No dia seguinte acordei me sentindo fisicamente bem, mas emocionalmente quebrado, era tanta coisa para digerir, como ainda estava doente meu pai me deixou ficar em casa, minha madrasta estava achando estranho meu pai sendo tão gentil e compreensivo comigo, acho que ela não deveria saber o que meus pais estavam fazendo.
Mas o que mais tirava minha paz era ter que contar para Isaac sobre o que tinha acontecido com Davi, tive medo do Davi contar para ele na escola, afinal sabia que se ele não ficasse sabendo por mim a situação seria mil vezes pior, então crie coragem e mandei mensagem para ele falando que precisávamos conversar, mesmo que Isaac não me perdoasse minha consciência nunca ficaria limpa se não contasse, fora que viveria com medo do Davi trazer a verdade a tona como já estava.
Por sorte ele disse que faltaria a escola e que iria me ver, fiquei aliviado e tenso ao mesmo tempo, enquanto esperava minha madrasta ir para igreja comprir com algumas de suas obrigações meu coração parecia que sairia pela minha boca de tanta ansiedade, quando finalmente ela saiu, avisei que ele poderia vir, não demorou muito tempo ele bateu na minha janela, abri e ele entrou, estava lindo, usando calça jeans e uma camisa básica branca, Isaac tinha os olhos de menino e o corpo de homem, ele era gostoso e fofo não sei explicar.
Ele me beijou e por um leve momento esqueci o que diria a ele, mas logo recobrei a consciência afinal transar com ele e só depois falar sobre a traição seria muita covardia da minha parte, ele percebeu que minha cara indicava que o assunto era difícil e deu a devida importância, sentamos na minha cama e fiquei em silêncio por quase um minuto, as lágrimas já caiam pois sabia que ele ficaria furioso.
— Você está me assustando, Jonas. — Disse ele preocupado comigo.
— O que eu tenho para dizer é muito difícil.
— Fala de uma vez ué. — Isaac estava impaciente.
— Quando descobri que meus pais estavam tendo um caso eu liguei para você e você não me atendeu, fiquei sem norte, Davi me acolheu e me ajudou, fomos para a casa dele, estava tão mau que aceitei bebida e até fumei maconha com ele.
— Ele lhe deu maconha, que droga, te falei que ele não era confiável, isso não é o tipo de coisa que se usa sem pensar Jonas. — Ele estava bem alterado.
— As coisas ficaram estranhas. — Isaac começou a entender e seu rosto foi se fechando ainda mais, seus olhos ficaram escuros.
— Você ficou com ele? — Não tive coragem de responder.
Isaac ficou em silêncio, isso foi pior que um soco, ele foi se acalmando, fechou os olhos, meu peito parecia que iria estourar, estava nervoso, sua calmaria me deixou confuso e aterrorizado, tive medo dele reagir como meu pai, afinal estava fazendo o mesmo que minha mãe fez, me senti sujo e perdido, não sabia se deveria tentar tocar nele, ou fugir dele, ou qualquer coisa, fiquei sem saber como agir até que ele levantou se dizer nada e foi saindo do quarto.
— Isaac me perdoa.
— Pelo que? — Ele respondeu seco.
— Eu estava fora de mim, não deveria ter feito isso e você tinha sumido.
— Ah então a culpa é minha?
— Não foi o que eu quis dizer.
— Jonas não estou com raiva só estou decepcionado, eu sei que errei em ter sumido e sinto muito não ter estado com você quando seu mundo desmoronou, mas tinha que ser o Davi, logo ele, eu poderia perdoar qualquer um que fosse, menos ele, porque sei que ele só foi atrás de você por que você era meu namorado.
— Não, ele não faria isso.
— Por favor Jonas não defende ele, não para mim.
— O que eu posso fazer. — Minha voz falhou.
— O que você precisar pode contar comigo, sei o quanto está sendo difícil com seus pais.
— Então podemos continuar? — Um pouco de esperança cresceu dentro de mim.
— Como amigos, só como amigos.
— Não quero ser só seu amigo Isaac. — Estava desesperado.
— Pensasse nisso antes de dormir com meu meio irmão Jonas, agora vou indo, melhoras.
