Encontros, desencontros, descobertas e traições 12.

Um conto erótico de João
Categoria: Heterossexual
Contém 3821 palavras
Data: 03/06/2023 15:29:26

Antes de me deitar, mandei uma mensagem à Jéssica:

"Obrigado por ontem, foi maravilhoso. Espero que não fuja de mim, nem se sinta envergonhada. Eu queria tanto quanto você. Um beijo nessa boca gostosa, Boa noite!"

Ela respondeu somente com emojis de coração e beijo, sem dizer mais nada. Acho que Natasha acertou novamente.

Acabei dormindo muito bem naquela noite, mas no dia seguinte, ao acordar, recebi uma nova mensagem dela:

"Você poderia passar em casa antes de sair para o trabalho? Preciso falar com você"

Aquilo me assustou e eu respondi:

"Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?"

Ela respondeu no mesmo instante:

"É importante, não dá pra falar por aqui. Pode vir?"

Respondi que sim e me arrumei depressa. Nem tomei café e avisei minha mãe que precisava sair mais cedo e que não poderia deixar minha irmãzinha na escola. Ela entendeu, achando que era coisa do trabalho e disse para eu não me preocupar. Cheguei à casa da Jéssica rapidamente. O pai dela me recebeu na porta:

– Entre, JB! Já tomou café?

Eu estava tenso:

– Não, senhor! Vim correndo quando a Jéssica pediu. Ela está bem?

Enquanto entrávamos, seguindo para a cozinha, ele disse:

– Ela está bem, só queremos te contar uma coisa.

Jéssica e sua mãe nos esperavam com a mesa de café servida. Jéssica me abraçou e me serviu uma xícara de café com leite. Dona Áurea sorriu para mim, aliviando um pouco a tensão que eu sentia. Jéssica estava calma, apesar de séria. Me sentei com eles. O Sr. Sérgio não fez rodeios:

– JB, ontem à tarde recebemos a visita de um advogado da sua empresa.

Eu me espantei com aquilo. Ele continuou:

– É sobre o que aconteceu com a Jéssica na festa que vocês foram.

"Pronto! Lá vem a bomba. Perfeito!". Pensei. Deixei que ele continuasse, mas foi Jéssica que falou:

– Eu disse a eles que não aconteceu nada demais. Eu não quero que isso se torne um problema …

O pai a interrompeu:

– Eles ofereceram dinheiro à Jéssica, o famoso cala boca. Nós só queríamos que você soubesse, para não ser pego de surpresa ou se prejudicar no trabalho.

Um pouco envergonhado, me sentindo causador do problema, nem perguntei o nome do tal advogado. Eu não esperava por aquilo e até entendia. O mundo é assim mesmo, quem tem mais, tenta comprar a simpatia de quem tem menos. Mesmo que a família da Jéssica tivesse o próprio negócio e uma boa vida, não estavam no mesmo patamar daquele pessoal. O Sr. Sérgio voltou a dizer:

– Jéssica não aceitou e disse que eles poderiam ficar tranquilos, que foi apenas um mal-entendido. Eles pediram que ela fosse até o escritório e que a moça faria um pedido formal de desculpas.

Eu resolvi falar, mostrar quem era a minha prioridade, olhando para a Jéssica:

– Você sabe que eu estou ao seu lado, né? Para mim, é só um emprego. Se quiser denunciar, eu a apoiarei …

Jéssica me interrompeu:

– JB, não aconteceu nada demais. Ela passou a mão na minha bunda e tentou me beijar, coisa normal de festa. Não vou estragar o seu futuro por uma coisa tão insignificante. – E decidida, se levantou: – Eu vou até o seu trabalho e aceitarei as desculpas, mas não quero dinheiro nenhum, não preciso.

Eu estava orgulhoso dela:

– Quer vir comigo? Eu já estou indo. Na verdade, se não sair agora, vou perder o ônibus.

Jéssica me deu um beijo carinhoso na cabeça, sendo acompanhada pelo sorriso de seus pais, e disse:

– Acabe de tomar seu café enquanto eu me arrumo. Vamos no meu carro, assim você não precisa sair correndo.

Aproveitando a deixa, o Sr. Sérgio acompanhou a filha:

– Eu preciso ir também. Bom ver vocês dois juntos outra vez.

