O outro capitulo 46 Chá de bebê 🍼

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 13728 palavras
Data: 24/06/2023 21:44:11
Assuntos: Carnaval, Gay, Oral, Sexo, Tesão, Treta

Capítulo 46

Chá de bebê 🍼

Leandro sorriu vitorioso. Sentia orgulho de si mesmo ao mostrar para Júlio que os seus jogos psicológicos não o atingiam mais. Ele não era mais aquele homem tolo que Júlio manipulava.

Muitas vezes, Leandro se sentiu humilhado por saber que Júlio procurava outros homens, enquanto estava casado com ele. Leandro se sentia insuficiente e inferior aos amantes do ex marido, principalmente a Abner. Agora estava feliz por dar o troco, fazer com Júlio sentisse o mesmo.

_ Você se tornou uma putinha baixa, do tipo que se come em qualquer beco e larga por ali mesmo.

_ As suas palavras não me ofendem mais, Júlio. Eu sei o meu valor. Agora tenho um homem de verdade que me faz muito feliz._ Leandro sorria.

Júlio o olhou por alguns segundos, com a expressão séria e sem se mover.

_ A sua sorte é que eu ainda te amo. Caso contrário, já estaria comendo grama pela raiz.

_ Isso é uma ameaça?_ Leandro perguntou sério.

Júlio não respondeu. Apenas sorriu de um jeito assustador.

_ Aliás, coração, tô sabendo que o seu enteado já está quase nascendo.

_ Que enteado?

_ O filho da Lorena com o Abner, ora! Ou você acredita mesmo que um velho caindo aos pedaços como o seu pai vai engravidar uma moça de vinte e poucos anos?

_ Não diga bobagens!

_ Não digo! Você não sabe que o michezinho teve ou tem um caso com a Lorena? Ah não sabe? Leandro, o que você tem de bonito, tem de habilidade para ser corno. Este título você tem por mérito, meu amor. É incrível como qualquer um que se relaciona com você te trai não é mesmo, coração.

Leandro o olhava com ódio, fechando o punho. Júlio o observou sorrindo.

_ Você quer me bater, coração? Bata! Vai! Isso só vai me deixar mais excitado.

_ Como se atreve a vir aqui só para provocar o meu pai? Você não tem vergonha não, Júlio?_ Vanessa gritou entrando na sala._ Sai daqui! Você não é bem-vindo na nossa casa! Saiaaaaa!!!

_ Vanessa, isso é assunto meu e do Leandro.

_ Não. Não é! É assunto meu também. Você está humilhando o meu pai, dizendo que ele merece ser traído e isso não é verdade! Eu ouvi tudo. Não vou permitir que você fale com ele dessa maneira! O meu pai é uma pessoa maravilhosa. Foi um ótimo marido pra você, mas você não valorizou. A única pessoa que mereceu ser traído foi você! E olha que o meu pai já deveria ter feito isso há muito tempo. É muito atrevimento seu vir até aqui.

_ Eu vim te ver. Estava com saudades.

_ Mentira! Você me expulsou de casa por causa daquele psicopata.

_ Vanessa, não foi nada disso. Você está desequilibrada! Te encontrei com uma faca na mão e o Luciano machucado. Não tinha condições de vocês dois ficarem sob o mesmo teto.

_ Eu não vou perder o meu tempo recontando o que realmente aconteceu. Se você não quer acreditar em mim, foda-se! Só não quero que volte mais aqui! Eu não quero te ver! E nunca mais ouse a tentar humilhar o meu pai. Você é um monstro! Pena que demorei muito tempo para perceber isso. Agora fora daqui!

Júlio percebeu que seria inútil tentar conversar qualquer coisa com Vanessa. Era a primeira vez que ele percebia que não tinha mais o controle sobre ela e isso o desesperava. Para ele, era horrível essa sensação de impotência.

_ Você está muito nervosa. Eu volto outra hora.

_ Não! Aqui você não pisa mais._ pontuou Leandro.

_ Você não pode me impedir de ver a minha filha._ Júlio disse entre os dentes.

_ Eu não sou mais a sua filha! Você fez a sua escolha!

_ Eu não posso e nem vou te impedir de ver a Vanessa. Mas, posso te impedir de pisar na minha casa. Você pode ver a Vanessa em qualquer outro lugar. Mas não aqui.

_ Tudo bem. Só deixo os meus cumprimentos para o seu novo enteado. Vai ser lindo ver o seu pai criando o filhotinho do prostituto. Ou talvez sobre pra você né.

_ Pai, vá embora!

Júlio saiu batendo a porta e Vanessa correu para os braços de Leandro, o abraçando forte.

_ Você tá bem?

_ Tô sim, meu amor. As palavras do Júlio não me ofendem mais.

_ Por que ele é assim, hein? É tão triste saber que eu nunca conheci de fato o verdadeiro caráter dele. Como se aquele homem que eu admirava não passasse de um personagem. Como pude ser tão cega?

Leandro a beijou na cabeça, acariciando os seus cabelos.

_ Eu tô com tanta raiva por ele ter te dito aquelas coisas.

_ Júlio já me disse coisas piores. Já estou acostumado.

_ Mas você não merece!

_ É.. eu não mereço. Mas eu não vou deixar que isso estrague o meu dia.

_ E se o que ele disse for verdade? E se o filho da Lorena não for do vovô e sim do Abner?

_ Isso é blefe do seu pai, Vanessa. Ele está com raiva.

_ Mas de uma certa forma faz sentido, pai! Se ela se deitou com o Abner enquanto teve um caso com o vovô, há uma chance do filho dela ser do Abner. O vovô tem que exigir o exame de DNA. Já pensou ele criar um filho que não é dele? Ou pior, você vai ter que dividir a sua herança com o filho do Abner.

_ Vanessa, a intenção do Júlio era pôr caraminholas nas nossas cabeças e, pelo visto, conseguiu pôr na sua. Você não vai se meter neste assunto. A Lorena é problema do seu avô. Você vai se preocupar com os seus estudos. Só isso. Agora vamos terminar as malas, porque vamos pegar estrada no fim da tarde. Aliás, tá na hora do almoço. Pior que nem tive tempo de cozinhar nada. Vou pedir algo pelo Ifood. O que você vai querer?

_ Quero estrogonofe de filé mignon com batatas fritas. Pode ser?

_ Sim, meu anjo.

Mesmo tentando acalmar Vanessa, fingindo que aquelas palavras de Júlio não o atingiam, Leandro sabia que tudo isso não passava de mentiras. No fundo, ele se sentia muito incomodado com a possibilidade de o filho de Lorena ser do Abner. Para ele era perturbador que o namorado tivesse algum vínculo afetivo com a ex amante. Ainda mais um vínculo tão forte quanto um filho.

Leandro não se sentiria a vontade de ir a festas de aniversário da criança, onde Abner e Lorena posariam em fotos como pais. Não! Ele não suportaria. Seria humilhante demais. Sem contar no clima ruim que ficaria na família, caso o seu pai soubesse que foi enganado pela jovem.

Leandro sentiu uma vontade imensa de chorar, mas não queria que Vanessa o visse angustiado. Sentiu tanto ódio de Júlio por ter estragado o seu dia, implementando aquele veneno na sua mente.

Abner mandou uma mensagem avisando que estava chegando. O casal havia combinado de viajar juntos no mesmo carro, e Valéria levaria Patrícia e os filhos no próprio carro.

Todos pegariam estrada no fim da tarde para chegarem no sítio de madrugada.

No entanto, Leandro não estava mais com a animação e o bom humor de antes. Estava tão chateado que pensou em cancelar a viagem. Notificou a Vanessa, mas essa foi contra.

_ Ah, pai, pelo amor de deus! Eu não estou nem um pouco a fim de ir para aquele fim de mundo, mas também não quero ficar em casa. E isso não é justo! Puxa o meu pai vem aqui, enche o nosso saco, te deixa mal, aí você desiste da viagem e ele tá lá pegando um avião para o México com aquele nojento do Luciano. Não foi você quem disse que não se deixa mais abater pelas provocações do meu pai?

_ É... Você tem razão._ Leandro respirou fundo, chateado.

A conversa foi interrompida com o som do girar da maçaneta, o que chamou a atenção tanto de Leandro, quanto de Vanessa.

Abner entrou sorridente. Estava tão feliz naquele fim de tarde, que isso iluminou ainda mais a sua beleza. Vestia uma bermuda de moletom preta, uma regata branca e usava um boné para trás, ficando ainda mais jovial. Leandro adorava vê-lo vestido daquele jeito despojado, achando-o ainda mais sexy.

Olhou para Abner um pouco tristonho, lamentando por essa suposta paternidade. Estava tão apaixonado por Abner, que seria duro ter que encarar mais um término.

_ Uh, é! Você não bate na porta não? Sai invadindo?_ provocou Vanessa.

_ Eu tenho as chaves. Não sou qualquer um._ Abner disse com um sorriso sarcástico, balança o molho de chaves no ar.

No entanto, o seu sorriso sumiu ao ver a expressão séria e triste de Leandro.

_ O que houve, meu amor? Que carinha é essa?

Abner se aproximou de Leandro e segurou o seu rosto com as duas mãos antes de beijá-lo. Aquela tristeza de Leandro o preocupava.

Leandro pensou em mentir, dizer que nada aconteceu e seguir viagem, mas sabia que não conseguiria.

_ Vamos conversar lá no meu quarto?

_ Claro. Aconteceu alguma coisa grave, meu neném?

_ Não. Eu só preciso te dizer umas coisinhas.

No quarto, com a porta trancada, Leandro contou a Abner sobre a visita de Júlio e o que foi dito sobre o bebê de Lorena.

Abner ficou transtornado de ódio.

_ Cara, que filho da puta! Eu tô tão de saco cheio desse cara, que pagaria alguém pra dar um fim nele.

_ Fale baixo! Não quero que a Vanessa escute esse tipo de coisas. Apesar de tudo, Júlio também é o pai dela.

_ Ele é um desgraçado! Porra, será que ele nunca vai nos deixar em paz, merda?! Esse cara tem tudo na vida, tem dinheiro, é realizado na profissão, tem um namorado jovem e bonito...ele pode ter o homem que quiser, mas ao invés de aproveitar a porra da vida, fica nos infernizando!

_ Amor, eu quero que você seja sincero comigo. Eu preciso dessa sinceridade, por favor. Há alguma chance do filho da Lorena ser seu?

