte, tentando ganhar tempo e chegar mais rápido. Ela tinha mais a falar:

– Outra coisa, ele pediu para a pousada dispensar os funcionários também, logo após a cerimônia. Só irão ficar ele, Yelena e os seguranças. Eu não gosto disso …

Pelo menos, Bá era eficiente em seu trabalho de olheira, reunindo informações preciosas:

– Não tente entrar à força, os seguranças estão fortemente armados. Ao invés disso, dê a volta na propriedade, pois no lado sul, existe um caminho que apenas os funcionários usam, e ele o levará direto ao chalé de Yelena.

Sem mais o que falar, já tendo demorado demais, Bá se despediu de Toni e desligou. Ele, dirigindo como um louco, sem se preocupar com mais nada, só queria ganhar tempo.

{…}

Com tudo preparado, e a chegada do juiz de paz, exatamente na hora marcada, a cerimônia de casamento entre Hélio e Anastasia começou. Sem nenhum tipo de enrolação, apenas o rito matrimonial foi cumprido, somente o que era necessário legalmente e tudo aconteceu de forma rápida. Os dois assinaram, assim como as testemunhas, e um carro já estava à espera de Bá e Mila para levar as duas ao aeroporto mais próximo.

Aproveitando que Mila desviou a atenção de Hélio ao cumprimentá-lo, Bá abraçou Anastasia, desejando-lhe os parabéns e aproveitando para falar baixinho em seu ouvido:

– Ele está a caminho, já deve estar chegando.

Mila e Bá foram praticamente forçadas pelos seguranças a entrarem no carro e como havia sido combinado, Hélio deu a Anastasia tempo para que ela fosse ao seu chalé trocar de roupa.

Anastasia não entendeu por que Bá disse aquilo. Ela sabia que Vincenzo estava a caminho, era o combinado, mas não tão cedo, não naquele momento. O acordo era se encontrarem durante a madrugada, não logo após a cerimônia. Achando que dominavam a situação, o plano era trair Hélio durante a lua de mel, logo na primeira noite, e mostrar a ele como dói uma traição. Ela pensava se alguma coisa poderia ter acontecido, algo que obrigasse os dois a mudarem seus planos.

Anastasia começou a se despir, pronta para colocar a roupa para a viagem. Já estava apenas de calcinha, com os seios à mostra, quando Hélio invadiu o quarto, com um sorriso macabro no rosto. Ela tentou esconder a nudez:

– O que é isso? Você me assustou. Ainda não estou pronta.

Hélio apenas a encarava. Ela não sabia como reagir:

– Já estou terminando, você pode esperar lá fora?

Com cinismo, Hélio respondeu:

– Já estamos casados e você me disse que, após o casamento, devotaria sua vida a mim. Me lembro muito bem das suas palavras.

Anastasia, se enrolando rapidamente com o lençol da cama, tentou protestar:

– Mas não assim. Você está tirando toda a graça da lua de mel, da surpresa …

Hélio, a interrompendo, parecendo se divertir com a situação, tirou o celular do bolso, ligou a televisão do quarto e fez a conexão entre os aparelhos. Ele disse:

– Tem uma coisinha que eu preciso te mostrar. Será rápido.

Ele buscou um vídeo no celular e as imagens começaram a passar na televisão:

"Natasha cavalgava Vincenzo quase em desespero, enquanto ele apertava e sugava os seios dela. Natasha delirava:

– Isso, JB … me fode, meu amor … que pau gostoso, me preenche inteira.

Vincenzo, de olhos fechados, curtindo as sensações, respondeu:

– Caralho, Yelena … você está cada dia mais gostosa … que buceta quente, apertada …".

Hélio desligou a televisão, guardou o celular no bolso e encarou Anastasia, que não conseguia disfarçar a surpresa. Com aquele mesmo sorriso macabro, doentio, ele se aproximou dela:

– Então Anastasia, ou devo dizer Yelena? Vocês acharam mesmo que eu seria uma presa fácil?

Desesperada, acuada, ela nem percebeu que ele falava em português, e tentou se defender imediatamente:

– Eu nau sei o que significa esse, qual o ligaçau de Vincenzo com meu irmã …

Assim como fazia com Mila, Hélio segurou forte no cabelo dela, a fazendo se ajoelhar:

– Aprendeu português tão rápido, Anastasia?