Jéssica o repreendeu:

– Pai … não estamos juntos, somos só amigos. – E não conseguiu disfarçar a olhada maliciosa que me deu.

O homem se rendeu:

– Tá bom … tá bom … esses jovens e suas modernidades. Estou muito velho pra isso. Vou trabalhar.

Ele deu um beijo carinhoso na esposa e saiu junto com a filha, me deixando a sós com Dona Áurea. Ela não perdeu tempo:

– Então, aconteceu.

Eu não entendi:

– Oi? Aconteceu o quê?

Eu me preparava para tomar um gole do café com leite, mas quase me engasguei com o que ela disse a seguir:

– Você e a Jéssica. Vocês transaram, né?

Só tive tempo de cuspir para a frente, sujando a mesa, e com sorte, salvando minha roupa. Ela voltou a falar, enquanto limpava a minha sujeira:

– Relaxa! Eu sou mãe, JB, e mulher. Acha que eu não conheço a minha filha? Só poderia ser com você, fico feliz. – E começando a rir, brincou: – Não tem depressão que resista … se eu soubesse que era tão simples, não tinha gastado tanto dinheiro em psicólogo e remédios.

Dona Áurea era muito parecida com a minha mãe, uma pessoa descontraída, sem preconceitos ou falsos moralismos. Eu fiquei mudo, sem saber o que dizer. Ela deu seu veredicto:

– Vocês podem negar, dizer que são amigos, mas tanto eu, quanto sua mãe, sabemos … ô, se sabemos.

Fui salvo pelo chamado da Jéssica:

– Estou pronta, vamos?

Dona Áurea me deu uma piscadela de olho:

– Bom trabalho para você, querido! – Ela me abraçou. – Jéssica, quando estiver voltando, me avisa. Quero que me leve ao shopping.

Entramos no carro e enquanto Jéssica dirigia, contei a ela a conversa inusitada com sua mãe. Sua reação foi surpreendente:

– Melhor assim! Já que ela sabe, não preciso contar. – As palavras não condiziam com sua reação.

Eu estranhei:

– Você ia mesmo contar à sua mãe?

Mesmo ansiosa, ela foi honesta:

– Minha mãe é minha melhor amiga. Eu tenho sorte por ela ser tão para a frente, eu não preciso esconder nada dela.

Era hora de ser mais direto:

– E sobre a gente? Você curtiu? Natasha me disse umas coisas …

Ela me olhou assustada, estacionando o carro em um posto de gasolina:

– Disse o quê?

Eu tentei tirar o peso das palavras, mas não podia mentir:

– Ela disse que você não tem problemas em me dividir. Isso é sério?

Ela tentou me interromper, ansiosa, esfregando uma mão na outra, mas eu não deixei, continuando a falar:

– O que a gente tem é muito diferente. Somos amigos antes de tudo, existe sentimento envolvido, não é apenas uma aventura sem consequências. Você disse para a Natasha que me ama e está disposta a me dividir, isso é suficiente para você? Vai fazer qualquer coisa, aceitar tudo, apenas para estar ao meu lado?

Jéssica pensou por um instante, não conseguindo me olhar diretamente, mas não correu da resposta, nem se omitiu:

– JB, eu realmente amo você. Eu sei que muita coisa mudou na sua vida, que seus amigos são outros, que você cresceu e abriu suas asas.

Ela respirou fundo, com os olhos marejados, antes de continuar:

– Quem parou no tempo fui eu, fiquei para trás. Eu quero te alcançar, JB, caminhar ao seu lado. Sei que tenho um longo caminho até reconquistar a sua confiança, mas se você me der essa chance, prometo que vou agarrá-la com unhas e dentes.

Eu estava satisfeito com o que ela me disse e para demonstrar minha concordância, dei um beijo carinhoso na sua boca. Aliviada, ela voltou a dirigir.

Chegamos ao escritório e antes de sair do carro, eu pedi:

– Vamos nos encontrar hoje à noite depois do trabalho, quero continuar essa conversa. Você é importante demais para mim. Quero que sejamos totalmente sinceros um com o outro.

Vendo seu lindo sorriso, o quanto ela ficou feliz pelo meu convite, não resisti e a beijei novamente. Apenas um beijo rápido, de carinho. Ela disse:

– Está bem! Eu venho te buscar.

