Meu namorado mafioso - Capítulo 1 - As férias

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Gay
Contém 11152 palavras
Data: 17/06/2023 11:14:18

Meu namorado mafioso – Capítulo 1 – As férias

Acordei com o sol batendo no meu rosto, comecei a abrir os olhos, mas parei assim que a claridade que entrava por eles se parecia com agulhas sendo fincadas neles. A cabeça latejava e meu cérebro parecia estar boiando num líquido. O restante do corpo, totalmente nu, parecia não existir, embora eu estivesse com vontade de mijar. Nem me perguntem onde eu estava deitado, pois não fazia a menor ideia de onde estava. Pela maciez sobre a qual meu corpo jazia eu diria que era uma cama. Também não me perguntem como cheguei ali, uma vez que a última coisa da qual estava começando a me lembrar, era da briga rolando solta no barzinho apinhado de jovens como eu, dançando e engolindo tudo o que podiam. Ainda entorpecido, jurei a mim mesmo que jamais voltaria a enfiar um único gole de álcool na boca, pois algo me dizia que foram aqueles drinques saborosíssimos os responsáveis pelo meu estado atual.

Ao me virar para o lado dei de cara com ele e, assustado, soltei um grito despertando-o. Era um deus grego em carne e osso; muita carne, produzida por músculos enormes e bem torneados que, além da pele bronzeada com alguns pelos sensuais distribuídos em regiões estratégicas, não tinha mais nada a cobri-lo. Com meu grito, ambos deram um salto ficando sentados lado a lado sem entender nada. Ele me pareceu estar mais ciente de onde estava, tinha se assustado com meu grito a acordá-lo daquela maneira explosiva.

- Quem é você? O que faz na minha cama? Quem te deu essa liberdade? Pelos céus criatura, cobre essa coisa enorme e indecente! Ah, como eu gostaria de saber se isso tudo não é um pesadelo! – balbuciei com a língua pesada e a boca seca.

- Bom dia para você também! Diga-me, você sempre acorda assim todas as manhãs, aos berros e alucinado? Que baita susto você me deu, agora que estava entrando na melhor parte do sono! Deita aí, daqui a algumas horas voltamos a conversar! – respondeu ele, como se eu fosse um antigo e íntimo amigo com o qual não se precisa de pudores.

- Ficou maluco! De onde você tirou a ideia de que vou compartilhar a minha cama com um completo estranho e, ainda por cima, pelado e com esse troço gigante duro? Pode ir caindo fora! – ordenei.

- Tecnicamente, essa cama é minha, não sua! Quanto a compartilhá-la comigo, o que você preferia, ficar jogado na calçada em frente ao bar ou ter um lugar confortável para descansar o esqueleto depois de toda aquela esbórnia? Você devia estar me agradecendo! Agora, se não se importa, me deixe dormir mais um pouco! – retrucou ele, enfiando a cara nos travesseiros.

- Pois então fique aí! Eu é que não fico mais nenhum segundo do lado de um doido varrido feito você! – revidei, saindo da cama, momento em que quase me estatelei no chão, pois minha cabeça parecia um redemoinho.

Olhei ao meu redor e não identificava absolutamente nada, embora vasculhasse pelo ambiente não encontrava as minhas roupas. Puxei o lençol, enrolei-o ao redor das minhas partes pudendas e, me apoiando no que encontrava pela frente, saí a esmo passando por um corredor estreito, subindo os degraus de uma escada enquanto meus ombros batiam nas laterais das paredes e indo parar num salão cercado por janelas pelas quais se avistava o mar. Não me lembrava de poder ver o mar por todos os lados das janelas da suíte do hotel, mas do jeito que a minha cabeça estava confusa, não era de estranhar que tudo estivesse mudado. Aonde diabos se meteram o Jens e o Peter? Essa merda toda é culpa daqueles dois degenerados que, ainda por cima, me deixaram sozinho com aquele depravado pelado lá em baixo, seja ele quem for.

- Santo Deus! Que porra é essa? Quem foi que me enfiou nesse barco? Essa merda está se movendo? Caralho, está! Parem imediatamente essa joça que eu vou descer! – falava eu, aparentemente comigo mesmo, pois não havia ninguém a vista, quando me debrucei sobre a amurada.

- Cuidado, senhor! Por pouco não cai no mar! O senhor não está em condições de andar por aí, muito menos de ficar se pendurando pela amurada. Vou levá-lo de volta à cabine, estará mais seguro lá! – disse a voz grossa de um sujeito que mais se parecia com um armário, tão largos e maciços eram seus ombros e, que me carregava em seus braços como se eu fosse um boneco.

- Quem é você? O que pensa que está fazendo? Eu não volto nem sob tortura para junto daquele doido pelado lá embaixo! Me ponha no chão, eu sei caminhar por meus próprios meios. – afirmei, embora tivesse dúvidas do que estava afirmando.

- Sou o Fredo, senhor! Não é o que está parecendo! Por precaução, vou levá-lo até o salão onde ficará confortável. Quer me mande lhe servir o café da manhã? Um café lhe faria muito bem, se me permite a sugestão? – devolveu ele, com a mesma firmeza na voz que seus músculos tinham.

- Pois bem, Fredo! Você pode me explicar como cheguei aqui? Pode mandar parar esse barco, que eu quero descer? E, pode me dizer onde estão as minhas roupas, e o mais importante, quem foi o abusado que as tirou do meu corpo? – o que mais me faltava eram esclarecimentos, eu estava atolado num limbo de incertezas.

- Foram um contramestre e o Salvattore que o trouxeram a bordo, por ordem do senhor Matteo! Não posso mandar o capitão parar o iate sem a aprovação do Matteo. E, respondendo a sua última pergunta, creio que também foi o senhor Matteo que o despiu, e vou verificar se suas roupas já estão prontas na lavanderia. Deseja mais alguma coisa, senhor? – aquilo só podia ser um pesadelo, pois nunca tive um sonho tão maluco.

- Me belisca, Fredo! Me belisca para eu ter certeza disso não ser um grande e confuso pesadelo! – exclamei, encarando aquele sujeito enorme que estava diante de mim. Ele riu.

- Posso lhe garantir que não é um pesadelo, senhor! Eu não beliscaria essa pele linda por nada nesse mundo, seria um crime. – devolveu ele, mantendo um sorriso amistoso naquele rosto másculo.

Ele estava terminando de pronunciar as últimas palavras quando vi surgir em nossa direção outro mastodonte semelhante a ele. Cabelos cortados curtos rente ao contorno da cabeça, um tronco largo e que devia ser tão sólido quanto o do Fredo, de onde também saiam dois braços cujos bíceps tinham quase a mesma circunferência da minha cintura, e que pareciam estar prestes a rasgar a camiseta que trajava; bem como as pernas grossas que mal cabiam na calça que estava usando. Não fossem as diferenças nas expressões faciais e na coloração dos cabelos, podia-se dizer que eram dois clones; clones másculos lindos, bem observado.

- Este é o Salvattore! Ele poderá lhe explicar melhor como o senhor chegou a bordo! – afirmou o Fredo, me deixando com o sujeito recém chegado.

- Bom dia, senhor! Posso ajudá-lo em alguma coisa? Onde prefere tomar seu desjejum, no deque ou no salão? – indagou solícito.

- Bom dia, só se for para você! Pode me ajudar assim, Salvattore! Pode começar me explicando como vim parar nesse barco e para onde pensam que estão me levando? Isso, por acaso, é um sequestro? Se for, já vou adiantando que não passo de um turista inofensivo e que acabo de rapar a minha conta bancária para curtir as minhas férias na Croácia com meus amigos, se é que aqueles dois continuarão a ser meus amigos quando eu trucidar os pescoços deles. Portanto, se estão pensando em pedir algum resgate, é melhor me atirarem aos tubarões, pois não vai rolar! – sentenciei, o que o fez rir.

- O senhor é muito espirituoso! – exclamou ele, me encarando com um sorriso emoldurado por um rosto hirsuto e viril de fazer piscar o cuzinho. – Nós o trouxemos a bordo para tirá-lo do meio da briga, ninguém mais estava se entendendo e o senhor poderia sair ferido. No momento, estamos navegando em direção a Dubrovnik, creio que o Matteo o levará para jantar por lá. Ele sempre gosta de passar dois ou três dias na cidade quando está de folga. E, só para esclarecer, tecnicamente o Azzurro não é um barco, é um iate de 180 pés. E, ainda respondendo às suas perguntas, não creio que o Matteo o tenha sequestrado ou esteja planejando um resgate, os negócios da família são outros e certamente dão mais lucro do que um sequestro. – respondeu ele, de um jeito bem brincalhão.

- Você também é bem espirituoso, Salvattore! E um gozador! Pois continuo não entendendo nada. A única coisa que eu sei é que minha cabeça está para estourar. – devolvi

- Posso lhe trazer um analgésico, se quiser! – respondeu ele

- Esse seria o maior favor que alguém podia fazer por esse pobre infeliz que só quer entender o que está se passando. – retruquei, fazendo-o rir gentil novamente.