Só então ela se deu conta do erro, não tinha mais como negar o óbvio:

– Hélio, par favor … o que vai fazer, nós poder conversar … – Ela estava aterrorizada.

Ele estava realmente se divertindo:

– O que eu vou fazer? Fica tranquila, tenho boas ideias. Poderíamos começar com as minhas casas de sexo. Você seria uma puta muito requisitada …

Ela tentou se livrar das mãos dele, mas ele era muito mais forte:

– Você vender aquele, eu ver contratos.

Hélio arrancou o lençol que a cobria:

– É verdade! Mas, infelizmente para você, eu vendi de uma empresa minha para outra … sabe como é, né? Brasil, proprietários laranjas … são coisas normais por aqui.

Ainda a puxando pelos cabelos, ele a fez se levantar e a jogou com força na cama. Enquanto falava, Hélio começou a se despir:

– Depois da mancada do ingrato do meu filho com Natasha, um bosta amador, pois não presta nem para manter um personagem, foi fácil descobrir a verdade. Quem, em sã consciência, entra na cova dos leões de livre e espontânea vontade? Aparentemente, vocês dois.

Ele se livrou do blazer e do cinto, e começou a desabotoar a camisa:

– Aqueles olhos … os mesmos da puta da mãe dele, desde o primeiro momento eu os achei muito familiar. Foi só mandar analisar o copo que ele usou naquele dia e voilà! Um DNA totalmente compatível. – Hélio ria de se acabar. – Seria um milagre? Uma segunda chance de Deus? Meu filho havia ressuscitado?

Hélio, apenas com a calça, voltou a pegar o celular e ligou novamente a televisão. Um segundo perito, que não era o técnico que editou as imagens, começou a falar:

"Eu posso garantir, com cem por cento de certeza, que essas imagens são falsas. Feitas por um especialista, e dos bons, admito, mas falsas. Sua assombração nada mais é do que um vídeo fabricado".

Sentindo que o perigo era real, que a vingança se acabava naquele momento, Anastasia temia por sua vida:

– Nau fazer isso, Hélio. Deixar eu ligar para sua filho …

Hélio queria torturá-la:

– Fraude em seguro, falsa comunicação de morte, roubo de identidades … Aquele idiota do meu filho se superou. Quase fiquei orgulhoso. Ele precisou descer ao meu nível para me combater. Mas com você sob a minha guarda, feliz por atender aos meus caprichos, ele vai piar fininho de agora em diante. Seja obediente e faça o que eu mandar, ou eu vou acabar com ele e com a Bá e ainda destruir a sua vida. – Ele a encarou com um sorriso debochado. – Ainda existem gulags na Rússia?

Por fim, ele tirou a calça e a cueca, subindo na cama, puxando Yelena pelas pernas e se posicionando entre elas:

– Antes de mandá-la para um dos meus puteiros, vou lhe dar uma última noite de prazer, te mostrar como um macho de verdade doma uma puta traiçoeira e mentirosa.

Aos berros, Yelena tentava resistir. Cravando as unhas no braço dele, o chutando, dando socos, mas ele era mais forte. Hélio ria do desespero dela:

– Pode gritar à vontade, ninguém virá socorrê-la. Os seguranças são todos de confiança e os funcionários, já foram todos liberados.

Ele rasgou a calcinha dela e com apenas uma mão, segurou os dois braços de Yelena. Quando se preparava para penetrá-la, foi puxado violentamente por Toni, que o atirou ao chão, com uma força descomunal proporcionada pela descarga de adrenalina correndo em suas veias, ao ver Yelena a ponto de ser violentada. Hélio bateu forte a parte de trás da cabeça contra a mesa de centro ao cair, apagando instantaneamente.

Desesperada, chorando muito, Yelena foi abraçada por Toni. Ele tentava acalmá-la, não era o momento para sermões, para dizer que suas preocupações estavam certas e que Yelena, assim como ele fizera anteriormente, também tinha subestimado Hélio.

Com os carinhos e a proteção do amado, Yelena, aos poucos, foi se recuperando. Nenhum dos dois dizia nada, não sabiam o que falar. Yelena se levantou e se vestiu, voltando a se desesperar:

– Ele bater forte o cabeça, acha que matar sua pai?