Assim que saímos do carro, percebemos Marcela aflita nos esperando. Ela veio direto até nós:

– Pô, JB! Custava ter falado direito comigo? – Ela abraçou a Jéssica. – E você? Está bem?

Jéssica sorria para ela:

– Estou bem, sim. Por que tanta frescura comigo? Eu não sou de porcelana.

Marcela desatou a falar:

– Minha amiga está arrependida, ela achou que você era a menina que ia nos encontrar … me desculpe, ela passou o final de semana arrasada …

Jéssica a interrompeu:

– Está tudo bem, Marcela! Eu vim aqui aceitar as desculpas da sua amiga. Não aconteceu nada demais. O advogado que esteve lá em casa ontem …

Marcela arregalou os olhos:

– Advogado? Como assim?

Nós ficamos tão confusos quanto Marcela. Jéssica explicou:

– Você não sabia? Um advogado foi lá em casa ontem oferecer um acordo, pedindo desculpas pelas atitudes da garota. Achei que era coisa da sua família.

Marcela perguntou:

– Qual o nome desse advogado?

Jéssica pensou um pouco:

– Dr. Mathias alguma coisa.

Marcela e eu nos olhamos assustados. Eu jamais achei que fosse o próprio Dr. Mathias que tinha ido até a casa da Jéssica, e, acabei não perguntando. Ela não entendeu nada:

– Meu pai disse que é uma coisa normal, um advogado tentando proteger sua cliente …

Eu a interrompi:

– É o nosso patrão, o dono do escritório.

Até Jéssica se assustou com aquilo, e em momentos como aquele, ela costuma ser sarcástica:

– Eita! Me senti importante agora.

Uma das secretárias chamou a nossa atenção:

– Vocês três aí, o Dr. Mathias pediu para vocês irem até a sala dele.

Nos vendo assustados, e sem reação, ela exigiu:

– Agora!

Me lembrando a Jéssica do passado, a que eu sempre admirei, ela retrucou:

– É assim que vocês tratam as pessoas? Seu patrão que deveria vir até mim.

A secretária entendeu o recado:

– Desculpe, senhorita! Você é a Jéssica, não é?

Ela fez que sim com a cabeça:

– O Dr. Mathias pediu a sua presença na sala dele. E também a do João e da Marcela.

Jéssica piscou para mim, me deixando com uma enorme vontade de rir. Seguimos os três para a sala do Dr. Mathias. Marcela estava estranha, evitando olhar para mim.

No caminho, a secretária pediu à Marcela:

– Você pode contatar a sua amiga, dizer para vir imediatamente?

Ela nem respondeu, pegando rapidamente o telefone e já fazendo a ligação. Entramos direto na sala do "homem", que nos recebeu da mesma forma cortês de sempre, mas seguindo direto para Jéssica. Ele estendeu a mão:

– Senhorita Jéssica, prazer em revê-la.

Ela retribuiu o cumprimento:

– Igualmente, Dr. Mathias.

Ele também cumprimentou a mim e a Marcela com a mesma educação e voltou a falar com Jéssica:

– E então, senhorita Jéssica? Pensou sobre a nossa proposta? É um bom acordo.

Cada vez mais, Jéssica voltava a ser a mesma de antigamente:

– Eu pensei muito, mas não vejo sentido no que está acontecendo.

Todos a olharam, inclusive eu. Ela continuou:

– Era uma festa, as pessoas se divertiam, beberam um pouco além da conta e nada de mais grave aconteceu. Eu entendo a preocupação de vocês, mas está na hora de deixar isso pra lá e seguir em frente. Eu aceito as desculpas da garota e vida que segue. E eu não quero dinheiro nenhum.

O Dr. Mathias, muito experiente, pegou um documento e entregou para ela:

– Então você não teria problemas em assinar esse acordo de confidencialidade? Assim, colocamos uma pedra nesse assunto. Protegemos você e a nossa cliente, combinado?

Jéssica leu o documento com atenção e sem perguntar nada, o assinou. Eu sabia que ela era perfeitamente capaz de decidir a própria vida e não me meti em nada.

Marcela se adiantou:

– Minha amiga está chegando, ela quer pedir desculpas pessoalmente. Você espera?

