A volta do gay às origens

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 19220 palavras
Data: 18/02/2023 10:13:14

A volta do gay às origens

Verão de 1818, havia uma semana que não chovia e os dias amanheciam ensolarados e amenos em Langford, Bedfordshire, a propriedade rural de meu pai, Lord Manwarking, duque de Langford, onde passei quase toda a minha vida em companhia das minhas três irmãs. Não que ela fosse longa, tinha completado 18 anos há pouco mais de uma semana, mas o fastio e o tédio me davam a sensação de que meus dias haviam sido longos e penosos.

Saí para caminhar logo após o café da manhã em companhia dos meus cães, Arlo e Kirby, dois mastins de pelo fulvo, só para me ver livre do corre-corre agitado dos empregados se preparando para as visitas que estavam por chegar; meu primo Russell e uns amigos que ele costumava trazer todos os anos para caçar nas extensas pradarias e bosques da propriedade. A presença dele em Langford sempre foi meu grande tormento, desde que me conheço por gente. O primo Russell é cinco anos mais velho do que eu, sempre foi uma criança levada, ao contrário de mim. Enquanto ele fora criado em companhia de dois irmãos mais velhos que lhe ensinaram todo tipo de sacanagens, eu cresci como caçula no meio de um bando de mulheres. Perdi minha mãe aos seis anos, meu pai passava longas temporadas em Londres tratando de negócios, era um pai ausente, mesmo quando estava em casa. A educação de minhas irmãs e minha foi relegada a mentores e tutoras que nos ensinaram a ler e escrever, matemática e álgebra, história e geografia, ciências e biologia e, inclusive alguns idiomas estrangeiros; enfim, tudo o que aristocratas precisavam dominar. Sem um forte exemplo masculino, à exceção do Sr. Bayle, nosso mordomo que já andava na casa dos sessenta anos, eu fui me tornando um menino retraído, tímido e até um pouco feminino para desgosto do meu pai. Não dava para me adjetivar de afeminado, mas em meio a tantas saias eu me comportava recatadamente, falava baixo, caminhava pisando leve e tinha gestos delicados, pois cada vez que agia como um menino, era recriminado por estar sendo grosseiro com minhas irmãs.

Meu único amigo masculino era o primogênito de um meeiro do meu pai, Conor Donnell, um ano mais velho do que eu, com quem costumava perambular pela propriedade me esquecendo dos horários e voltando para casa com as roupas sujas e muitas vezes rasgadas. Porém, o Conor havia sido proibido de se aproximar da casa devido as minhas irmãs, cuja castidade meu pai resguardava a ferro e fogo para que pudessem, num futuro próximo, encontrar bons partidos entre a aristocracia inglesa. Mesmo ele não gostando de me ver na companhia daquele filho de ninguém, como costumava se referir ao Conor. Porém, eu inexplicavelmente gostava dele e de sua companhia e, assim que me via com um tempinho livre, corria a chamá-lo para passarmos algumas horas juntos. Sem receber a mesma instrução esmerada que eu, ele parecia saber de tudo; conhecia os animais e as plantas, sabia o nome das estrelas, conhecia todas as trilhas da propriedade nunca deixando que nos perdêssemos, e também parecia conhecer a alma humana, especialmente a minha, pois toda vez que me encontrava triste ele conseguia me animar. Ele só não era analfabeto porque eu quase sempre o convidava a participar das aulas conosco, o que ele fazia até com certa vontade, até se aborrecer e decidir que havia coisas mais interessantes a se fazer do que conjugar verbos. O Arlo e Kirby o adoravam, o que me fez crer que ele era uma pessoa virtuosa, então também passei a gostar dele, nascendo assim a nossa amizade.

O Sr. Bayle tinha instruções expressas do meu pai para nos conduzir a rédeas curtas, particularmente a mim, uma vez que minhas irmãs não podiam ficar sem a supervisão de uma das tutoras ou de madame Vermont, uma viúva francesa que além de ensinar seu idioma de origem, pajeava meninas da aristocracia para se sustentar. As tais rédeas curtas incluíam inclusive o uso de um chicote que ficava pendurado numa das paredes do corredor que levava a ala de serviço do castelo. O Sr. Bayle nunca se valeu dele para controlar nossa impetuosidade infantil, mas eu me estremecia todo sempre, nas raras vezes que passava por aquele corredor, pois eu conhecia muito bem o efeito ardente dele sobre as minhas nádegas desde o dia em que meu pai me deu uma surra com ele.

Eu devia ter por volta de oito anos nesse dia. Durante o inverno, quando o Conor e eu caminhávamos na entrada do bosque, encontramos um filhote de esquilo abandonado, muito provavelmente por sua mãe ter servido de refeição a uma raposa. Eu o tomei nas mãos e enfiei no bolso do meu capote, pois o coitadinho tremia de frio. O Conor o reivindicou para si, alegando que cuidaria dele melhor do que eu que não sabia nada sobre os bichos e suas necessidades. Eu o reivindiquei para mim alegando que tinha sido eu a encontrá-lo na boca da toca e não ele, portanto, ele me pertencia.

- Tudo em Langford me pertence, meu pai é o dono de tudo por aqui; portanto, o esquilo é meu! – exclamei apelativo.

- Você não sabe nem o que ele come, vai acabar deixando ele morrer de fome! – exclamou o Conor, tentando tirá-lo de mim.

- Mas você pode me ensinar como alimentá-lo! – sugeri

- Eu não vou te ensinar nada! Se quiser ficar com ele vai ter que se virar sozinho! – retrucou ele.

- Você é uma besta! Eu vou perguntar ao Sr. Bayle o que os esquilos comem, ele vai me dizer e eu vou cuidar do Fred, sem a sua ajuda. – respondi

- Eu duvido que ele vá te dizer o que fazer! Ademais, se ele suspeitar que você trouxe um esquilo para dentro de casa, vai jogar os dois para fora. Me dê o bichinho que você é burro demais para cuidar dele. – afirmou o Conor

- Eu não sou burro! Burro é você que nem sabe ler e escrever direito! – eu ficava irado com ele quando me chamava de burro; e começava a apelar fazendo-o sentir que apesar de nossa amizade ele não tinha o mesmo status que eu.

Sempre me arrependia depois, especialmente quando ele sentia o peso das minhas palavras e se recolhia. Invariavelmente, logo depois eu o abraçava e pedia desculpas, mesmo se estivesse com a razão sobre o que nos levou a discutir.

- Já que sou ninguém, também não vou te ajudar com o esquilo! – exclamou ele.

- É Fred! Ele tem nome, chama-se Fred! – corrigi. – Eu prometo te trazer uma caixa cheinha daqueles chocolates com a cobertura colorida se você me disser que comida tenho que dar para ele. – chantageei. O Conor daria um braço por aqueles chocolates que eu surrupiava da despensa, sem que a Sra. McGlynn, a governanta, visse, e que devorávamos debaixo do pergolado nos fundos da casa.

Com a questão da alimentação do esquilo resolvida, improvisei uma casinha para abrigá-lo, numa caixa acartonada para chapéus. Fiz uns furos na tampa, ajeitei um dos meus cachecóis no fundo dela e acomodei o Fred envolvido nele. A caixa ficou debaixo da minha cama por semanas, eu só a camuflava nos dias de faxina quando a escondia um canto qualquer; ou levava o Fred para tomar sol na companhia do Conor, para que ele pudesse conferir se eu estava fazendo tudo certinho.

O Fred cresceu rápido, não como eu que parecia jamais deixar de ser criança. O danadinho já não se contentava em ficar muito tempo na caixa e, às vezes, durante a noite, saltava para a minha cama e vinha se enroscar nos meus cobertores.

- Peça para o seu pai fazer uma casinha de madeira para ele, Conor. – pedi, quando as fugas se tornaram constantes.

- Eu mesmo vou construir uma, mas vai demorar uns dias, até lá você precisa manter o Fred sob controle. – disse-me ele.

Naquela noite, minhas irmãs e eu, jantamos na copa, pois a sala de jantar e todas as demais salas estavam destinadas à recepção de dois Lordes sabe-se lá do quê e suas respectivas esposas, e nossa circulação por aquela parte do castelo estava terminantemente proibida. O único que não foi informado disso foi o Fred, até porque sua existência dentro da casa era desconhecida por todos. E foi justamente ele que resolveu naquela noite fazer uma incursão mais longa e explorar todos aqueles ambientes requintados e imensos onde podia correr e escalar a mobília como se estivesse solto na natureza. Os gritos das mulheres e o pandemônio começou enquanto os copeiros ainda levavam as travessas ricamente ornadas para a sala de jantar, onde reinava uma conversa baixa e algumas risadas, até então. O Sr. Bayle que nunca perdia a compostura, chamava por reforços e os empregados pareciam brotar de cada canto das paredes, enfiados em seus librés, empenhados na captura do monstro que deixara as Ladies histéricas. O Fred não tinha nada de tolo, assim que se viu caçado, correu para o único refúgio seguro que conhecia, a caixa debaixo da minha cama. Meu quarto foi invadido por um batalhão de empregados, eu segurava o Fred nas mãos e sentia o coraçãozinho dele batendo a mil.

- O que significa isso, Trevor? Perguntou-me o Sr. Bayle pouco antes de meu pai entrar no quarto.

- Eu o salvei de morrer de frio há algumas semanas! Deixe-o ficar, papai! Eu juro que não deixo mais ele fugir. – implorei, com o olhar arregalado e quase me mijando nas calças.

- Dê esse bicho para o Charles, Trevor! – ordenou meu pai. O criado veio tirá-lo das minhas mãos, mas eu não o entreguei, sabendo qual seria seu destino.

- Deixe-me ficar com ele, papai! – implorei em vão. O olhar resoluto que meu pai dirigiu ao Charles o fez agir sem demora.

- Você está proibido de sair desse quarto até segunda ordem! Amanhã teremos uma conversa, só eu e você, Trevor! – eu ainda persegui o Charles por alguns passos com o rosto coberto de lágrimas, e quando ele me encarou tive a esperança de que ele guardaria o Fred num lugar seguro para me entrega-lo depois, quando a poeira já tivesse baixado.

E foi dessa maneira que conheci o efeito daquele chicote na minha bunda, na manhã seguinte, quando fui chamado a dar explicações no gabinete do meu pai. Eu me lembraria dessa surra talvez para sempre, a única que meu pai me deu; seu único gesto para comigo que me faria recordar de ter tido um pai, pois todas as outras interações que tivemos sempre foram frias e impessoais.

O Russell e seus amigos chegaram no meio da tarde para a temporada de caça, num séquito de três carruagens, uma vez que a extensão de Langford se mostrava compensadora para o esporte durante os meses mais quentes do ano. Na primeira carruagem, um Landau, puxado por dois robustos Clydesdale de pelagem zaino, vinham os quatro homens; na segunda e terceira, os baús que abarrotavam duas berlindas despojadas. Minhas irmãs, que aguardavam aquela visita há semanas numa euforia incontrolável, foram recepcioná-los na escadaria da entrada. Desde que viraram mocinhas, a visita do primo as ensandecia por dias, pois ele sempre vinha acompanhado de alguns amigos e elas esperavam encontrar entre eles o seu príncipe encantado, uma vez que Bedfordshire era desprovida de rapazes casadoiros entre as famílias abastadas da região.

Minhas desavenças com o primo Russell começaram ainda na infância e, desde então, só vinham aumentando. Russell Blethyn, no meu conceito, era o demônio em pessoa. A irmã do meu pai havia se casado com o insignificante Blethyn, um homem baixinho e gordo que, há época do casamento vinha fazendo fortuna no sul da África. Sem tino para os negócios, dilapidou o dote da esposa e foi engambelado por sócios inescrupulosos, e poucos anos depois do casamento, encontrava-se falido e com menos prestígio entre a aristocracia do que antes. Com pena da única irmã, meu pai passou a sustentar o luxo no qual estava habituada a viver, mas restringiu os gastos ao estritamente necessário para manter o casarão vitoriano de Londres e uma criadagem para que não caíssem em desgraça. Russell tinha a mesma soberba do pai, um pária que, apesar de depender de esmolas, ainda circulava entre a aristocracia londrina como se fosse um de seus iguais.

Russell é cinco anos mais velho do que eu, e sempre se valeu disso para me depreciar. A cada temporada que minha tia e a família vinham nos visitar, para poupar gastos com a mansão londrina, as brigas entre o Russell e eu eram quase diárias. Nem me recordo mais de quantas vezes fiquei de castigo por aquele pulha ter me provocado e eu partido para cima dele aos socos e pontapés. Além de perder quase todas as brigas, exceto quando me armava de um pau, pedra, ou qualquer instrumento que pudesse ser usado como arma e lhe abria algum ferimento, no mais das vezes era eu quem saia humilhado e ferido, recebendo em vez de consolo, alguma punição, da qual ele ficava caçoando indo me provocar onde haviam me confinado. Quando cheguei à adolescência suas provocações passaram a ter cunho sexual. Ele, já mais desenvolvido, ridicularizava o tamanho do meu pinto, fazia insinuações e observações obscenas sobre a minha bunda volumosa, afirmava categoricamente que eu não era homem e sim um invertido, e me subjugava pelos cantos ermos do castelo bolinando com meu sexo e minha bunda, sobre a qual costumava roçar sua ereção que propositalmente tirava das calças com essa finalidade. Eu entrava em pânico, desconhecia os mistérios do sexo, mas sabia por analogia com o que via nos estábulos ou nas pradarias que o objetivo de o macho montar numa fêmea era o de produzir uma prole. Eu logicamente não era uma fêmea, mas vivia no meio de um bando delas e tinha muitos dos meus traços e comportamentos semelhantes aos delas, o que me fazia temer aqueles ataques do Russell imaginando me concebendo um rebento dele.

- Você é muito burro mesmo, Trevor! Você não vai ter um bebê só porque seu primo se esfrega na sua bunda, isso só faz de você um viado. – afirmou o Conor quando me queixei das atitudes do meu primo com ele. Dei-lhe um soco nas fuças por ter me chamando de burro novamente, e levei dois, me pondo a chorar porque doeram bastante. Como ele não aguentava me ver chorando, logo me abraçou e pediu desculpas, enfatizando para eu não o socar toda vez que ele me ensinava alguma coisa.

- Então não me chame de burro a cada vez que vai me explicar algo que eu desconheço. Ninguém é burro porque não aprendeu determinada coisa. – respondi enxugando as lágrimas com as costas das mãos.