Nos minutos que fiquei a sós, fiquei meditando sobre aquela situação bizarra. Eu nu em pelo, acordando do lado de um desconhecido peladão com o maior pauzão duro que eu já tinha visto, a bordo de um barco ou iate, ou seja lá, como querem chamar essa joça se movendo sobre o mar e cercado de paisagens deslumbrantes, com um par de machos enormes me tratando como se eu fosse um rei que, apesar disso, continuava enrolado num lençol, e era banhado por um sol maravilhoso e acolhedor. Será que tinham me colocado como protagonista de um filme? Onde diabos estavam o Jens e o Peter? Íamos nos encontrar, quando esse pesadelo ou esse filme terminarem, e minhas mãos iriam direto para os pescoços daqueles dois desgraçados, e só sairiam dali depois deles não respirarem mais. Como é que esses pulhas deixaram tudo isso acontecer comigo, o melhor amigo que poderiam desejar?

O Salvattore voltou com o analgésico e uma bandeja sobre a qual estavam dispostos uma jarra suada com água gelada e um copo, praticamente ao mesmo tempo em que ele surgia vindo do mesmo caminho que eu havia trilhado para chegar ao convés. Usava apenas uma bermuda caqui, mas dava para ver nitidamente que o cacetão duro que eu vi no meio das pernas dele ao acordar continuava lá fazendo volume. A visão daquele homem era um espetáculo à parte, e meu cuzinho não era refratário a ela. O tesudo então se chama Matteo. Por que, repentinamente, comecei a achar que já tinha ouvido esse nome e que aquele rosto que me sorria não me era totalmente estranho, como eu supus ao despertar ao lado dele? Havia um grande vácuo na minha memória, de que tamanho eu ainda não saberia dizer, mas pelo visto não era pequeno. O Fredo também retornou, e trazia minhas roupas, limpas e impecavelmente passadas.

- Vejo que já está sendo bem atendido! Está se sentindo melhor? – perguntou o Matteo, sentando-se ao meu lado nas almofadas do deque.

- Na verdade, nem sei dizer o que estou sentindo! Só sei que você me deve muitas explicações. O que está fazendo comigo? – respondi.

- Peça para servir o almoço, Fredo! – pediu ele, antes de voltar sua atenção para mim. – Estou varado de fome, e você? – perguntou, me encarando.

- Eu te fiz uma pergunta, e espero uma resposta que esclareça tudo isso.

- Estou te levando a Dubrovnik, como te prometi, Rolf! – respondeu ele, com a maior cara de pau.

- Como sabe meu nome? Você está me sequestrando, é isso?

- Você me disse que se chama Rolf, a menos que tenha mentido para mim. Acho melhor você colocar alguma coisa nessa barriga, a ressaca ainda não passou, você continua não falando coisa com coisa. Costuma se embebedar tanto assim durante as tuas farras, a ponto de nem se lembrar do próprio nome? – indagou

- Que farras, que bebedeira? Eu não faço nada disso! – exclamei zangado. Ele começou a rir.

- Bem, na noite passada fez! O resultado é o que você está vendo e sentindo. Mas, foi divertido, você me proporcionou uma das melhores noites da minha vida.

Eu nem me atrevi a perguntar o que foi que eu fiz para proporcionar uma das melhores noites daquele sujeito, já que acordei pelado ao lado dele a bordo de um iate quando deveria estar na suíte de um hotel em Split com meus dois amigos de infância. Quanto mais eu olhava para ele, mais tinha a sensação de conhecê-lo; assim como ao Salvattore que voltou acompanhado de outro rapagão de inegável beleza e masculinidade que nos serviu o almoço.

- Estou a bordo de um cruzeiro para gays, onde todo homem que me aparece parece ter saído de alguma revista pornô, e esqueceram de me avisar? – questionei, quando o sujeito atlético sorriu para mim.

- Pensei que só estivesse interessado em mim, mas os rapazes vão tomar isso como elogio, vindo da sua parte, acho que se sentirão lisonjeados. – disse o Matteo. – A propósito, esse é o Pietro, nosso chef! Se quiser que ele lhe prepare um prato especial, é só pedir!

- Eu, interessado em você? De onde tirou essa ideia? – retruquei, um tanto quanto exasperado, uma vez que me fazia parecer um veado safado.

- Daquilo que você me falou ontem no barzinho, no meio da balada! Você não parava de acariciar os pelos do meu peito e queria chupar a minha ereção ali mesmo, enquanto me fazia declarações de amor. – respondeu ele, convicto demais para ter inventado aquilo no improviso.

- Por favor, me devolvam meu cérebro, minha memória, pois isso está ficando cada vez mais tenebroso! – exclamei.

- Acalme-se Rolf! Em breve você se lembrará de tudo, aos poucos. O mais importante é que estamos aqui, juntos, e eu estou adorando a sua companhia. Vamos nos dar muito bem, tenho certeza! E, depois que eu entrar nesse corpo, seremos os mais afinados e compulsivos amantes. – disse ele

- Amantes?

- Sim, amantes! Não foi isso que você me prometeu quando o coloquei na cama?

- Por favor pare de falar essas coisas! Nada disso pode ter acontecido, eu não posso ter falado tanta bobagem e não me lembrar de nada. Vou acabar num hospício, só pode ser! – balbuciei, enquanto provava a salada com lascas de salmão defumado, sem coragem de olhar para aquele rosto que me sorria de forma ladina e cobiçosa.

- Você é muito divertido! Amo isso em você! Isto é, também isso, pois a sua bunda está me deixando louco. – eu precisava perguntar, mas antes precisava reunir coragem suficiente para isso.

- Ontem, ... quer dizer, sei lá quando ... no barzinho como você mencionou, ou aqui, isto é, na cama onde acordamos ... você e eu ... eu e você ... aconteceu exatamente o quê? – questionei gaguejando, pois temia pela resposta.

- No barzinho, enquanto estávamos dançando, você se pendurou no meu pescoço e me deu um beijo delicioso. Aqui, quando tirei suas roupas para te enfiar debaixo da ducha, você me pediu para entrar com você no banho, uma vez que estava querendo me ensaboar. Na cama, depois que te enxuguei, você despencou sobre meus ombros e eu coloquei um beijo na sua testa e te desejei – Boa noite – antes de você capotar. – revelou.

- Então não ... – continuei gaguejando

- Não! Não aconteceu nada, apesar do meu cacete ter ficado tão duro que estava rente a minha barriga, eu não toquei em você. Quero que esteja bem sóbrio e participativo quando o fizer! – eu corei feito uma donzela de romances melosos.

- Obrigado! Ao menos um teve um pouco de juízo! – exclamei, o que o fez rir.

- Só não sei até quando vou conseguir manter o meu, se te vir pelado novamente! – acho que foram essas palavras que me fizeram apaixonar por esse sujeito que ainda era um completo mistério.

Tendo recarregado a bateria do meu celular, consegui ligar para o Peter, a fim de ver o que era feito deles. E, mais um pouco da história nebulosa daquela noite veio à tona. Ele e o Jens, sabendo que eu era muito certinho e retraído, tinham conseguido com um sujeito da balada, um frasco de GHB (ácido gama-hidroxibutírico) e resolveram misturá-lo ao segundo e último drinque que estava tomando. Deu no que deu, um apagão total depois de umas três horas de total desinibição e ousadia.

- Cara, você estava hilário! Era outro Rolf, um Rolf para lá de safado! Você deu em cima de tudo que é garota que estava desacompanhada e de alguns carinhas que estavam achando graça do seu jeito brincalhão. O tal do italiano que estava te paquerando à distância, depois de já ter zoado com meia dúzia de caras, virou seu alvo favorito, e ele pareceu estar curtindo também. Quando você disse para ele que estava a fim de transar com ele, acho que levou a sério, e foi quando vocês deixaram a balada e sumiram. Eu e o Jens tentamos te segurar, com receio de você entrar numa fria, mas você estava impossível, repetia sem parar que queria dar o cu para sujeito. Estava amanhecendo quando voltamos para o hotel. Tentamos te ligar uma porção de vezes, mas você devia estar tão ocupado trepando que não atendeu. Afinal, onde você se enfiou, cara?

- Com amigos como vocês, para que inimigos, não é? Assim que os encontrar vou trucidar um por um, com requintes de crueldade, escreve o que estou dizendo, seu pulha traidor! Sabe onde eu acordei esta manhã? Não, não sabe, não é? Eu podia ter sido morto por um desconhecido e vocês só ficariam sabendo quando a notícia estivesse estampada no noticiário policial dos jornais, seus crápulas!

- Mas você continua vivinho, e puto, mas vivo! E como foi com o tal do italiano, ele fode bem? – o Peter ria do outro lado, sempre foi um gozador de primeira.

- Vá tomar no cu, Peter! Não rolou nada com o Matteo, não seja leviano!

- Ah, o gostosão tem nome! Matteo! Está aí, combina com a cara dele.

- Se o achou tão gostosão, por que não deu o cu para ele?