Jéssica disse que sim, e o Dr. Mathias voltou a falar:

– Deixo isso em suas mãos, Marcela! Eu preciso ter uma conversa com o João, vocês nos dariam licença?

Jéssica, entendendo que o assunto estava encerrado e pronta para sair, se virou para mim:

– Venho te buscar, então. Você sai às dezoito, né?

Eu concordei e ela saiu da sala com a Marcela. Assim que elas fecharam a porta, o Dr. Mathias foi direto:

– JB, espero que esse incidente infeliz não tenha comprometido a sua satisfação com a nossa firma, a sua vontade de continuar aqui e crescer com a gente. Sei que vocês são amigos desde sempre, mas essa é a função de um advogado, defender os interesses de seus clientes. Não é pessoal e muito menos temos a intenção de prejudicar a senhorita Jéssica.

Eu não tinha motivos para discordar:

– Eu entendo, Doutor. Ainda bem que tudo está resolvido.

Ele me olhou mais sério:

– Você vai aceitar minha sugestão? Sua inscrição para a bolsa na faculdade o aguarda. Vai fazer a prova de admissão?

Feliz, eu agradeci:

– Sim, senhor! Vou enviar os documentos na próxima semana.

Eu achei que ele ia me liberar, mas ele ainda tinha mais a dizer:

– Eu soube que você e a Marcela tiveram um problema com o Danilo. Pode me contar sua versão da história?

Eu contei para ele, detalhadamente, a minha versão sobre o desentendimento na festa da faculdade. Ele ouvia com atenção e após eu terminar, disse:

– São três versões idênticas, contra uma destoante. Já tenho o que eu preciso. Obrigado, JB! Pode ir, bom trabalho.

Saí da sala e ainda pude ver a Jéssica recebendo um abraço da mulata gostosa e ouvir suas palavras de arrependimento:

– Desculpe, de verdade! Achei que era você que estava indo nos encontrar. Passei do limite, mas foi tudo um mal-entendido …

Jéssica, sorrindo, a interrompeu:

– Por mim, essa página está virada. Espero que possamos ser amigas.

Mais um abraço apertado da mulata:

– É claro que sim. Aquele JB é um fofo, se você é amiga dele, só pode ser gente boa também.

Jéssica notou minha presença e sorriu para mim. Marcela também me notou, mas continuou sem me olhar diretamente:

– Tem tanto trabalho que eu nem sei por onde começar.

Jéssica veio até mim, me deu um abraço e se despediu:

– Já estou atrapalhando, melhor eu ir. JB, como combinado, volto para te buscar.

Pedi licença à Marcela e sua amiga, acompanhando Jéssica até o carro. Ela perguntou:

– O que você quer fazer mais tarde? Só conversar mesmo? Tem um lugar que eu quero ir, podemos?

Curioso, eu quis saber mais:

– Que lugar? Eu vou precisar ir em casa trocar de roupa?

Jéssica sorriu, com cara de moleca:

– É surpresa. Essa roupa é perfeita. – Ela me deu um beijo na bochecha. – Fui! Até mais tarde.

Ela entrou no carro, acelerou e se foi. Já eu, fui tratar de justificar o meu salário.

Marcela estava diferente, antes faladeira, agora estava mais calada, quase muda, evitando olhar para mim. Será que aquela preocupação toda com Jéssica era apenas um jogo de cena, para convencê-la a perdoar a amiga? Sem entender o que acontecia, eu fiquei na minha também, revisando os documentos, organizando, e notando suas olhadas disfarçadas.

Na hora do almoço, estranhei ela não ter me chamado para ir com ela e sair alguns minutos antes de mim. Sempre almoçamos juntos nas últimas semanas. De qualquer forma, desencanei daquilo, indo almoçar num fast food, e não no restaurante self service de sempre. Se ela não queria falar, problema dela. Eu não tinha motivos, e nem interesse, para me ofender com aquela atitude dela. Bola pra frente.

Recebi uma mensagem da Natasha enquanto almoçava:

"Tudo certo aí? Jéssica me contou do advogado e do que está acontecendo”.