- É o hábito! Não falo por mal! – isso pouco me valia, e não deixava que não sentisse raiva toda vez que me intitulavam como um asno.

Nem me atrevi a perguntar porque ele me comparou a um veado, pois se o fizesse o Conor ia reafirmar que eu era burro. Como todos podem ver, ter doze anos no final do século XVIII e viver num lugar esquecido pelo mundo no interior da Inglaterra, tendo apenas mentores e professores sisudos para dirimir suas dúvidas não era coisa fácil; mas eu não sabia disso, nem da extensão da minha ingenuidade, o que me tornava uma vítima fácil do cafajeste do Russell.

Meu pai estava em Londres quando da chegada da comitiva de rapazes. Ele só regressaria em três ou quatro semanas, o que, enquanto homem, me tornava oficialmente o anfitrião da casa. Porém, não me dei ao trabalho de recepcioná-los. Eu sabia que teria dias enfadonhos pela frente ciceroneando aquele bando de imbecis, e quanto mais pudesse adiar o encontro com eles, melhor. O mesmo motivo me fez tomar o café da manhã bem cedo e sozinho na copa antes de empreender a caminhada acompanhado do Arlo e do Kirby através da pradaria para acompanhar os trabalhadores na colheita da cevada, aproveitando o frescor da manhã antes de o sol se tornar um fardo, deixando as frivolidades para com os hóspedes aos cuidados dos criados e das minhas irmãs. Quando regressei ao castelo para o almoço, eles tinham ido cavalgar para explorar os lugares onde fariam a caça no dia seguinte, o que mais uma vez me poupou de encontrá-los.

Fazia uma tarde muito quente, eu estava impaciente e não encontrava um lugar adequado dentro de casa onde me sentisse confortável. Saí a caminhar sem rumo, até me sobrevir a ideia de ir até às margens do rio que atravessava Langford e me sentar sob alguma castanheira e ficar observando a passagem dos patos selvagens migratórios que costumavam se alimentar nas águas tranquilas nessa época do ano. Eu estava quase chegando ao rio quando encontrei o Conor vagando com o mesmo propósito de se refrescar em suas águas. O Conor foi logo se despindo, assim que chegamos à margem do rio, tirando suas roupas sob a sombra de um olmo cujos galhos se debruçavam sobre o rio.

- O que está esperando? Ande, entre aqui, a água está uma delícia! – eu ainda estava processando a nudez dele, especialmente aquele pinto enorme cercado daquele chumaço de pelos negros e encaracolados.

Não foi a primeira vez que eu o vi pelado quando íamos nadar no rio, mas a cada verão aquela coisa vinha aumentando mais. Há uns oito anos o pinto dele não se diferenciava muito do meu e não tinha aqueles pelos todos; e verão após verão, o dele dobrava de tamanho enquanto o meu crescia numa lerdeza preocupante, ganhando apenas uma penugem quase tão clara quanto a dos meus cabelos. Por isso me despi com timidez, dando-lhe as costas para que não ficasse fazendo comparações; e me lançando rápido na água para que não tivesse chance de me ver nu. Ele começou a se engraçar para o meu lado, jogando água na minha cara, me afundando na água pelos ombros, mergulhando ao meu redor para beliscar minhas coxas e nádegas, o que me deixava desesperado e me fazia gritar achando que algum bicho estava me mordendo. Ele ria a não mais poder.

Esbaforidos, fomos nos deitar sobre a relva cercada de narcisos coloridos no cobertor que ele havia trazido e ficamos a tomar sol esperando nossos corpos secarem. A leseira me fez cochilar, sentindo aquela quentura envolvendo minha pele. Fui despertado com uma coceira na orelha que me obrigava a levar a mão até ela para afastar o que a estava provocando. Na quarta vez, abri os olhos para espantar aquela coisa de vez, e me deparei com o Conor segurando uma haste de narciso que ele resvalava na minha orelha para me provocar. Ele estava apoiado sobre um dos braços e tão próximo do meu rosto que eu podia ouvir sua respiração.

- Você é o sujeito mais chato que eu conheço, sabia? Não tem outra coisa para fazer? – indaguei, meio sonolento

- Você não conhece muita gente, portanto, também não conhece muitos chatos! No momento não tenho nada melhor a fazer do que ficar te admirando. Acho que seu pinto parou de crescer, está igualzinho ao verão passado! – constatou o sem-vergonha

- Não está, não! Você é um cretino, Conor! Um cretino! E eu vou quebrar essa sua cara debochada! – exclamei, procurando acertar um murro na cara risonha dele.

Ele agarrou meu braço e o apertou contra o chão, fez o mesmo quando ergui o outro com a mesma intenção de o alvejar, e se lançou sobre mim quando comecei a espernear para me safar dele. Quanto mais eu me debatia debaixo dele, mais ele caçoava das minhas intenções, ao perceber que eu não tinha forças suficientes para me livrar de sua investida.

- Me solta, Conor! Isto é uma ordem! – berrei zangado. Apelando para minha suposta autoridade como costumava fazer quando ele me desafiava.

- Não me diga, é uma ordem, Trevor Manwarking! Então me mostre o que você é capaz de fazer quando te desobedecem. – provocou, ficando com o rosto tão próximo do meu que eles chegavam a se tocar.

Eu quis lhe acertar uma joelhada naquele lugar tão precioso para ele, que muitas vezes cobria com as mãos cruzadas sobre ele para se proteger durante as nossas brigas; porém, ele foi mais rápido e travou o movimento da minha perna com a dele.

- Está apelando para golpes baixos, seu fracote! Vou te mostrar que também sei dar golpes baixos! – afirmou, girando meu corpo até eu ficar de bruços, enquanto ele apertava minha cabeça contra o chão e montava sobre a minha bunda, me fazendo sentir o pau dele no meu reguinho.

- Eu vou te matar, Conor! Juro que vou te matar se você não parar imediatamente com isso! – ameacei, sem que ele desse a menor importância às minhas palavras.

O tesão se apossou dele ao se esfregar em mim daquela maneira, sentindo minhas nádegas quentes e roliças se encaixando em sua virilha. Havia algo no contato da pele nua dele com a minha que não me desagradava, parecia ser aquela energia que ele sempre irradiava; ou seu cheiro, que eu agora podia sentir mais forte, apesar dos narcisos que nos cercavam; ou ainda do seu calor úmido pela transpiração dele que estavam me provocando um frenesi.

- Você está quase conseguindo fazer isso comigo, me matar! Você é tão gostoso, Trevor! Sente só como você me deixa duro! Você vai me matar de tanto tesão. – sussurrava ele, junto ao meu ouvido, o que só aumentava aquela sensação prazerosa que eu estava sentindo.

Ele fazia o cacetão deslizar dentro do meu reguinho apertado, e isso ia endurecendo o meu pau. Em dado momento, percebi que ele estava apontando e forçando seu falo diretamente sobre o meu cuzinho, e eu parei de me agitar, apenas respirando acelerado e fundo. Isso permitiu que ele forçasse a minha rosquinha anal e entrasse nela com um impulso brusco, que me obrigou a soltar um grito, pois uma dor lancinante e aguda se espalhou entre as minhas coxas. Ele estava fazendo aquilo, montado em mim e se movendo freneticamente como faziam os animais; quase surtei, o que ele pretendia com aquilo, fazer um filhote em mim, foi a primeira coisa que me veio à mente. Soltei outro grito e recomecei a me agitar debaixo dele, tentando escapulir.

- O que você está fazendo, Conor? – berrei a plenos pulmões.

- Estou comendo o seu cuzinho, Trevor Manwarking! Comendo seu cuzinho gostoso! – exclamou o crápula.

- Por quê?

- Porque você é um tesão, Trevor! Um tesão! – grunhia ele, sem parar de movimentar seu membro rijo num vaivém alucinado dentro do meu cuzinho. – Está gostando? – perguntou, mordiscando minha nuca com a boca molhada.

Eu estava gostando bastante, mas tinha certeza de que ele não precisava dessa informação naquele momento. Mesmo porque, eu precisava entender primeiro o que tudo aquilo significava. Por que meu pinto tinha acabado soltar aquele líquido esbranquiçado, e por que meu cuzinho estava ficando todo molhado por dentro, depois de o Conor ter soltado aquele grunhido rouco?

Quando ele tirou o cacetão do meu cu dolorido ainda pingava dele um líquido semelhante ao que meu pinto tinha soltado, só mais espesso, quase um creme. O Conor tinha um sorriso abobalhado naquela cara que eu queria socar, mas que agora me dava vontade de beijar. Tomado de coragem, perguntei-lhe o que tínhamos acabado de fazer, pois eu senti que em dado momento ele não estava fazendo aquilo sozinho, que eu também colaborava ativamente para aquilo continuar até onde continuou, me deixando com uma sensação boa no final.

- Se você me chamar de burro, eu juro que nunca mais falo com você, e que mando meu pai expulsar vocês de Langford. – ameacei com uma voz séria. – O que foi isso que acabamos de fazer? – dessa vez ele não me chamou de burro, não pela minha ameaça blefada, mas por constatar a que ponto chegava a minha inocência.

- Nós fizemos sexo, copulamos, transamos, foi isso que acabamos de fazer. – esclareceu ele. Isto é, pensou que esclareceu

- Copulamos? Você estava querendo fazer um bebê em mim? – questionei apavorado

- Não, seu bu...! Não, Trevor! Não estava tentando fazer um bebê em você! Você nunca vai ter um bebê, você não é mulher! Só as mulheres têm bebês. – sentenciou. – O que nós dois fizemos foi apenas por prazer. Eu entrei em você porque você é muito gostoso e eu queria experimentar.

Eu ainda estava um pouco confuso, mas a questão do prazer eu entendi, pois foi exatamente isso que eu senti quando ele se movia dentro de mim; prazer, um prazer diferente de todos que já senti, mas um prazer que eu gostaria de sentir mais vezes.

- Você me machucou, eu estou sangrando! – exclamei, ao notar sangue entre as minhas coxas.

- Isso vai parar logo! É sempre assim na primeira vez, tanto nas mulheres quanto em você que é quase homem. – disse ele com uma convicção que me fez pensar de onde ele sabia disso tudo.

- Quase homem? Eu sou homem! – devolvi com firmeza.

- Quase homem porque você não é um homem macho, é um viado! Um viado lindo e muito gostoso! – ele afirmava cada coisa com tanta convicção que me era difícil compreender plenamente o que ele dizia.

- Eu não sou um bicho! – exclamei. Ele se aproximou, tomou meu rosto em suas mãos e me encarando com doçura continuou. – Não é o bicho veado! É o homem viado, o homem invertido, o homem pederasta que gosta de outros homens, que sente atração física e sexual por outros homens. Como você! – respondeu ele. Como ele sabia que eu gostava dele por ser daquele jeito que ele era?

Fomos interrompidos pelo som do trotar de cavalos vindo em nossa direção. Eu entrei em desespero, nu e com sangue nas coxas fiquei paralisado, minhas pernas pareciam ter criado raízes. O Conor me puxou para dentro da água no exato momento em que comecei a identificar os cavaleiros que se aproximavam, Russell e seu bando.

Eles apearam e logo se juntaram a nós, desfazendo-se de suas roupas que foram sendo atiradas sobre a relva até ficarem completamente pelados, e se atirarem dentro d’água fresca num alarido agitado. Esse foi meu primeiro encontro com os hóspedes desde que chegaram a Langford.

- Este é meu primo Trevor! Ou devo dizer prima, uma vez que ele é tão delicado quanto as irmãs? – tripudiou o Russell, não perdendo a chance de zombar mais uma vez de mim. – Trevor, estes são Lord Stanley, de Devonshire, Lord Lochlyn, e Lord Colin Hodgson, filho do duque de Rutland, apresentou meu primo, tão formalmente que senti vergonha por estar completamente pelado diante daqueles olhares inquisitivos.

Naquele instante gravei apenas um nome, Colin Hodgson, por que ele pertencia ao mais bonito deles, ao cara mais encantador que eu já tinha visto, ao cara com o rosto mais másculo dos quatro, ao cara grande e musculoso, com o peito e as pernas grosas mais revestidas de pelos que eu já tinha visto, ao sujeito que entrara por último no rio; caminhando, ao invés de mergulhar diretamente como os outros, e que, nesse caminhar, fazia o maior cacetão sobre o qual meus olhos já tinham pousado, balançar pesadamente feito o pêndulo de um carrilhão. Ele foi o único que veio diretamente a mim, sorrindo e me oferecendo a mão num cumprimento gentil e respeitoso.

Uma confusão danada turbilhonava na minha cabeça. Eu ainda estava sob o impacto do que tinha acabado de acontecer entre o Conor e eu, sentia como se ele ainda estivesse dentro do meu cu, com aquela umidade formigando dentro dele, e com a visão daquele sangue tingindo minhas coxas; e já era surpreendido por essa emoção forte que Lord Hodgson estava causando em mim. Agora eu compreendia bem o que o Conor quis dizer quando afirmou que eu era quase homem, que era um viado, um homem que sente atração por outros homens, pois era exatamente isso que eu estava sentido por Colin Hodgson. Toda minha ingenuidade ficou naquele rio naquela tarde quente de verão.

No dia seguinte, mal esperei amanhecer por completo e desci para o desjejum, tomando-o novamente sozinho na copa, o que fez o Sr. Bayle me questionar se eu estava bem, pois raramente me levantava tão cedo e, especialmente com tanta disposição para sair de casa. Meu destino naquela manhã era um só, a casa do meeiro Donnell, que encontrei ainda fazendo o desjejum com a família ao redor da mesa.

- O que faz aqui tão cedo? Você não deveria estar fazendo as honras para o seu primo e seus amigos? – questionou-me o Conor quando bati à porta do meeiro.

- Eu quero que ele e aquele bando se danem! – respondi de pronto. – Preciso da sua ajuda! Quero que venha jantar conosco essa noite! – fui logo dizendo.

- Como é? Que ideia maluca é essa? Eu, Conor Donnell, um réles filho do meeiro de Lord Manwarking sentado à mesa com filhos de condes, barões, ricaços ou, seja lá de quem aqueles sujeitos são filhos. Você só pode ter perdido o juízo! Já imaginou essa história caindo nos ouvidos do seu pai? Em tempos passados você ia sentir o chicote estalando na sua bunda, agora sabe Deus o que ele fará com você. – retrucou espantado meu amigo.

- Deixe de drama! Meu pai não está Langford, quem manda aqui na ausência dele sou eu! E eu decidi que você janta conosco essa noite, e está acabado! – afirmei. O Conor caiu na risada.