Toni se aproximou, constatando que o pai ainda respirava. Não havia corte ou sangramento. Pensando rapidamente, usou os cadarços do tênis de Yelena para amarrar as mãos e os pés dele. Sabia que no caso de um confronto físico, as chances eram iguais para os dois lados. Hélio, apesar de mais velho, era um homem maior e mais experiente do que ele.

A tensão e o silêncio foram quebrados pelo toque do celular de Hélio. Toni o pegou e leu a mensagem:

"Estamos prontos, patrão! A velha já foi separada e enviada para casa. A morena deu trabalho, mas estamos prontos para dar um fim nela. Só aguardando a ordem".

Encarando Yelena, sem saber como reagir, Toni disse:

– Acho que ele mandou matar a Mila … os capangas dele estão apenas esperando a ordem final.

Yelena se aproximou sem acreditar, pegou o celular das mãos dele e começou a ver o histórico de mensagens trocadas. Realmente, Mila estava por um fio, mas a Bá estava bem, Hélio mandou que a levassem para casa, não fizessem nada contra ela. Por sorte, ele mandou os seguranças ficarem longe do chalé em que estavam, disse para não atrapalharem sua cerimônia de casamento, que ele tinha planos de passar uma noite agradável com sua nova esposa.

Yelena pensou rápido, não era uma assassina, mas também, não sabia como resolver a situação. Teve uma ideia para ganhar tempo. Digitou uma mensagem de resposta para a equipe que prendia Mila, tomando o cuidado para escrever exatamente como Hélio o faria:

"Mantenham ela presa por enquanto e a vigiem. Amanhã darei mais instruções e um bônus a cada um".

Aguardou alguns segundos e a resposta veio:

"O senhor que manda, patrão".

Vendo que Toni pensava, mas não reagia, ela achou melhor tentar trazê-lo de volta à realidade:

– Não ter tempo, precisar sair daqui. O que vai fazer? As seguranças não ser bobas.

Toni teve uma ideia:

– Vamos levá-lo para a casa nova, esperar ele acordar e tentar negociar. Ele sabe sobre nós, mas nós também sabemos sobre ele. Ele não vai querer um escândalo ou se indispor com gente perigosa, acho que é a única forma de comprar a nossa liberdade.

Yelena mandou mensagem para a segunda equipe também, a que estava de prontidão no local:

"Tirem o resto da noite de folga. Dispensem o motorista e o Helicóptero. Se precisar de vocês, aviso".

Toni ainda pensava no que fazer. Após alguns segundos, ele disse:

– Tem um barco a motor próximo de onde deixei o carro. Eu vou nele com meu pai, e você leva o carro dele. Depois eu volto para buscar o meu, está fora da propriedade.

Yelena começou a juntar suas coisas e pediu a Toni que fizesse o mesmo com as de Hélio no chalé ao lado. Não trouxeram muita coisa, apenas o necessário para a cerimônia de casamento. Precisava parecer que tudo estava normal, que deixaram a pousada e foram para a lua de mel.

Ao entrar no chalé do pai, Toni encontrou a pasta executiva dele aberta, cheia de documentos e não resistiu a olhar. Estava tudo ali, relatórios da equipe de vigilância, provas dos desfalques de Mila na empresa, que ele não sabia, suas atividades e de Yelena desde o dia com Natasha na casa de swing … Hélio tinha provas mais do que suficientes para colocá-los na cadeia durante longos anos. Como conhecia bem seu pai, sabia que aqueles eram documentos únicos, sem cópias, pois ele era um centralizador, um ditador que não confiava em ninguém.

Voltou ao chalé de Yelena e mostrou a ela o que encontrou. Não era hora de ser carinhoso, e para que ela não se desesperasse novamente, precisou ser firme:

– Se você desmoronar agora, ele vence. Precisamos continuar em frente, não tem mais volta. Meu pai, acima de tudo, é um negociador. Temos provas contra ele também, só precisamos negociar.