_ Você tá de sacanagem né?

_ Vocês tiveram algo enquanto ela teve um caso com o meu pai? Se sim, há chances.

_ Leandro, põe uma coisa na sua cabeça: não há menor possibilidade dessa criança ser o meu filho.

_ Abner, você é jovem e saudável. Sem contar que a sua virilidade é muito potente. Você tem sim condições para engravidar uma mulher.

_ Leandro, se tem uma coisa que a Lorena não é é burra. Ela sempre quis dar o golpe no seu pai. Ela sabe muito bem que ele poderia pedir um exame de DNA. Você acha que ela daria bobeira de engravidar de outro? Essa gravidez dela foi planejada.

_ É... pensando por esse lado.

_ Eu não acredito que mais uma vez, você se deixou envenenar pelo crápula do Júlio.

_ Me desculpe. Eu fiquei com ciúmes. Só de pensar em você e a Lorena eu...

_ Neném, eu vou ter um filho sim um dia. Até sonho com isso. Mas só será contigo.

Leandro sorriu e Abner o beijou.

_ Você me promete que nunca mais vai deixar o Júlio entrar na sua casa? Não que eu tenha ciúmes. Eu confio cegamente em você. Só que aquele cara é perigoso. Não é confiável que ele entre na sua casa. Temo pela sua segurança.

_ Tá bom.

Abner segurou as mãos de Leandro, ficando de frente para ele, encostou a sua testa na dele.

_ Não vamos deixar que isso estrague a nossa viagem? Neném, eu tenho tantos planos para esses dias. Quero que você tenha um dos melhores carnavais da sua vida._ Abner disse sorrindo, antes de beijá-lo.

_ Pode deixar. Eu não vou deixar que nada estrague os nossos planos._ prometeu Leandro.

_ É tão bom poder beijar essa boquinha deliciosa toda vez que sinto vontade.

Abner acariciou o seu rosto e penetrou a língua na boca de Leandro, deslizando suavemente.

_ Eu te amo tanto, Leandro. Amo de um jeito que nunca amei ninguém.

_ Eu também te amo, meu gatinho.

Por mais que Abner tentasse puxar assunto durante o percurso da viagem de carro, Leandro e Vanessa passaram a maior parte do tempo em silêncio.

A jovem não estava nem um pouco a fim de dialogar com Abner, preferindo ficar ouvindo música nos fones de ouvido. E Leandro estava tão imersivo nas suas próprias preocupações, que só interagia com Abner emitindo sons de onomatopeia, o que deixou Abner desconfortável e ao mesmo tempo preocupado que as palavras de Júlio envenenasse o seu namoro.

Por fim, desistiu de puxar o assunto e seguiu dirigindo em silêncio. Leandro apoiava a cabeça na janela do carro, olhando para o lado de fora, com o pensamento distante.

"Amor, já chegamos." Foram as palavras que Leandro ouviu, assim que foi despertado por Abner com um beijo nos lábios.

Ao abrir os olhos, Leandro percebeu que já havia chagado no sítio. O carro estava estacionado distante do portão e próximo á casa.

Mesmo sendo noite, graças as iluminações das luzes do sítio era possível ver que o local era amplo e com as gramas num verde vivo e bem aparadas. A casa possuia dois andares e uma fachada estilo colonial portuguesa de cores azul e branca. E próxima a ela ficava a piscina com área gourmet, com churrasqueira e um fogão a lenha.

Ao entrarem na casa, perceberam que a mobília era rústica e antiga, mas muito acolhedora.

Patrícia e Valéria aguardavam por eles sentadas no sofá da sala, tomando vinho tinto numa taça enorme, enquanto as crianças se distraiam jogando videogame na TV.

Vanessa olhava ao redor com a cara de poucos amigos, reclamando da decoração do lugar e prevendo que ali teria muitos mosquitos.

Normalmente, Leandro ficaria bravo com os resmungos da filha, mas estava tão imerso nos seus pensamentos, que a ignorou.

_ Eu vi que aqui tem um fogão e forno á lenha. Isso pede umas pizzas._ Abner sugeriu sorrindo, o que foi aprovado de imediato pelas crianças.

_ Eu prefiro sushi._ contradisse Vanessa.

_ Não tem como pedir sushi aqui e a esta hora, Vanessa._ Patricia disse impaciente.

_ E eu não sei? Estamos no cu do mundo.

Valéria percebeu o silêncio de Leandro. Concluiu que algo afligia o amigo. Mas, ao perguntar, Leandro negou que houvesse acontecido qualquer coisa.

_ Só estou sentindo um pouco de dor de cabeça. Deve ter sido algo que eu comi e que não me caiu bem. Eu vou tomar um banho e descansar um pouco. Com licença.

_ Pai, eu quero dormir contigo._ Vanessa disse em tom de provocação, olhando de um jeito debochado para Abner.

_ Deixe de palhaçada, garota!_ Gritou Valéria._ Você já tá grande demais pra isso.

_ Qual é o problema de eu quer dormir com o meu pai?

_ Querer não é poder! Nesta casa tem três quartos e já estão divididos. O Leandro e o Abner vão dormir no quarto de casal, a Patrícia vai dormir com os filhos no quarto a esquerda e nós duas juntas no quarto a direita. É melhor você não criar caso que ninguém aqui está a fim de se aborrecer.

Como reação, Vanessa apenas revirou os olhos para cima e se jogou no sofá, pondo os fones nos ouvidos.

Abner tinha a intenção de ir direto para cozinha adiantar o máximo que podia na preparação da massa e na montagem da pizza, já que essa seria assada no forno á lenha e isso demoraria um pouco. No entanto, não conseguia se concentrar sabendo que Leandro estava no quarto chateado com ele.

_ Eu vou tomar um banho e depois volto para preparar a pizza._ Abner disse a todas na sala.

_ Vai lá, amigo. Quando você descer, a gente te ajuda.

_ Valeu, Pati.

Quando Abner chegou no quarto, Leandro já havia tomado banho e estava deitado na cama vestindo um pijama confortável.

O quarto estava iluminado somente pelas lâmpadas da área externa que refletia no ambiente. Ele observava o temporal desabar através da janela do quarto.

Abner sentou ao seu lado e o abraçou, apoiando a cabeça no seu ombro. Ao segurar no queixo de Leandro, com a intenção de beijá-lo, Abner ficou surpreso ao ver lágrimas nos olhos do namorado.

_ Leandro, eu não acredito que você ainda tá grilado com aquele história do filho da Lorena! Cara, eu já te falei que não há a menor possibilidade dessa criança ser meu filho! Eu conheço a Lorena, ela não seria burra a esse ponto. Sabe o que você vai acabar arrumando com isso? Briga na família. Você acha que o seu pai vai gostar de saber dessa história? Porra! Mesmo depois de tudo que ele aprontou, você ainda acredita mais no Júlio do que em mim?!

_ Não é isso._ Leandro disse secando as lágrimas com as costas das mãos.

_ O que é então, amor?_ o tom de voz de Abner já não era mais de indignação e, sim de preocupação.

Leandro respirou profundamente, erguendo a cabeça, procurando forças para poder se expressar sem chorar. O que foi em vão, já que as lágrimas desabaram novamente.

_ Eu não aguento mais isso! Porra, eu estava tão empolgado com essa viagem! Aí vem o Júlio do inferno e acaba com o meu humor. Ele sempre faz isso! Parece que fareja a minha felicidade e brota só pra estragar! Eu sou um idiota, sabe! Eu me odeio por ter jogado anos da minha vida fora com um homem que só me fez mal! Ele só me fez mal, porra! E tudo isso por quê? Por nada! Por puro sadismo! É injusto que eu sofra com tudo que ele me apronta e ele lá, feliz, próspero! Como se não tivesse feito nada! Eu sou um lixo? É assim, aquele demônio vem e me faz mal e sai impune! Isso é injusto, porra! Júlio tem que pagar pelo que fez! Não me conformo que ele esteja bem e eu mal! Não!!! Eu não tive vida, caralho! Eu me doei pra ele! Abri mão de uma carreira profissional, briguei com os meus pais! Eu me dediquei muito aquela relação. Pra no final sair ferido?! Júlio, nunca me respeitou! A única coisa que eu fiz foi amar aquela merda daquele homem! E pra quê? Eu não quero que ele fique bem! Não quero!

_ Leandro, você tá cometendo o mesmo erro que cometeu durante o seu casamento. Você tá pautando a sua vida inteira no Júlio. Antes, para você era mais importante estar com ele do que qualquer outra coisa na vida. E foi por isso que você abriu mão de tantas coisas importantes. Mas isso tá longe de ser amor, era necessidade de ter alguém. Aí você se apegou a primeira porcaria que conseguiu. E agora, ao invés de dar um sentido na sua vida, fica focando no Júlio, querendo se vingar, mas não percebe o quão sortudo é por ter se livrado daquele traste.

_ Pra você é fácil falar. O passado que dói é o meu e não o seu.

_ Aí que você se engana. Eu já fiz muita merda na vida que me arrependo pra caralho. Mas eu aprendi que não se pode mudar o passado. Os fatos fazem parte da nossa história, e ela não é feita só de coisas boas. Mas podemos decidir se isso vai ou não continuar nos destruindo no presente.

"Leandro, me responde uma coisa: o que você fez durante o dia?"

_ Ah, Abner por favor...

_ É sério, me responde.

_ Bom...eu cuidei da casa pela manhã, fui á livraria, fechei mais cedo, passei no supermercado para comprar umas coisinhas para a viagem, almocei e fiz as malas. Depois assisti um filme e aí o... aconteceu o que aconteceu.

_Percebe que você teve um dia muito produtivo e isso do Júlio foram só uns minutinhos do seu dia? Tá vendo como você tá dando importância a meros minutos? Vai deixar que isso estrague os seus dias de carnaval?! Leandro, você trabalha pra caralho naquela livraria, e ainda cuida da casa e de uma adolescente sozinho. Você não acha que merece ter uns dias de lazer?

_ É... você tem razão. Eu não aguento mais sentir tanta dor.

Abner segurou em suas mãos e a beijou.

_ Eu sei o quanto isso te machuca. E estou disposto a fazer qualquer coisa pra te ajudar. E vou fazer tudo que estiver ao meu alcance. Mas há coisas que só você pode fazer por você, como tirar do Júlio esse poder de te manipular. Por mais que a culpa do seu sofrimento seja dele, a responsabilidade da cura é sua.