- Você mandando e desmandando em Langford, essa é boa! – exclamou rindo, me deixando irritado. – Me desculpe, não consigo deixar de achar graça! Você dando ordens. – dizia em meio ao deboche.

- Onde está a graça? Estivéssemos na Idade Média e eu mandaria te decapitar por sua insolência! – exclamei, o que só serviu para que ele risse ainda mais. – Pare de rir, Conor! – ordenei furioso, antes de ele controlar o riso.

- Está bem, eu paro! – devolveu, esforçando-se para parar de rir. – Me diga porque quer que eu jante com vocês?

- Porque você é meu amigo, ao menos eu pensava que fosse, e não quero que aquele bando de almofadinhas pense que eu sou um pobre solitário abandonado longe da civilização. – esclareci.

- Posso perguntar mais uma coisinha só? Como pensa me apresentar para eles? Cavalheiros, este é meu amigo Conor, filho de um dos empregados do meu pai, Lord Blethyn, mais Lord Disso e Lord Daquilo! – questionou ele fazendo trejeitos e se inclinando respeitosamente à medida que citava os nomes dos lordes. – Qual você acha será a reação deles? Vão se rir mais do que eu acabei de fazer agora.

- Até a noite eu terei encontrado um nome pomposo para apresentá-lo. Nenhum deles te conhece e não terão porque duvidar. Ademais, o Russell não é nenhum Lord e muito menos ricaço, ele não passa de um mendigo arrogante que meu pai sustenta. Ele não está em condição de julgar ninguém! – afirmei

- Que seja! Mesmo assim, há os outros, e nem todos certamente são tão desvalidos quanto seu primo. Além disso, ele me conhece, já me viu das vezes anteriores em que esteve em Langford, e vai se lembrar de quem eu sou. Suas irmãs também sabem quem eu sou; e essas, com toda certeza, vão pensar que você endoidou de vez. – retrucou ele

- O Russell te reconhecer? O Russell passa pelos criados como se eles fizessem parte da mobília, o petulante jamais se digna a olhar para um deles, a menos que esteja dando alguma ordem. E, quanto às minhas irmãs, eu me encarrego de conversar com elas. – devolvi, com tudo arquitetado e solucionado na minha cabeça.

- Não se esqueça que os outros também me viram tomando banho no rio com você. Afora isso, eu vou me sentar à mesa com essas roupas? Serei um Lord excêntrico vestindo roupas de camponês.

- Esquece-se que não te apresentei a eles? Ninguém sabe quem você é! Também para a questão das roupas tenho a solução! Você vai usar aquelas roupas que usou há pouco mais de um ano quando estivemos em Londres e meu pai lhe comprou trajes que não deixam nada a desejar para um jantar formal como esse. Se precisarem de algum ajuste, a Sra. Bayle mandará que as deixem perfeitas para essa noite. Ande, vá prová-las para ver se ainda te servem! Coisa que eu duvido porque você cresce mais do que um touro de um ano para o outro. – sentenciei

- Suponhamos, veja bem, eu disse suponhamos que eu aceite participar dessa sua maluquice, você logo será desmascarado porque eles vão notar que eu não tenho nenhum traquejo social e posso me confundir com todos aqueles talheres que vocês costumam usar; nem sei para que, um garfo é o bastante para se fazer uma refeição. – ponderou o Conor.

- Você acha que eu me esqueci desse detalhe? Você acompanhou muitas vezes como o senhor e a senhora Bayle ensinaram a mim e às minhas irmãs como se comportar à mesa. Até você eles acabaram incluindo nas explicações. Portanto, você conhece tudo que precisa conhecer e, se por acaso, você se atrapalhar, eu estarei sentado exatamente a sua frente e te darei um belo chupe nas canelas para que essa sua cabeça oca se lembre de tudo. – respondi.

- Trevor Manwarking, você é doido, e eu odeio você! – respondeu o Conor, balançando a cabeça inconformado com minhas ideias.

- Que seja! Não é isso que importa! Você não me odeia, você me adora! – exclamei

- E o que é que importa? A quem você está tentando impressionar? Àquele tal Lord Hodgson? Eu vi como vocês dois se olharam ontem à tarde no rio? Você está tentando me usar para fazer ciúmes naquele sujeito? – questionou ele

- Agora o doido aqui é você! Impressionar aquele sujeito, era só o que me faltava! Pare de falar besteiras, e daquilo que não sabe, seu detestável! – respondi irado. O Conor me conhecia tempo suficiente para saber o que se passava na minha mente. – Esteja lá às 20:30 horas e seja pontual!

Apesar de ter planejado tudo nos mínimos detalhes, confesso que estava bastante nervoso. Se alguma coisa desse errado, o Russell teria mais um motivo para tripudiar sobre mim, e ele já tinha uma coleção deles.

Minhas irmãs dariam ótimas atrizes. Quando lhes contei meu plano pedindo sua ajuda, elas concordaram imediatamente prevendo uma noite bastante divertida. As duas mais velhas se mostraram um pouco reticentes no começo, afirmando que aquilo não passava de mais uma das minhas molecagens que tinha tudo para dar errado, mas acabaram sendo convencidas pela mais nova que tinha aversão ao primo Russell tanto quanto eu. Aproveitei a ocasião para lhe perguntar por que detestava o Russell e não escondia seus sentimentos.

- Pelas coisas que ele fez e faz com você desde que você era criança! – respondeu-me ela. – Ou você acha que eu não vi certas coisas? – gelei quando ela mencionou ‘certas coisas’, pois o Russell tinha feito algumas bem abomináveis comigo.

- O que você quer dizer com isso? – atrevi-me perguntar, só porque estávamos sozinhos e ninguém podia nos ouvir.

- Eu vi o dia em que ele arrancou as tuas calças e mexeu no seu pênis, enquanto você lutava, sem a menor chance, para se livrar da mão dele. Também presenciei aquela vez quando você já estava no início da adolescência e ele te obrigou a colocar o pênis dele na boca, e você ficou chorando pelo restante do dia. Ele fez essas cosas com você porque sabia que o nosso pai não estava em casa. – revelou ela, me deixando humilhado e envergonhado.

- E com você ele tentou fazer alguma coisa alguma vez? – perguntei, sabendo das cafajestadas que o Russell era capaz de fazer. – Diga a verdade, Sarah! – exigi.

- Não, comigo ele nunca tentou nada, eu juro! Mas tenho medo de ficar sozinha com ele. – confessou ela.

- Um dia vou fazer esse desgraçado pagar por tudo, Sarah! Juro que vou!

O Sr. Bayle estava de cara amarrada comigo por ter inventado toda aquela história com o Conor. Quando o criado o fez entrar na sala de visitas principal, ele me lançou um olhar de censura, mas deu seguimento ao planejado.

Ele estava lindo. Não apenas eu constatei isso, as minhas irmãs também. Aquele Conor espadaúdo com os cabelos penteados, o que nunca ninguém tinha visto, aquele sorriso contido e aquele corpão másculo coberto por roupas alinhadas não era o mesmo que perambulava pela propriedade infernizando a vida de todos os criados e de quem lhe aparecesse pela frente. Eu imediatamente senti um espasmo no meu cuzinho, e demorei a tirar o olhar de cima dele, lembrando-me da tarde da antevéspera quando o senti pulsando dentro de mim; minhas primeiras palavras saíram gaguejadas e o danado piscou para mim.

O Russell quis dominar as conversas vangloriando-se de seus inúmeros casos, cuja metade certamente não passa de mentiras. Os amigos dele já deviam estar acostumados com suas falácias e pouca atenção prestavam a ele; minhas irmãs despertavam mais a atenção deles do que as epopeias de um falastrão. O Conor lhe dava corda, se fingindo de interessado, e ria quando ele se via encurralado pela própria mentira, o que deixava o Russell visivelmente contrafeito e furioso. Lord Hodgson procurava puxar conversa comigo, e eu estava nas nuvens com a simpatia e a atenção que ele me dedicava, sem se incomodar com mais nada à sua volta.

Foi engraçado ver como os talheres pareciam pequenos nas mãos do Conor durante o jantar. Ele os manipulava com todo cuidado, tenso e preocupado em não deixar nenhum deles deslizar de sua mão que estava um pouco trêmula, o que me divertiu, e o fazia torcer a expressão como se estivesse rosnando para mim. Felizmente não houve nenhum incidente, e ninguém naquela mesa poderia jurar que o Conor não era igualmente um Lord como qualquer um dos outros. Até a cara do Sr. Bayle tinha se desanuviado, quando viu como seu pupilo tinha assimilado bem seus ensinamentos.

A constante troca de olhares entre o Conor e eu não passou despercebida do Colin. Estava claro que ele tentava decifrar o tipo de relacionamento que havia entre nós, e isso o fazia agir com cautela, medindo bem as frases que me dirigia, para não ser apanhado com uma surpresa desagradável. Isso só me deixou ainda mais intrigado. Teria ele se impressionado comigo como eu ficara com ele? Impossível! Colin era um homem maduro e responsável aos 26 anos, estivera na Índia e nos Estados Unidos, além de alguns países europeus acompanhando o pai; tinha a desenvoltura de um homem de negócios e a perspicácia de uma raposa. O que o faria se interessar por um jovem que acabara de chegar a maioridade e que não conhecia praticamente nada além daquele castelo e das terras que o cercavam, sendo tão ingênuo quanto uma das suas irmãs donzelas? Mas eu estava a criar fantasias enquanto o ouvia falar, e todas elas estavam de certa forma vinculadas ao prazer que o Conor me fez descobrir às margens do rio, há dois dias atrás.

- Vamos caçar amanhã pela manhã, Lord Donnell. Não nos daria a honra de sua companhia? – perguntou o Russell pouco antes do Conor se despedir como um verdadeiro gentleman. Precisei segurar o riso quando o Russell pronunciou respeitosamente – Lord Donnell – o mesmo aconteceu com minhas irmãs e o Sr. Bayle.

- Não sou um grande aficionado pela caça, mas faço muito gosto em acompanhá-los! – respondeu o Conor, que era um caçador exímio e talentoso. Um sorriso de triunfo antecipado se formou na cara do Russell, o que prometia mais diversão à vista.

- Estaremos a sua espera Lord! – exclamou meu primo

Acompanhei o Conor até o lado de fora da escadaria da entrada, e pulei de alegria no pescoço dele assim que ficamos a sós.

- Você foi maravilhoso! Obrigado, meu amigo! Obrigado, Lord Connell! – exclamei eufórico

- Me deve muitos favores agora, Lord Trevor, e eu vou te cobrar, pode ter certeza! – retrucou ele, rindo comigo.

- Abusado! Não fez mais que a sua obrigação! – devolvi, me esquecendo de soltar aquele pescoço vigoroso no qual continuava pendurado, e daquelas mãos que me seguravam acintosamente pela cintura.

- Obrigação? Eu não tenho obrigação nenhuma para com um nobrezinho metido a besta! Não sou seu empregado, e devia ser regiamente recompensado por te apoiar nessa farsa toda. – afirmou.

- Chucro! Eu devia mandar te açoitar para você parar de falar comigo desse jeito. E também pelo que fez comigo no rio anteontem. – proferi

- Você também gostou, não foi? Quando vamos fazer de novo? – perguntou ele, me encarando cheio de cobiça

- Nunca! Não se atreva a chegar perto de mim outra vez, está entendendo! – protestei

- Então porque continua pendurado no meu pescoço e me abraçando desse jeito? Eu estou de pau duro! – eu nem desconfiei que o que estava me cutucando a coxa podia ser o cacetão dele, e quando me contei conta procurando me desvencilhar dele, ele puxou minha cabeça pela nuca e colou sua boca na minha, enfiando despudoramente sua língua devassa dentro dela. Outro daqueles espasmos contraiu meu cu, e eu não tive mais pressa de me soltar dele.

O alvoroço começou cedo na manhã seguinte no pátio lateral do castelo. Os criados haviam atrelado os cavalos, um bando deles carregava lanches, garrafas de vinho, rifles extras e toda a parafernália que permitisse aos caçadores um dia de caça bem-sucedido nas terras da propriedade. Resolvi, pouco antes de me deitar na noite anterior, que me juntaria a eles, mesmo que a caça de pobres animais indefesos nunca tenha me seduzido. Contudo, eu estava curioso pelo fato do Conor ter aceitado o convite do Russell para participar da caçada, pois até onde me constava ele também prezava pela vida selvagem. O que me preocupava era aquele entrosamento entre os dois, uma vez que eu pensei que eles jamais se entenderiam, por terem personalidades muito diferentes. O outro motivo que me levou a levantar cedo e vestir meus trajes de montaria chamava-se Colin Hodgson. Fiquei tão impressionado por aquele homem no rio que acabei tendo sonhos libidinosos com ele a noite toda. Cheguei a despertar todo suado após ter a nítida sensação de ele estar inteiro dentro de mim, como o Conor havia estado, e que eu colaborava ativamente para saciar a cobiça que brilhava em seu olhar.

- Acho que esqueceram de te avisar, Trevor, esse é um esporte para homens. – afirmou o Russell começando suas provocações. – Você sabe segurar numa espingarda, priminho? Talvez fosse melhor você ficar bordando com suas irmãs, é uma tarefa mais delicada, própria para mancebos adamados como você. O abate de um cervo pode fazê-lo desmaiar. – continuou, procurando o apoio dos outros para rirem de seu comentário.

- Não se preocupe comigo, querido primo! Não sou tão delicado quanto você pensa, saberei me virar à contento. – revidei.

O Russell estava emprenhado em mostrar ao Conor suas habilidades. Não sei o que o levou a querer se sobressair a ele, como se quisesse lhe dar uma lição, ou provar que ele era mais macho do que ele. O estranho naquilo era o Conor compactuar com essa bobagem.

- O que deu em você, para se mostrar tão amigo do meu primo? Você sabe que ele não vale nada, eu já te contei a história dele uma centena de vezes e você mesmo teve a oportunidade de presenciar seus descalabros das outras vezes em que esteve em Langford. – questionei

- Está com ciúmes? – devolveu-me ele

- Não seja ridículo! Vocês dois são dois patetas, não gosto de nenhum de vocês, por que haveria de ter ciúmes?

- Talvez por que somos os únicos homens que já bolinaram com você! Raiva e amor são faces opostas da mesma moeda. – sentenciou ele

- Você é um bestalhão Conor! Um grande bestalhão!