Toni se lembrou das câmeras e foi até a recepção. Aquela era uma pousada pequena, muito exclusiva e somente o dono atendia na recepção, sendo assim, não existia nenhum tipo de proteção nos arquivos do computador. Como já estava acostumado a mexer com sistemas de monitoramento, apenas apagou as imagens das últimas vinte quatro horas, e restaurou o computador para o dia anterior, dando a entender que nada fora gravado durante aquele dia.

Ele voltou ao quarto e se despediu de Yelena, carregando o pai até o barco e evitando assim, qualquer problema no caminho, como uma blitz policial, por exemplo. Hélio não dava sinais de que iria acordar e inicialmente, aquilo era bom para Toni. Ele chegou à casa de Angra e Hélio continuava apagado no barco. Yelena já o esperava no pequeno cais da propriedade e o ajudou a levar Hélio até o quarto. Com uma corda encontrada na casa de barcos, eles o amarraram na cama.

Hélio continuava sem reagir e aquilo começava a preocupar Toni. Pelo menos, ele continuava vivo, sem parecer piorar. Por mais que o odiasse, não queria carregar essa culpa de ter matado o próprio pai, por pior que ele fosse. Com Yelena a salvo, já que Hélio estava impotente e fora de ação, ele precisava devolver o barco e buscar o próprio carro. O trajeto era rápido, poucos quilômetros e Yelena insistiu em ir junto, não queria ficar a sós com Hélio, mesmo amarrado.

Em menos de meia hora, eles estavam de volta, mas para não dar sopa para o azar, Toni deixou Yelena na frente da casa e estacionou o carro duas ruas abaixo, dez minutos longe da casa nova. Sendo um bairro de mansões, as casas eram bem afastadas e ninguém costumava andar por ali.

Ele voltou ao encontro de Yelena, que ainda o esperava do lado de fora. Os dois entraram juntos. Exausto, sem saber como continuar, trancou o quarto em que o pai estava e se deitou com Yelena no quarto ao lado.

Já era madrugada e após dirigir como um louco para chegar até ali, e de tudo o que aconteceu depois, precisava parar um pouco, deixar a adrenalina baixar e pensar com calma em toda aquela situação. Tanto ele, quanto Yelena, estavam calados, cada um tentado, a seu modo, encontrar soluções para o dilema atual. Não existia mais controle, não existia mais vingança, tudo tinha dado errado e se encaminhava para o pior final possível. Naquele momento, nem pensava mais em si, somente em manter Yelena, Bá e Mirian seguras.

{…}

Mais cedo naquele dia, os dois seguranças chegaram ao aeroporto particular de Angra dos Reis, deixando apenas a Bá para embarcar. Preocupada, ela perguntou:

– Mila não vem?

Um dos seguranças, um sujeito sem paciência, respondeu:

– Ela não, tia. Dr. Hélio disse que precisa dela, vamos deixá-la em outro hotel. Ela veio a trabalho também.

O outro segurança, mais paciente, completou:

– Vamos cuidar dela, não precisa se preocupar.

Os seguranças eram conhecidos e Bá preferiu se manter neutra. Mila também parecia não se importar, mesmo que não soubesse dos planos de Hélio. Ao invés de voltarem para Angra, eles pegaram uma estrada alternativa, chegando em uma propriedade que parecia abandonada. De forma bruta, o segurança praticamente arrancou Mila do carro e a empurrou até um barraco minúsculo. Ela tentou protestar:

– Você está maluco? O que está fazendo? Eu vou contar tudo …

Com um tapa forte em seu rosto, ele a fez se calar:

– Cala a boca, piranha! Foram ordens do homem. Se acredita em Deus, comece a rezar.

O brutamontes a empurrou com força para dentro, trancando a porta em seguida. Mila começava a perceber sua nova realidade. Gritando, chorando, ela tentava chamar a atenção dos dois homens. Pensando em como se livrar daquela situação, Mila ouviu a conversa deles algum tempo depois:

– O patrão respondeu, mandou a gente segurar, manter a piranha presa por enquanto.

– Vamos revezar então, cada um dorme duas horas, pode ser? Não precisa de dois pra vigiar. Assim que ele der a ordem, a gente apaga a ladra vadia e alimenta os tubarões.

– Beleza! Estou um bagaço. Eu vou primeiro.