_ Eu não sei como fazer isso.

_ Terapia é um caminho.

_ Eu ando sem tempo e...

_ Oh, você quer ficar a vida inteira assim?

_ Não.

_ Então...sem desculpas. Ok? Agora venha aqui e me dar um beijinho.

Abner puxou Leandro para si, grudando em seu corpo. Envolveu-o num abraço apertado, mas não sufocante ao ponto que o machucasse. Era algo acolhedor. Suas línguas se entrelaçavam num beijo longo e intenso, de provocar arrepios pelo corpo.

Abner terminou o beijo, dando uma leve mordidinha no lábio inferior de Leandro. Em seguida, levou a boca até o seu pescoço, onde distribuiu beijos, provocando ainda mais arrepios no amado.

Leandro vibrou de tesão ao sentir a mão de Abner no seu membro, que não resistiu e endureceu no mesmo instante.

_ Não, Abner. Eu não tô no clima.

_ Não é isso que o nosso amiguinho tá dizendo._ Abner sussurrou ao pé do ouvido de Leandro com a voz grave e um sorriso sacana, o que foi o suficiente para deixá-lo com as pernas bambas.

_ Amor, eu vou te comer tão gostoso, que você vai esquecer da existência daquele merda do seu ex marido.

Leandro recebeu mais um beijo, dessa vez ainda mais quente. Gemeu de tesão quando o seu membro foi puxado para fora da calça do pijama e masturbado pelas mãos másculas de Abner.

_ Abner..._ Leandro sussurrou com os olhos fechados e boca entre aberta.

_ Ahhhhh..._ Gemeu com intensidade ao sentir a boca macia de Abner engolir todo o seu pau latejante.

As emoções afloram e o seu corpo se arrepiou por inteiro. Era sublime a sensação do orgasmo. Tentou retirar o pênis da boca de Abner para poder gozar. No entanto, Abner fez um gesto com a mão pedindo que deixasse.

Leandro só ergueu a cabeça e espremeu os lábios para conter os gemidos, enquanto gozava.

Foi excitante ver Abner engolindo tudo. Não teve outra reação a não ser sorrir.

_ Tô me sentindo tão leve.

_ Mas eu ainda tô duro.

O olhar intimidador de Abner o deixou ainda mais excitado. Suas bocas foram atraídas para um beijo caloroso e as suas vestes arrancadas com pressa para poderem se saborearem nus.

Sentir a boca de Abner o invadindo por dentro era incrível demais. Leandro não conseguia pensar em mais nada, apenas queria se entregar.

Ainda deitado, teve as pernas erguidas, apoiando-as nos ombros de Abner. A penetração foi intensa e bem lubrificada. Um encaixe perfeito. Os movimentos os levavam ao paraíso.

Abner pôs as pernas de Leandro ao lado e ainda abertas, sem sair de dentro dele, se curvou e o beijou. Gozou em seguida, se lambuzando do prazer delicioso que o corpo do seu amado o proporcionava.

....

O cheiro da pizza recém saída do forno perfumava a casa. Estava exposta a mesa com bordas grossas e recheada com molho de tomate, mozzarella de buffalo e burrata, o que lembrava uma pizza italiana.

Para ficar ainda mais no clima, Patrícia cobriu a mesa com uma tolha xadrez vermelha, verde e branca (as cores da bandeira italiana).

Com tudo, como bons brasileiros, ninguém abriu mão dos talheres. Por a mão na pizza para comer como fazem os gringos estava fora de cogitação. Como bebida, os adultos foram de vinho e as crianças de refrigerante.

Abner sentou ao lado de Leandro e beijou o seu rosto, antes de servi-lo. Vanessa os observava com a cara fechada e os braços cruzados. Percebendo o incomodo da filha, Leandro a abraçou e beijou o seu rosto.

_ Eu te amo._ sussurrou Leandro no ouvido dela.

Vanessa sorriu e o beijou.

_ Eu também.

A menina adorou o sabor prazeroso da pizza, do queijo derretendo na sua boca e da maciez da massa. No entanto, não queria dar o braço a torcer e não esboçou nenhum elogio, ao contrário de todos à mesa.

_ Olha Abner, tenho que admitir que você manda muito bem na cozinha. Nisso o meu Bijuzinho tá bem servido. Está pizza tá maravilhosa.

_ Obrigado, Valéria.

_ Está ótima mesmo, meu amor. A melhor que já comi._ Leandro o elogiou sorrindo de um jeito meigo.

_ Nisso eu vou ter que descordar. A melhor pizza que você comeu foi aquela lá de Napolis. Lembra, pai? Foi naquela viagem que fizemos no aniversário do meu pai Júlio. Vocês estavam tão apaixonados naquela época! Era uma pizzaria maravilhosa. Bem aconchegante e familiar. A pizza quentinha, saída direto do forno á lenha. Você já esteve na Itália, Abner?

Vanessa perguntou com um tom debochado e um olhar provocativo. Abner sorriu.

_ Nunca estive. Imagino que você várias vezes.

_ Ah sim. Eu amo a Itália. Adoro fazer compras em Milão. O legal é que nas vezes que fomos os meus pais estavam em clima de lua de mel e aí isso deixou o meu pai Júlio de bom humor e liberou o cartão de crédito na boa. Nós esbaldamos naquelas lojas não é, pai.

_ Querida, coma a sua fatia de pizza antes que esfrie.

Leandro estava muito constrangido com as provocações de Vanessa. Em pensamento, já articulava o sermão que daria em particular.

_ E o museu do Casa di Dante, lá em Florença?Foi um máximo! Você acredita que o meu pai já leu a Divina Comédia em italiano?

_ Não me surpreende. O seu pai é muito inteligente.

_ O meu pai Júlio diz a mesma coisa!

_ Vanessa, coma por favor.

_ Ah pai, deixa eu contar para o Abner sobre as nossas viagens. Sabe, uma vez, a prima Glória foi conosco. Ela se enrolou toda com o menu de um restaurante que fomos. Ela arregalou com os olhos quando leu pane con burro. Perguntou se lá na Itália se comia carne de burro._ Vanessa gargalhou.

_ Eu não entendi.

_ Como não entendeu, Abner? Você não fala italiano?

_ Não.

_ Ah, então vou te explicar. Burro é um Heterosemantico. Tipo, quando uma palavra de outra língua tem a ortografia parecida com a em português, mas o significado é diferente. Burro em italiano significa manteiga.

_ Ah, interessante.

_ Você fala alguma lingua estrangeira? Pelo menos o inglês você fala né?

_ No inglês eu me viro. Dar para me comunicar em alguma viagem internacional que vou fazer no futuro.

_ Ah mas isso não é o suficiente. O meu pai Júlio sempre diz que se você está na França, deve falar francês, na Espanha, espanhol e etc. O meu pai Leandro me ensinou francês, italiano, espanhol, inglês e alemão. E estávamos até combinando de nos matricularnos no curso de coreano né pai? E nas nossas viagens em família pela Europa e Estados Unidos, eu colocava em prática tudo o que aprendia em casa.

_ Legal! O seu pai Júlio também é poliglota como você e o Leandro?

_ Não, Abner. Ele só falava as línguas feijão com arroz: inglês e um espanhol mais ou menos.

_ Mas ele não te aconselhou a aprender tantas línguas! Pensei que ele soubesse também.

_ Não. Ele estava ocupado demais dormindo com prostitutos de quinta categoria e destruindo a família.

_ Vanessa, já chega! Coma logo a sua pizza sem dar um pio!_ Leandro ordenou bravo. Estava farto das provocações da filha.

_ Amor, não precisa se aborrecer com a menina. Ela só está contando para nós a sua experiência com viagens. Aliás, minha querida enteada, como você conhece a Itália de cabo a rabo, você poderia montar o roteiro da nossa viagem de lua de mel. Quero levar o Leandro pra lá após o nosso casamento.

Abner pois o braço no ombro de Leandro e o beijou. Vanessa jogou os talheres sobre o prato e levantou da mesa.

_ Já terminei de comer.

Depois de ouvir os passos de Vanessa subir as escadas, Leandro olhou para Abner envergonhado.

_ Amor, me desculpe pelas atitudes da Vanessa? Eu vou conversar com ela e...

_ Meu bem, não esquenta a cabeça. Ela só está com ciúmes. Se você brigar com ela será pior. O que devemos fazer é demonstrar para ela que a nossa relação não é uma ameaça, que ela nunca vai ser excluída.

_ Você é maravilhoso!

_ Eu quero conquistar a sua filha. Eu sei que vai ser uma tarefa difícil, mas eu vou tentar. Eu sei que é importante pra você.

Leandro sorriu e o beijou.

_ Ah, vocês são tão fofos juntos._ Exclamou Patricia, suspirando.

_ Você pode até tentar, mas duvido que consiga conquistar a Júlio de saia. Aquilo ali é carne de pescoço.

_ Eu sei, Val. Mas eu gosto de um desafio.

Abner piscou para Valéria, mastigando um pedaço de pizza, seguro de si.

...

No dia seguinte, Leandro desviou os olhos das páginas do livro que lia para a porta, quando essa foi aberta por Valéria.

Ao entrar, a mulher fechou a porta e sentou ao lado de Leandro.

_ Tá bom. Só estamos nós dois aqui. Não precisa mais fingir que nada aconteceu. Desembucha, o que o Júlio aprontou desta vez?

_ Pelo visto não adianta mentir pra você né?

_ Sem chances.

Leandro desabafou com a amiga não só o que aconteceu em seu apartamento, mas tudo o que sentia em relação ao ex marido. Mas, desta vez, conseguiu conter as lágrimas.

_ Júlio é um desgraçado mesmo! Por que essa merda deste homem não te deixa em paz? Ele já não está com o tal do Luciano?!

_ A meta de vida dele é me infernizar. Eu odeio tanto aquele homem! Mas tanto! Eu odeio toda as vezes que ele me traiu e me odeio mais ainda por ter perdoado todas elas. Me odeio por ter jogado anos da minha vida fora ao lado dele. Amiga, eu só quero duas coisas na vida: uma é ter a Vanessa só pra mim, a outra é aquele desgraçado morto.

_ Você não deve se odiar por nada. Você foi vítima dele. E tudo isso já passou. Agora é bola pra frente.