O grupo entrou no bosque aos pares mantendo uma distância razoável entre si. O Colin e eu fazíamos a dupla retardatária. Eu fiquei contente quando ele deixou os amigos tomarem a dianteira e se juntou a mim, mostrando o mesmo desinteresse pela caçada que eu. Ele nem se dera ao trabalho de carregar a espingarda, pendurou-a sobre o ombro e começou a puxar conversa comigo. Os assuntos fluíam fáceis entre nós, como se já nos conhecêssemos desde há muito. Ele era gentil e espirituoso, seu interesse por mim era evidente, mas as perguntas que me fazia para descobrir mais coisas sobre mim eram feitas com cautela. Quando eu lhe sorria ele ficava como que inebriado, e até um pouco tímido, talvez pelo que lhe estava a passar pela cabeça nesses instantes. Caminhávamos tão próximos que nossos ombros se trocavam com frequência. Eu sentia um arrepio cada vez que isso acontecia, mas confesso que ficava com vontade de sentir a solidez que aquele ombro podia oferecer a uma cabeça reclinada sobre ele.

Com quase três horas de caminhada dentro do bosque, a primeira dupla avistou um cervo, um macho novo e forte com a galhada bem formada. Ele estava parado e atento entre os troncos das árvores, numa posição a favor do vento o que não lhe permitia sentir os odores dos caçadores. Russell foi o primeiro a se posicionar, mirando a espingarda contra o pobre animal. Conor, Lord Stanley e Lord Lochlyn o seguiram, enquanto meu coração gelava. As chances do animal eram mínimas com tantas armas apontadas para sua cabeça. Russell ergueu o braço, um sinal para todos manterem silêncio para não denunciar nossa presença o que afugentaria o cervo. Eu precisava agir, e rápido, ou não conseguiria salvá-lo de um fim cruel. A poucos centímetros do meu pé esquerdo havia um galho seco que não se apoiava completamente no chão forrado de folhas secas. Ergui o pé, o adiantei o suficiente para poder pisar sobre o galho, parti-o ao meio num estalo que pôs o cervo a correr, frustrando os caçadores.

- Você não me viu sinalizar, seu viado idiota! Caralho, ele estava sob a minha mira, seria um tiro certeiro! – esbravejou o Russell, desejando sua raiva sobre mim e quase me agredindo. – Nem caminhar no mato você sabe! Vá aprender a cozinhar, seu maricas!

- Peço desculpas, senhores, não vi o galho seco sob meu pé! – exclamei rindo por ter feito o Russell perder o seu trunfo. Quando olhei para o Lord Hodgson de soslaio ele se divertia tanto quanto eu, disfarçando o riso ao olhar para o chão. O Conor piscou na minha direção, o que me fez compreender que ele também ficara feliz de o cervo não ter sido abatido.

- Acontece! O próximo há de não ter tanta sorte! – disse o Conor diante da cara irada do Russell.

- Só acontece porque esse viado não presta atenção por onde anda! – retrucou meu primo.

- Posso ser um pouco intrometido? De onde vem essa desavença toda entre você e o Russell? – perguntou-me o Colin, quando os demais se afastaram novamente de nós.

- Ele me elegeu como sua vítima, isso quando ainda éramos crianças, e desde então só tem caçoado e me subjugado das formas mais vis que se pode fazer. Creio que faz isso para compensar a humilhação do pai dele e toda a família ser sustentada pelo meu. Me chamando de pederasta ele se sente mais homem, a única coisa que o faria estar numa posição mais privilegiada que a minha. – respondi

- Não precisa me responder se não quiser. Mas, existe alguma base nas afirmações dele? – indagou o Colin, me deixando sem-graça.

- Meu primo não tem como provar o que diz! No entanto, tenho passado por transformações ultimamente que me fizeram questionar quem realmente sou e o que quero da vida e, talvez possa haver um fundo de verdade com o qual estou tentando lidar. – respondi sincero.

- É muito nobre de sua parte ser tão sincero com um estranho como eu que acabou de conhecer. Fico lisonjeado com sua franqueza. E feliz, se posso ousar tanto? – disse o Colin

- Feliz? Como assim?

- Feliz por que isso talvez signifique que tenho uma chance com você! – parei de caminhar e o encarei, será que ele está me dando uma cantada? – Eu o ofendi, foi isso! Me perdoe Trevor, não foi minha intenção ofendê-lo! Sou um desastrado, me perdoe, sinceramente! Como pude ser tão desajeitado? – retrucava ele, pela maneira como eu o encarava.

- Que chance seria essa, Colin? – perguntei com um sorriso doce, o que lhe deu a percepção de não haver cometido nenhuma afronta.

- A chance de te conhecer melhor! Desde aquela tarde no rio você não me sai da cabeça. Penso em você saindo nu das águas como se fosse Proteu que usou sua capacidade de se transformar só para me seduzir com sua beleza. – afirmou

- Sinto vergonha por vocês terem me encontrado naquele estado. Fui muito descuidado por me banhar sem estar com os trajes apropriados. – devolvi, sentindo minhas faces ardendo

- E eu só posso agradecer por ter tido a sorte de vivenciar aquele momento.

- Está me deixando sem-graça, Lord Hodgson! – talvez devêssemos mudar de assunto.

- Acho que você nunca perderá a graça, Lord Trevor! – exclamou sorrindo, ao segurar minha mão.

Um vento prenunciando chuva começou a soprar no meio da tarde e, sem que ninguém houvesse caçado nada, o grupo voltou ao castelo, com apenas o Russell praguejando seu infortúnio.

- Nos dará a honra da sua presença ao jantar, Lord Donnell? – perguntou meu primo, quando o Conor se preparava para montar no cavalo.

- Lamento não poder esta noite, Sr. Blethyn! – respondeu o Conor, o que deixou meu primo meio desconcertado por não ter sido tratado por Lord, coisa que ele realmente não era, e como costumava ser tratado por todos aqueles que tinham algum título. Eu sorri e pisquei na direção do Conor, ele estava tripudiando elegantemente com meu primo.

Enquanto tomávamos um licor na biblioteca depois do jantar, o Colin sentou-se ao meu lado no sofá de couro de apenas dois lugares e nossa conversa versou sobre os livros que mais haviam nos impressionado. Vez ou outra, meu primo fixava seu olhar sobre nós; um misto de inveja e raiva, parecia nutrir seus pensamentos, com aquela amizade com a qual ele não contava ao ter convidado o Colin para a temporada em Langford.

- O afrescalhado está enchendo seu saco com os romances água com açúcar que vive lendo? Cuidado meu caro Hodgson, isso pode ser contagioso, e você não é o tipo de homem que ficaria bem no papel de uma libélula como o Trevor. – provocou o Russell.

- Fique tranquilo, meu amigo! Seu primo é uma criatura tão nobre que certamente vai relevar seus comentários estimulados por algumas taças de vinho e, quanto a mim, sou perfeitamente capaz de discernir os sentimentos que qualquer romancista tenha descrito em suas histórias, sem que isso afete minha masculinidade. – retrucou o Colin, em minha defesa.

- Certamente, certamente, caro Colin! É tarde e o melhor que faço é me recolher. Boa noite, senhores! – o Russell sentia que estava perdendo o controle da situação. Outrora os amigos riam de suas bobagens, o que o incentivava a lançar todo tipo de insultos contra a minha pessoa, mas esse grupo que viera a Langford com ele já devia estar farto dele, e não o apoiava como ele esperava.

O dia seguinte amanheceu chuvoso, impedindo o grupo a sair para a caçada, o que determinou o mau humor do Russell pelo restante do dia. Ele era incapaz de ficar consigo mesmo, precisava estar sempre com pessoas à sua volta ou se entediava. Minhas irmãs monopolizavam a atenção de Lord Lochlyn e Lord Stanley, enquanto o Colin descobria em mim uma forte razão para continuar em Langford. Fosse apenas pelas caçadas ou a companhia dos colegas que vieram com ele de Londres, com os quais, na verdade, não mantinha laços muito estreitos, já teria voltado para o castelo de sua família em Rutland. Retê-lo em Langford o máximo possível tornou-se minha missão. Era a primeira vez que eu sentia aquela vibração em meu coração por um homem, e eu não estava disposto a abrir mão desse sentimento que dava um colorido especial aos meus dias, mesmo que do lado de fora o dia estivesse nublado como hoje.

Por seu lado, Colin fazia de tudo para ficar a sós comigo, longe dos olhares curiosos de seus colegas, procurando descobrir quem era, de fato, Trevor Manwarking e, se havia espaço no meu coração para o que estava disposto a me oferecer. Sua maior preocupação residia em Lord Donnell, que parecia estar ocupando o lugar que ele tanto almejava, com acesso irrestrito a mim e ao meu corpo, como conjecturou haver na tarde em que nos flagrou nadando nus no rio. A presença dele em praticamente todos os jantares confirmava haver uma relação bastante peculiar entre nós. A ascendência dele sobre mim era notória, apesar de Lord Donnell precisar exercer essa dominância com certa frequência para me manter onde desejava; pois, segundo sua percepção, eu era bastante relutante em me deixar subjugar por ele. Seria também essa reticência de minha parte que ele enfrentaria por querer o mesmo que Conor Donnell? A perspectiva desse desafio o instigava, lutar tanto para me possuir quanto para me subtrair de Lord Connell se lhe afigurava muito mais prazeroso do que as caçadas; não que em sua mente a analogia fosse semelhante.

Meu pai regressou a Langford no final daquela semana. A atmosfera da casa se transformava quando ele estava presente. Sem ele o castelo se parecia como um trono sem rei. Até a postura da criadagem se modificava, todos ficavam mais solícitos, mais cuidadosos em suas tarefas, mais discretos em suas falas. Com a chegada dele, a visita do grupo se tornou mais pomposa, os jantares se tornaram mais formais e se estendiam noite adentro com o tino que ele tinha para entreter convidados.

- Faz alguns dias que Lord Donnell não nos brinda com sua visita, há alguma razão para isso meu primo? – questionou-me o Russell certa noite quando todos estavam reunidos na sala principal.

Quase tive uma síncope, quando meu pai me encarou com aquele olhar inquisitivo, questionando-se quem seria esse tal Lord Connell. Minha irmã Sarah me acudiu a tempo, distraindo meu pai com sua astúcia e levando-o a se concentrar em outro assunto. Enquanto isso, minha irmã mais velha, que também estava com os ouvidos atentos e percebeu que eu poderia ser desmascarado diante de todos, respondeu em voz baixa que Lord Connell precisou fazer uma viagem repentina para resolver uma questão que ela ignorava, e ficaria ausente por algumas semanas. Eu sorri aliviado para as duas, festejando nossa cumplicidade.

Quem também ficou atento, assim que o nome de Lord Connell foi pronunciado, foi o Colin. Tudo que se relacionava com o Conor parecia interessá-lo. Ele notou como fiquei acovardado com a pergunta do Russell, e se perguntou que mistério se escondia por trás desse homem. Estaria ele mantendo um relacionamento secreto comigo, uma vez que relações homossexuais não podiam ser expressas livremente na sociedade, muito menos entre a aristocracia, embora elas fossem muito mais numerosas do que se podia imaginar. Colin começou a vislumbrar ali uma brecha que o favorecia. Se o Conor e eu precisávamos esconder essa relação do meu pai, é porque não devia contar com a aprovação dele, ou ainda, que ele nem suspeitasse da existência dela. De qualquer maneira, a ausência do Conor era algo providencial para suas intenções, com ele longe, ficava mais fácil me assediar e, quem sabe, conseguir o acesso a mim que tanto almejava. Sem o Conor por perto, eu me mostrei mais disponível, pois já não precisava ficar me preocupando com ele dando um eventual fora e expondo nosso trato secreto.

As semanas foram se seguindo, meu pai participou de algumas caçadas que, felizmente também não foram muito bem-sucedidas, com apenas alguns patos e faisões sendo abatidos. De qualquer forma, eu me mostrava desgostoso com essa matança inútil, e não deixava de expressar minha determinação de proibir a caça em Langford no dia em que assumisse o controle da herdade, uma vez que meu pai nunca me deu ouvidos nessa questão. Também foram promovidas duas festas em Langford com convidados vindos dos condados vizinhos, era a forma que meu pai tinha de manter seu prestígio social em toda aquela região.

Mesmo com o regresso do meu pai, o tédio do Russell não passou, e ele decidiu antecipar sua partida, o que me deixou num dilema. Se por um lado eu estava louco para me ver livre dele e de suas sandices, por outro ficaria sem o Colin, por quem eu já nutria secretamente um interesse que extrapolava a amizade, e por quem sentia um tesão incontrolável.

- Meus dias hão de perder o brilho sem as nossas conversas, Trevor! Eu fiquei encantado em te conhecer e vou sentir muito a sua falta. – confessou ele, dois dias antes da partida quando caminhávamos à noite pelo jardim.

- Eu também vou sentir muito a sua falta Colin! Você é um homem extraordinário! – devolvi, quando ele pegou minha mão entre as dele e ficamos parados, frente a frente, nos encarando apaixonadamente.

- Eu te quero, Trevor! – sentenciou ele, me puxando para junto de si e cobrindo minha boca com a dele, num beijo que começou pudico e suave, mas que foi se tornando devasso e lascivo, com ele metendo sem parar a língua na minha boca e chupando avidamente meus lábios.

Me estremeci todo. À semelhança do que havia acontecido com o Conor nas margens do rio, senti como meu corpo desejava aquele homem dentro dele, e não escondi essa disposição do Colin, que ia deslizando suas mãos cobiçosas sobre todo meu corpo, à medida em que lhe crescia a ereção. Um criado veio ao nosso encontro avisar que todos já haviam se recolhido, e perguntar se precisávamos de alguma coisa.

- Não obrigado, Jeremy! Pode avisar o Sr. Bayle para liberar a criadagem, nós também já vamos nos recolher. – respondi.