Sem opções, o melhor que Mila poderia fazer era não entrar em pânico e tentar subornar ou seduzir um deles ou os dois. Pelo vão da porta, ela viu que um dos homens estava parado bem ao lado, vigiando. Esperou alguns minutos, dando tempo para o outro dormir e encontrou, no chão, um pedaço de uma perna de cadeira quebrada. Se preparou e, colocando um tom sedutor na voz, começou a tentar chamar a atenção do homem que a vigiava:

– Eu tenho muito dinheiro, posso dividi-lo com vocês …

O homem continuava imóvel, sem reagir:

– Abre essa porta, vamos conversar. Eu faço valer a pena. Por que você acha que fui amante daquele desgraçado esse tempo todo? Sou boa no que faço, deixe eu mostrar a você.

Ela notou que o homem se virou, pensativo.

– Vamos lá, eu sei que você quer. Vem aqui, eu vou lhe dar uma coisa que você jamais vai esquecer.

O homem deu um passo em direção a porta, mas parou subitamente:

– Cala a boca, vadia! Piranha safada.

Mila aproveitou:

– Sou mesmo. Abre essa porta e deixa eu te mostrar o quanto. Um homem como você, desse tamanho, deve ter tudo bem proporcional …

Irritado, querendo dar uma lição nela, mostrar que era leal ao patrão, ele abriu a porta e mal teve tempo para reagir, pois Mila cravou a parte quebrada da perna da cadeira em sua garganta, perfurando as veias carótidas e enquanto ele agonizava no chão, ela vasculhou os bolsos dele e encontrou a chave do carro e também sua carteira. Pegou o pouco dinheiro, o cartão de crédito e rapidamente saiu do cômodo.

O carro estava parado logo a frente e ela não viu o segundo segurança. Pela conversa que ouviu, ele deveria estar dormindo na outra casa do terreno, vinte metros à esquerda. Tentando não fazer barulho, ela entrou no carro e deu partida. Assim que acelerou, tiros estilhaçaram o vidro traseiro. Ela se abaixou, tentou manter a calma e continuar dirigindo, mas sentiu que algo estava errado, a direção estava muito pesada, como se os tiros tivessem acertado os pneus traseiros e o carro, puxava para a direita. Ela acelerou mais forte, tentando se proteger dos tiros ao ganhar distância, mas acabou perdendo o controle do carro, saindo da pista e colidindo contra uma mureta de concreto. Sem a proteção do cinto de segurança, Mila foi arremessada para fora, chocando-se violentamente contra o para-brisa.

O segundo segurança se aproximou, pensando em qual justificativa daria ao patrão. Com metade do corpo para fora e a outra ainda dentro carro, o sangue de Mila escorria sobre o capô. O segurança levou os dedos ao pescoço dela, mas não havia mais batimentos.

Ele sabia o que precisava fazer, era um profissional. Se lamentou ao encontrar o companheiro morto, mas precisava destruir as evidências do crime. Recolheu os corpos, os colocou em sacos para cadáver e os levou até o pequeno barco pesqueiro preparado com antecedência. Colocou fogo no carro e no cômodo separado usado para prender Mila, voltou ao barco e pilotou por um bom tempo, deixando os instrumentos náuticos guiarem-no naquela noite escura e até o continente sumir no horizonte.

Orou pelo companheiro morto em serviço, desejando-lhe uma boa passagem, mas não teve o mesmo cuidado com o corpo de Mila. Jogou os dois corpos na água e se livrou de todas as evidências. Antes de voltar ao continente, mandou uma mensagem ao patrão:

"Ela tentou escapar e eu precisei agir. Infelizmente, ela acabou levando um dos nossos junto com ela. Já me livrei de tudo, fique tranquilo. Vou precisar sumir por um tempo, seguindo o protocolo".

Ele quebrou o aparelho celular e também o jogou no mar.

{…}

O celular de Hélio vibrou e Yelena o pegou. Ela lia a mensagem sem acreditar. As lágrimas começaram a escorrer por sua bochecha. Toni pegou o celular da mão dela e também leu a mensagem. Yelena, deitando a cabeça na coxa dele, se lamentou:

– O que nós fazer? Essa culpa ser nossa também …

Toni não conseguia sentir tristeza pelo destino da ex-namorada:

– Isso não foi por nossa causa, foi por ela ter roubado um homem tão perigoso. Quem procura, acha.