- Primeiro porque não sou gay feito você, prefiro as bucetas e os cus, especialmente o seu! Segundo, porque o sujeito não tirava os olhos de você e estava te comendo mesmo à distância. Até uma ceninha de ciúmes rolou quando você já não estava se entendendo mais e um outro carinha resolveu te agarrar e foi enfiando a mão boba por tudo que é lugar. O italiano e uns dois brutamontes que estavam com ele, partiram para cima do sujeito para te defender. – revelou. Como eu podia não me lembrar de nada disso? Eu devia estar tão chapado que meu cérebro simplesmente não registrou nada daquela noite.

- Sabe onde estou agora? Aposto mil Euros que você nem chega perto de adivinhar.

- Na cama do italiano!

- Num iate! Foi onde acordei esta manhã! Num iate que está navegando para Dubrovnik! – me deve mil Euros.

- Puta merda! O combinado não foi de irmos a Dubrovnik só no meio da semana? Que caralho você vai fazer lá sozinho, ou está com o fodedor? – questionou o Peter. – Tome cuidado com esse italiano, não fui com a cara desse sujeito! Se ele não está só botando banca de rico, deve ser um mafioso esbanjando uma grana que não tem nada de honesta. Você bem sabe que à exceção de meia dúzia de italianos verdadeira e honestamente ricos, o restante não passa de embusteiros e bandidos. E esse tal de Matteo tem todas as características de pertencer a essa grande maioria. – emendou, com sua aversão xenofóbica.

- Peter, seu puto, do caralho! Isso só está acontecendo porque vocês dois são uns merdas, me largando sozinho e completamente dopado. Estou com o Matteo sim, se ele é um fodedor eu não sei e nem quero saber. Também não sei se ele alugou o iate, se é de algum amigo, eu se ele mesmo é o dono. O que eu sei é que estão todos me tratando de senhor para cá, senhor para lá. Até parece que o dono da joça sou eu. Assim que este troço ancorar em terra firme eu torno a ligar, não deixem de fazer contato, pois tudo isso está muito estranho. – respondi.

- Valeu! Estou indo contar as novidades para o Jens! Se cuida! E, principal, mantenha-se sóbrio!

- Vá à merda, Peter!

Já fazia tempo que o Fredo tinha me entregue as minhas roupas, mas eu continuava enrolado naquele lençol ridículo, parecendo um daqueles senadores do Império Romano. Tanto a conversa com o Matteo quanto com o Peter e mais o almoço no deque haviam adiado essa questão.

Desci a escada que levava ao andar inferior e distraído me confundi com as portas das cabines, já não me recordando de qual delas eu tinha saído. Abri aleatoriamente a porta de uma delas, eram cinco, e dei de cara com outro brutamontes completamente pelado batendo punheta. Cheguei no momento exato em que ele liberava o urro, segurando na mão um caralhão enorme e cabeçudo que parecia um chafariz jorrando jatos e mais jatos de porra esbranquiçada no ar, e que caíam sobre seu ventre trincado e peludo.

- Minha nossa! Que porra de barco é esse cheio de machos tarados? Onde diabos vim parar? – indaguei estupefato quando vi aquela cena digna de um filme pornográfico.

- Hã! Oh, o senhor deve ser o Rolf, certo? Mil perdões, estou na minha folga e sabe como é, precisava dar uma aliviada! – respondeu ele, deixando o cacetão pesado cair sobre sua coxa grossa. – Stefano, molto piacere! – emendou, enquanto eu não conseguia parar de olhar para aquela cabeçorra, que ainda minava esperma cremoso exalando seu aroma viril por toda cabine. Ele agia com indiferença, como se meu flagra fosse a coisa mais natural desse mundo. Ainda me lançou um sorriso, o safado, que, preciso admitir, era um tesão de macho.

- Piacere! – respondi corando e constrangido, dando um passo atrás e fechando a porta enquanto tentava encontrar a cabine certa.

Eu devia estar sendo posto à prova, desde que acordei meu cuzinho não parava de piscar, a cada instante surgia um novo estímulo, como se minhas reações estivessem sendo testadas. Soltar um gay inexperiente como eu num barco cheio de machos atléticos exalando testosterona era o mesmo que soltar um cordeiro num covil de leões. Era assim que eu me sentia.

- O que foi, viu um fantasma? – perguntou-me o Matteo, quando voltei ao deque completamente vestido.

- Quase isso! Já nem sei mais o que pensar! – devolvi retraído.

- Ele deve ter encontrado com o Stefano, senhor! Sabe como aquele safado fica quando não vê uma garota por alguns dias. – mencionou o Salvattore, rindo e fazendo o Matteo rir também.

- Acredito que nosso hóspede deva estar se sentindo no paraíso, cercado de homens, um mais tarado que o outro. – afirmou o Matteo.

- Paraíso? Chama isso de paraíso? Para mim está mais para bordel do que para paraíso! – retruquei.

- Você é muito sério e contido, Rolf! Deveria tomar mais porres como o da noite passada, fica muito mais sedutor. – disse o Matteo. Eu apenas lhe lancei um risinho irônico.

- Quando vamos ancorar, eu tenho que voltar a Split para me encontrar com meus amigos, e pegar a minha bagagem, não tenho nada aqui comigo, preciso dos meus itens de higiene e das minhas roupas. – disse, para mudar o rumo da conversa.

- Não se preocupe com isso, quando chegarmos a Dubrovnik, compraremos tudo do que precisar. Antes do final da tarde aportaremos. – respondeu o Matteo.

- Quem é você Matteo? – perguntei de supetão, pois ele me intrigava, me excitava, me despertava sentimentos que não poderiam ser mais ambíguos e confusos.

- Um seu admirador, por enquanto!

- Isso não é resposta!

- Você vai saber quem sou, aos poucos, sem pressa! E terá que se contentar com o que eu lhe disser, combinado? – aí tem, pensei com meus botões. Quem é que dá uma resposta tão enigmática a uma pergunta tão fácil de responder. Se não estivesse tão encantado por ele, simplesmente diria adeus e sairia andando sem olhar para trás quando aportássemos. Mas, eu sabia que seria incapaz de me libertar daqueles olhos verdes que me penetravam fundo no peito.

- Vou pensar no seu caso! – exclamei, ele riu, se aproximou de mim e, depois de desabotoar lentamente a minha camisa, deixou-me com o torso exposto ao sol ameno.

- Melhor assim! Você é lindo demais para esconder esse tronco. – disse ele, roçando com o polegar o biquinho de um dos meus mamilos. Eu só queria mergulhar naqueles olhos verdes.

No meio da tarde ensolarada e quente aportamos em Dubrovnik. Era minha primeira vez na cidade medieval, mas o Matteo parecia muito familiarizado com as ruelas estreitas e me levou a uma sequência de lojas que começou na Salon Atlantic, passou pela Takko, H&M, NKD, Galileo e findou na Gant, surpreendendo-me com a paciência que demonstrou enquanto eu me decidia provando o que comprar. Já na primeira loja, a Salon Atlantic, tivemos nosso primeiro bate-bocas diante de um vendedor novinho e tesudo que a todo momento ficava enfiando a cara para dentro do provador perguntando se a peça tinha caído bem, enquanto secava meu corpo metido tão somente numa cueca. Com o vendedor ele lidou facilmente, dando-lhe um safanão quanto passava discretamente a mão na minha bunda. Ao passo que comigo, que me recusava a deixá-lo pagar a conta, ele foi menos agressivo, mas não menos impositivo.

- Não quero que pague nada por mim! Isso não é um pedido, é uma exigência, estamos entendidos? – afirmei, quando tirei o cartão de crédito dele das mãos do caixa.

- Não fale comigo nesse tom! Eu vou pagar por tudo o que vai comprar, e isso não está em discussão, é uma ordem! – revidou ele, arrancando meu cartão das mãos do pobre caixa que não sabia como agir, e metendo-o em seu bolso para que eu não o pudesse usar.

- Me devolva meu cartão, Matteo!

- Não! Mais tarde, quando estivermos a bordo novamente. – respondeu

- Não vou voltar a bordo daquele barco, tenho reservas num hotel da cidade para daqui a quatro dias e vou tentar antecipá-las enquanto espero pelos meus amigos. – afirmei

- Essa é uma questão a ser resolvida depois, por hora, vamos terminar de comprar roupas para você. – sentenciou, impaciente.

- Terminamos por aqui! Obrigado pelos presentes, uma boa estadia para vocês e quem sabe, nos encontremos por aí qualquer hora dessas. – devolvi, querendo colocar um ponto final naquela situação que começava a se mostrar esdrúxula.

- Ah Rolf, meu querido Rolf! Não é bem assim que a coisa funciona! Ninguém dispensa um Barzini tão mal educadamente, e você está sendo muito mal-educado, Rolf! Muito mal-educado! – havia um tom cínico e ameaçador em sua voz que me desagradou.

- O que você quer dizer com isso? Está me ameaçando, por acaso?

- Você está nervoso, acalme-se! Só estamos tendo uma conversa civilizada.

- Civilizada? Você me dando ordens quando mal nos conhecemos e me fazendo imposições que quer que eu aceite sem protestar. Então você não conhece esse Rolf Jurgen Boeder que está na sua frente. – respondi.

- Mais do que você supõe! Agora comporte-se, voltemos às compras e não me faça perder a paciência! – exclamou, apertando meu braço e lançando-me contra a parede com o peso de seu corpo. O vendedor e o caixa já esperavam por uma briga dentro da loja, o que me fez ceder.