Eu havia me enfiado na cama, mas ainda sentia a concupiscência daquelas mãos vigorosas percorrendo meu corpo e não conseguia parar de pensar no Colin; naqueles olhos instigantes dele, naqueles ombros largos e sólidos, naquele tronco maciço e viril, naquele cacetão descomunal que eu só tinha visto uma única vez naquela tarde no rio, mas que me fazia querer sentir sua potencialidade vibrando no meu cuzinho. Fui tirado desse devaneio por batidas sutis na porta do meu quarto. Ao abri-la, não consegui controlar o sorriso franco e amistoso que se formou no meu semblante ao vê-lo ali parado só de ceroulas. Tão logo a porta se abriu, ele saltou sobre mim e me apertou em seus braços, sentindo a nudez aveludada e macia do meu torso lisinho e quente. Ele rodou a chave antes de me conduzir diretamente para a cama, beijando-me vorazmente. Eu mal havia tocado o colchão quando senti a mão dele dentro da minha ceroula apalpando minhas nádegas. Tive-a retirada na sequência, com ele igualmente se despindo e deixando a gigantesca ereção se encarregar de me encher de tesão. Ele se manteve em pé ao lado da cama, afagando meu rosto com ambas as mãos, enquanto meu olhar não conseguia se desviar daquele caralhão pulsando selvagemente diante dos meus olhos. Da cabeçorra completamente exposta gotejava um sumo translúcido e viscoso que foi enchendo o ar de um odor penetrante que adentrava minhas narinas e fazia meu corpo ser percorrido por um frenesi incontrolável, e meu cu piscar como um vagalume. Minha boca salivava estimulada por aquele aroma, querendo provar daquele fluido, o que me levou a pegar carinhosamente o cacetão na mão e abocanhar a glande estufada, sobre a qual fui fechando os lábios ao mesmo tempo em que os fazia deslizar sobre a pele sensível. O Colin soltou um rugido grave entredentes quando me sentiu sugando seu membro e seu sumo excitatório. Eu já havia sido forçado pelo Russell a ter seu pau enfiado na minha boca, o que na ocasião chegou a me provocar engulhos. Contudo, com o Colin estava acontecendo exatamente o contrário, quanto mais eu sorvia aquele fluido aquoso, mais vontade eu tinha de me apossar daquele caralhão pesado. Dirigi meu olhar para o rosto do Colin, sua expressão era de prazer e entrega, como se ele quisesse que eu me tornasse íntimo de seu dote, e me submetesse à sua masculinidade. À medida em que meu tesão aumentava, eu só pensava em explorar cada um daqueles muitos centímetros de carne trepidante e quente que minha boca percorria lambendo, chupando e mordiscando. O Colin agarrava minha cabeça e a afundava nos pentelhos denso e grossos, onde havia uma miríade aromas que inebriavam mais do que qualquer vinho, com isso a cabeçorra adentrava minha garganta e me sufocava, me obrigando a bater a mão espalmada sobre sua coxa peluda para não ficar privado de ar. A mão que se mantinha fechada ao redor de seu falo ia se movendo e fazendo deslizar a pele que o revestia, em movimentos de masturbação, o que fazia o sacão balançar sensualmente, me excitando e me deixando com vontade de acariciar e massagear os dois imensos colhões que havia dentro dele. O Colin mal conseguia ficar parado, com meu rosto afundado em seus pelos pubianos e minha boca voraz degustando seu falo e seus testículos com desvelo e carinho. Meus lábios já estavam lambuzados de pré-gozo e eu continuava chupando sem trégua a cabeçorra de onde ele fluía. As mãos dele começaram a comprimir a minha cabeça com mais força; a minha, espalmada sobre seu abdômen trincado, sentia a musculatura dele retesando, e quando o urro dele preencheu o silêncio do quarto, ele gozou na minha boca. Fui engolindo os jatos de sêmen que ele ejaculava numa abundância fértil, saboreando-os em deleite. Ele não conseguia parar de olhar para mim, maravilhado pela maneira carinhosa como eu devorava sua virilidade.

- Você é sempre assim, tão dedicado e carinhoso quando agrada um homem? – perguntou-me quando voltou a me tomar em seus braços.

- Bem, para lhe ser muito franco, não sei se agrado os homens como você supõem. A essa pergunta você deve responder, porque é a primeira vez que faço isso. – respondi sincero.

- Tem certeza? Seu primo nos contou que sua sede por machos não conhece limites. – retrucou ele

- Não vou tomar isso como uma ofensa! Você não me conhece e tem mais motivos para acreditar nele do que em mim. Não vou negar que não é a primeira vez que um pau é colocado na minha boca, o Russell me obrigou a isso algumas vezes ao tripudiar de mim, mas se ele afirmou que eu aceitei ou, lhe prestei favores, esteja certo que ele mentiu. O que fiz com você agora há pouco nunca fiz com homem algum, eu juro. – asseverei.

- Devo-lhe desculpas! Pela maneira como seu primo te trata não duvido que suas estórias sejam falsas, só para fazê-las parecerem verdadeiras. É que estou me sentindo tão embevecido pela maneira meiga e carinhosa como cuidou do meu falo que sinto ciúmes só de pensar que outro sujeito possa ter recebido a mesma dedicação. – afirmou arrependido

- O Russell é um cafajeste, sempre foi, desde que éramos crianças eu padeço nas mãos dele. Foram tantas coisas que fez comigo que até hoje eu o temo. Não como antes, quando era adolescente e não tinha como me defender dele; mas, às vezes, a maneira como ele olha para mim ainda me causa arrepios. – revelei

- Pois não tenha mais medo dele, eu te prometo que não o deixarei mais lhe fazer nenhum mal, nem mesmo lhe dirigir palavras levianas e ofensivas. Estou gostando muito de você, Trevor! – confessou

- Eu também, Colin! Foi justamente por gostar tanto de você que acabei fazendo o que fiz, e o faria muitas mais, se soubesse que isso te deixa feliz.

- Me deixa muito feliz, Trevor! Muito! – exclamou, inclinando-se sobre mim e percorrendo meu rosto com as pontas dos dedos.

Eu capturei um deles quando resvalou suave sobre meu lábio, e o lambi com sensualidade, como acabara de fazer com a glande de seu membro. Ele me beijou e eu enlacei seu pescoço, começando a abrir minhas pernas onde ele se achava encaixado, exprimindo o desejo que estava fazendo meu corpo todo tremer, como se uma febre houvesse se apossado dele. O Colin foi rumando com seus beijos úmidos pelo meu pescoço, espáduas, até se ver diante dos meus mamilos acastanhados com seus biquinhos enrijecidos pelo tesão. Ele circundou a ambos com a ponta da língua antes de chupá-los alternadamente e cravar seus dentes neles até me ouvir gemer. Quando os peitinhos estavam inchados de tanto ele os chupar, sua boca devassa desceu pelo meu ventre liso, beijando e mordiscando a pele lisinha e cheirosa. Eu me contorcia todo, sentia cócegas quando os pelos curtos da barba dele espetavam minha pele, e sentia que já não conseguia mais controlar o frenesi do qual fui apossado.

- Ai, Colin! – gemi, como uma declaração de desejo, que ele estava disposto a satisfazer.

Ele me virou de lado, apartou minhas nádegas e começou a lamber meu cuzinho afogueado. Puxei um travesseiro e cravei meus dedos nele quando senti o prazer me queimando o ânus. Ele alternava as lambidas no entorno do cuzinho com mordidas no rego, me deixando alucinado com aquelas sensações que nunca havia sentido. Ele subiu lentamente em mim; num relance que dei ao me virar para ver o que ele ia fazer, vi aquele caralhão novamente todo duro adentrado no meu reguinho estreito, onde o Colin o fez deslizar, sempre roçando na rosquinha anal. Fiquei apreensivo e segurei a respiração quando ele começou a forçar a cabeçorra contra meu cuzinho, bastou uma fração de segundo, uma distração tão fugaz, para que ele enterrasse seu órgão no meu orifício pequeno e apertado. Só tive tempo de fechar os olhos, trincar os dentes deixando o grito escapulir entre eles, enquanto ele entrava seco e voraz no meu corpo. A dor intensa e fina como o corte de uma lâmina me desassossegou e me fez afundar a cara no travesseiro para que o som dos meus ganidos não atraíssem curiosos ao quarto. Eu gania agudo, mais se parecendo com um miado, enquanto minhas faces rubescidas de dor e prazer despertavam nele uma tara selvagem. O Colin me estocava fundo, mas com cuidado, ao perceber como eu era apertado para receber algo tão volumoso como seu caralhão. Para me recompensar pela dor que estava me causando e pelos estragos, que naquele momento nem podiam ser mensurados, ele puxou meu rosto e cobriu minha boca com beijos lascivos, mas amorosos que eu ia aceitando e retribuindo, à medida que o sentia entrando todo em mim. Quando o senti pulsando dentro de mim, com uma energia semelhante a que havia sentido quando o Conor me possuiu às margens do rio, comecei a gozar, sem nem mesmo tocar meu pinto, tamanho o prazer que estava sentindo. O Colin viu meu gozo com alegria, aumentou o ritmo das estocadas, ignorando meus ganidos em detrimento do prazer que crescia dentro dele, fazendo o cacetão estufar e seus músculos abdominais se contraírem. O urro que ele liberou dessa vez foi mais intenso do que aquele que lhe emergiu dos lábios quando ejaculou na minha boca; e eu, com o cu ardendo, comecei a sentir ele se despejando em mim, o esperma escorrendo lentamente sobre a minha mucosa anal, num prazer sublime que ambos compartilhavam. Ele ficou abraçado comigo até pegarmos no sono, enquanto o cacetão dele amolecia lentamente e escorregava para fora do meu cu.

Eu estava na banheira quando ele veio ao meu encontro, sonolento ainda e esfregando os olhos, ao mesmo tempo em que me desejava ‘bom dia’, com a pica à meia-bomba. Ele me puxou para que ficasse em pé dentro da banheira e me beijou, palpando minhas nádegas molhadas, sentou-se na banheira me levando consigo, até eu ficar sentado em seu colo. Encostei minha cabeça em seu ombro e puxei seus braços para que voltassem a me envolver. Dava para sentir o caralhão latejando no meu reguinho e, aos poucos, fui erguendo a bunda até conseguir me sentar sobre ele, que foi deslizando devagar para dentro do meu cuzinho deixando o sacão de fora. Eu rebolava no colo dele, mantendo a ereção e prolongando o prazer do abraço dele enquanto conversávamos, ele me sussurrando na orelha o quanto tinha gostado do sexo que fizemos na noite anterior. A água já estava fria quando saímos da banheira e descemos para o desjejum. Cada passo me fazia sentir sua umidade viril, pois ele acabou se derramando novamente em mim dentro da banheira quando minha ampola retal ainda estava encharcada de esperma do gozo noturno.

Aquele seria o último dia dos nossos hóspedes; partiriam ao alvorecer do dia seguinte e eu precisava fazer uma confissão ao Colin. Tínhamos nos apaixonado, já seria difícil sustentar um relacionamento à distância por correspondência, portanto, não podia haver segredos que dificilmente poderiam ser esclarecidos sem uma conversa pessoal e franca. Eu tinha que dizer ao Colin quem era o Conor na verdade, e lhe explicar o que havia, e não, visto naquela tarde às margens do rio.

- Estou apaixonado por você Colin, e não sei o que será de nós daqui para a frente, mas quero que leve consigo uma imagem verdadeira de mim; por isso, preciso te revelar um segredo. – comecei, o que o deixou um pouco apreensivo e bastante atento às minhas palavras. – Conor Donnell não é um Lord, ele é um amigo, creio que o único amigo que sempre tive em Langford, filho de um dos meeiros de meu pai. Meu objetivo quando inventei essa estória era mostrar ao meu primo que eu não estava tão desamparado assim, que tinha amigos a despeito de ele me repudiar enquanto ligeiramente afeminado. O Conor se saiu tão bem desempenhando seu papel que foi justamente o Russell a ser feito de mais tolo, acreditando piamente tratar-se de um nobre, uma vez que ele, mesmo não sendo um, só respeita quem ostenta algum título. Minha intenção nunca foi fazer você, Lord Stanley ou Lord Lochlyn de tolos, eu lhe asseguro. A única coisa que não fazia parte desse plano, foi o que vocês presenciaram naquela tarde às margens do rio quando nos flagraram nus. E, é justamente nisso que está o segredo que preciso te revelar, pois não quero jamais mentir para você. O Conor tinha acabado de me desvirginar quando vocês apareceram, o que nos fez entrar rapidamente na água para disfarçar o que tinha acontecido. Eu juro a você Colin, que aquela foi a primeira e única vez que o Conor entrou em mim, e isso apenas se deu porque estávamos discutindo e, ele querendo mostrar sua supremacia de macho, me subjugou até seu instinto predador me ver como uma presa e o coito acontecer. Não foi nada parecido com o que houve entre nós dois na noite passada e esta manhã na banheira quando eu te quis de corpo e alma. – eu estava exausto quando terminei de falar, parecia ter um fardo de culpa pesando sobre mim.

- Desde o dia que cheguei a Langford notei a estreita relação entre você e o Conor. Passei dias tentando adivinhar até onde ia esse relacionamento e, confesso, estive enciumado esse tempo todo, até agora, quando você resolveu se abrir comigo. Não parto totalmente sossegado deixando vocês dois aqui, preciso admitir. Porém, depois do que você me contou, confio em você e no que diz sentir por mim. Eu prometo que vou pensar numa maneira de ficarmos juntos o mais breve possível, para sempre. Eu te amo, Trevor e, a despeito de tudo que teremos que enfrentar, eu estou disposto a viver ao seu lado cada um dos meus dias. Só lhe peço paciência, e que espere por mim do jeitinho que está agora, sem que ninguém mais te toque enquanto eu não puder fazer isso. – retrucou ele

- Eu estarei aqui, à sua espera, meu amor!

O Colin me pegou com força naquela nossa última noite juntos. Eu já estava bastante sensível com as pregas anais edemaciadas pelos coitos anteriores, e gemi muito quando ele bombava meu rabo com furor.

- Está doendo? – perguntou-me quando a tara desmesurada guiava suas ações. Ele sabia que estava doendo, mas eu continuei apenas soltando os ganidos agudos e longos, pois queria que ele soubesse que eu já era totalmente dele.

Eu não sabia nada sobre paixões e sexo, mas meu instinto me dizia que machos como o Colin demarcam seu território e era exatamente isso que ele estava fazendo ao me foder daquela maneira que queria ser carinhosa e que ao mesmo tempo determinava sua posse.

Quando a carruagem deles fez a curva da estrada e desapareceu entre os plátanos enfileirados, meu coração estava despedaçado e meu rosto coberto de lágrimas. Nunca uma despedida e uma partida me marcaram tanto, e nem deixaram aquele medo de nunca mais voltar a ver o Colin.

Eu havia sonhado com o Colin a noite toda e despertei com a sensação de ele estar aconchegado nas minhas costas, até seu calor e sua respiração eu podia sentir na minha nuca, bem como seu braço pesado sobre a minha cintura. Ainda não havia amanhecido completamente, ou seria mais uma daquelas manhãs nubladas com as nuvens carregadas de chuva, quando lenta e confusamente comecei a abrir os olhos. Não era um sonho, minha ceroula estava arriada e algo rijo pulsava sobre as minhas nádegas.