Yelena se sentia mal, ela mudou de posição e se deitou de costas para Toni. Estava esgotada e acabou se entregando ao sono. Ao ver que ela dormia, Toni achou melhor deixá-la descansar. Olhou o próprio celular e notou que havia quase uma dezena de mensagens de Mirian, mas ele não tinha cabeça para respondê-la naquele momento. A verdade é que nem sabia o que dizer. Os problemas só se acumulavam e as soluções pareciam distantes.

Se levantou e foi até o outro quarto, o pai estava demorando demais para se recuperar. Ele destrancou a porta e entrou. Hélio permanecia na mesma posição em que fora amarrado. Ele abriu as portas da sacada e admirou o mar por alguns segundos. A lua cheia iluminava tudo. Aquela parte da casa tinha sido construída sobre um deque que invadia as águas do mar. "Em uma situação diferente, seria uma aventura legal dar um mergulho daqui". Ele pensou.

Nervoso, andando de um lado para o outro, Toni queria apenas desabafar, tirar aquela angústia do peito. Usando o refém desacordado como ouvinte, começou a falar:

– A que ponto chegamos, meu velho? Não teria sido mais fácil se você tivesse apenas me falado a verdade sobre Mila? Você tinha as gravações, tinha tudo … Você ainda estaria casado com Yelena, ou pelo menos, a gente ainda acreditaria nisso. Eu seguiria a minha vida, continuaria trabalhando e gerenciando a holding e nós dois, Yelena e eu, jamais teríamos nos apaixonado. Isso é tudo culpa sua.

Toni achou que ele se mexeu, mas ele continuava na mesma posição. Toni esperou um pouco, observando, mas Hélio continuava imóvel.

– Eu fiquei mal, sabia? Não pelo fato de você nunca ter me amado, ou nunca ter me dado a mínima atenção, mas por ter transformado o pior dia da minha vida em uma forma de extorsão, de chantagem contra quem me machucou. A sua traição foi mais dolorosa do que a dela. Por que não me deixou seguir em frente? Por que me manteve ao seu lado apenas para castigar a minha mãe …

Toni teve certeza de que ele se mexeu. Seus olhos não estavam enganados. Ele se aproximou do pai, mas Hélio respirava de forma irregular. Os batimentos também estavam estranhos. Aquilo fez Toni pensar seriamente em levá-lo ao hospital, mas e se, ao se recuperar, ele viesse atrás dele e de Yelena antes que ele tivesse tempo de se precaver, de mostrar a ele que também tinha provas para destruir sua vida e acabar com aquela pose de empresário benevolente e altruísta. Fora daquela casa, protegido por seus vários seguranças, Hélio era intocável. Tinha policiais, advogados, juízes e políticos na folha de pagamento. As chances estavam todas contra Toni e Yelena.

Quando Toni pensava em sair do quarto, Hélio começou a se debater violentamente, espumando pela boca. A convulsão era forte. O barulho que os pés da cama faziam, ao se chocar contra o chão, eram assustadores. Ele correu até o pai e o virou para o lado, para que ele não sufocasse, coisa tão comum em convulsões. Foram vários minutos desesperados, a convulsão não parava e Toni não sabia o que fazer.

Assim que o corpo de Hélio se acalmou, ele parou de respirar. Sem opções, achando que estava definitivamente fodido, que aquilo seria visto como assassinato, Toni fez a única coisa que jamais pensou fazer: desamarrou Hélio e se levantou da cama para tentar reanimá-lo, fazer uma massagem cardíaca, qualquer coisa ... mas não teve tempo. Assim que Toni se virou, Hélio investiu contra o filho. Por sorte, ele ainda não estava recuperado da pancada na cabeça, sentindo tontura e desorientado. Toni conseguiu se desvencilhar e, quando estava de costas para a varanda, seu pai se atirou contra ele novamente. Com um movimento rápido, Toni saiu da frente do pai que, desequilibrado, acabou por se chocar com o parapeito da varanda e tombou para o mar abaixo da sacada.

Continua.

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Comentários

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Uma vez vilão, sempre vilão

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Concordo, tomara que esse seja o fim dele, aí vão poder ficar tranquilos, esse aí ia ser difícil de ter acordo com ele.