_ Eu não sei lidar bem com a traição. Eu queria muito ser como você, que vive de boa depois das traições dos seus três ex maridos. Mas eu não consigo. Sinto muito raiva! Olha, eu juro pra você que se o Abner me trair, eu não vou perdoar mesmo. Termino na mesma hora. Não vou cometer o mesmo erro que cometi com o Júlio.

_ Assim espero.

_ Sabe o que mais me dar raiva? É o fato de que as pessoas riam da minha cara toda vez que o Júlio me sacaneava, ou me fazia perder o equilíbrio.

_ Ah, vá a merda, Leandro! Você deu a porra da volta por cima e fica aí se lamentando, caralho! Porra, você traiu aquele pela saco do Júlio com o amante dele! Cara, você fez ele provar do próprio veneno. Se tem alguém tá sendo motivos de chacota, esse alguém é ele. Essa foi uma sacada genial. Eu daria tudo para ser lésbica ou bissexual e ter feito isso com todos os trastes dos meus ex maridos. Sem contar que você foi corajoso o suficiente para sair daquela relação tóxica, abriu o próprio negócio e está fodendo muito e dessa vez, você goza. Porque aquele merda do Júlio só se preocupava com o próprio prazer. Uma foda só é boa, quando todos os envolvidos gozam. Júlio é daquele tipo de homem que acha que só basta ter pau grande. Mas o que adianta, se você não consegue satisfazer o seu parceiro?

_ É.. pensando por esse lado, até que você tem razão. Atualmente, eu não tenho do que reclamar da minha vida sexual.

_ Então, pare de chororô por conta do passado e vai aproveitar a vida, veado. Toma vergonha nessa cara linda que deus te deu. Pode levantando dessa cama, que é carnaval e a gente precisa dar um rolê por aí. Tomar umas, ficar loucas.

_ Eu não sei se quero foliar.

_ Você não tem querer. Nós vamos ao bloquinho da cidade e depois você aproveita o seu homem. Agora levante, bicha!

Desde que chegou no sítio, aquela era a primeira vez que Leandro via Vanessa animada. Ela retocava a maquiagem na frente do espelho do seu quarto. Retocava os olhos com brilhos coloridos. Vestia um collant preto e uma meia calça de rede preta. Na cabeça, usava uma tiara com orelhas de gatinho.

_ Que roupa é essa?!

_ Gostou? Foi a Val que montou.

_ Ficou um arraso, né Bijuzinho?_ perguntou Valéria que usava uma fantasia de policial sexy.

_ Nem pensar que você vai sair assim, Vanessa.

_ Ah pai!

_ Isso não é adequado para a sua idade, filha!

_ Ah qual é, Leandro? É carnaval!

_ Vanessa é uma menina. Nada de fantasia sexy.

_ Precisa ser estraga prazeres?_ perguntou Vanessa bufando. _ Eu não trouxe fantasia! Não posso ir ao bloco com roupa comum.

Leandro olhou para os lados e achou uma canga de praia de estampa de onça em cima da cama. Pegou-a e dobrou até formar uma saia. Em seguida, pôs nos quadris de Vanessa.

_ Pronto. Agora sim pode ir.

_ É sério isso, pai?

_ Ou vai assim, ou fica em casa. Você decide.

_ Ah que saco!

_ E você, Bijuzinho? Vai fantasiado de quê?_ Valéria perguntou, enquanto passava rímel nos cílios.

_ Eu não vou.

_ Como assim não vai?! Tá doido?

Valéria o olhava com desaprovação, enquanto segurava o rímel, que tinha interrompido de usar.

_ Eu vou ficar em casa com o Abner. Ficamos de assistir uma série que ele quer muito que eu assista.

_ Ah quer saber? Eu desisto de você. Vá fazer o seu programa de idoso, que eu vou me divertir.

Patrícia optou por se fantasiar de Mulher Maravilha e os seus filhos de Batman e Super- Man. Todos estavam empolgados para curtirem o carnaval na rua.

Antes de sair, Vanessa sugeriu que tirassem uma foto, o que foi aceita na hora.

Todos pousaram juntos sorrindo, enquanto Leandro batia a foto e Abner observava sentado no sofá.

_ Agora uma minha!_ pediu Vanessa, retirando a "saia" improvisada por Leandro.

_ Vanessa!

_ Qual é, pai? É só para a foto. Não vou sair assim na rua.

_ Tá bom.

Vanessa posou de costa, com a cabeça inclinada para cima, como se tivesse distraída com o que o observava e a foto foi clicada em segundos. Ela pegou o celular da mão de Leandro e sorriu, satisfeita com o resultado da foto.

Sua intenção era postar no seu perfil do Instagram para provocar ciúmes em Pedro.

Não demorou muito para chover likes e comentários de elogios masculinos e das amigas.

Todos foram no carro de Valéria.

Vanessa dividiu o banco de trás com as crianças e Patrícia foi ao lado de Valéria.

Vanessa sorriu ao sentir o seu telefone vibrar. Imaginou ser uma ligação de Pedro furioso.

Mas ao retirar o celular da bolsinha, ficou séria ao ver escrito Pai Júlio na tela.

_ Oi.

_ Vanessa, pode apagando aquela porra de foto do Instagram. Que merda é essa?

_ Bom dia pra você também.

_ Nem me venha com ironias. Você tá pensando o quê? Filha minha não fica se exibindo na internet como uma vadia. E outra, você não vai sair vestida desse jeito. Que porra que o Leandro tem na cabeça de te deixar se vestir assim?

_ Dá pra você parar de gritar? Eu não sou surda.

_ A sua sorte é que eu estou só gritando, porque se eu tivesse aí, você estaria muito mais encrencada. Apaga logo aquela porra de foto.

_ Eu não vou apagar! O Instagram é meu e eu posto o que eu quiser! Você pode parar de fingir que se preocupa comigo. Não está nem aí. Prefere viajar com essa merda de sujeitinho que você arrumou.

_ Vanessa, não muda de assunto! Eu sou o seu pai e ordeno que você apague aquela foto. Eu não quero que vagabundo ficar excitado vendo foto sexy de filha minha! Pode apagando aquela merda ou eu corto a sua mesada!

_ Faz o que você quiser!

Vanessa encerrou a ligação, deixando Júlio furioso do outro lado da linha.

_ Eita! Pelo visto o carcamano tá bravo._ comentou Valéria.

_ Brava estou eu, que estou neste fim de mundo, enquanto ele viaja para o México com a putinha dele. Pra mim ele não tem tempo, mas pro Luciano tira até férias. Agora quer mandar no meu perfil do Instagram?! Não! Não!

Mais uma vez Vanessa sentiu o celular vibrar, e desta vez era Pedro. Mas, a menina estava irritada demais para jogos de provocações. Sentia muita raiva da última ligação que recebeu.

_ Vanessa, que porra de foto era aquela? Mulher minha não exibe o que é meu na internet não e...

_ Vai tomar no cu, Pedro.

Vanessa desligou furiosa. Bufava, olhando pela janela do carro, com os braços cruzados.

...

_ Eu deveria ter adotado um menino isso sim. Filha mulher e bonita dá muito trabalho._ Júlio reclamava, pondo o celular no ouvido.

Leandro estava na cozinha preparando as pipocas, quando o seu celular tocou. Ele pegou o telefone na bancada da pia e revirou os olhos ao ver que era Júlio.

Sentiu os braços de Abner o envolver por trás e os seus lábios beijando o seu rosto.

_ Quem é, neném?

Leandro virou para frente.

_ Advinha._ respondeu, mostrando a tela do celular para Abner._ Não estou nem um pouco a fim de atender. Sério, não quero me aborrecer ainda mais com o Júlio.

_ Não atende.

_ Pior que ele tá insistindo. E nem posso desligar o celular, porque a Vanessa está na rua.

_ Então bloqueia ele.

_ Abner, eu não posso! Ele é o outro pai da minha filha. Eu preciso ter um meio de contato com ele.

_ Quer saber? Eu vou atender essa porra.

Abner tomou o celular da mão de Leandro.

_ Abner, não eu...

_ Deixa comigo...

Abner se afastou um pouco de Leandro para atender a ligação.

_ Fala aí, seu pela saco. O que você quer com o meu homem?

Júlio sentiu o ódio dominando cada célula do seu corpo, a respiração foi ficando mais intensa e as pupilas se dilatavam.

_ Olha aqui, seu michezinho barato, passe a porra do telefone para o meu marido. Eu quero falar com ele!

_ Então você ligou para o número errado. O seu marido é aquele vendaval de olhos azuis. E esse número é do MEU namorado.

_ Passa logo o telefone pra ele, porra!_ gritou Júlio.

_ Eu não vou passar caralho nenhum. E te digo mais, não tô gostando nada de você tá ligando para o meu homem. Acho melhor você parar com isso, ou eu vou encher de porrada essa sua cara sínica.

_ Como se atreve a falar comigo desse jeito, seu putinho de merda? Eu não vou deixar barato toda a sacanagem que você fez comigo. Você levou a porra do meu dinheiro e o meu marido.

_ É...levei mesmo. Ninguém mandou você ser otário. E já o Leandro, você não foi homem o suficiente pra ele. Deu mole e eu conquistei. Agora ele é meu namorado e não admito que você o perturbe. Eu não me importo em arrebentar a sua cara se for preciso. E nem adianta ficar insistindo em ligar, porque toda vez sou eu que vou atender. Então, vá tomar no olho do seu cu e tenha um péssimo dia.

Abner encerrou a ligação antes que Júlio pudesse dizer qualquer coisa.

Estava anoitecendo quando todos chegaram no sítio. Uma tempestade fez com que todos voltassem para o sítio mais cedo. Vanessa entrou com a cara emburrada e correu para o quarto, ignorando Leandro.

_ O que aconteceu com ela?

_ Tá puta com o Júlio._ Valéria respondeu, sentado no sofá para retirar os sapatos.

_ O que o Júlio fez?

_ Você não viu, Bijuzinho? A Vanessa postou uma foto de colantt e o Júlio pirou de ódio, ligou pra ela e os dois discutiram feio.

Leandro deu uma volta em torno de si mesmo, penetrando os dedos entre os cabelos. Deu um tapa na própria coxa, bufando.

_ Eu vou lá falar com ela.