Conversamos um pouco pelo WhatsApp e eu percebi que ela me sondava, querendo saber se eu já tinha uma resposta à sua proposta. Pensando na conversa que teria com Jéssica mais tarde, fiz uma chamada de voz pelo aplicativo e perguntei:

– O quanto da sua vida você abriu para a Jéssica?

Natasha não entendeu:

– Em que sentido?

Fui honesto:

– Eu estou com vontade de jogar limpo com ela, ser totalmente honesto e gostaria de saber o quanto ela sabe sobre você.

Após um breve silêncio, Natasha disse:

– Eu confio em você, pode contar o que achar melhor. Eu já disse a maior parte. Ela sabe que eu fui garota de programa, da mudança para o Only Fans. Até o meu nome verdadeiro, Isabel, ela já conhece.

Eu fiquei feliz por saber que Natasha, ou melhor, Isabel, já tinha revelado tanto a Jéssica. Mas ela perguntou:

– Qual o objetivo dessa conversa? Você pensa em voltar a namorar com ela? – Senti um desapontamento na voz de Natasha.

Eu respondi honestamente:

– Não digo namorar, mas eu penso em ter com Jéssica, o mesmo tipo de lance que a gente tem. Só que diferente de você, que só enxerga um pau em mim, Jéssica vai querer mais compromisso, mesmo que sem a exclusividade.

Natasha voltou a se alegrar, rindo com minha brincadeira:

– Então nosso lance continua? Eu gosto muito de estar com você, JB. Não vejo só um pau em você, seu bobo. - Ela falou em um tom mais sério. - E acho que nessa conversa, você deveria pressionar um pouco, ser mais direto.

Eu entendi, mas quis ter certeza:

– Pressionar? Você fala sobre o que me contou, sobre achar que a Jéssica tem curiosidade de estar com você?

Natasha foi direta:

– Eu não acho, tenho quase certeza. Jéssica tem curiosidade e desejo em outras mulheres. Se a intenção é serem honestos um com o outro, pergunte. Acho que você irá se surpreender.

Eu estava confuso, mas entendi o conselho de Natasha. Talvez fosse mesmo melhor assim, sermos totalmente honestos, colocar todas as cartas na mesa. Sem rodeios, honestidade simples e direta.

Nos despedimos, eu terminei de comer e voltei ao trabalho. Marcela continuava da mesma forma e aquilo começava a me irritar. Será que ela estava brava por eu ter ignorado suas mensagens e ligações durante o restante do final de semana? Ou aquilo tinha outro motivo? Resolvi perguntar:

– Que bicho te mordeu? Eu sei que você deve estar chateada por eu mal ter falado com você no domingo, mas eu não ignorei você completamente. Eu respondi e disse que estava tudo bem com a Jéssica. Mais do que eu disse, só se você tivesse falado com ela. Eu precisava protegê-la.

Marcela finalmente me olhou diretamente:

– Não é isso, JB! Eu só não estou muito bem. Desculpe se te deixei preocupado.

Eu acabei ficando mesmo preocupado com ela:

– Quer falar, desabafar? Talvez eu possa ajudar.

Um pouco corada, ela confessou:

– Eu achei que você tinha ficado com nojo de mim, após descobrir o que eu fiz, minhas confusas preferências sexuais, o que minha amiga fez com Jéssica dentro da minha casa …

Eu tentei acalmá-la:

– Nojo de você? E por que eu teria nojo de você? Por você gostar de variar de vez em quando? Fala sério, Marcela! Em pleno século vinte e um, dois mil e vinte e três, eu teria nojo de você por gostar de mulher também? Somos iguais nisso, eu também adoro as mulheres. – Não consegui segurar o riso ao parar de falar.

Ela me deu um soquinho no meu ombro, voltando a sorrir:

– Seu idiota! Eu aqui preocupada, me expondo, e você de zoação … vê se cresce, JB!

Demos risadas juntos por alguns minutos e o clima entre nós voltava ao normal. Tentei falar sobre outras coisas, descontrair o ambiente e acabamos nos entendendo durante o resto do expediente.

Saímos juntos da firma e Jéssica já me esperava do lado de fora, encostada no carro. Ela estava muito bonita em uma saia midi-evasê, dando um ar de sofisticação. A blusa mais neutra e sem tantos detalhes, rosa, destacava o movimento da saia. Nos pés, um salto médio, preto, fechado, sóbrio e elegante.