- O que você quer dizer com esse – mais do que você supõe – por acaso é algum tipo de policial dessas agências internacionais de espionagem, ou um investigador, ou bisbilhoteiro? – indaguei

- Nenhuma dessas opções! Mas sei que o Rolf Jurgen Boeder, nascido em Stuttgart, filho único do alemão Kurt Boeder, diretor de uma grande corporação alemã e da médica dinamarquesa Liv Sörensen Broeder, não tem sequer uma multa de trânsito em sua ficha, que foi um dos melhores alunos durante o ensino básico, o que se repetiu na Universidade Bauhaus-Weimar durante o curso de arquitetura onde, como primeiro aluno da turma, foi contrato por um renomado escritório de arquitetura antes de concluir os estudos, e do qual se tornou sócio há menos de um ano. Também sei que morou com os pais até cerca de dois anos atrás quando adquiriu seu próprio apartamento onde reside até o momento. Como pode ver, sei algumas coisas a seu respeito. – respondeu, se gabando.

- Sabe que isso é assustador, não sabe? Um completo estranho ter levantado minha vida é algo incomum, algo apavorante, para ser sincero. Com que finalidade você me investigou? – fiquei estarrecido daquele homem com quem entrei em contato a questão de apenas algumas horas, saber tanto sobre mim, e eu nada dele.

- Eu precisava saber quem era a pessoa que vou levar para a cama! – exclamou petulante

- Você é um sujeitinho impossível, Matteo! Te odeio! – exclamei, enquanto esfregava meu braço para reativar a circulação onde a marca de seus dedos ficou impressa.

- Assim está melhor! Também te amo! – devolveu, com um esboço de sorriso impávido.

Comprei muito mais do que precisava, o Fredo e Stefano estavam com as mãos carregadas de sacolas, caminhando dois a três passos atrás de nós, enquanto meu ditadorzinho decidia a próxima loja a ser visitada. Em cada uma delas ele fez a alegria dos vendedores, deixando uma pequena fortuna no caixa e na comissão deles.

- Se estiver tentando me impressionar, saiba que não me abalo com demonstrações de luxo e riqueza! – afirmei quando saímos da última loja.

- Você está impressionado comigo desde a noite passada naquele barzinho, antes mesmo de ter ingerido seu primeiro drinque. Sei que o que deseja em mim não pode ser adquirido com dinheiro, e é isso que o torna tão especial para mim. Sem nem mesmo me conhecer, você me deseja, e muito! – era inacreditável um sujeito ser tão arrogante.

- De onde tirou uma besteira dessas? Quem disse que eu te desejo, seu convencido?

- Seu olhar, o frenesi que percorre seu corpo quando fica perto de mim, sua boca faminta para sentir meus beijos. – enumerou, o que me fez cair na risada. Ele estava sério, e acreditava piamente no que dizia. Era estarrecedor.

A caminhada até o Buža, um bar encravado num penhasco rochoso no qual as ondas do Adriático vinham quebrar, ocorreu nessa troca de frases espicaçantes, até eu abrir mão de ficar na defensiva e fingir aceitar seus argumentos. A tarde caía e o pôr do sol se transformou num espetáculo de encher as vistas e arrefecer as tensões. Abstive-me de tomar qualquer drinque contendo álcool, os da noite passada ainda não tinham restabelecido meu fígado por completo, e tudo do que eu não precisava era outro apagão que me deixasse desmemoriado.

- O tom alourado dos teus cabelos fica lindo sob esse sol dourado! Se reparar à nossa volta, tem pelo menos três carinhas tendo os mesmos pensamentos libidinosos que eu com você. – disse ele, antes de tomar um gole de seu drinque.

- Não sabia que você tinha pensamentos libidinosos comigo!

- Sabe sim, você também os têm comigo! – aquilo era demais, quem ele se achava, o último biscoito do pacote?

Eram quase 20:00 horas quando voltamos ao Azzurro que se destacava esbelto com suas luzes acessas contra o azul escuro do mar. Após uma ducha rápida, que precisei tomar com o Matteo me observando, uma vez que se recusou a sair do banheiro, subimos ao deque onde nos esperava o jantar, com direito a luz de velas e um arranjo de orquídeas sobre a mesa posta para dois.

- Os rapazes não vão jantar conosco? – perguntei, quando vi o Stefano e o Salvattore terminando a ajeitar a mesa.

- Não!

- Como assim, não! Eles caminharam conosco a tarde toda! Afinal, que tipo de amigos são eles que te tratam o tempo todo como se você fosse paxá? – questionei. – Stefano, faça o favor de chamar o Fredo e sentem-se conosco para jantar, eu faço questão! Vocês deviam dar uma lição nesse seu amigo inescrupuloso. – ambos me encaram com um sorriso enigmático.

- Pare de se meter onde não deve! Eles sabem muito bem o que devem fazer, sem que você se meta nos assuntos deles. – revidou o Matteo, mostrando-se novamente zangado.

- Pois então, eu vou jantar com eles! – exclamei, me estremecendo todo quando o grito ecoou por todo convés

- Senta aí, Rolf! – eu obedeci; não queria, mas obedeci. – O que tem de gostoso tem de atrevido! – continuou ele, após inspirar fundo para se acalmar. Não era comigo que ele falava, falava para si.

Ele tentou remendar aquele climão que se formou, falando mais manso ao me questionar sobre uma porção de coisas sobre mim. Eu estava tão puto que só dava respostas lacônicas.

- Posso trazer um licor ou um café, senhor? – perguntou-me o Stefano, quando findo o jantar o Matteo e eu fomos observar o céu estrelado nas espreguiçadeiras.

- Se você voltar a me chamar de senhor, eu juro que arranco esse seu cacetão com as minhas próprias mãos! O que deu em vocês para ficarem me chamando de senhor o tempo todo? Eu detesto que me chamem assim! Temos quase a mesma idade, é ridículo! – protestei.

- Como quiser, se...! Como quiser, Rolf! – respondeu, trocando um olhar com o Matteo.

- Você pode me esclarecer quem são eles, seus amigos, seus empregados, seus escravos? – perguntei ao Matteo.

- Lá está você se metendo outra vez onde não deve, mas pode-se dizer que são meus amigos, conheço-os desde a infância, crescemos praticamente juntos. – respondeu

- Então você é um péssimo amigo! Quem trata os amigos assim? Por que eles parecem estar te servindo o tempo todo?

- Porque é o estabelecido! E, chega desse assunto!

- Ah, claro! Chega desse assunto, ele mandou, vamos obedecer. É ele quem decide os assuntos que podem e não podem ser ditos! Cara, você me irrita, me deixa puto! Jamais serei seu amigo, jamais! – revidei

- Assim espero! Não te quero como amigo! – devolveu sorrindo

- Então somos dois! – ele ficava bravo quando eu tinha a última palavra, como se isso o ofendesse, e bufava de raiva.

Deixei-o sozinho no deque e desci para a cabine, tomando o cuidado de bater na porta antes, para não voltar a ter outra surpresa e encontrar algum daqueles machos se masturbando. Isso me tiraria o sono direcionando meus pensamentos para aquele bando de machos maravilhosos pelos quais meu cuzinho não ficava indiferente.

Eu cochilava quando ele entrou na cabine, percebi-o quando começou a se despir e entrou completamente nu na cama, deitando-se ao meu lado, após ficar um tempo me observando enquanto manipulava seu falo excitado. Fingi dormir, ele se debruçou sobre meus ombros para conferir se estava mesmo dormindo. O calor do corpo dele, rente ao meu, rescindindo a um perfume amadeirado, fez meu cuzinho piscar. O que me levava a sentir tanto tesão por esse sujeito intragável? Ele parecia conformado quando se deitou de costas, acreditando que não seria naquele momento que ia foder meu cuzinho, embora aquela proximidade e as curvas generosas da minha bunda continuassem a atiçá-lo.

Acredito que foi o tesão que não o deixou adormecer, pois mais de três quartos de hora depois de se deitar, percebi que continuava acordado e inquieto. A inquietação dele também não me deixou dormir, era como se o fogo que ardia em seu corpo fosse transferido para o meu. Eu já nem me lembrava direito quando tinha sido a última vez que uma pica entrou no meu cuzinho, mas ele parecia estar reconhecendo que a oportunidade de agasalhar uma rola estava bem ali ao lado e, tomado de espasmos, estava a me exigir uma atitude. Meu lado racional, por seu turno, enchia minha cabeça de justificativas para não me entregar. Você nem sabe quem esse sujeito é. Até o momento, ele não fez outra coisa que não te sequestrar, manter cativo nesse barco e te impressionar com o dinheiro que possui. Ele é um tesão de macho, com esse corpão, esse rosto de aparência viril e autoconfiante, esse cacetão que reage a cada vez que você se aproxima dele, tudo isso é real. Porém, você vai se deixar levar por essas características ou, vai refletir melhor e pensar nos teus sentimentos para não os ter feridos mais adiante? Esse estava sendo o meu dilema quando ele repentinamente se deitou sobre mim.

- O que pensa que está fazendo? – indaguei no mesmo instante.