Leandro entrou no quarto sem bater, encontrando Vanessa sentada na cama, apoiando as costas na cabeceira.

_ O que foi? Veio me pôr de castigo por causa da foto?_ Vanessa perguntou em tom de arrogância.

_ Não. Eu não vou te pôr de castigo novamente. Mas você vai apagar essa foto. Ou eu mesmo apago, mas não vou devolver o seu celular. O que você acha?

Vanessa pegou o smartphone e deletou a foto, mostrando a Leandro.

_ Satisfeito?

_ Ainda não.

Leandro sentou ao seu lado, e a olhou de um jeito doce.

_ Meu amor, o que está acontecendo com você? Por que está se comportando desse jeito? Primeiro aquela de dormir com o Pedro na casa do seu pai, depois a boate e agora a foto.

Vanessa o olhou séria.

_ Eu sei o que está acontecendo. Sei que você está fazendo tudo isso para chamar a atenção do Júlio. Agora eu quero que me diga o porquê. Você pode ser sincera comigo. Eu te amo muito e a minha intenção é te ajudar, meu anjo.

As lágrimas foram formando nos olhos de Vanessa, mas ela os fechou com força com a intenção de conter o choro. Leandro segurou carinhosamente em seu queixo e acariciou o seu rosto.

_ Não precisa se reprimir. Você está segura.

Vanessa desabou no choro, se atirando nos braços de Leandro num abraço apertado. Chorava tanto que o seu rosto estava vermelho e soluçava.

Leandro sentia uma tristeza imensa ao ver a filha naquele estado.

_ Ele não gosta mais de mim, pai! Depois que começou a namorar o Luciano me deixou de lado...ele já me deixou um fim de semana inteiro sozinha. Pai, ele preferiu acreditar no Luciano do que em mim! Ele me botou pra fora de casa! Sabe o que mais me dói? É que eu gosto tanto dele! Eu amo o meu pai, mas ele não me ama mais.

_ Amor, isso não é verdade. O Júlio pode ser o que for, mas ele te ama sim.

_ Não ama não! Se amasse não teria me despachado. Eu também não gosto das coisas ruins que ele fez pra você. Por que ele é assim, pai?

_ Eu não sei, meu amor. Acho que nunca vamos saber.

_ Eu só queria que tudo fosse como antes. Só queria que ele me amasse de novo. O Luciano roubou o amor do meu pai.

Vanessa deitou a cabeça no colo de Leandro e ele acariciou os seus cabelos. Olhava-a com carinho, sentindo pena da filha.

_ Meu amor, o Luciano não roubou o amor do seu pai. Os sentimentos que o Júlio tem pelo Luciano não afetam em nada o que ele sente por você.

_ Como você ainda consegue defender ele, depois de tudo que ele aprontou com você?

_ Não é uma questão de defesa. Eu só quero que saiba que ainda é amada. Eu também sou pai e posso garantir que amor paterno não acaba. Toda a revolta e tristeza que você está sentindo são válidas. Você tem direito de sentir tudo isso. Mas, por que ao invés de fazer coisas erradas para chamar a atenção, você não diz tudo o que sente para o seu pai?

_ E vai adiantar? Ele não liga.

_ Como o Júlio vai reagir é problema dele. Isso nós não podemos controlar. Mas você vai se sentir mais aliviada. Vai pôr tudo pra fora.

_ Se eu fizer Isso, vou explodir de raiva.

_ O que vai ser muito bom. Você precisa desabafar. Agora vá tomar um banho e vamos jantar.

_ Até a natureza está contra mim e mandou essa chuva para estragar o meu carnaval.

_ Nem tudo tá perdido. Podemos assistir uns filmes.

_ Com o Abner?_ Vanessa pergunta com ar de desdém.

_ Com o Abner, a Patrícia, a Val e as crianças. Todo mundo. Vamos? Assim você se distrai.

_ Eu posso escolher o filme?

_ Claro, meu amorzinho.

_ Tá bom. Só vou tomar um banho e descer.

_ Estou te esperando.

Leandro segurou em seu rosto e o beijou antes de sair do quarto.

Abner estava sentado na espreguiçadeira perto da piscina, quando Vanessa se aproximou saltitante com o iPhone nas mãos.

Ela sorria para ele com um olhar de quem estava preste a aprontar uma travessura.

Vanessa parou em frente a Abner, sorrindo, mordendo os lábios.

_ Tira uma foto comigo?

_ O quê?!

_ Você é surdo? Eu quero tirar uma foto com você.

_ E para que, garota? Nem de mim você gosta.

_ Não gosto. Mas é por uma causa nobre: irritar o meu pai Júlio.

Abner a olhou de um jeito como se perguntasse o que estava acontecendo. Vanessa bufou, revirando os olhos para cima.

_ Ele teve a cara de pau de viajar para o México e levar aquele desclassificado do Luciano. Não quero que ele tenha uma viagem sossegada. Se eu postar uma foto com você, o meu pai vai dar um ataque de ódio.

Abner sorriu, gostando da ideia.

_ Se é pra foder o Júlio, eu topo.

Um sorriu para o outro.

Vanessa fez um gesto para que Abner levantasse e se posicionasse por trás dela.

_ Põe a mão no meu ombro e me dê um beijo no rosto._ foi o que Vanessa o indicou a fazer.

Num click a imagem da foto ficou do jeito que ela desejou. No mesmo instante, postou no seu feed do Instagram com a legenda "O carnaval não poderia ser melhor ao lado do meu querido padrasto favorito ❤️".

Depois de conseguir o que queria Vanessa se afastou sorridente.

De longe, Patrícia observava e se aproximou de Abner, perguntando o que havia acontecido. Ficou surpresa com a resposta que obteve. Ela jamais imaginaria Vanessa usando justo Abner para irritar o querido pai.

_ Pelo visto você tá levando a sério esse negócio de conquistar a Vanessa. Tá começando a gostar dela?

Abner a olhou de lado, como se ouvisse um grande absurdo. Pôs o cigarro na boca e respondeu:

_ Porra nenhuma. Eu detesto essa insuportável.

_ Então, por que quer se aproximar dela?

_ Porque não quero ficar entre o Leandro e a filha dele. Sei que um conflito entre eu a Vanessa vai deixar o Leandro infeliz.

_ Você ama mesmo o Lê.

_ Pra caralho._ Abner confirmou, dando uma tragada no cigarro._ Sabe, Pati, pela primeira vez na vida eu sei o que é ser amado. A minha vida inteira nunca passei de um corpo que as pessoas pagavam pra se divertir e depois descartavam. Não vou mentir pra você que isso me incomodava. Eu não ligava, era trabalho. Mas depois que eu soube o que é ser amado de verdade, o que é ser bem tratado e ter alguém que me enxerga como eu realmente sou e não só um corpo para se aliviar, eu não quero mais outra vida. Eu quero fazer valer a pena a minha relação com ele sabe.

_ Leandro é um homem maravilhoso e você também é. Vocês devem sim ficar juntos. E se você precisar da minha ajuda para qualquer coisa, eu estou aqui.

Abner a olhou sorrindo e a abraçou.

Tudo o que Valéria planejou para o carnaval foi por água abaixo, não por motivo de indisposição de alguém ou um acidente. Desta vez, foi a própria natureza que mudou o rumo das coisas. Uma chuva assolou durante todos os dias de carnaval, restando para todos se manterem no sítio.

Como nem a piscina podiam aproveitar, improvisaram com sessões de filmes, assistir os desfiles do grupo especial das escolas de samba, comidas, bebidas e jogos de tabuleiro.

O escolhido da vez por Vanessa foi o banco imobiliário. Ficou empolgada porque sabia que era boa nesse jogo, afinal ela odiava perder.

_ Vamos logo! Tô doida pra começar!_ Vanessa disse empolgada.

_ Filha, espere o Abner.

Na mesma hora Vanessa emburrou a cara.

_ Ele precisa mesmo jogar com a gente, pai?

_ Eu nem vou te responder.

_ Cadê ele?

_ Tá na cozinha.

Vanessa foi até a cozinha para apressa-lo. Mas, parou diante do fogão e o olhou com curiosidade. Abner colocava nos recipientes pipocas de cores amareladas.

_ O que é isso?

_ Prove.

_ Claro que não! Não sei o que é. Vai que é veneno.

_ Se fosse veneno, eu colocava exclusivamente pra você e não para todos.

_ Babaca.

_ Prove. É pipoca com curry.

Mesmo desconfiada, Vanessa quis arriscar e provar. Cautelosa, pegou uma e experimentou. Fechou os olhos e gemeu, aprovando o gosto.

_ Huuuum! Muito bom!

_ Eu sei. Eu arraso na cozinha.

_ Convencido.

_ Eu posso.

_ Vamos logo jogar.

_ Me ajude a levar as pipocas.

Voltaram para a sala levando as bandejas. Todos sentavam no tapete e o tabuleiro ficava na mesa de centro. Abner sentou ao lado de Leandro, pondo o braço sobre o seu ombro.

_ Só não pode roubar hein, Abner._ Vanessa disse em tom provocativo e um sorriso debochado.

_ Só se o seu pai for o prêmio._ Ao dizer isso, Abner deu um beijo no rosto de Leandro e o sorriso de Vanessa se desfez.

Na manhã seguinte, Leandro despertou sentindo um cheiro de panqueca americana. Depois de tomar um banho e trocar de roupas desceu. Encontrou Valéria na sala assistindo TV.

_ Cuidado quando entrar na cozinha, Bijuzinho. Você vai se surpreender com a cena de Vanessa e Abner.

Leandro arregalou os olhos pensando se tratar de alguma briga. Correu para lá e se surpreendeu ao ver os dois próximos do fogão sorrindo. Vanessa jogava a panqueca para o alto e aparava com a frigideira.

_ Olha, pai, o que o Abner me ensinou!

_ Ela tá ficando fera! O que tem de chata, tem de inteligente.

_Ridiculo. Assume logo que eu sou foda.

_ Parabéns, meu amor.

Leandro adorou ver como os dois conseguiam se entrosar muito bem. Riam juntos e conversavam, enquanto preparavam outras panquecas.

A boa convivência entre Abner e Vanessa se estendeu durante todos os dias que ficaram no sítio. Jogaram vídeo game juntos, conversaram e se divertiram.

No entanto, nada dura para sempre e o carnaval chegou ao fim. Abner levou Leandro e Vanessa de volta para a casa no seu carro.