Me despedi de Marcela, mas ela me acompanhou até Jéssica:

– Nossa! Você está um arraso. Que saia linda!

Ela deu um abraço carinhoso, até um pouco demorado, em Jéssica e voltou a agradecer:

– Obrigada por hoje! Sinto que estou em débito com você. Vamos combinar uma saída no final de semana. O que acham?

Jéssica, simpática, retribuiu o abraço:

– Podemos sim. Só falar com o JB que ele me avisa.

Marcela parecia curiosa, querendo saber alguma coisa, mas preferiu ficar na dela. Nos despedimos e Jéssica e eu entramos no carro. Assim que começamos a rodar, eu perguntei:

– E essa surpresa? Envolve comida?

Jéssica, sorrindo, brincou:

– Eu acho que sim. Deve ter.

Eu estranhei:

– Ué? Você acha? Para onde você está me levando?

Jéssica desconversou:

– Eu já disse que é surpresa.

Sosseguei o meu facho. Sabia que não ia tirar nada dela. Aproveitei e mandei uma mensagem avisando minha mãe que iria chegar um pouco mais tarde.

Rodamos por quase meia hora, até uma região em desenvolvimento da cidade famosa por sua vida noturna e pelos novos empreendimentos. Paramos em um bar de comédia. Eu estava gostando da surpresa, sempre quis ir em um show de stand up comedy, mas nunca consegui.

Foram duas horas muito divertidas. Alguns novos comediantes se apresentando, boa comida, Jéssica fazendo questão de pagar a conta, mesmo com os meus protestos.

Ela realmente se divertiu, dando todos os sinais de que queria algo a mais naquela noite. Seus toques no meu corpo, sempre me apertando quando queria falar, apoiando a cabeça no meu ombro ao dar risada, sua postura corporal … quando eu segurava em sua coxa, ela acariciava minha mão, aceitava meus beijos e sempre esperava por mais … o que começou com uma provocação boba, natural, evoluiu para um troca de carícias e beijos mais intensas, uma noite divertida, descompromissada, sem pressão e muito gostosa.

Por volta das vinte horas, resolvemos sair. Ela achava que estava ficando tarde para mim, por ser uma segunda-feira, mas eu queria terminar aquela conversa que começamos de manhã no carro. Ela entendeu minha intenção, perguntando onde eu gostaria de ir. Eu sentia que ela queria sugerir um local específico, mas estava com vergonha. A provoquei:

– Qual seria o melhor lugar pra gente conversar sem interrupções? Onde duas pessoas podem ficar separadas do mundo, sem se preocupar com nada?

Eu sentia que ela queria falar, mas estava travada. Decidir ser direto:

– O que acha de irmos em um motel?

Seus olhos brilharam, mas ela ainda brincou:

– Ufa! Achei mesmo que você ia deixar de ser cavalheiro e fazer eu pedir.

Aquele fatídico motel de um ano e pouco atrás, era o mais próximo, mas talvez, tentando não reabrir velhas feridas, Jéssica praticamente atravessou a cidade, indo até a saída norte, numa região de vários outros estabelecimentos como aquele. Sem que eu perguntasse, e já se adiantando em explicar, ela disse:

– Eu pesquisei e esse aqui é muito bom.

Resolvi zoar um pouco:

– Agora tá assim? Caçando avaliação de motel pra me levar?

Ela aceitou bem a brincadeira, sem se sentir envergonhada:

– Ah, para vai … Eu queria repetir, ficar com você de novo. Foi bom.

Eu segurei firme na sua coxa, fazendo um carinho mais ousado, chegando a roçar meus dedos em sua bucetinha, esfregando o mindinho na altura do grelo, fazendo ela parar o carro antes de entrarmos na recepção, arrancando um gemido de prazer:

– Judia mesmo … Hummm …

Segurei em sua nuca e trouxe sua boca de encontro a minha, em um beijo mais intenso, caloroso, mantendo a carícia sobre o grelo. Ela se entregava completamente, aceitando tudo:

– Você gosta de me torturar … que delícia.

Continua.

Consultoria e revisão: Id@

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Comentários

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Lukinha_1!!!!!!!!! Que fantástico cara! Tá bom demais. ⭐⭐⭐💯 merecido.!