- Me preparando para entrar no seu cuzinho! – exclamou o salafrário, roçando o membro rijo nas minhas coxas, enquanto arriava minha cueca.

- Ficou doido, Matteo? O que te faz pensar que eu vou aceitar uma coisa dessas?

- Isso! – respondeu de pronto, cobrindo minha boca com a dele, enquanto aprisionava lascivamente meus lábios entre os dele.

O instinto de autopreservação me levou a espalmar as mãos nos ombros largos dele para rechaçá-lo, mas quando a língua dele foi penetrando suavemente a minha boca, me fazendo sentir sua quentura e seu sabor, minhas mãos só conseguiram apertar aqueles ombros de uma solidez incomparável. E talvez, também por instinto, mas de natureza sexual e primitiva, foi esse beijo demorado e instigante que me levou a ir abrindo lentamente as minhas pernas, até elas se enroscarem ao redor da cintura dele, franqueando o acesso meu cuzinho exposto.

- Bom garoto! – exclamou ele abrindo um sorriso prazeroso, me encarando e agarrando minhas nádegas que apertava com firmeza em suas mãos.

Eu também o encarava, fundo, nos olhos verdes, descerrando a última barreira que me impedia de me entregar aquele homem; fosse ele quem fosse, já não importava mais, eu o queria dentro de mim. Com uma rápida pincelada ao longo do meu reguinho liso, ele posicionou a cabeçorra do cacetão na portinha do meu cu e forçou-a contra as preguinhas que se distendiam até eu sentir dor e ganir. Um beijo, posto sobre meus lábios deveria funcionar como um atenuante. A segunda forçada foi mais vigorosa, me fez soltar um grito, contraindo compulsoriamente os esfíncteres quando o caralhão já havia entrado em mim. Dessa vez fui eu quem procurou pelo beijo, no intuito de encontrar alivio para aquela dor no sabor único daquele homem. Ele imprimiu carinho e cumplicidade nesse beijo, enquanto se empurrava todo para dentro do meu cuzinho estreito. Eu gemia e me deixava invadir por aquele mastro de carne grosso e latejante, agarrando-me ao tronco maciço do Matteo e cravando os dedos em suas costas largas. Ele foi deslizando entrando em mim até todo falo estar atolado no meu rabo, e seus pentelhos roçando meu reguinho.

- Devagar, Matteo, por favor! Devagar! Você é enorme, não me machuque! – balbuciei, quase desfalecendo de tanto tesão, ao senti-lo pulsando indômito no meu cuzinho arregaçado.

- Você é tão apertado, Rolf! Deliciosamente apertado! Eu não esperava ter essa surpresa tão maravilhosa. Confie em mim, não vou te machucar! – retrucou ele, movendo suavemente a pica no meu cu, num vaivém que chegava quase a tirar o caralhão do cu antes de mergulhar fundo novamente, deixando apenas o sacão dele batendo nos meus glúteos.

Puxei-o para junto de mim e o beijei, intensa e ardentemente. Durante o beijo me sobreveio o gozo incontrolável, com o corpo todo estremecendo, eu sentia os jatos de esperma sendo liberados sobre meu ventre. Em meio ao prazer, sussurrei seu nome, como que para enraizá-lo na minha memória; do canto de cada olho me escorria uma lágrima, cujo significado eu tentava desesperadamente decifrar.

- Alemãozinho tesudo da porra, não sei que feitiço lançou sobre mim, mas desde que te vi naquele bar não consigo te tirar da cabeça! E agora, você me proporciona isso, o sexo mais prazeroso que já senti. Eu te quero, Rolf! Te quero, tesudo! – grunhia ele, socando o caralhão tão fundo em mim que eu sentia toda a musculatura do baixo ventre estrebuchando em contrações doloridas que, por alguma razão, vinham carregadas de prazer.

- Também te quero! – gemi libidinoso, sem que nossas bocas se afastassem.

O corpo do Matteo foi se retesando, as estocadas cada vez mais vigorosas; eu gemendo e tremendo debaixo dele, ele arfando sonoramente enquanto enfiava o caralhão cada vez mais fundo no cuzinho quente e úmido que o aconchegava. O corpão pesado dele começou a estremecer, o cacetão estava atolado até o talo e começou a inchar, ele prendeu a respiração uns segundos antes do urro gutural emergir das profundezas de seus pulmões e, com ele, veio o gozo abundante que inoculava em mim seus jatos de porra densa e pegajosa, até meu cu ficar completamente encharcado.

Levou alguns minutos até nossos corpos saciados voltarem à homeostase, até se aquietarem entrelaçados prolongando aquele prazer sublime. A jeba dele amolecia devagar envolta pela minha mucosa anal lacerada e acolhedora. Ele havia deitado a cabeça no meu ombro e eu acariciava as costas dele com as pontas dos dedos, o que o induziu lentamente ao sono. Quando a cabeçorra do caralhão, ainda à meia bomba, deslizou para fora das minhas preguinhas o Matteo despertou do cochilo; saiu de cima de mim, o que me permitiu fechar as pernas e sentir seu sumo formigando nas entranhas; aconchegou-se em conchinha abraçando meu tronco e meteu a ponta da caceta novamente no meu casulo quente. Minutos depois, ambos dormiam com aquele torpor prazeroso se espalhando por nossos corpos.

Quando acordei, senti-o rente a mim, sua respiração roçando minha nuca. Embora também tivesse acordado meio sem saber exatamente onde estava, logo o calor do corpo dele me situou. Fiquei a observá-lo em silêncio. Havia uma expressão tranquila e satisfeita no rosto anguloso e hirsuto dele; as sobrancelhas largas e negras lhe conferiam uma aparência sisuda; os lábios que tanto me tinham degustado na noite anterior estavam lascivamente úmidos e entreabertos; o tronco peludinho se insuflava a cada inspiração e uma tentação de tocá-lo produziu uma coceira nos meus dedos; descoberto do lençol, o caralhão estava duro e inclinado sobre a barriga trincada dele, a tentação nos dedos se estendeu até eu o tocar e sentir sua consistência férrea e sua quentura.

- Se divertindo com seu novo brinquedinho? – perguntou com a voz matinal grossa e rouca, afastando mais as pernas e conduzindo a mão sobre a minha levando-a até o sacão, onde afaguei os gigantescos testículos, fazendo-o ronronar feito um gato manhoso. Minha resposta veio na forma de um toque suave dos meus lábios em sua boca que, lentamente, se transformou num beijo fogoso.

Quando dei por mim, estava outra vez debaixo dele, de bruços, sentindo o cacetão entrando e saindo do meu cuzinho, enquanto ele se satisfazia e me enchia de prazer em meio aos meus gemidos pungentes.

Duas pequenas manchas e alguns respingos de sangue sobre o lençol quando me levantei para tomar uma ducha eram o testemunho da noite de luxúria que tivemos. Nem quando perdi a virgindade há algum tempo, a comprovação do coito e a laceração das preguinhas anais foi tão expressiva. Eu fiquei constrangido diante dele, incomodado até, eu diria, pois aquilo me pareceu um sinal de fragilidade. O Matteo, por outro lado, olhou para aquelas manchas com um ar triunfal e, percebendo minha inibição, veio me abraçar ao mesmo tempo em que me encoxava.

- Você faz ideia do valor que essas manchas têm para mim? Obrigado, meu alemãozinho tesudo! Obrigado, por me fazer tão feliz! – só consegui beijá-lo, pois não tinha uma resposta que pudesse ser traduzida em palavras e precisava sufocar aquele nó que estava na minha garganta. Nunca me senti tão emotivo.

Quando subi ao salão onde estava disposto o café da manhã, fui cumprimentado pelo Stefano e pelo Salvattore com sorrisos largos e olhares depravados que só consegui entender quando vi o lençol manchado estendido sobre um dos sofás. Corei na hora, e corri até ele numa tentativa atrasada de não o deixar evidenciar o que havia acontecido na noite anterior.

- Como você pode fazer uma coisa dessas? Isso tudo é necessidade de se autoafirmar? Quer que todos pensem que sou algum tipo de veadinho rameiro? – questionei zangado

- Não preciso me autoafirmar! Na minha terra, isso significa que você é intocável para qualquer outro que não eu. É uma tradição da noite de núpcias que demonstra a castidade da noiva. No seu caso, que você tem dono! – respondeu sem meias palavras, o que permitiu ao Stefano e ao Salvattore ouvirem cada uma das justificativas.

- Que terra é essa, de trogloditas da Idade da Pedra? E não pense que é meu dono só porque meteu esse .... Bem, você sabe! Por que enfiou esse bagulhão em mim. – revidei encabulado, baixando o tom de voz à medida que ia soltando as frases.

- Não se preocupe, os rapazes estão acostumados, a tradição é do conhecimento de todos de onde eu venho. – devolveu ele, rindo; no que foi acompanhado pelos dois que deviam ser tão tarados quanto ele.