No estacionamento, Leandro o convidou para subir. Ao chegar no apartamento, pediu licença para tomar banho.

_ Se você não tivesse destruído a minha família, eu até que ia gostar de você._ disse Vanessa e se afastou indo para o quarto.

Leandro saiu do banho vestindo o pijama e sentou ao lado de Abner e o beijou.

_ Tem certeza que não quer dormir aqui, gatinho?

_ Eu adoraria. Mas tenho que ir. Amanhã muito cedo tenho que sair para resolver uns pepinos da confeitaria.

_ Que pena! Queria tanto dormir agarradinho com você hoje, amorzinho.

Leandro enchia o pescoço de Abner de beijo com a intenção de o persuadir através da sedução.

_ Olha aqui, minha delícia, essa provocação toda vai ter um preço hein. Amanhã eu vou dormir aqui, eu vou te botar pra gemer pra caralho.

Leandro sorriu e o beijou.

_ Agora eu tenho que ir.

_ Eu te levo até o estacionamento.

_ Não precisa não, amor. Você tá cansado.

_ Meu bem, obrigado.

_ Pelo quê?

_ Por ser esse anjo maravilhoso na minha vida. Pela paciência com as infantilidades da Vanessa e por tentar se dar bem com ela. Isso me deixa muito feliz.

Abner segurou em seu queixo e acariciou os seus cabelos.

_ Eu faço qualquer coisa pela sua felicidade.

Despediram-se com um beijo. Leandro fechou a porta sorrindo.

...

Leandro não gostou nada de ler o nome de Lorena na tela do celular. Não estava nem um pouco com vontade de atendê-la. Ele nunca sentiu simpatia por Lorena e agora que soube que Abner teve um caso com ela, o seu ranço aumentou na mesma proporção que o seu ciúme.

_ Não vai atender?_ perguntou Patrícia, enquanto ajeitava nas estantes os livros recém chegados das editoras.

_ Confesso que não quero.

_ Mas ela tá insistindo. É melhor atender logo, assim você acaba logo com isso.

_ Eu tô com ranço dessa mulher! Pode parecer infantilidade da minha parte. Mas odeio o fato de ela ter dormido com o meu namorado.

_ Não é infantilidade. É normal. Ninguém gosta da ex ou do ex dos nossos namorados. Agora atende logo essa chata, que tá me dando nos nervos a insistência dela. E bota no viva voz.

A contra gosto, Leandro atendeu.

_ Oi Lorena, tudo bom?

_ Oi Lê, meu bem. Como você está?

"Melhor antes de ouvir a sua voz."_ Estou bem. E você e o bebê? E o meu pai?

_ Nós três estamos ótimos. Olha, domingo será o meu chá de bebê e você e Vanessa estão intimados a comparecerem. Faço questão da presença do meu querido enteado.

_ Nossa! Vai ser um prazer. "Que merda! Vou ter olhar pra cara dessa mulher."

_ Então maravilha. Será aqui em casa mesmo, as três da tarde. Vou te mandar os convites pelo whatsapp. Eu convidei a família inteira. Menos o Abner... não quero criar um encontro entre vocês. Sei que não se dão muito bem.

Nessa hora, Patrícia pôs a mão na boca para prender o riso.

_ Nossa! Agradeço pela consideração._ Mais uma revirada de olhos.

_ Imagina, querido. Você é da família, por isso é prioridade. Não se esqueça de domingo, hein. Te quero aqui junto com a Vanessa.

_ Pode deixar. Até lá.

_ Beijos, meu bem.

_ Outro.

Leandro encerrou a ligação bufando.

_ Aaaah mulherzinha insuportável!

_ E você vai no chá de bebê?

_ E me resta outra alternativa?

_ Você não é obrigado a ir.

_ Você não conhece o meu pai. Se eu não for, ele vai fazer um drama... Como o Abner foi se envolver com ela? Tá certo que a Lorena é muito bonita, mas ela é tão... tão... Aaaah que ódio!

_ Ela é antipática e interesseira. E também é vulgar.

_ Ela é baixa!

_ Mas agora ela está com o seu pai.

_ E isso não muda nada. Você acha que ela sente alguma coisa pelo meu pai? Ela tem idade para ser a neta dele! Essa relação é por puro interesse de ambas as partes. Ela para ter um velho classe média que a banque e ele pra se cartar porque está casado com uma gostosa jovenzinha. Isso me dá nojo. A minha mãe não merecia isso.

_ A sua mãe teve um livramento isso sim. Você me desculpe, mas o seu pai é um safado.

_ Ela que se contente com o meu pai e não se atreva a arrastar asas pro Abner.

_ Huuum! Eu não conhecia esse seu lado ciumento, Lê.

Vanessa entrou na livraria sorridente. Ainda vestia o uniforme da escola. Correu para abraçar Leandro e recebeu do pai um beijo no rosto.

_ Paizinho, eu tô morrendo de fome. O que você preparou para o almoço?

_ Hoje nem tive tempo de me coçar, meu amor. Mas você pode pedir o almoço pelo Ifood.

_ Posso pedir o que eu quiser?

_ Desde que você inclua vegetais.

_ Batatas fritas são vegetais.

_ Hum "engraçadinha". Peça algo saudável e as batatas fritas também para equilibrar. Mas só hoje.

_ Eeeeee! É por isso que eu te amo.

Vanessa pulou no seu pescoço e encheu o seu rosto de beijos. Em seguida, pegou o Smartphone e abriu no aplicativo.

_ Vocês vão querer também?

_ Não. Eu já trouxe o meu almoço de casa._ respondeu Patrícia.

_ Eu estou sem fome.

_ Mas você precisa se alimentar, pai.

_ Filha, tá tudo bem. Seu eu sentir fome, compro um sanduíche. Mudando de assunto, eu quero te falar uma coisa. A Lorena me ligou nos convidando para o chá de bebê que vai ser nesse domingo.

_ E você não vai né?

_ Nós temos que ir, caso contrário o seu avô vai ficar chateado.

_ Chateado se não formos ao chá de bebê de um filho que nem é dele?

_ Vanessa!!!

_ É verdade! O meu avô tá velho demais para engravidar aquela puta. Na certa, o filho é do Abner.

_ Você não deveria dizer essas coisas. Isso não é verdade. É só mais um dos venenos do Júlio e você tá caindo direitinho.

_ Não acho justo o meu avô registrar um filho que não é dele. O seu problema é que está apaixonado pelo Abner e não quer admitir.

_ Olha aqui, você não vai mais repetir essa história! Isso pode causar um estrago muito grande no relacionamento do seu avô.

_ Mas pai, é a sua herança que tá em jogo! Você quer dividir o que é seu com o filho do Abner?

_ Já chega, Vanessa! Basta!

_ Ah, pai você...

_ Eu já disse chega! Peça logo o seu almoço. Nunca mais quero te ouvir falando desse assunto.

Vanessa emburrou a cara e se afastou, sentando no sofá com as pernas cruzadas e o celular na mão.

...

Vanessa não fazia questão de disfarçar a expressão de insatisfação. Porém, como Leandro previu, Genaro ligou para o filho na sexta-feira dizendo que fazia questão da presença dele e da neta no chá de bebê.

Mesmo a contra gosto, Leandro se arrumava para ir ao evento.

Espantou-se ao ouvir o celular tocar e percebeu que era Angela.

_ Oi, mãe._ Leandro disse atendendo a ligação.

_ Filho, você acredita que aquela puta me mandou o convite?

_ O quê?!

_ Aquela desgraçada da Lorena teve a pachorra de me mandar o convite para o chá de bebê! Porra, eu tô na minha, sem mexer com ninguém. Mas aquela vagabunda fica me provocando! Olha, eu odeio muito o seu pai por ter posto aquele demônio de calcinha na minha vida! Tudo isso é culpa dele. Mas eu já liguei para aquele infeliz e mandei ele pôr coleira naquela cachorra!

_ Mãe, se acalme, por favor!

_ Me acalmar?! Como que eu vou me acalmar, Leandro, com aquela vagabunda me provocando? Quer saber? Se ela me convidou, ela vai ver só, eu vou aparecer lá e dar uma surra nela.

_ Mãe, pelo amor de deus! Você não é de se rebaixar desse jeito! É isso que aquela mulherzinha quer. Que você pague de louca! Aja como uma dama e não dê o braço a torcer. Não precisa descer dos saltos para se nivelar a ela.

_ Eu não tenho sangue de barata, Leandro.

_ Eu sei que não. Eu vou resolver isso. Vou conversar com o meu pai. Só não quero te ver mal. Não acho nada justo isso que está acontecendo com você. Só peço que se acalme e deixe comigo.

Depois de várias tentativas de acalma-la, finalmente Leandro obteve sucesso e a ligação foi encerrada. Vanessa entrou na sala perguntando o que havia acontecido.

_ A Lorena mandou um convite do Chá de bebê para a sua avó.

_ Que absurdo!!! Isso é muito abuso, pai! Coitada da minha avó! Ah, mas eu não vou deixar isso barato!!! Aquela vagabunda vai se ver comigo.

_ Você não vai fazer nada! Deixe que eu resolvo isso.

_ Mas pai...

_ Isso é assunto de adultos. Eu te proibo de se meter nisso. Ouviu, mocinha?

Vanessa girou a cabeça negativamente, inconformada.

...

_ Por mim, eu não tinha vindo a essa palhaçada._ Vanessa reclamou, sentada no banco de carona do carro de Leandro.

_ Filha, eu sei que você tá chateada por causa do que aconteceu com a sua avó. Eu também estou. Mas estamos aqui pelo seu avô. E querendo ou não, essa criança será o meu irmão e o seu tio.

_ Será o seu enteado e porra nenhuma minha.

_ Vanessa, será só uma tarde. E o restante da família vai estar lá. Você pode ficar com os primos e ignorar a Lorena.

_ Impossível né. Ela é a estrela do evento.

_ Filha, por favor, não piore as coisas?

Vanessa não respondeu com palavras, mas o seu revirar de olhos foi o suficiente para deixar Leandro preocupado. Sentiu uma ponta de arrependimento por não ter ficado em casa naquela tarde de domingo. Mas, como já havia estacionado o carro perto da casa de seu pai, o jeito foi descer do carro e ir ao chá de bebê.

Vanessa não quis carregar a sacola com o presente que Leandro comprou para que ela entregasse a Lorena. Logo, coube a ele carregar as sacolas de ambos.