Isaac se foi e com ele minhas forças foram junto, desabei na cama e chorei, parecia que meu corpo ia explodir de tristeza e raiva, passei o resto da semana preso no quarto, Isaac não respondeu nenhuma das minhas mensagens, mas não me bloqueou o que me deu um pouco de esperança dele me perdoar, Davi por outro lado mandou inúmeras mensagens, respondi algumas, mas não quis conversa, não estava com raiva dele e nem nada disso afinal a culpa tinha sido minha, podia ter dito não, podia não ter ficado, não ter bebido, não ter fumado, numa coisa decidi que não seria como minha mãe.
E por falar nela, a mesma foi embora quando, não sei o que ela conversou com meu pai e no fundo nem queria saber, o clima na minha casa estava péssimo, minha madrasta queria me obrigar a ir para a igreja, sair do quarto ir para escola, mas meu pai me defendeu todas as vezes, não sei se foi por culpa, mas o fato é que ele parecia querer me evitar assim como eu queria evitá-lo, mas não deu para continuar sem ter uma conversa franca com ele por muito mais tempo, no sábado ele praticamente me arrastou para a igreja e na sala dele tivemos nossa primeira conversa franca da vida.
— Filho, vou me divorciar da sua madrasta. — Ele foi o primeiro a falar e fiquei em choque.
— Por que?
— Sua mãe e eu conversamos e decidimos tentar de novo.
— Você tá me tirando né pai.
— Olha como fala comigo Jonas.
— Pai ou melhor pastor, o senhor perdeu o juízo?
— Jonas! — Chamou minha atenção com mais força.
— Por que, ela não presta ao pai.
— Ela é sua mãe Jonas, Deus mas iluminou o caminho dela e vamos ser uma família.
— Nunca seremos uma família pai. — Falei com lágrimas nos olhos.
— Por que não Jonas?
— Porque o senhor nunca vai ser capaz de me amar. — O medo sumiu, e sem pensar confessei meu maior segredo para ele. — Eu sou gay pai, eu gosto de garotos, nunca vou ser esse homem que você quer que eu seja, nunca vou me casar ou ter filhos, sou gay pai, eu tentei mudar, tentei não ser, mas eu sou.
Meu pai ficou calado, ele parecia está tentando assimilar tudo, tive medo dele me bater ou me expulsar, mas ao invés disso ele só me olhou, pela primeira vez senti medo do meu pai, sempre tive medo de suas reações, mas nunca fui o foco de sua ira, queria saber o que ele estava pensando, só que ele me olhou com tanto desgosto que pude imaginar o que se passava pela cabeça dele.
— Deus vai te trazer para o caminho certo, e um dia vou poder ter meu filho de volta.
— Que nem ele te trouxe sua esposa? — Falei e levei um tapa no rosto pela minha petulância.
— Vai para casa e ora Jonas, ora para que Deus te cure.
Chorei o fim de semana todo, meu pai passou a me tratar como se eu fosse um desconhecido dentro de casa, ele não falava comigo e nem me olhava, ele tomou meu celular e quebrou bem na minha frente, no domingo a noite ele disse que me daria comida e um teto e educação e nada mais, disse que iria orar para que Deus me tirasse das trevas e disse que se eu o envergonhasse ou leva-se um homem para casa ele me colocaria na rua, basicamente queria que enquanto morasse com ele não poderia ser gay.
Na segunda fui para escola e para minha surpresa Isaac me esperava para irmos juntos, quis chorar quando o vi, está com ele e não poder abraçá-lo foi muito doloroso.
— Contou pro Pastor. — Ele já sabia.
— Eles vão voltar Isaac, querer ser a merda de uma família feliz sendo que nunca poderemos ser.
— Sei que deve está sendo difícil para você então se precisar conversar tô aqui.
— Isaac.
— Como amigo Jonas, não consigo ser mais que isso.
— Por que você ainda fala comigo.
— Porque eu te amo Jonas.
Não teve como nós abraçamos, mas não passou disso, fomos para o colégio, Isaac era o cara muito forte, pois mesmo com tudo ele ainda conseguia ficar ali do meu lado, fui grato por deus por ter ele naquele momento, assim que chegamos demos de cara com Davi que ficou surpreso por nos ver juntos, já que ele sabia que tinha contado a verdade para Isaac, ele entrou e só fui vê-lo de novo na sala.