- O que faz aqui? Como se atreve, seu sacripanta! Quem te autorizou a entrar no meu quarto, na minha cama? – esbravejei, quando, ao me virar, dei de cara com o Conor completamente nu enrodilhado em mim.

- Bom dia! É com esse humor azedo que você acorda pela manhã? – balbuciou ele

- Quando dou de cara com um cafajeste, sim! O que pensa que está fazendo? Saia imediatamente do meu quarto ou vou começar a gritar. – ameacei.

- Como aquele sujeitinho partiu ontem, eu pensei que você estivesse precisando de companhia. – respondeu o safado, espreguiçando-se e rolando para cima de mim.

- Pare com isso Conor, ou eu .... – não consegui terminar a ameaça, ele selou minha boca com a dele, prendeu meus braços e prensou meu corpo contra o colchão com seu peso.

- Ou você o quê, Trevor? Aposto que você não me esqueceu, mesmo tendo se distraído esses dias todos com aquele duquezinho. Aquela tarde nas margens do rio foi boa, não foi Trevor? Eu estou aqui justamente para isso, vamos fazer novamente, eu sei que você também quer. – disse ele, me encarando como um lobo faminto encara um cordeiro.

- Não com você! Eu me apaixonei pelo Colin, é só ele quem eu quero! – exclamei, lutando para me desvencilhar

- Você é um bobalhão! Passou uns dias na companhia daquele sujeito e acha que está apaixonado. Você se apaixonaria até por um varrão se visse o cacete dele. Como chegou a sentir o cacete do sujeito no seu cuzinho pensa estar apaixonado. Até a algumas semanas atrás você era um mancebo virgem e tão ingênuo que chegava a ser burro. O pouco que conhece da vida leu naqueles livros que passa horas lendo cheios de estórias melosas, mas que nada tem com a realidade. Bastou o espertalhão, e diga-se de passagem, bem mais velho e experiente do que você, perceber a sua ingenuidade e logo deu um jeito de se apossar da sua bunda. – sentenciou cruel

- O Colin não é velho, sete anos de diferença não fazem dele um velho. Ele é um homem inteligente, viajado, experiente, afetuoso e gentil que também se apaixonou por mim, e não apenas pela minha bunda. Quem só pensa na minha bunda é você que é um cafajeste aproveitador. – devolvi – E trate de me soltar, meus pulsos já estão ficando adormecidos de tanto que você os está apertando. – ordenei

- Eu penso na sua bunda, sim! Eu te quero porque gosto de você. Sou macho e você tem uma bunda muito gostosa e linda que precisa ser domesticada. Eu sinto no seu cheiro que você gosta de me ver excitado, e isso me deixa maluco. Sua pele tem uma mistura de cheiro de medo e tesão, o que deixa um predador insaciável como eu com todos os sentidos em alerta, e o pau duro como você mesmo pode comprovar. – afirmou, esfregando sua ereção melada na minha bunda.

- Você é um grande mentiroso, Conor! Se gostasse de mim não estaria de caso com aquela garota que você vai encontrar na vila, enganando a nós dois. – afirmei

- Como você sabe que eu me encontro com uma garota? Isso não é da sua conta! Você nem sabe o que rola entre nós dois. – questionou ele

- Não importa como eu sei, eu sei, essa é a verdade. Um passarinho me contou que viu você e uma garota num comportamento para lá de suspeito.

- Esse passarinho não sabe de nada! Você por acaso está com ciúmes? Não há mal algum em eu me encontrar e fazer algumas coisas com uma garota e com você também. Sei exatamente o que cada um de vocês precisa e gosta, e tenho como satisfazer a ambos. – asseverou o safado

- Eu te odeio, Conor! É nisso que reside a grande diferença entre o Colin e você. Ele me ama de verdade. Quando estivemos juntos o olhar dele era bem diferente do que o seu agora. Ele me encarava com paixão, seus olhos tinham o brilho do amor, e não esse que está aí os teus olhos, onde só consigo enxergar a cobiça, a necessidade de me dominar, de querer me mostrar sua supremacia. Eu não sou o bobalhão que você afirma. Aqueles livros que você me acusa de ler, me ensinaram a reconhecer a alma das pessoas, a enxergar além daquilo que elas dizem. Por isso, sei muito bem distinguir os sentimentos do Colin dos teus.

- Você não me odeia, você sente tesão por mim, você me quer como homem, eu sinto isso toda vez que me aproximo de você, ou você acha que eu nunca percebi como você me encarava quando eu estava sem camisa, ou como fica disfarçando o olhar que dirige ao meu pau?

- Eu te odeio sim! Porque você está querendo me pegar à força. Eu posso ter olhado para você, afinal você era muito diferente quando éramos crianças e foi ficando cheio de músculos, começaram a crescer todos esses pelos pelo seu corpo e esse troço que você está roçando em mim ficou desse tamanhão. Eu gostava de você, era o único garoto da minha idade em Langford, aquele irmão que eu nunca tive era você quem supria. Eu sempre fui seu amigo, e agora você quer me obrigar a fazer coisas com você que eu não quero, por isso eu te odeio! – esbravejei, fazendo a expressão dele mudar completamente, e ele sair de cima de mim.

- Viu o que você conseguiu com essa conversa toda, meu pau até adormeceu de tão chata que ela é. – sentenciou, para sair daquela situação sem sua imagem de macho arranhada e o orgulho ferido. – Eu também sempre fui seu amigo, você não pode negar. Até me propus a fazer aquele papel de duque Donnell para você enganar seu primo. Sempre fiz tudo que você queria, por que gosto de você. Aquela tarde no rio você também quis, eu não fiz nada que você também não quisesse, e você sabe disso! – retrucou

- Eu nunca disse que você fez alguma coisa comigo que eu também não quisesse. Eu quis naquela tarde, é verdade, eu queria saber como é beijar outro homem, poder abraçá-lo, e não estou reclamando de você ter entrado no meu corpo e me fazer sentir todas aquelas sensações. Mas, desde que conheci o Colin eu não quero mais, a menos que seja com ele, só com ele. – afirmei

- Então você vai morrer encruado! Pois eu duvido que aquele sujeito, que pode ter tudo e todas que quiser, vai se importar com um bestalhão feito você que não conhece nada desse mundo, e volte um dia a te procurar. – profetizou enciumado

- Ele vai voltar sim! Nós vamos encontrar um jeito de ficar juntos, estamos cheios de planos, e vamos realizar todos eles, ele e eu, nos amando. – asseverei.

- Se você é tão burro que acredita nisso, o que é que posso fazer? Mas, enquanto isso, você bem que podia dar mais atenção para isso aqui, viu como ele já está louco para entrar em você outra vez.

- No dia em que eu for o mandante em Langford, vou mandar te castrar, como fazemos com os bois e carneiros, seu sem-vergonha abusado! – ele riu, permaneceu deitado de costas ao meu lado com as mãos apoiando a cabeça e as pernas bem abertas, numa explícita demonstração de sua virilidade e procurando me fazer mudar de ideia com aquele mastro gigantesco e grosso brotando do meio de suas coxas peludas.

Eu não conseguia sentir raiva dele, mesmo nessas situações; nem ele deixava de sentir o que sentia por mim, apesar de eu procurar me envolver com outro homem. Nossa amizade tinha disso, sabia ser generosa e compreensiva, sabia não sobrepor a raiva ao amor, sabia conceder a liberdade do outro porque ela não significava a perda daquilo que havia sido construído entre nós durante anos.

Dez dias depois de sua partida de Langford recebi uma carta do Colin, me convidando a passar umas semanas em Rutland por ocasião de seu aniversário comemorado no segundo mês do outono. As palavras escritas numa letra um pouco inclinada e bonita diziam as mesmas coisas gentis e amorosas de suas conversas reservadas comigo. Mencionavam a saudade que ele estava sentindo e a vontade de me ter em seus braços o mais brevemente possível. Também antecipou, sem entrar em detalhes, que achava que tinha encontrado uma solução para ficarmos juntos e vivermos como um casal. Essa última parte da carta me deixou eufórico, o Colin e eu, um casal, era o meu maior sonho desde que pus os olhos nele pela primeira vez.

Fiz questão de esfregar a carta na cara do Conor, ressentido enciumado que havia tripudiado da minha crença.

- Ele não me esqueceu, como você quis me fazer acreditar, viu! Ele me quer, leia aí, está mais claro do que água, palavra por palavra, veja você mesmo!

- Que ele te quer eu nunca duvidei, resta saber se ele quer tudo ou só essa bunda gostosa. – desdenhou ele

- Você só pensa em besteiras! Ele me ama, você viu na carta, ele escreveu – eu te amo, querido Trevor – ele me ama pelo que sou. – reafirmei, feliz como um passarinho nas primeiras semanas da primavera. O Conor limitou-se a me dirigir um rosnado.

Eu nunca havia me ausentado por tanto tempo de Langford e, sozinho; era um fato inédito. Percorrer os cerca de 115 quilômetros que separavam Langford de Rutland tinham para mim a mesma grandiosidade de cruzar um oceano. Vivendo praticamente recluso por dezoitos anos em Langford, sem nunca ter ido mais longe do que Londres, fazia daquela viagem uma verdadeira epopeia. Duas semanas antes da viagem eu começava os preparativos numa ansiedade que estava deixando meu pai e minhas irmãs completamente malucos, não falava de outro assunto e mal dormia contando os dias restantes que não passam nunca.

- Por que não quer caminhar comigo até a vila, faz dias que não temos um dia de céu tão limpo e claro? – perguntou-me o Conor, ao vir me procurar.

- Estou muito ocupado com os preparativos da viagem, é no próximo sábado, tenho muito o que fazer. – respondi, para dispensá-lo

- Ninguém precisa de uma semana para jogar algumas roupas nas malas. Além do mais, não é você quem vai fazer isso, a casa está cheia de criados que precisam se desdobrar para atender suas exigências fúteis. – disse ele, contrariado.

- Você não entende nada disso! Nunca viajou, exceto aquela vez que foi conosco a Londres, como pode querer me dar conselhos? – retruquei

- Bestalhão! – exclamou casmurro. De uns tempos para cá ele tinha deixado de me chamar de burro e tinha encontrado esse novo adjetivo, que expressava com a boca cheia para lhe dar mais ênfase.

- Bestalhão é você! Não pense que só porque mudou o adjetivo que eu desisti de pedir ao meu pai para expulsar você e sua família de nossas terras. Você é muito abusado! E um cretino também! – revidei. Ele, como sempre, riu debochando da minha cara zangada.

- Você vai fazer sexo com aquele sujeito? – perguntou ele, me deixando boquiaberto.

- Isso não e da sua conta, seu sem-vergonha! Suma da minha frente, nunca mais quero olhar para essa sua cara de pervertido. – devolvi furioso

- Se for para isso que está viajando tão longe, não precisa ir, pode ficar aqui e você e eu podemos fazer as mesmas coisas que você faria por lá! – o descaramento dele não tinha papas na língua.

- Eu estou te avisando, Conor, se você não parar com isso eu vou falar com o meu pai, juro! Depois não adianta querer pedir perdão. – voltei a ameaçar.

- Nunca vou pedir perdão para você, é você quem devia me pedir perdão, e de joelhos! – exclamou petulante. – Fui eu quem te descobriu primeiro, você é meu, e não daquele sujeitinho intrometido.

- Não diga bobagens! Não sou sua propriedade, e nem de ninguém, está me ouvindo? Você só está fazendo esse papelão porque quer provar que é mais homem do que o Colin. Você está me disputando com ele nessa sua cabeça de tarado.

- Você é um ingrato cruel, Trevor Manwarking! Um ingrato, muito ingrato! – rugiu birrento.

- Se o Colin não tivesse aparecido na minha vida você nunca agiria dessa forma. Você gosta muito mais daquela garota do que de mim, ou pelo menos gosta de um jeito diferente. Você é um sujeito que vai se casar, ter filhos e ser feliz dessa maneira. Alguém como eu nunca vai poder te proporcionar tudo o que você almeja. Deixa de ser cabeça-dura e pare de me importunar só querendo enfiar nessa coisa monstruosa, sempre dura, no meu corpo.

- Desde quando você sabe do que eu gosto ou não? – questionou altivo.

- Dessa vez eu vou ser bonzinho com você, vamos fazer a caminhada, mas não pense que estou cedendo às suas imposições, entendeu, sacripanta! – ele riu, me abraçou e colou um beijo molhado na comissura labial, o que me levou a dar um beliscão no braço dele.

Quando eu analisava as personalidades do Conor e do Colin ficou muito evidente se tratar de dois homens conhecedores de sua masculinidade, de seu poder enquanto machos e de sua necessidade de satisfazerem seus instintos primais fosse com mulheres ou homossexuais como eu. Eles indistintamente encontravam prazer em ambas relações, pois tinham aquela personalidade alfa de predadores no topo da cadeia alimentar e social. O comportamento do Conor era fruto dessa personalidade e sua reação foi a mesma que qualquer alfa teria se seu território fosse invadido por outro alfa cobiçando e querendo se apossar daquilo que ele, em sua mente, tinha como exclusividade sua.

As semanas em Rutland passavam voando. Desde a minha chegada comemorada festivamente pela família do duque Blethyn, particularmente pelo Colin, não tive um momento de tédio, todos se empenhavam para fazer da minha estada um evento memorável. Lord Blethyn conhecia meu pai da corte, tiveram a oportunidade de estar juntos em Londres diversas vezes e, pela simpatia que o duque me dedicava percebi que ele e meu pai também tinham um relacionamento bastante amistoso. Por estar em seu ambiente, o Colin estava mais confortável e atrevido. Já na primeira noite me levou ao seu quarto e me fez sentir o tamanho da saudade que estava de mim e das minhas carícias. Os primeiros dias foram tão intensos nesse aspecto que eu tinha dificuldade para me sentar e caminhar com meu cuzinho ardendo como ferro em brasa, e toda aquela porra que o Colin ejaculava dentro dele. Pedir-lhe moderação era o mesmo que lhe pedir para parar de respirar, e eu não tinha vontade alguma de cercear seus desejos que eram os mesmos que os meus.