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Cê tá demais em Lukinha-01! Por sua vez ele teve o que mereceu mas resta saber se realmente ele foi para o além porque vaso ruim costuma não quebrar! ⭐⭐⭐💯

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Como sempre ótimo seu conto,mas vamos ao fatos, todos sabia que este plano iria dar m, yelena e Toni não prévio que hélio era um homem esperto p cair como um pato nesta história,o cara e mal,tem conhecimento e poder além de dinheiro para subornar meio mundo, agora Mila teve um fim que pensando bem mereceu, agora espero que hélio agora com o tombo não morra pois a morte e um prêmio,Tamara que fique numa cama de hospital inválido para receber o que merece, parabéns a vcs está ótimo

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Drama, ficção, erotismo, terror... Tudo isso narrado em uma trama maravilhosa d se ler, e q em alguns momentos nos leva a estar na cena como coadjuvantes... Parabéns e continuo envio do a espera do desenrolar da estória...

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Uma pena Mila ter morrido. Ela era pra ser desmascarada pelos dois,saber a verdade e ter uma boa conversa com eles.

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Astrogildo, realmente foi uma pena. Mas Vincenzo e Anastácia tentaram mantê-la viva. Eu acho que ela percebeu que já estava com a corda no pescoço e tentou se salvar. Deu errado !!!

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O que foi isso??? caraca que loucura... acontecimentos e reviravoltas.

gostei demais, tudo esta se encaixando, a bondade repentina do Hélio estava muito estranha... agora sabemos os motivos.

mas de tudo o que aconteceu, eu fiquei com dó da Mila, mesmo ela sendo uma vigarista de marca maior, eu simpatizava com ela...

roendo o pouco que resta dos dedos no aguardo do próximo

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Cara demais que situação muito louca parabéns pronto para o desfecho final nota nota mil parabéns

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Muito show!!! Bem coerente com a “realidade”. Amador VS Profissional não tem como ganhar 100% e ainda tem que contar com o fator sorte pra não ser destruído no processo. Resta a nós leitores torcer que o autor e co-autora faça com que Hélio fique em um estado vegetativo e deixe nossos protagonistas em paz.

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Realmente as pontas se encaixaram e esta tudo se desenrolando. Eu sabia que isso nao ia terminar bem kkkkkk mas fiquei feliz por não tentar resgatar o Hélio e fazer ele se redimir de alguma forma.

Parabéns!!!

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Mister Anderson, ainda existem detalhes a serem explicados. E eles serão. Pode acreditar.

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Agora tá explicado toda aquela paixão do hélio no capítulo passado, apesar da Mila não prestar foi um fim bem trágico o dela 😢😢😢, vamos ver se alguém sobra nessa história 🤣😂.

Muito bom.

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Marcelo, te garanto que eu, o Luquinha e a Ba, sairemos ilesos. Rsrsrs

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P.U.T.A. Q.U.E. P.A.R.I.U.!!!!!! Que reviravolta! Que acontecimentos! E eu que torcia para que tudo fosse jogado na cara do "intocável" Hélio junto com a Mila, não vou ter mais esses gosto!

Mais e agora? O que vai acontecer com os envolvidos?

Olha dupla! Vocês estão demais! Parabéns!

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É só aguardar o ultimo capitulo, ué!!!

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😱😱😱😱😱😱😱 ÚLTIMO?????😱😱😱😱😱😱😱

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Pelo menos foi o que o Luquinha me falou. Já está na hora de fechar o caixão!!! Entendedores, entenderão!!!

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Eu ainda preferia o pai e a Milla presos e não a morte deles, parabéns novamente pela história, esse conto nos prende muito.

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Grb73, entendo a sua preferencia. Entretanto, neste caso, tanto Toni quanto Yelena também deveriam ser presos. Eles sim, cometeram crimes.

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Quem sabe um outro texto com final alternativo... Kkk! Meu parabéns Id@ e Lukinha nota 2000

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Cheguei!!!!

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Hoje você foi rapido no gatilho !!!

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Kkk, mas só pra deixar claro, não estou competindo não!

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Eu também não. Pode ficar tranquilo!!!

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