Nossa transa teve um efeito surpreendente nele, tinha ficado de muito bom humor, diferentemente dos últimos dias. De tão animado, sugeriu que fossemos a uma das inúmeras baladas que rolavam na cidade durante o verão, elas eram famosas e coroavam as noites e madrugadas da cidade com o agite de uma moçada nova vinda de diversos países europeus. Como também era o dia em que deveria estar vindo com o Jens e o Peter para Dubrovnik, não fosse o incidente da briga no barzinho em Split, liguei para eles informando onde estaríamos, e que me encontrassem na balada; pois, após a festa, eu seguiria com eles para o hotel que estava reservado. Não mencionei ao Matteo que aquela seria a nossa última vez juntos; não quis estragar o clima amistoso que ficou entre nós depois da maravilhosa noite de sexo que tivemos; até porque eu sabia que teria dificuldade de dizer adeus a ele. Pode parecer tolo e precipitado, mas desde que o vi pela primeira vez, senti que se formou uma conexão entre nós que jamais tive com outra pessoa. Era tipo aquele lance de amor à primeira vista, uma utopia que não acreditava existir no mundo real. No entanto, eu não sabia explicar porque me sentia tão ligado a ele, e nem o do porquê daquelas lágrimas patéticas quando ele estava todo atolado no meu cuzinho despejando obstinada e carinhosamente seu sêmen dentro dele. Seria isso paixão? Eu já não era nenhum adolescente para me ver apaixonado por alguém apenas uns poucos dias depois de conhecer essa pessoa; mesmo porque isso é outra fantasia romântica que não condiz com a realidade. O que era aquilo então?

Por volta da meia-noite chegamos a balada, Matteo, Salvattore, Fredo e Stefano e, logicamente eu. O lugar estava lotado, a galera dançando com a seleção eletrônica do DJ, bebidas e drogas rolando como de costume nesses lugares. Durante a rápida inspecionada no ambiente, vi o Jens se atracando com uma garota com os corpos tão colados que mal se sabia onde terminava o de um e começava o de outro, isso sem mencionar a língua dele que deveria estar na altura da epiglote da garota que rebolava dentro das mãos assanhadas dele. Fui até ele, seguido dos meus acompanhantes, para avisar que havia chegado. Ele fez uma apresentação rápida da garota, precisando perguntar a ela como se chamava, pois até então nem mesmo ele sabia o nome dela. Eu dispensei as apresentações.

- Cara, onde você se meteu esse tempo todo? Trouxemos as tuas coisas, estão no hotel. – ele encarava o Matteo com cara de poucos amigos e, me puxando para junto dele, sussurrou no meu ouvido. – Esse é o tal italiano, não é? E quem são esses brutamontes com vocês? Você andou trepando com esse sujeito? Que porra vocês estão fazendo juntos, não tem nada a ver. Se livra dele e curta as tuas férias, afinal foi para isso que viemos para cá. – aconselhou.

- É, é o italiano, Matteo é o nome dele. É um cara muito legal! Vou me despedir dele na saída da balada, vejam se não desaparecem e me deixam sozinho novamente. Falando em desaparecer, onde está o Peter? – perguntei

- Estava por aqui agora há pouco, acho que foi pegar umas bebidas. Ele está puto com você, por ter sumido. Você está cansado de saber que o que motivou a vinda dele nessa viagem foi a possibilidade de te enrabar, faz um tempão que ele anda te cercando e lançando indiretas. – respondeu, enquanto eu avistava o Peter próximo ao balcão do bar dando uns amassos num carinha loiro sem camisa.

- Ao que parece ele já encontrou quem enrabar! Além do mais, eu já dei sinais suficientes para ele perder as esperanças comigo, não vai rolar! Somos só amigos, e ponto! – devolvi, ao vê-lo devorando o rapaz.

- Isso é só um passatempo, você bem sabe! O negócio do Peter é mesmo você! Não precisa ficar enciumado. – retrucou o Jens, enquanto a garota acariciava o peito dele para voltar a receber a atenção dele.

- Vou falar com ele! Está avisado, não suma! – exclamei, deixando-o com a garota doida para sentir a verga dele na buceta.

- Aonde pensa que vai? – questionou o Matteo, segurando-me com força pelo braço. – Quer dizer que é aquele o sujeitinho para quem você tem dado o cu? – continuou, me impedindo de ir até o Peter.

- Me solta, Matteo! Está machucando meu braço! – exclamei, dando-lhe um empurrão. – Como se atreve a falar nesse tom comigo? Não saio por aí dando o cu! Por quem está me tomando? – retruquei exasperado. – Eu vou avisar que estou aqui, só isso!

- Nem pensar! Não quero ver esse sujeito perto de você, está me entendendo? Vamos procurar pela hostess para que nos indique nossa mesa reservada. – ordenou. Resolvi não criar problema, seriam mesmo nossas últimas horas juntos, não queria estragar aquela ligação que se formara entre nós e acabar deixando uma imagem negativa.

Como daquela vez no barzinho em Split, o Matteo e eu ocupamos uma mesa e, a poucos metros de distância, mais reservados o Salvattore, Fredo e Stefano ocupavam outra. Assim que os drinques chegaram, ele voltou a me sorrir e flertava aberta e sensualmente comigo, fazendo comentários sobre a noite ardente que passamos um nos braços do outro. Eu gostava desse Matteo, era por ele que uma quentura se espalhava dentro de mim, não do Matteo troglodita.

A aurora estava por desabrochar, o Jens veio até a nossa mesa avisar que ia dar uma esticada com a garota até a praia, e que o Peter me aguardava na saída para seguir para o hotel. Enquanto isso, o Matteo fechava a nossa conta. Decidi que seria durante os passos até a saída que eu me despediria dele, um obrigado e um adeus rápidos, para não lhe dar a chance de criar problemas, e nem de eu ficar emotivo deixando aquele nó que estava na minha garganta, fazia mais de hora, se transformar num choro embaraçoso. Fredo, Stefano e Salvattorre estavam espalhados ao nosso redor com os olhares atentos para dentro da balada, da rua e dos arredores quando, de repente, ouviu-se uma rajada de metralhadora pipocando por toda fachada na casa noturna, gerando o caos e o desespero das pessoas que gritavam e se atiravam ao chão, algumas voluntariamente, outras por que foram atingidas pelos projéteis. O Matteo me derrubou e se lançou sobre mim, sacando nem sei de onde, uma pistola que começou a disparar em direção ao carro de onde vieram os disparos. Ao mesmo tempo, Fredo e Stefano empunhando submetralhadoras, sabe-se lá surgidas de onde, metralhavam o carro que foi se estatelar contra um muro poucos metros adiante. Três sujeitos desceram dele e continuavam a atirar, não mais a esmo, mas com alvos bem definidos, nós.

- Leve-o até o carro e vá direto ao porto, Salvattore! Ponha-o a salvo no Azurro! Vou ajudar o Fredo e o Stefano, dessa vez não vou deixar nenhum daqueles filhos da puta vivos! – ordenou o Matteo, um Matteo que eu desconhecia.

- Não vou a lugar algum! – gritei, entre os gritos desesperados que já estava dando assim que percebi que aqueles sujeitos estavam fazendo de nós seus alvos.

- Desculpe, senhor! Essa não é uma opção! – exclamou o Salvattore, me arrastando à força até o carro, onde me jogou para dentro antes de sair cantando pneus, ao som dos disparos que continuavam diante da casa noturna. Numa espécie de transe, eu gritava sem parar, histérico e quase liberando nas calças o conteúdo da minha bexiga carregada. Enquanto isso, o Salvattore dirigia feito louco pelas ruas molhadas e cintilantes da chuva fina que caía, numa velocidade incompatível, até o porto. Ele me arrancou do carro, pois eu continuava em pânico e histérico, e me deu uma bofetada que quase arranca minha cabeça do pescoço. Voltando a me pedir desculpas, quando levei minha mão ao rosto quente.

Dois sujeitos surgidos do nada, vinham correndo em nossa direção ao longo do píer onde estava a lancha que nos levaria até o Azzurro. Me arrastando consigo, o Salvattore não hesitou e com a submetralhadora na outra mão, disparou na direção dos homens que nos seguiam. Um foi alvejado durante a primeira rajada, enquanto nos camuflávamos entre as proas dos barcos ancorados, saindo de combate. O outro, também se escondeu e veio avançando lentamente cauteloso, disparando a cada novo lugar onde se escondia.

- Suba na lancha, rápido! – ordenou o Salvattore. Quisera eu fazer o que ele mandava, mas de um jeito inexplicável, meus pés não respondiam. – Vá, senhor! Ele está chegando perto! – como eu continuava rígido feito uma estátua, ele me empurrou para dentro da lancha, onde fui me estatelar sobre o chão.

Uma saraivada de projéteis passou zunindo sobre a minha cabeça, que cobri com ambas as mãos enquanto liberava todo o pavor do qual estava tomado, gritando a plenos pulmões. Os disparos que o sujeito fez permitiram ao Salvattore achar sua localização e, com uma rajada, ele o silenciou, saltando em seguida para dentro da lancha e, cortando com a proa empinada a escuridão das águas e do céu, até atracá-la na lateral do Azzurro. Quando ele me ergueu, eu me pendurei ao pescoço musculoso dele e não quis soltá-lo.

- Está tudo bem agora, acalme-se! Venha, eu te ajudo a subir a bordo. – afirmou, com a voz controlada e calma.