Todos os outros convidados já haviam chegado. Estavam reunidos no quintal da casa, próximo a piscina.

O bolo ficava próximo a porta de entrada da casa, num painel decorado com desenhos de bebê menino brincando com bolinhas de sabão. Ao lado, ursinhos de pelúcias decoravam e dados enormes empilhados um em cima do outro formando o nome Ariel.

Tanto o bolo quanto os balões eram decorados de azul e branco.

Lorena os recebeu sorridente. Parecia radiante de felicidade, o que deixou Vanessa ainda mais irritada.

_ Vanessa, querida, que bom que você veio!_ Lorena exclamou, abrindo os braços para receber Vanessa, que desviou fazendo cara de nojo.

_ Tia Margarida!_ Vanessa foi abraçar a tia, deixando Lorena constrangida.

Para tentar amenizar a situação desconfortável, Leandro abraçou Lorena a cumprimentando.

_ A barriguinha está cada vez maior._ comentou Leandro.

Lorena sorriu orgulhosa, alisando o ventre.

_ Em breve, o seu irmãozinho estará entre nós. Eu fico muito feliz que vocês vieram. Deseja beber algo, meu bem? Eu não estou bebendo nada alcoólico, mas estamos servindo para os convidados. Deixe eu chamar o garçom...

_ Não. Não precisa se preocupar. Daqui a pouco, eu me viro.

_ Ah, sim, fique a vontade. O filho e a neta do meu marido são sempre bem-vindos na minha casa.

Leandro a entregou os presentes, que Lorena pediu a um funcionário que pusesse junto com os outros.

_ E o meu pai?

_ Está no escritório conversando com outros homens. Acho que são assuntos de negócios...coisas de homens.

_ Coisas de homens não._ respondeu Vanessa._ Mulheres também falam de negócios. Afinal nem todas nós temos vocação para golpe da barriga.

_ Vanessa!!! Pare com isso! Peça desculpas agora!!!

Lorena a olhou erguendo uma das sobrancelhas, tentando o ódio.

_ Anda, Vanessa, peça desculpas. Ou você quer voltar a ficar de castigo?

_ Desculpe, vovozinha.

_ Vanessa!!!_gritou Leandro.

_ Uh é, ela não é a mulher do meu avô? Logo é a minha vovozinha.

_ Já chega, Vanessa!

Vanessa se afastou com um sorriso sarcástico.

_ Me desculpe, Lorena, eu vou conversar com ela e...

_ Não se preocupe, Leandro. A Vanessa é só uma criança. Eu não a levo a sério.

Não foi fácil para Leandro lidar com o constrangimento provocado pelos comentários de Vanessa. Se já estava arrependido de ter ido ao chá de bebê, seu arrependimento triplicou. Teve receio que a filha fizesse novamente, por isso, chamou sua atenção num canto.

Além disso, estava desconfortável com outros fatores. Primeiro era ter que lidar com Lorena fingindo que nada havia acontecido. Segundo, era lidar com o desprezo de Lurdes, que o olhava como se fosse repugnante.

Era difícil fingir que estava tudo bem, quando nada estava bem. Passou anos fingindo viver um casamento perfeito com Júlio e já estava cansado disso.

Para piorar, a tia Margarida se aproximou com os outros parentes para fazer comentários desagradáveis.

_ Oh, meu querido, o seu casamento com o Júlio chegou mesmo ao fim né. Vocês formavam um casal tão bonito.

_ Acabou há muito tempo, tia.

_ Eu soube que o Júlio já está namorando outro rapaz. Eles estão até vivendo juntos.

_ Eu sei disso, tia.

_ E você está bem com isso, meu filho?

_ E por que não estaria, tia? O que eu tinha com o Júlio acabou mesmo. E eu estou muito bem com isso.

_ Ah que bom que você superou. Agora só precisa arrumar um namoradinho também. Você é tão jovem e bonito. Não pode ficar sozinho.

_ Ah, mas deixa comigo, cunhada._ disse Lorena._ Eu tenho um amigo, que vai chegar esta semana de São Paulo. Ele é um gato, Léo. Ele trabalha como engenheiro agrônomo e também está se divorciando. Vocês têm muita coisa em comum. Você vai gostar dele.

_ Olha, Leandro, o seu problema está resolvido. É disso que você precisa. De um namoradinho.

Leandro engoliu a seco o incomodo. Mas decidiu que não ficaria por baixo.

_ Lorena, eu agradeço pela sua vontade de me ajudar. Mas, eu vou dispensar, porque não estou disponível. Ao contrário do que vocês pensam, eu já tenho um namorado.

Todas exclamaram, surpresas.

_ Sério? E quem é o sortudo?_ quis saber Lorena.

_ Na festa do meu aniversário vocês vão saber.

_ Assim você me mata de curiosidade.

_ Não vou matar, não titia. Vai valer a pena a espera.

A conversa foi interrompida com a chegada de Genaro. Que sorriu com o cigarro na boca ao ver filho. Abraçou-o, dando tapinhas nas suas costas e convidou Leandro para que fosse ao escritório com ele, o que para Leandro foi um alívio, pois não aguentava mais aquela conversa desagradável com a tia.

_ Gostou da reforma que fiz aqui, filho?

_ É...ficou bom.

_ Claro que teve o toque da Lorena. Temos que combinar que a minha mulher tem bom gosto.

_ Sem sombras de dúvidas.

_ Bebe algo? Whisky?

_ Não! Tem horror a whisky. Me traz lembranças desagradáveis. Aceito vinho.

_ Perfeito.

Genaro o serviu com uma taça de vinho tinto e um copo de whisky para si mesmo. Antes de sentar na cadeira em frente a Leandro.

_ Como vão as coisas na livraria?

_ Estão ótimas. Não tenho do que reclamar das vendas.

Leandro decidiu mentir sobre a situação financeira da livraria. Contar que as vendas iam de mal a pior o faria parecer um derrotado diante do pai.

_ Eu confesso que sempre achei que esse negócio de você brincar de comerciante nunca iria dar certo. Você não tinha experiência e sempre foi um playboy. Eu só aceitei investir dinheiro nisso para que você não voltasse para aquele traste. Mas, você me surpreendeu. Me mostrou que era capaz e isso me deixou muito orgulhoso. Quando pretende abrir uma filial?

_ Vamos com calma, pai.

_ Como assim calma? Você precisa ter ambição.

_ A Lorena me disse que o senhor estava conversando sobre negócios com amigos._ Leandro disse para mudar de assunto.

_ Ah, sim. Pretendo abrir um escritório de advocacia.

_ Vai voltar a ativa, pai?

_ Não, não. Só vou ficar com a parte administrativa. Cansei de tribunais. A Lorena está cursando administração e vai me ajudar.

_ O senhor vai por a Lorena na frente dos negócios?

_ E qual é o problema?_ Genaro perguntou sério, como se não quisesse ser questionado.

_ Problema nenhum. O dinheiro é seu, o negócio é seu e eu não tenho nada a ver com isso. Na verdade, eu quero falar sobre outra coisa. Esses dias a Lorena mandou o convite do chá de bebê para a minha mãe e...

_ Eu já sei. A sua mãe me ligou furiosa. Eu já falei com a Lorena e isso não vai mais se repetir.

_ Espero que não se repita mesmo. Não é justo que a minha mãe seja desrespeitada desse jeito.

_ Você deve me achar um crápula não é?

_ Não vou mentir que não estou satisfeito com a forma como a minha mãe foi traída. Eu tenho problemas com traição.

_ Filho, a maior farsa que já inventaram foi a monogamia. Ela não funciona. No começo, eu propôs relacionamento aberto para a sua mãe e ela se negou. Disse que tava apaixonada. Eu sempre fui um homem mente aberta. Naquela época, eu odiava caretice. Mas a Ângela tava grávida e eu até que gostava dela. Fiz o meu papel de homem, casei e nunca deixei faltar nada pra você e nem pra ela. Eu amei a sua mãe e amo você. Mas eu sou homem. Não sou diferente dos outros. Gosto de mulheres e gosto de ter muitas. Mas eu sempre voltava pra casa. Nunca pensei em abandonar o lar. Mas o tempo foi passando, a sua mãe se tornou uma preguiçosa possessiva e depois começou a me cornear também. A nossa vida se tornou um caos.

_ E por que não terminaram?

_ Por preguiça. Acabamos nos acomodamos e ficamos. Mas os anos foram avançando e conviver com a sua mãe foi se tornando cada vez mais insuportável.

_ O senhor fala como se só ela fosse o problema.

_ Não! Eu sei que errei. Não fui um bom marido, confesso, mas ela nunca foi uma boa esposa.

_ Olha, eu não estou aqui para julgar o casamento de vocês. Só quero que você converse com a Lorena e que a minha mãe tenha paz.

_ Eu já disse para não se preocupar com isso. Eu garanti isso para a Angela. Você deveria parar de se preocupar com essa bobagem e se preocupar com o seu casamento.

_ Pai, eu não quero falar do Júlio.

_ Não quer, mas deve. Aquele crápula não vale nada. Ele é obcecado por você. Está muito quieto pro meu gosto. Júlio está aprontando alguma coisa macabra. E você deveria ficar com os olhos bem abertos. Eu já te disse que posso pagar um segurança e...

_ Pai, eu não vou privar a minha liberdade por causa do Júlio. Já chega de ele me atingir e tirar a minha paz. Vou viver do jeito que eu sempre vivi, sem nenhum segurança na minha cola.

_ O seu mal é esse. Ser teimoso. Puxou a sua mãe. Mas você é quem sabe. Só depois não diga que eu não avisei. Foi a sua teimosia que te arrastou para aquele casamento fracassado.

_ Pai, acho melhor voltarmos lá pra fora. Antes que esta conversa tome um rumo nada agradável.

_ Você é quem sabe.

Lorena não gostou do que viu ao entrar na cozinha. Vanessa estava sentada na bancada próximo a pia, comendo brigadeiros. Como não havia mais ninguém no local, decidiu que aquela era a hora perfeita para se vingar da provocação de Vanessa.

_ E aí, pirralha. Tá cobrando quanto pelo curso?

_ Que curso?

_ Curso de ser insuportável.

_ Por que está perguntando, vovozinha? Não me diga que está interesada, já que você é especialista nisso.