Retomamos aquelas longas conversas interrompidas quando ele deixou Langford, pois tínhamos ideais e sonhos muito parecidos. Ambos estávamos cientes de que aquele modelo de sociedade estava com os dias contados, que a maneira como nossos pais estavam conduzindo aquilo que herdaram, por sua vez de seus pais, não tinha futuro. Essas fortunas estavam se dilapidando à medida que mais e mais herdeiros tinham que as repartir entre eles. Eram fortunas que custeavam luxos e regalias e não eram producentes. No meu caso, em específico, os dotes das irmãs consumiriam cerca de 30% da fortuna do meu pai, o restante estaria nas minhas mãos e, sem herdeiros, pois na minha condição jamais os teria; seria novamente redistribuído entre as minhas irmãs, caindo diretamente nas mãos dos cunhados. Apesar de estar recluso numa região rural, longe dos acontecimentos da efervescente Londres, eu procurava estar informado do que acontecia mundo afora. Havia uma revolução em curso, deflagrada há alguns anos e capitaneada pela Inglaterra, e que estava paulatinamente redirigindo os rumos da economia e da sociedade. Eu queria que a fortuna do meu pai revertesse em progresso, em melhoria das condições das pessoas que trabalhavam para nós, e da sociedade local como um todo. Era preciso incorporar máquinas naquele estilo arcaico das nossas lavouras de algodão e cereais, tornando o sistema mais produtivo. Ao invés de apenas cultivarmos o algodão e produzirmos tecidos em teares manuais, era preciso mecanizá-los, tratando a cultura desde a semente até um tecido final que pudesse ser consumido. O dinheiro precisava nos dar retorno por si só, através de financiamentos para outros empreendedores, em troca de juros, criando um mercado financeiro. O transporte precário dependente da tração animal, lerdo, custoso e demorado precisava ser modernizado. Trevithick fazia pouco mais de uma década tinha posto a correr sobre trilhos a primeira locomotiva a vapor; há questão de quatro anos Stephenson tinha se valido de uma máquina aperfeiçoada que, acoplada num comboio sobre trilhos, puxava o material de dentro das minas de carvão e coque, eu já as via transportando pessoas e outros tipos de carga de cidade em cidade por uma via exclusiva e, portanto, mais rápida e mais segura. Todos esses planos também fervilhavam na cabeça do Colin, suas ideias eram tão parecidas com as minhas que pareciam ter sido pensadas em conjunto. Como ele havia viajado mais do que eu, seus projetos iam além-mar, para as colônias, onde havia infindáveis oportunidades de negócio. Era disso que falávamos, com um entusiasmo renovado, por termos encontrado um no outro, um interlocutor com os mesmos ideais. No restante do tempo nos amávamos, deixando a paixão correr solta, saciando nossos corpos e nossa alma. Foi como se, de repente, eu encontrasse a chave da minha fechadura, o convexo do meu côncavo, aquele que me fazia mais completo. O Colin representava tudo isso para mim, e estar ao lado dele, dormir em seus braços, sentir seu falo irrequieto pulsando dentro de mim era a definição de felicidade.

Havia um porém; como dar vazão a todos esses projetos e a uma vida em comum numa sociedade que condenava a sodomia ou qualquer demonstração de afeto entre dois homens, punindo o que a igreja considerava uma bestialidade e as cortes jurídicas consideravam crime passível de pena de morte? A aristocracia se achava um pouco mais blindada desse ato extremo, mas mesmo assim um nobre sodomita estaria morto aos olhos dos demais e levaria consigo toda uma geração de ancestrais e descendentes para a sarjeta. Nem o Colin nem eu podíamos cometer tal imprudência com nossas famílias, havia o destino dos que amávamos em jogo, não podíamos ser egoístas. Fugir para uma colônia distante, onde ninguém nos conhecia, pareceu algo viável. Nossa união não seria conhecida na Inglaterra, e os locais dessas colônias não estavam em condições de julgar nossos atos. Teríamos que abrir mão de nossas famílias, e isso nos levou a esperar para ver se alguma outra alternativa mais satisfatória surgisse. Até lá, seríamos tão somente bons amigos às vistas dos outros, e amantes clandestinos nas alcovas. E foi o que fizemos, intercalando longas temporadas do Colin em Langford e outras tantas minhas em Rutland.

Cinco anos se passaram nessas idas e vindas. Minhas irmãs conseguiram pretendentes e se casaram, deixando Langford mais vazio. Colin viu o único irmão se estabelecendo na Índia, onde estava construindo um império comercial. Também perdeu o pai e assumiu seus encargos e títulos em Rutland. A mãe, de saúde precária, ficou sob sua responsabilidade. Foi quando passei a frequentar Rutland com mais frequência, uma vez que ele podia se ausentar pouco.

Lady Blethyn era uma mulher frágil, muito culta e sensível. Na primeira vez que pisei em Rutland ela me incorporou com um dos filhos. Admirava e elogiava a minha amizade com seu caçula e, aos poucos, foi percebendo que aquilo era mais do que uma simples amizade. No dia do funeral de Lord Blethyn, ela me chamou aos seus aposentos, pouco depois do jantar e antes de se recolher; pediu que a criada nos deixasse a sós, pediu que me sentasse à beira da cama e tomou minhas mãos entre as dela; ficou me encarando melancólica por alguns instantes sem dizer nada, apenas levando uma das mãos ao meu rosto e o envolvendo nela; deu um sorriso triste, as lágrimas começaram a descer pelo rosto alvo e cansado dela; eu estava fazendo um esforço sobrenatural para olhar para ela naquele estado querendo lhe inspirar algum conforto.

- Trevor, meu querido menino, fique ao lado do Colin, dê-lhe todo esse amor que está aí dentro e que sente por ele. Ele te ama, mais do que tudo nessa vida que eu sei. Ele não precisa me dizer nada, as mães conhecem os filhos, sabem o que vai por suas cabeças e o que sentem. A conexão com o irmão vai esfriar com os anos e a distância; o pai, outro de seus esteios, se foi hoje; eu não tardarei a estar com meu marido; o Colin só terá a você então, e eu sei que você nunca o fará sofrer, que o ama, por isso te peço como mãe, cuide dele para mim. Cuide dele, Trevor! Cuide do meu Colin! Ela desabou em meus braços e chorou.

- Eu lhe juro Lady Blethyn que, enquanto houver um sopro de vida em mim, eu vou amar e fazer seu filho a criatura mais feliz dessa terra. – balbuciei com a voz mais firme que consegui impostar, e então a acolhi junto ao peito e chorei com ela.

Se precisássemos de uma benção para nossa união, a duquesa de Rutland acabava de nos concedê-la. Quando contei ao Colin sobre a conversa com sua mãe, ele me abraçou e me beijou, seus olhos estavam marejados e ele sabia que tinha meu amor incondicional para todo o sempre.

A duquesa faleceu em meados da primavera seguinte, dormindo. Quando a criada alarmada nos chamou ao adentrar seu quarto para ajudá-la a fazer a toilette matinal, ela jazia com as mãos magras cruzadas sobre o colo, seus olhos azuis e pequenos, sempre vívidos, estavam parcialmente cobertos pelas pálpebras, seu semblante tinha uma expressão serena de coloração marmórea. Colin parecia já contar com esse dia, ficou muito abatido e calado por algumas semanas, mas depois voltou a tocar as transformações que estava implementando em Rutland que já iam bem adiantadas por essa ocasião.

Meu pai partiu naquele mesmo ano, uma pneumonia contraída durante o inverno pôs fim a sua existência. Estávamos apenas ele e eu em Langford nessa época. Minhas duas irmãs mais velhas haviam se casado e moravam distantes com seus maridos, um conde e um rico empresário americano que teve a sorte de descobrir petróleo no subsolo de suas terras quase áridas. Sarah, a mais nova, dedicou-se à pintura, suas obras faziam sucesso nas galerias londrinas e de outras capitais europeias, o que a levou a ser convidada a expor suas pinturas numa galeria em Nova Iorque. Ela foi e nunca mais voltou, envolveu-se com o marchand que a levou aos Estados Unidos e parecia feliz segundo as correspondências que me enviava com regularidade. Não eram casados, o que nunca me surpreendeu, pois desde mocinha ela afirmava categoricamente que jamais aceitaria o cabresto de um homem, o que escandalizava a todos. Eu jamais a consegui ver casada, cuidando de um lar e filhos e submissa a um marido. Ela era uma mulher à frente de seu tempo, e a fortuna do nosso pai foi seu passaporte para a liberdade que ela tanto defendia. Meu vínculo com ela sempre foi bem mais forte do que com as outras duas, talvez porque ela compreendeu a minha natureza desde cedo, sem nunca questioná-la, criticá-la ou repudiá-la. Ela me aceitou e me amou com toda sinceridade da forma que eu era, e a mesma liberdade que sonhava para si, ela me incentivava a procurar junto ao Colin, de quem ela gostava bastante.

Nada mais me prendia a Langford e aquelas minhas idas e vindas a Rutland acabaram de vez com eu me mudando definitivamente para lá. Basicamente as mesmas mudanças que o Colin havia implantado em Rutland eu implantei em Langford, após convencer meu pai de que a revolução que estava dando novos ares à economia, aos meios de produção e à sociedade inglesa nos deixariam na contramão do progresso se não mudássemos e nos adaptássemos aos novos tempos. Lembro-me de ele ter se rido com minhas ideias revolucionárias como as chamou, mas meu entusiasmo o fez aceitar meus projetos e, ao constatar que estavam de fato trazendo melhorias, se tornou meu aliado mais colaborativo. Desde os primeiros projetos eu incorporei a ajuda do Conor, seu tino para o empreendedorismo me surpreendeu; e, quando deixei Langford, ele ficou encarregado de supervisionar tudo em meu lugar.

Aquela garota da vila pela qual ele andava enrabichado conseguiu fisgá-lo, apesar de sua relutância em assumir algo mais sério com ela. A isca foi uma gravidez não planejada que fez questão de anunciar aos quatro ventos para que ele tomasse a única atitude que se esperava de um homem digno, casar. O pai e o irmão dela se asseguraram de ele estar no altar no dia e hora aprazados.

O Colin e eu vimos que jamais conseguiríamos viver como planejávamos, tanto em Rutland e muito menos em Langford, aquela Inglaterra conservadora e cheia de uma moral burguesa nos impedia de ser felizes. Foi quando Colin sugeriu que nos mudássemos para a África do Sul. A colônia vinha recebendo uma leva de imigrantes europeus vindos de diversos países, as terras vastas e não cultivadas podiam ser adquiridas por uma ninharia, em extensões inimagináveis que iam muito além do horizonte que se podia enxergar.

A venda de Rutland para um recém endinheirado comerciante burguês nos possibilitou adquirir terras na colônia que equivaliam em extensão alguns condados que a cercavam, deixando ainda uma fortuna considerável para empreendermos naqueles confins; como financiar a construção de uma ferrovia, adquirir uma pequena frota mercante que transportava boa parte da produção local numa rota que seguia para as Índias Orientais e Ásia; bem como, anos mais tarde, explorar uma mina de diamantes descoberta nas terras que adquirimos.

Eu passei a usar o sobrenome Blethyn, embora ele não constasse em nenhum dos meus documentos oficiais e, como Trevor também era o nome do irmão do Colin, para todos os efeitos e, especialmente caso algum daqueles abastados imigrantes ingleses conseguisse qualquer informação ou conexão com a Inglaterra, éramos os irmãos Blethyn, filhos do duque de Rutland, e não amantes que viviam a plenitude e a felicidade de um casal homossexual. Foram os melhores anos da minha vida junto ao mais carinhoso e fervoroso homem que conheci. A região do país onde fixamos residência, de clima subtropical quente, as extensas praias quase desertas e as noites abafadas foram o pano de fundo para o amor carnal que nos unia. Foram quase cinco décadas de uma paixão avassaladora, um amor sereno, um compartilhar do qual poucos seres podem se orgulhar.

O Colin me deixou de forma súbita, um ataque cardíaco fulminante numa tarde chuvosa de verão o tirou de mim, deixando uma cratera em meu peito que jamais seria preenchida. Eu estava só, cercado de um pequeno império que eu trocaria, sem pestanejar, por mais alguns anos ao lado do homem que sempre foi tudo para mim. Nada mais fez sentido, não valia mais à pena viver aqueles dias vazios sem poder me enrodilhar todas as noites no corpo viril do homem que foi meu grande esteio. Continuar ali, vendo tudo que construímos juntos, passou a ser um tormento que me aniquilava dia após dia. Era como se eu pudesse sentir a minha vida se esvaindo a cada hora, lenta e dolorosamente. Meu único desejo era voltar a me juntar ao Colin, onde quer que ele estivesse. Como um velho elefante que, pressentindo a morte, se afasta da manada e vai à procura de um lugar onde possa deixar essa vida em paz, preferencialmente no lugar onde nasceu. Eu voltei a Langford, deixando a encargo de administradores o que o Colin e eu havíamos construído.

Lá estava ele, o castelo de Langford, parcialmente encoberto pelo arvoredo que o cercava quando a carruagem entrou na alameda cascalhada que levava à entrada dele. O bloco retangular monolítico de aparência austera, com as duas torres circulares encimadas por ameias e suas paredes com um metro de espessura de um tom acinzentado atravessadas por janelões enfileirados nos três andares mais lembrava uma fortaleza do que uma casa. Talvez até tenha sido essa a função em épocas remotas que antecediam a posse de todas aquelas terras pelos ancestrais do duque Manwarking e remontava ao tempo em que os locais assistiram o avanço das legiões romanas invasoras. Era um castelo feio por fora, como eu disse, parecendo uma fortaleza insípida que contrastava com seu interior luxuoso graças às intervenções de minha mãe. Senti as lágrimas quentes rolando pelo rosto, minha casa, meu lar, era como estar voltando para o útero protetor e quente de uma mãe. Ele estava um pouco mais degradado do que eu me lembrava? Talvez. Se séculos de intempéries não conseguiram destruir aquelas paredes, quando muito mudar um pouco o tom daquele gris, não seriam meus olhos fatigados a notar alguma diferença.

O interior parecia um pouco mais descuidado, mas tudo que vislumbrei quando uma criada veio abrir a porta estava em seu devido lugar como se a mobília tivesse se enraizado no chão. Ela era uma mulher jovem, uns trinta anos por aí, lançou um sorriso cordial e me examinou da cabeça aos pés.

- Boa tarde! O que deseja? – perguntou solícita.

- Primeiramente, entrar na minha casa e me sentar num lugar que não esteja chacoalhando o tempo todo. Depois, eu gostaria de saber onde encontrar o Sr. Conor. – ela arregalou os olhos sem entender nada.