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Parabéns Lukinha, seus dois contos estão ótimos. São histórias e sentimentos diferentes e vc está se saindo muito bem em ambas, ainda mais com a revisão da Ida. 😂 Nesta o tema principal, ao meu ver, é sobre a relação de amor entre os dois protagonistas e o desejo dela tb em mulheres. Eu gosto da forma como vcs estão desenvolvendo e contando esta história. Como já disse, me lembra o conto do Max (não estou falando de plágio, apenas da situação vivida pelos personagens)... Já o outro o tema principal é realmente a traição. Que bom que o autor orbita e consegue desenvolver suas histórias em dois assuntos diferentes sem perder a qualidade do conto. Eis aqui um excelente contista.

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Lembra sim, concordo. Também não vemos como plágio, pois existem diferenças fundamentais na história. 😘

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Sim, o que me chamou atenção foi o amor entre os protagonistas e ela gostar de "meninas" tb.

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A diferença é que a Jéssica é tímida, já a Jen, nem tanto. 😂😂😂😂

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É isso que me quebra, o cara começa uma história vai envolvendo e envolvendo e envolve até a alma aí ele para começa outra com traição e vingança aí para tudo e volta pra anterior.

Assim vou ter um treco, decide ou uma ou outra.

Espero que todos tenham percebido que fiz uma brincadeira acima, não pode falar(,escrever) nada nesse site que metade cai em cima querendo dar lição de moral.

Agora é sério essa série está tão gostosa de ler que se começar dar merda com os personagens não sei o que pode acontecer.

E sobre a outra série como diz Galvão Bueno haja coração.

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muito bom perfeito como sempre

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Ansioso pelo próximo espero q adicione sexo anal

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Pensando bem,JB não deveria se envolver mais com a Natasha pra não por seu emprego em risco,também só namoraria com a Jessica porem se ela gosta mesmo da garotas não toparia ficar com ela.

Acho que a melhor opção é a coroa da empresa pelo menos já é tudo as claras.

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Parabéns pela história e pelo retorno da mesma, eu nem esperava nenhuma história sua Lukinha e do nada uma grata surpresa como notificação, um excelente final de semana pra você

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Já estava com saudades da Jéssica! Ela agora está ficando bem melhor! A Natasha(Isabel) também continua espetacular! Tenho umas teorias mas vou ver se elas vão se realizar!

Top mesmo Luk! Show de bola!

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Nem vou comentar …

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O conto já era top e com vossa consultoria minha ansiedade foi as alturas com os próximos capítulos

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Este conto também será maravilhoso !!!

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Que legal ver que você e Nassau continuam trabalhando juntos também. O Max publicou um capítulo no scriv, mas vai postar o Fui traído inteiro como um livreto. Ele está pensando em migrar para lá de vez.

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Eu estou e arrumando trabalho depois de aposentada !!! Era só para terminar O que é o Amor!!! Agora vou me enrolar com os contos Carla e O Clube. Isto ainda vai acabar em divórcio!!! Rsrsrs

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Quem manda ser tão eficiente...

😂😂😂😂

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Eficiência é o meu segundo nome !!! Rsrsrs

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Eu li direito? Vai continuar a Carla e o clube? Bendita id@ e nassau

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Vamos com calma !!! Pretendemos continuar sim, mas tem tantos “projetos” rolando agora que estes serão para o futuro.

Mas lembre-se, o que eu me comprometo, eu faço … ou faço fazer, se é que me entende !!!

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Muito bom voltar a essa série. Jéssica se recuperando, ela e JB cada vez mais em sintonia. Senti falta de mais Natasha nessa parte (minha preferida), mas entendo a intenção do autor. Texto cheio de indicações para o futuro da série e muito bem desenvolvido.

Super estrelado. ⭐⭐⭐

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O ADM tem que colocar a opção para quem der 3 estrelas ser possível expandir até pelo menos 10.

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Lukinha e seus contos. Show!!! Agora que são dois ao mesmo tempo acho que vai ter episódio todo dia👍😃

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Eita porra! E eu esperando pra segunda! Valeu por melhorar o fim de semana e ainda por cima com a primeira série!

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Foi uma ótima surpresa. Achei que era o outro. 😂😂😂

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Realmente eu também achei que fosse o outro!

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