- O que foi tudo isso, Salvattore? E o Matteo? O Stefano e o Fredo, eles estavam atirando com metralhadoras, por que? – Eu ainda tremia da cabeça aos pés, enquanto ele me encarava de maneira protetora.

- Eles estão bem, logo devem estar aqui, não se preocupe! – respondeu, vindo me abraçar.

- Como você pode saber, eles ficaram lá? E, se foram atingidos pelos tiros? Nunca senti tanto medo, Salvattore, nunca! – afirmei

- Eu sei! Mas já passou, quer que eu lhe traga algum calmante, vai conseguir dormir melhor e amanhã tudo estará bem.

- Não quero dormir, não quero calmante, eu quero saber por que tentaram nos matar! Não quero ser dopado sem saber se o Matteo, o Fredo e o Stefano estão sãos e salvos!

- Então sente-se aqui, vamos esperar por eles, enquanto você se acalma. – ele se sentou ao meu lado, eu me aconcheguei junto ao tronco largo e quente dele, onde o coração ainda batida acelerado.

Havia amanhecido quando o Matteo, o Fredo e Stefano subiram a bordo. A camisa branca do Fredo tinha uma das mangas manchadas de sangue, e ele segurava a mão sobre o braço esquerdo. O Matteo veio direto a mim, me tirou dos braços do Salvattore e me abraçou com força, sua respiração era irregular e ofegante, mesmo assim, ele me apertava com tanta força que mal meus pulmões conseguiam se expandir para respirar. Me encarando, ele começou a deslizar a mão sobre o meu rosto, enquanto seu olhar atento percorria todo meu corpo, como se estivesse verificando a sua integridade.

- Você está bem! Não foi atingido, você está bem! – repetia ele, satisfeito por constatar que eu não fui atingido pelos tiros, me puxando novamente para junto dele e apertando com força em seus braços.

- Fredo! Atiraram em você, Fredo? – ao mesmo tempo que fazia a pergunta, fui na direção dele e ajudei-o a tirar a camisa com um furo circular de bordas chamuscadas na manga esquerda.

- Acho que o projétil passou de raspão, só sinto uma queimação! – disse ele, enquanto ia surgindo o torso vigoroso e sólido e o ferimento que havia trespassado o enorme bíceps do qual o sangue fluía quando não era exercida pressão sobre ele. – Pode deixar, vou fazer um curativo! – emendou.

- Não senhor! Me ajudem aqui, tragam algo para fazermos um curativo e uma bandagem, temos que verificar se o projétil não está alojado no braço dele. – sentencei, tomando as rédeas da situação e esquecendo-me completamente do pânico que até então me dominava.

Quando terminei de cuidar do Fredo, acompanhando-o até sua cabine, para garantir que ficasse descansando para não reabrir a ferida que, devido à gravidade deveria ser suturada e não apenas receber uma bandagem, embora ele insistisse que estava tudo bem, fui cobrar explicações do Matteo que ficara o tempo todo confabulando à meia voz com o Stefano e o Salvattore num canto mais afastado do salão.

- Quem te ensinou a cuidar tão bem de um ferimento como esse? – perguntou, interrompendo a conversa que estava tendo antes que eu pudesse saber do que estavam falando.

- Fui escoteiro, e também fiz um curso de primeiros socorros! Mas não é sobre isso que quero falar! Eu quero uma explicação, Matteo! Por que aqueles homens atiraram em nós e nos perseguiram? Você é procurado pela polícia? Anda, Matteo, me explica o que foi aquilo tudo! – exigi, enquanto o Stefano e o Salvattore se afastavam.

- Como eu vou saber? Uns malucos resolvem fazer um atentado a uma boate cheia de gente e você quer que eu tenha uma explicação. São doidos, só podem ser! – respondeu, sem me encarar.

- Eles não fizeram um atentado aleatório, Matteo! Eles atiraram em nós! Vocês foram o alvo da ação! E eu quero saber por quê?

- Eles atiraram em todos, não tem essa de sermos os alvos! De onde tirou isso?

- Eu vi, Matteo! Não sou bobo, sei que estavam querendo atingir vocês! Se quase perdi a vida nessa brincadeira, tenho o direito de saber porque? – salvo pelo congo, mais especificamente pela ligação do Peter ao celular, ele conseguiu se safar.

- Onde você se meteu, Rolf? Por acaso está num hospital, foi ferido por algum daqueles tiros na saída da boate? O que deu em você para sumir desse jeito, sem explicações a todo momento? Caralho, Rolf! Que férias são essas que você passa o tempo todo longe da gente? – indagava sua voz preocupada.

- Eu estou bem, juro! Vou resolver um assunto e me encontro com vocês no hotel daqui a pouco. – respondi, pois não ficaria nem mais um minuto com aquele sujeito que a cada instante se tornava mais estranho.

- Você continua com aquele sujeitinho, o italiano? – perguntou o Peter, com quem eu falava no viva voz., enquanto todos nos ouviam.

- Sim! – respondi lacônico e desconfortável.

- A polícia croata está dizendo que ele foi o alvo do atentado! O sujeitinho parece ser um tal de Matteo Paolo Barzini, um mafioso cuja família tem negócios escusos na Calábria que envolvem contrabando, tráfico de drogas e outros crimes pelos quais nunca conseguem ser alcançados pelas autoridades do país. Parece que eles estão em guerra com outra família da região disputando território. Fique longe dele, Rolf! O sujeitinho é um bandido! Onde você está, eu vou aí te buscar! – estava dizendo o Peter quando o Matteo arrancou o celular da minha mão.

- Não vai, não! E você vai conhecer o sujeitinho bandido e mafioso assim que eu puser as mãos em você, seu imbecil! Se pensa que vai enrabar o Rolf mais uma única vez sequer, pode esquecer! Você é um homem morto se voltar a se aproximar dele! O recado está dado! Desapareça da vida dele! Ele está comigo! – berrou o Matteo, antes de atirar meu celular contra a parede fazendo-o voar em pedaços, alguns caindo no mar.

- O que deu em você? Como pude ser tão imbecil que não percebi quem você era? Todo esse luxo, o iate, a Lamborghini conversível em Split, tudo incompatível com um jovem da sua idade. E vocês, tratando-o de senhor para cá, senhor para lá, não são simples amigos, são capangas! – à medida em que as coisas ficavam mais claras eu ia falando e ficando atordoado com a verdade. – É isso, não é Stefano? Salvattore? Eu burro achando que vocês eram todos amigos! – eles me encaravam calados, sem ação.

- É isso, você agora sabe quem eu sou! Não precisa fazer drama por conta disso! Esse seu amiguinho exagerou, não é bem assim como ele falou. – sentenciou o Matteo, zangado por ter sido desmascarado daquela forma.

- Eu fazendo drama? Não seja ridículo! Eu podia ter morrido nessa merda de tiroteio por estar ao seu lado, por estar ao lado de um mafioso! – retruquei aos berros. – Eu vou embora agora mesmo! Não fico mais nenhum segundo perto de vocês! – emendei, caminhando a passos largos até o convés onde ficava a escada de acesso à estiva da popa.

Apenas ao chegar lá, percebi que estávamos navegando, o porto de Dubrovnik nada mais era do que uma mancha na linha do horizonte que corria paralela ao rastro de espuma que as hélices do Azzurro deixavam sobre a superfície do mar. Senti o sangue fervendo nas veias.

- Matteo! – gritei a plenos pulmões de onde estava. – Matteo, seu desgraçado! Ordene que o capitão volte imediatamente para o porto, eu não vou a lugar algum com você! – descarreguei quando me vi diante dele.

- Isso é impossível, no momento! Mantenha a compostura, antes que eu me zangue com você!

- Canalha! Eu quero sair desse barco agora mesmo! – revidei, partindo para cima dele. Ele se defendia sem muito empenho, mesmo assim, foi preciso que o Stefano me tirasse de cima dele.

- Chega de histerismo! Controle-se! Ele até que bate bem com essas mãozinhas delicadas! – exclamou rindo.

- Isso é um sequestro! Não pode me manter aqui em cárcere privado! Eu quero descer dessa joça, merda!

- Fique à vontade! A saída é por ali! – exclamou irônico.

- Como, me atirando ao mar, e nadando dois ou três quilômetros até a costa? – indaguei resignado

- É uma boa sugestão! Se continuar com esses chiliques é exatamente onde vou te jogar! – revidou, deixando-me falando sozinho.

Desci até as cabines, não suportava mais olhar para a cara debochada dele, e precisava privacidade para avaliar o que fazer para me livrar daquele sujeitinho intragável. A porta da cabine do Fredo estava aberta e ele espichado na cama usando apenas uma bermuda. Nem a visão de um macho daqueles parecia conseguir me acalmar. Entrei para ver se ele estava bem.

- Lateja e dói um pouco, mal consigo mexer o braço. – respondeu ele.

- Tomou o analgésico? Precisava ser algo mais forte. Também seria preciso um antibiótico e talvez até uma antitetânica, o projétil atravessou seu bíceps. – argumentei.

- Obrigado, Rolf!

- Não fiz nada! Você deveria ir a um hospital!