- Quem é o senhor? Lamento, mas não posso autorizar a sua entrada. O Sr. Conor está numa inspeção perto do rio. – disse ela, cordial, mas impositiva.

- Sou o dono de Langford, duque Manwarking! – esclareci, o que a fez corar ligeiramente e fletir os joelhos numa reverência.

- Mil perdões senhor duque! Desde que comecei a trabalhar aqui sempre soube que o senhor vivia no estrangeiro e que nunca regressaria a Langford. – desculpou-se ela

- Pois é, foi o que eu também pensei quando saí daqui, que jamais voltaria a pôr os pés nessa casa. Porém, minha jovem, não somos nós que traçamos nosso destino, mesmo que pensemos que sim. – retruquei.

Ela me fez entrar, criou um reboliço entre a criadagem ao pronunciar meu nome, bem mais escassa do que quando eu deixei o castelo, o que provavelmente explicaria aquela impressão de descuido que tive ao passar os olhos pelos ambientes. Estava a despachar outro criado, bem mais jovem, para chamar o Conor quando lhe disse que não seria necessário, que eu mesmo iria ao encontro dele.

- No rio, você disse?

- Sim, estão carpindo as margens do rio onde as últimas chuvas fizeram a relva crescer demais. Tem certeza que não quer que o rapaz o acompanhe e lhe mostre o caminho. – respondeu ela

- Tenho sim, obrigado! Hei de encontrá-lo!

A caminhada estava me fazendo bem, todas aquelas horas sentado na carruagem com as pernas dobradas tinham-nas deixado formigando. O que parecia fora de compasso era meu coração, a cada passo que dava pelo caminho atapetado de flores silvestres em meio a relva verde. A conversa animada dos homens podia ser ouvida a certa distância e foi na direção dela que me dirigi. Subitamente meus passos haviam se encurtado, como se eles quisessem adiar a chegada ao meu destino. Então vi o velho rodeado de uma meia dúzia de homens sem camisa, conversando e orientando o trabalho deles. Nem a minha saliva passava pela garganta, um nó apertado parecia estar a estrangulá-la. Apesar dos muitos fios brancos na cabeleira, os ombros do homem estavam eretos e exibiam força e tenacidade; quanto mais perto chegava, mais conseguia ver a solidez se destacando no corpo do velho. Estava me faltando o ar, eu o aspirava com força, mas ele não chegava na quantidade necessária; não dava para imputar à caminhada essa escassez repentina, mas ao que estava diante dos meus olhos embaçados pelo acúmulo de lágrimas.

- Conor! – a voz me saiu muito mais baixa e fraca do que eu queria, mas mesmo assim o velho se virou na minha direção, bem como os olhares dos outros que pararam momentaneamente de trabalhar para descobrir quem eu era.

- Trevor! É você Trevor! – exclamou ele quando me viu e veio correndo ao meu encontro.

- Conor! – foi o murmúrio que passou pelos lábios quando eu já chorava envolto nos braços dele.

Ambos passamos as pontas dos dedos pelo rosto um do outro, como se estivéssemos nos perguntando a origem de cada vinco que encontrávamos em suas peles. Dos olhares escorriam lágrimas, embora houvesse nos lábios o contorno de um sorriso débil. O beijo demorou a sair, não porque estivessem nos observando, mas porque não sabíamos se o outro o queria. Contudo, quando veio, pelo toque cauteloso das bocas úmidas, foi intenso e carregava sentimentos que pareciam levantar da sepultura.

O Conor explicou aos homens quem eu era, e os dispensou um pouco mais cedo, o que os fez não perder tempo e sair caminhando. Quando ficamos a sós, ele voltou a me beijar, dessa vez devassa e libidinosamente, metendo a língua na boca sem nenhum pudor.

- Por que não me avisou que voltaria? – perguntou, quando se deu por saciado

- Decidi tudo às pressas! Também quis fazer uma surpresa, ver se está cumprindo corretamente o nosso combinado. – respondi faceiro.

- Ficou velho, mas continua um bestalhão! – resmungou ele

- Bestalhão é você, que continua tão respondão e abusado como sempre! – revidei. Ele não conseguiu evitar um sorriso cínico. – Eu devia .... – não consegui terminar a frase, ele me tinha puxado contra o tronco e me beijava novamente com o ímpeto e a safadeza de um adolescente querendo provar sua masculinidade.

- Você devia o quê, seu duquezinho petulante? Preciso te lembrar o que fiz com você nessas margens da última vez que me ameaçou dizendo que mandaria seu pai me expulsar e à minha família dessas terras? Preciso? – questionou altivo, me encarando desafiador sem se desvencilhar do meu corpo.

- Foi você quem começou, me chamando de bestalhão! Só que agora não preciso de ninguém para te dar um chute na bunda, eu mesmo me encarrego disso. – retruquei, o que o fez rir de modo debochado.

- Essa eu pago para ver! Pode até chamar teu macho para te ajudar se quiser! – proferiu

- O Colin morreu há alguns meses! – devolvi, o que o fez recolher o riso e contrair a expressão me apertando forte contra peito.

- Sinto muito Trevor! Você me deixa zangado e eu acabo falando o que não devo. Me perdoe, querido! – sussurrou ele junto a minha orelha, compadecido e solidário à minha dor.

- Você não tinha como saber! – respondi.

Apesar do casamento do Conor ter começado confuso e meio que à revelia de sua vontade, o nascimento de uma linda garotinha de bochechas redondas como as da mãe, meio que colocou as coisas nos eixos. Tanto que menos de dois anos depois, já nascia um belo e forte garoto. A garotinha eu até cheguei a ver com poucos dias de vida antes do Colin e eu partirmos para a África do Sul. O garoto fiquei sabendo através das cartas que o Conor raramente me enviava dando conta de como as coisas estavam andando em Langford, tinha os olhos e cabelos do pai, bem como um sacão grande e roxo que não negava de quem ele era filho. Lembro-me de ter rido muito quando li esse trecho da carta, e de como o Colin se mostrou contrariado quando lhe mostrei a correspondência.

- Isso só pode ser uma afronta! É muita arrogância dele te informar algo tão irrelevante quanto os colhões do filho dele. A menos que ele esteja querendo te relembrar e talvez até querendo que tenha saudades de sua dotação. – grunhiu, atirando a carta sobre a mesa sem terminar a leitura.

- Não acredito que você esteja fazendo uma cena de ciúmes, quando estamos aquilômetros de distância e já não o vejo há dois anos? - questionei incrédulo. – Eu não teria porque sentir saudade quando tudo o que preciso está ao meu lado todas as noites, eu só preciso estender a mão e pegar o que desejo. – afirmei, fazendo o Colin se aproximar de mim, se esfregar nas minhas nádegas como uma gato manhoso pedindo carinho e, me pondo a chupar sua ereção até eu ficar com a boca cheia de porra.

A esposa do Conor que, para falar a verdade, nunca consegui memorizar o nome, também lhe foi tirada precocemente por uma pneumonia quando os filhos eram adolescentes. Segundo ele me relatou, foram anos de um casamento feliz, o que só veio a comprovar a minha afirmação de que ele era o tipo de homem que precisava do casamento tradicional, esposa e filhos, para se sentir realizado; apesar de ainda querer, concomitantemente, aquilo que procurava em mim. Só assim ele se sentia um macho completo, o macho alfa de sua personalidade viril. Ao alcançarem a maioridade, os filhos primeiro se mudaram para Londres em busca de educação e trabalho e, alguns anos depois, migraram para os Estados Unidos atraídos pelos discursos de jovens acadêmicos que pintavam aquele país com cores atrativas. Até onde ele sabia, ambos haviam constituído família, mas só pelo Natal ele recebia um cartão enviado pela filha, que parou de chegar nos últimos quatro Natais. Do filho nunca recebeu uma linha, apesar de haver depositado nele todas as suas esperanças na continuidade dos Donnell.

Ele relatou esses acontecimentos e parte de sua vida depois que deixei Langford naquela mesma noite após o jantar quando nos sentamos lado a lado no sofá ante a lareira. Não havia rancor em sua voz, nem tristeza, ele apenas descrevia sem emoção o que bem poderia ter sido a existência de algum desconhecido que por acaso tivesse encontrado durante o trajeto de uma viagem. Nesse momento percebi como o Conor era forte, não apenas sua estrutura física, mas seu caráter e seu coração; e percebi mais, que se não fosse ele estar ao meu lado e ser aquele amigo desprendido que era, minha juventude em Langford teria sido muito triste. Vivíamos às turras desde criança, isso era certo, mas até para ter com quem brigar ele esteve comigo.

- O que foi, por que está me olhando com essa cara? – perguntou ele, em dado momento, quando meus pensamentos vagavam no passado distante e me traziam doces reminiscências.

- Só estava observando essa sua cara safada de velho decrépito! – respondi.

- Olha bem para cá, e eu vou te mostrar onde está o velho decrépito! – revidou ele, fechando acintosamente a mão sobre o pinto. Eu ri, imaginando como ele estaria hoje, quase cinco décadas depois daquela tarde na margem do rio, quando sua pujança e virilidade tinha me arregaçado as pregas anais e me feito descobrir aquele misto de dor e prazer que determinou toda minha sexualidade. – Foi maravilhosa aquela tarde, não foi? – continuou, como se tivesse lido meus pensamentos.

- Foi, Conor! Foi uma tarde maravilhosa! – devolvi, lançando lhe um olhar carinhoso e um sorriso tímido. Ele cobriu a minha mão com a dele, encaixou nossos dedos e a levou à boca depositando um beijo sobre ela.

Apesar de não ser o quarto principal da casa, eu fui me deitar no meu antigo quarto. Aquele era um lugar especial para mim, era para onde corria quando criança para me esconder toda vez que sentia medo ou recebia uma reprimenda, foi onde me refugiei quando me disseram que minha mãe havia falecido, foi onde meus pensamentos e minhas ideias empreendedoras corriam livres nas noites insones, e foi onde o Colin me fez passivo e seu parceiro de vida, preenchendo todos os espaços do meu coração com seu amor, e preenchendo meu cuzinho com seu cacetão enorme.

Eu adormeci logo, a viagem e todas aquelas informações que o Conor me deu me deixaram cansado. O tamborilar constante e cadenciado da chuva lá fora também serviu de embalo, trazendo consigo o aroma de terra molhada para dentro do quarto. A última coisa da qual me lembro de ter pensado antes de adormecer, foi que eu queria morrer naquele quarto, até fiz uma prece para ser atendido.

- Ficou maluco? O que faz aqui, e pelado? – esbravejei quando senti que o fitilho da minha ceroula havia sido desamarrado e que o cacetão rijo do Conor deslizava no meu reguinho.

- Ssshhh! Quieto! Você conheceu o Conor rapagão, agora vai conhecer o Conor velho decrépito, como você afirmou. – sussurrou ele, excitado e montando em mim.

- Safado, atrevido! Ordeno que me solte imediatamente, ou coloco você no olho da rua! – protestei.

- Faça isso, mas só depois de eu te lembrar quem sou! – exclamou ele, metendo de uma feita, num impulso abrupto, o caralhão rijo do qual os anos não conseguiram tirar nem o tesão, nem o furor pelo meu cuzinho.

- Ai, ai Conor, está me machucando! – gani, quando meus esfíncteres se dilataram, após um ano de abstinência, para deixar aquele caralhão grosso trespassá-los.

- O Colin foi um homem de sorte, teve essa bunda e esse cuzinho apertado à sua disposição toda vez que precisou. Eu também tive sorte, talvez a maior de todas, por ter sido o primeiro homem que você acolheu aqui dentro. – argumentou ele, dando uma última estocada forte que terminou de atolar o cacetão no fundo do meu cu.

- Obrigado, Conor! Obrigado, seu bestalhão abusado! Obrigado, meu mais querido e amado amigo! – devolvi, empinando a bunda contra a virilha dele para sentir a completude daquele membro colossal pulsando dentro de mim.

- Ah, Trevor! Quanta falta você me fez, quantos dias passei amargurado me recordando do carinho e afeto que você me dava. Sempre me faltou você para eu me sentir um homem completo. Toda vez que fazia amor com minha mulher, me lembrava de você ganindo e gemendo debaixo de mim; como agora, me proporcionando esse prazer único que não encontra paralelo em nenhuma mulher.

Enquanto ele falava e metia, minha pelve se contraiu e eu gozei me esporrando todo. Virei meu rosto na direção dele e nos beijamos, desencadeando os espasmos que precederam seu gozo, despejando-se todo em mim, com jatos espessos de esperma que pareciam não ter fim. Abraçados, com os pelos do peito dele roçando minhas costas, uma de suas pernas cruzadas sobre as minhas, nossos batimentos cardíacos pulsando num compasso perfeito, e o cacetão dele adormecendo devagar no meu cuzinho encharcado eu me senti mais vivo do que nunca.

- É bom ter você de volta, seu bestalhão! – murmurou ele, mordiscando meu ombro

- Estou feliz de estar em casa novamente, apesar de você, seu bestalhão! – devolvi.

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Comentários

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Amo história de época, escreve uma do Brasil colônia, história de um escravo com seu senhor

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Obrigado pela sugestão Porti!! Abração

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Quer mesmo sendo mulher eu amo seus contos por causa das tramas vc escreve muito bem parabéns meu querido.

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Obrigado Chrys239! Creio que apreciar literatura erótica não depende de gênero e sim de ampliar nosso universo de conhecimentos e sentimentos. Eu só tenho a agradecer por você dedicar seu tempo aos meus contos. Abração!

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Parabéns mais uma linda história que faz a gente mergulhar de corpo e alma. Um bálsamo para nossos dias corridos e sem uma linda história de amor para viver.

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Obrigado nego@! Uma hora qualquer essa história de amor acontece, tenha fé! Abração.

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Kherr meu amigo, que conto!!!

Mais uma vez você me levou a uma viagem a lugares que nunca estive, mas que sua forma de descrever me faz sentir que vivi minha vida lá...

Além disso, as emoções rolam soltas em meu coração, as lágrimas rolam, os sorrisos se repetem durante a leitura de suas histórias.

Você parece se superar a cada conto escrito e, isso me dá uma grande alegria...

Mais uma vez maravilhoso!!!!

Um abraço, querido!!!!

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Quem se alegra por ter conseguido te trazer todas essas emoções sou eu. Abração carinhoso para você também, meu querido!

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Um conto perfeito, um tanto extenso, mas a narrativa da historia se fez necessária. Excitante e emocionante. Parabéns.

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