_ Por que você está tão amargurada, querida? O seu namoradinho não está te dando um bom trato?

_ Eu não vou perder o meu tempo respondendo uma vagabunda golpista, que usa um bebê inocente para ter dinheiro. Aliás pra você ter dinheiro, só vindo de homem mesmo.

Lorena gargalhou com a mão na cintura.

_ Olha só quem fala. E de onde vem o seu dinheiro, patricinha mimada? Vem do papai não é? Você fica pagando de empoderada, se achando melhor do que eu, mas tudo que tem vendo do papaizinho. Nunca vai precisar ralar na vida, até uma empresa pra você ele já deixou prontinha. Então não me venha com esse papo de querer me humilhar porque dependo de homem, sendo que você não é diferente.

_Eu sou diferente sim. Uma coisa é ser menor de idade e depender do pai, outra é ser uma vagabunda que dar o golpe da barriga num velho com um filho que nem é dele.

_ Do que você tá falando, garota?

Vanessa desceu da bancada sorrindo e se aproximou de Lorena.

_ Você teve a cara de pau de provocar a minha avó mandando um convite pra ela. Isso foi golpe baixo e não vai ficar assim. Todo mundo vai saber da sua farsa.

_ Você é uma estúpida, que tá defendendo uma mulher que nem gosta de você.

_ Ela é a minha avó! Eu a defendo sim! E não só a ela como qualquer outra mulher nessa situação de humilhação que você e o meu avô estão fazendo. Isso se chama sororidade, coisa que uma vagabunda como você não sabe o que é.

_ Olha aqui, putinha mirim, você está na minha casa e eu exijo que me respeite!

_ Eu nunca vou respeitar uma golpista, que quer que o filho do Abner tome a herança do meu pai!

Lorena arregala os belos olhos verdes e ergue a mão, estalando um tapa no rosto de Vanessa. Que cai para trás segurando o rosto.

_ Você nunca mais diga uma coisa dessas!

_ Você me bateu, sua piranha?!

_ E vou bater mais se continuar inventando mentiras.

_ Sua putaaaaa!

Vanessa revidou o tapa na cara de Lorena e puxou os seus cabelos. Devido aos gritos das duas, alguns convidados entraram na cozinha e separam as duas.

_ Eu quero essa pirralha fora da minha casaaaaa!

_ Casa essa que vai deixar de ser sua depois que todo mundo aqui souber a verdade...me solta!

Vanessa se soltou da mulher que a segurava e correu para o quintal. Foi ao lado do DJ e ordenou que ele parasse o som.

_ Todo mundo aqui tem que saber a verdade.

A essa hora Lorena já havia saído da cozinha e olhava para Vanessa com lágrimas de ódio.

_ Aquela piranha ali está enganando o meu avô. O filho que ela carrega no ventre não é dele e sim de um tal de Abner.

Ao ouvir a gritaria vindo do quintal, Genaro e Leandro saíram as pressas do escritório.

_ Mas senhoras e senhores, eu ainda não disse a parte mais sórdida. O tal do Abner é o filho da madrastra dela! Os dois foram criados como irmãos!

_ Cala a boca, sua desgraçadaaaaaa!_ gritou Lorena.

_ Isso é uma mentira! A minha filha jamais faria isso.

_ O que você sabe da sua filha, Martins? Ela era a cafetina do irmão e amante dele. Foi ela quem negociou o Abner para o meu pai Júlio. Ela arrumava clientes ricos pra ele. Você não sabe de nada do que acontece dentro da sua casa! A sua filha engravidou do Abner e está enganando o meu avô!

Nessa hora, ela olhou para Gênero decepcionada.

_ Mas diante de toda safadeza que ele aprontou com a minha avó, merece ser enganado.

_ Isso mentira!

_ Não é não, vagabunda! O Abner já confirmou com o meu pai da putaria nojenta de vocês dois. O meu pai Júlio também sabe, o tio Rubens também. A casa caiu!

_ Já chega!_ exclamou Leandro.

Correu até onde Vanessa estava e a pegou pelo braço. Foi saindo da casa envergonhado, arrastando Vanessa.

Lurdes não conseguia dizer uma palavra diante da decepção. Sentiu-se mais uma vez enganada pelo filho. A sua reação foi pegar a bolsa e ir embora.

...

No carro, Leandro dirigia brigando com Vanessa.

_ Por que você fez aquela palhaçada? Você tem noção do estrago que causou?

_ Eu fiz o que deveria ser feito! Aquela puta humilhou a minha avó e precisava de uma lição. Além do mais, aquela criança não deve roubar a sua herança.

_ Você não tem que se meter em assuntos de adultos. Nada disso é da sua conta! Você me envergonhou na frente da família inteira. Causou um estrago e expôs o Abner que nem lá estava para se defender.

_ Você se importa com tudo isso e menos com a sua mãe? O que é uma mulher traída e humilhada pra vocês homens? Nada! Vocês acham que somos lixos e que tudo bem sermos humilhadas.

_ Não diga bobagens, Vanessa! Eu não sou assim com mulher nenhuma e muito menos com a minha mãe! Eu já havia conversado com o seu avô sobre isso. E outra, sobre humilhação e traição eu conheço bem. Já senti na pele. Então não fale do que você não sabe!

_ Você tá com medo de descobrir se essa criança é filho do Abner. Só está pensando na sua relação.

_ Já parou para pensar que esse filho pode não ser do Abner?

_ Ah conta outra né? Você acha que o meu avô engravidaria ela?

_ O seu avô é saudável e ativo sexualmente, isso pode acontecer sim! Agora você, mocinha, vai pegar mais uns dias de castigo pra deixar de ser intrometida.

_ Eu não ligo! Tenho ficado tanto tempo de castigo ultimamente que nem ligo.

Leandro a olhou sério e voltou a olhar para estrada.

Genaro não tinha mais paciência para fingir que nada aconteceu e seguir com o chá de bebê. Estava tão irritado, que pediu a todos que fossem embora.

Era possível os vizinhos ouvirem os seus gritos, vindo do quarto.

Lorena só chorava, sentada na cama, segurando o rosto.

_ Como você pode mentir pra mim? Você teve um caso com o seu irmão?!

_ Ele não é o meu irmão! Eu não tive caso nenhum com ele!

_ Não adianta mais mentir, Lorena! É pior pra você!

_ Ele abusou de mim! Pra mim é difícil falar isso, porque dói!

_ E você acha que eu sou algum otário? Acha mesmo que vou acreditar que o bonitão, profissional do sexo abusou de você? Vocês se davam muito bem, que eu me lembro. Você arrumou o Júlio como cliente dele. Se tivesse rolado abuso sexual isso não teria acontecido.

_ Genaro, você não sabe de nada.

_ Não sei mesmo. Até hoje eu achava que ia ter um filho contigo, e agora não sei se essa criança é minha ou do Abner. Mas eu não tenho vocação para criar filho dos outros. Eu vou fazer um exame de DNA assim que essa criança nascer. E se não for meu, já pode preparando as suas malas para dar o fora daqui.

_ Eu faço essa porra desse exame e vai ser um prazer esfregar na sua cara que o filho é seu.

_ Não estou te dando uma opção, Lorena.

Genaro pegou a chave do carro e foi andando até a porta.

_ Aonde você vai?

_ Sair.

Genaro bateu a porta. Sozinha, Lorena gritou de ódio e quebrou os objetos em cima da penteadeira.

_ Porraaaa! Porra!

...

_ Caralho, a minha mãe e o Martins vão me infernizar com essa história.

Naquela noite, sentado no sofá ao lado de Leandro, Abner ouviu toda a história narrada pelo namorado. Não conseguia mais engolir a comida chinesa que havia pedido, e pôs a caixinha em cima da mesa de centro.

_ O mais estranho é que eles não sabiam de nada. Como vocês conseguiram manter tantos segredos assim dos seus pais?

_ Eu nunca fui de dar satisfação da minha vida para a minha família. Sempre paguei as minhas contas e foi dono do meu nariz. O que mais me intriga nessa história toda não é a reação da minha mãe e do meu padrasto e sim a sua. Essa sim me importa.

_ Como assim?_ Leandro perguntou devolvendo o hashi para a caixa.

_ Eu te amo e amo tudo o que temos. Eu não quero que esse meu passado nos atrapalhe.

_ Não se preocupe, gatinho. O que você teve com a Lorena foi antes do nosso namoro.

Abner sorriu lambendo os lábios e puxou Leandro para beijá-lo.

_ Eu tirei a sorte grande quando você aceitou namorar comigo. Além de lindo e gostoso pra caralho, você é maravilhoso.

_ É... Você tirou a sorte grande mesmo.

_ E fica mais sexy quando fica presunçoso. Dar até vontade de arrancar a roupa e te foder todinho.

O abraço repentino de Abner fez com que caixinha de comida caísse das mãos de Leandro. Esse foi deitado no sofá recebendo beijos e amassos. Gargalhava, sentindo o corpo arrepiar de tesão.

Vanessa chegou na sala naquele instante com um copo D'água na mão que havia trazido da cozinha.

_ Credo! Vocês deveriam ir para o quarto.

_ Filha, me desculpa eu...

Vanessa voltou para o quarto. Leandro permaneceu muito envergonhado.

_ Tá vendo o que você fez? Se controla!

_ Neném, você ouviu a sua filha, temos que ir para o quarto.

Abner tentou beijar Leandro, mas esse se esquivou.

_ Deixa de ser pervertido!

_ Perversão você vai ver quando estiver sendo comido de quatro lá naquele quarto.

Leandro sorriu e o puxou pela gola do casaco, levando a boca do namorado até a sua, onde deslizou a língua sobre a de Abner suavemente. O beijo foi esquentando quando as mãos tocaram em seus membros e a excitação incendiava os seus corpos.

...

Notas do autor.

Como a minha recuperação está cada vez melhor, tenho boas notícias para vocês. Desta vez, o próximo capítulo não vai demorar a sair. Será postado na segunda-feira.

Abraços e bom fim de semana para todes.

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Comentários

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Eu amo esse conto! A Lorena tem que tomar naquele lugar caindo do salto em Genário também! Fico feliz por estar melhorando

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Foi tanta informação para um só capítulo que eu nem saberia escrever aqui hahahaha.

Digo apenas que o Julio não merece morrer pq é rápido demais. Aguardando cenas dos próximos capítulos hahahaha

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