- Eu vou quando chegarmos!

- Quando chegarmos onde? Para onde estamos indo? Estou tão puto com o Matteo por ele ter me metido nessa enrascada que poderia trucidá-lo com as próprias mãos, aquele crápula desgraçado! – descarreguei, enquanto ele me olhava com uma expressão serena. – O desgraçado é um mafioso! – acrescentei.

- E você gosta dele mesmo assim! – respondeu ele de pronto. – Espere os ânimos se acalmarem e converse com ele. O Matteo é um cara muito legal, você já sentiu isso. Não brigue com ele! – pediu

- Você podia ter morrido por causa dele! Como pode afirmar que ele é um cara legal? Ele é um bandido e, pelo visto, vocês não ficam longe disso! – eu não queria acusar um cara que só tinha me tratado com respeito e afeto. – Me desculpe, estar falando assim, estou muito puto! – continuei.

- O Matteo, o Salvattore, o Stefano e eu crescemos praticamente juntos, somos amigos de infância, morreríamos um pelo outro. Imagino que tenha ficado impressionado e com muito medo, mas não foi nada mais do que um incidente sem importância. – ele falava como se estivesse comentando que um copo caiu da mesa.

- Incidente sem importância? Alguns caras morreram, você está ferido, e sabe-se lá quantos mais que estavam na porta da boate. – respondi. – Ninguém normal faz uma coisa dessas! Estamos em pleno século XXI, ninguém sai por aí fuzilando os outros!

- Talvez não no mundo seguro em que você foi criado e vive até hoje, mas essa não é uma realidade para todos. Ainda se briga, e muito, pelo poderio econômico, e esse incidente é meio assim, pode-se dizer.

- Não te entendo, Fredo! Tive medo que nenhum de você voltasse vivo! – confessei, sentindo os olhos marejando.

- Percebe o quanto gosta dele? É isso que ele precisa ouvir da sua boca! Nunca vi o Matteo tão feliz como depois que te conheceu. Dê uma chance a ele! – pediu

- E vou virar o quê, outro capanga? – me arrependi assim que ouvi minhas palavras.

- Creio que não é isso que ele espera de você! – devolveu o Fredo.

O tempo todo que estive conversando com ele, não pude deixar de reparar o enorme contorno que havia junto a coxa direita dele, como se ele estivesse com alguma arma sob a bermuda. Ninguém é tão doido a ponto de ir descansar com uma arma na cintura, ponderei sem entender o significado daquela coisa enorme e que parecia rija. Também não podia ser um cacete, homem algum tem um cacete daquele tamanho, embora eu já não me espantasse com mais nada depois que vi os caralhões do Matteo e do Stefano.

- Não me diga que você está com uma pistola aí embaixo? Isso seria o fim da picada! – afirmei, colocando minha mão sobre o volume que tinha a mesma consistência de uma barra de ferro.

O volume latejou quando o toquei, era o cacetão dele, mais vivo e impulsivo do que nunca reagindo ao meu toque suave. Corei feito um pimentão quando o Fredo me encarou fundo nos olhos, tirando apressadamente a mão daquela coisa cavalar.

- Não a do tipo que você imagina! Essa é minha mesma, não tenho como me desvencilhar dela! – exclamou com um sorriso safado.

- Só me pergunto o que tem na água ou no ar de onde vocês nasceram para todos terem uns pauzões desse tamanho! – exclamei encabulado. Ele apenas continuou rindo, pegou minha mão e a beijou.

- Obrigado, Rolf! Pelo curativo e por ser essa criatura tão autêntica. – disse ele. – Pense sobre o que te falei, dê uma chance ao Matteo!

Esperei a raiva passar deitando-me na cabine onde passara a noite com o Matteo. Não sabia se conseguiria perdoá-lo, era um mafioso, um criminoso! Como eu podia, com toda formação que me foi dada, aceitar me relacionar com um bandido, talvez até um assassino, por mais maravilhoso tenha sido senti-lo dentro de mim, por mais sensível que eu estivesse por aqueles olhos que pareciam me enxergar de uma maneira única?

- Já mandei servir o almoço! Suba, temos que conversar! – disse o Matteo, enfiando a cara para dentro da cabine.

- Para onde está me levando? Já que está me sequestrando, pelo menos essa informação você me deve. – retruquei

- Strongoli! Estamos navegando na direção de casa! Preciso garantir que fique seguro! – respondeu lacônico.

Onde raios fica Strongoli, perguntei aos meus botões? Casa, que casa? O que ia ser de mim quando o iate ancorasse? Esse seria o nosso fim, meu e do Matteo? Um adeus no cais de um porto, cada um seguindo seu caminho, em direções diametralmente opostas? Enquanto subia em direção ao deque, uma pontada dolorosa cutucou meu peito.

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Comentários

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Que conto fascinante e cheio de nuances sexuais.

Essa temática da máfia é muito interessante e, para cabeças virtuosas como a sua, devem dar margem a muitas criações.

Rolf, de cara, já me conquistou e, apesar de ele parecer submisso as ordens de Matteo, ainda acho que ele vai se impor e mostrar ao que veio.

Estou amando os capangas de Matteo também (quero um deles para mim rsrsrsrsrsrs)...

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Valeu Grilo Falante! Obrigado por mais uma leitura e comentário. O Rolf ainda vai aprontar muito. Abração

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Nunca me diverti tanto lendo um conto!! 👏👏 Completo! 😍👏

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Que bom, augustolincoln3, me alegra saber que desperto um sentimento positivo em você! Obrigado por ler minha estória e super abraço!

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Parabéns Kherr. História muito boa . Gosto muito dessa temática de mafiosos. Um pena o Rolf não ficar com os quatro amigos. Gosto demais de histórias de amigos que compartilha o mesmo amor

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nego@, seu safado! Você não é o primeiro a comentar ou sugerir que um dos meus personagens, quando existem mais alguns amigos daquele por quem o personagem está apaixonado que role uma suruba. Pelo visto isso é um fetiche e, qualquer hora dessas, talvez eu me renda a essa temática, embora, nem de longe, eu seja fã dessa sacanagem! Abração!

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Você já fez kkkk "Unidos em um Trisal" é um exemplo. Teve outra que não me lembro o título de um que fazia orgias com os colegas da república e com o primo.

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Tem razão, bem lembrado! Para os fãs de surubas algumas pinceladas vão encontrar nos meus contos. Abraço!

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Kherr você não sabe a alegria que me deu agora!

Eu sou trineto de italianos, e sempre sonhei em conhecer a Itália apesar de ainda não ter tido a oportunidade, meu avô materno sempre contava as histórias dos avôs dele, que moravam em Palermo, e eram obrigados a conviver com a máfia nas décadas de 1900 e 1910, apesar do meus bisavós e do meu avô se borrarem de medo da simples menção a palavra "máfia" eu sempre fui apaixonado pelo tema.

Amei a história do Rolf e do Matteo e espero que eles fiquem juntos nos próximos capítulos, estou indo ler a continuações imediatamente!

Ahh, e amei as referência a O Poderoso Chefão, um dos meus livros/filmes favoritos da vida.

Grande abraço!

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Pois é Gilberto esse foi um flagelo que vitimou muita gente, infelizmente, na Itália daqueles anos. Hoje a coisa é menos agressiva, mas não desapareceu por completo. É tipo as nossas milícias que estão se alastrando por todo país sem controle, criando chefões que não hesitam em por fim às vidas daqueles que se opõem a eles. O Estado enfraquecido e corrupto em todos os níveis é o grande responsável por essa disseminação. A Itália sobe lidar com a situação, e nem faz tanto tempo assim, vejamos se a coisa se repete por aqui. Quanto a visitar a terra de seus ancestrais, empenhe-se em conhecê-la, de norte a sul há paisagens, vilarejos, natureza e construções milenares de cair o queixo! Torço para que consiga conhecer tudo! Super abraço!

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Kherr... Me deve uma cueca nova. Está toda babada e mascada.

Concordo com o Tomás. O Rolf poderia fazer a alegria desses machos todos. Eu sei que faria. 😈😈😈😈😈

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Você está me saindo um pilantra de primeira!!! Eheheheheh....Joga uma água fria nesse fogo!!! Abração!

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Sem rasgação de seda, sensacional. Definitivamente você é fuderoso. Que mente e mãos abençoadas. Indo rápido ler os outros. Parabéns e muito obrigado.

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Fuderoso? Acabo de aprender um novo adjetivo! Eheheheh! Super obrigado, meu querido! Abração!!

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Eu me diverti muito com esse primeiro capítulo, adorei demais o tom de comédia romântica que ele teve.

Uma pena que o conto seja mais voltado pro casal pq da uma dó ter tantos machos disponíveis e o Rolf só poder pegar o Matteo kkk

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Valeu Tomás! Nem é uma questão do Rolf só poder pegar o Matteo, ele se encantou e teve aquela paixão a primeira vista quando o conheceu e, apesar de ainda confuso quanto a esse estranho, ele já começa a perceber que está a fim dele, não apenas para uma transa eventual, mas para um relacionamento que vai além; por isso, a fidelidade já começa a ser uma prioridade. Abração!

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