— Vocês voltaram. — Ele perguntou.
— Não.
— Então por que estavam juntos?
— Ele é meu amigo.
— E a gente Jonas, porque não me dar uma chance? — Estava tão cansado disso tudo.
— Davi somos amigos, eu gosto dele e sempre vou gostar.
Depois daquele aula minha amizade com Davi mudou, ainda nos falamos até o final da aula, mas ele pareceu distante, acho que deve ter ficado puto comigo pelo fora, mas ficar com ele só iria piorar as coisas com Isaac, e tudo que não queria era mais confusão, e realmente não tinha nenhuma segunda intenção com Davi.
Os dias foram passando e fui entrando em um mundo só meu, Davi e eu já mau nos falavamos, Isaac compriu o que disse e continuou sendo meu amigo, quase morri de ciúmes quando o via com as meninas da igreja e da escola em cima dele, até onde sei ele não começou a namorar ninguém, mas não tinha como garantir que ele não estava saindo com ninguém, seus pais pareceram se entender o que deixou ele meio puto com eles, e com isso Isaac foi saindo da igreja, parou de tocar na banda e mal ia para os cultos.
Com o tempo conseguir faltar também, meu pai nem parecia ligar, mas, se eu ia ou não, o tratamento dele comigo só piorava, perto do final do ano, ele se divorciou da minha madrasta e pelo menos isso pareceu pacifico, acho que ela também já esperava por isso, ela saiu por um lado para que minha mãe entrasse pelo outro, até onde soube ele se separou do meu tio e veio morar com a gente, descobri que ela teve outro filho com meu tio, mas assim como ela fez comigo fez com ele, meu irmão ficou com meu tio, pois meu pai não o queria conosco.
Quando o ano acabou me formei no ensino médio e fiz vestibular, para medicina e para direito o mais longe possível dos meus pais, Isaac prestou vestibular para educação física o que me deixou surpreso, sempre pensei que ele iria fazer para música, mas enfim, Isaac e a família viajaram e só o vi de novo em Janeiro quando ele veio na minha casa se despedir, pois tinha passado para direito do outro lado do país, minha sorte foi que minha mãe concordou em me bancar com aluguel e alimentação o resto teria que me virar.
— Cê vai mesmo? — Isaac me perguntou enquanto arrumava minhas malas.
— Sim, sempre quis ir embora dessa casa, e você vai continuar nessa cidade.
— Vou, minha mãe precisa de mim, meu curso tem aqui perto, dá para voltar nos fins de semana.
— Isaac desculpa por tudo. — Nunca mais tínhamos voltado a falar sobre meu vacilo.
— Esquece isso, Davi é um covarde nem vale a pena brigar mais por isso.
— Você deveria conversar com ele e tentar se entender.
— Jonas.
— Tá parei, mas ai vou sentir muito sua falta.
— Também vou sentir a sua, mas logo você vai achar outro senhor perfeitinho por lá. — Brincou com o apelido que dei a ele.
— Impossível porque só tem um senhor perfeito e é você.
— O senhor perfeito e o filho do pastor.
— Você não é perfeito. — Falei me aproximando dele.
— Mais você é o filho do pastor. — Rimos e quando não estava esperando ele me puxou para um beijo, um beijo quente e necessitado, suas mãos foram me apertando, senti seu pau duro o meu ficou duro também.
Isaac me beijava como se nunca tivéssemos nos beijado antes, como senti falta da sua boca, sua língua, seu corpo quente, subi no seu colo passando minhas pernas pela seu quadril e ele me segurou com suas mãos fortes, ele me levou até a cama onde beijou meu pescoço, meus pais estava em casa e por mais que eu quiser transar com ele ali não tinha como, mas só em poder ficar com ele um pouco fez minha vida ter um pouco de animo de novo, mas tivemos que nos separar de novo pois viajaria na manhã seguinte e provavelmente não nos veríamos de novo, Isaac sempre estaria em meus pensamentos, meu primeiro amor, meu primeiro homem, meu senhor perfeição.
