Longe do Zóio mas Perto do Cuzín (06)

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Heterossexual
Contém 1854 palavras
Data: 16/02/2023 11:58:29

Esquema bem montado para as férias de julho no mestrado: Descolei com um conterrâneo uma casa linda para ficar um mês numa ilha do caribe. Ali tirei minha licença de mergulho e armei com os donos da loja para ajudar nas tarefas dos passeios fretados para turistas e, em troca, quando tinha lugar no barco eu mergulhava de graça.

Agora, ficar um mês numa ilha sozinho, sem televisão nem internet, não é lá a melhor coisa do mundo. A ilha era destino de cruzeiros, assim que a população era extremamente rotativa, a maioria das pessoas chegava e ia embora no mesmo dia. Quando eventualmente não acontecia de passar o dia mergulhando, não tinha nada pra fazer e invariavelmente eu ficava todas as noites sozinho.

Ok, eu vivo bem comigo mesmo, mas todas aquelas horas me aturando foram me deixando meio paranóico e, em quinze dias, eu tinha brigas acirradas com os seres que em mim habitam. Decidimos por bem nos separar, meti tudo na mochila e fui ao porto para vazar de lá antes que eu ficasse mais louco do que já era.

A lancha que fazia o leva e trás até o continente aportou, eu estava esperando a hora de embarcar, quando uma passageira recém chegada veio falar comigo: Era uma JOGADORA DE VÔLEI BELGA que eu havia conhecido há um atrás numa praia de nudismo! A garota ficou super feliz em me ver, não conhecia nada por lá e aproveitou pra fazer um monte de perguntas: Onde se hospedar barato? Onde comer com pouca grana? Onde era bom pra descolar uns mergulhos grátis? Quem vendia baseados a um preço justo?

Para tudo: Talvez eu já tivesse comido essa musa loira dos olhos azuis há poucas semanas atrás numa praia de nudismo - sinceramente, foi uma noite confusa com mais quatro pessoas e eu não me lembrava dos detalhes! Daí ela aparece naquela ilha, meio desamparada, justo quando eu ia embora? Os tais seres que disputam meu cérebro nunca entraram tão rapidamente num acordo unânime!

Quando dei por mim já estava de volta à casa chique do meu amigo com a gringa a reboque. Sério, se eu chegasse num lugar onde não conhecesse ninguém e um anjo me pusesse numa casa daquelas, eu dava o furico pra ele sem pensar duas vezes. Mas a mina tinha lá suas manhas, e a coisa foi evoluindo devagar. Com “devagar” me refiro a que ela só começou a andar seminua pela casa no dia seguinte e que somente entramos no assunto daquela noite nebulosa na praia de nudismo em nosso segundo café da manhã.

Eu comentei meio envergonhado que não lembrava de muita coisa, se eu tinha ou não comido alguém e, muito menos, se esse alguém tinha sido ela. A garota riu alto e disse que também não lembrava picas, mas que se a gente quisesse, talvez nossos corpos pudessem começar a recordar o que nossas mentes escondiam. Funfou.

Nem fomos mergulhar esse dia, ficamos ali mesmo pela piscina da casa. Se algum de vocês já sonhou em ter uma jogadora de vôlei de uns vinte anos movendo-se ritmicamente sobre seu membro sob o sol do Caribe e gemendo alto em francês durante quinze dias, eu recomendo que persistam na ideia, vale muito à pena e não irão se arrepender!

Foram férias extraordinárias e dali a seis meses, lá estava eu com as nadadeiras na mochila e a cabeça cheia de más intenções para fazer tudo de novo, mas dessa vez sem a parceira belga e com alguns conflitos internos a mais.

Mas eu estou me adiantando, bem antes disso, eu mal voltei das férias onde fiquei comendo a musa belga do vôlei e fui numa festa estranha e cheia de gente esquisita, o clima não estava lá estas coisas, um povo meio metido à besta com papos intelectuais chatíssimos, ora, nem parecia que éramos todos jovens estudantes estrangeiros, faltavam bebidas, faltavam drogas e a música era só clássicos no piano: um porre. Para piorar, encontrei por lá a tal mina salvadorenha com quem tive uma história complicada de ficarmos dando o fora um no outro.

Bem, nesse ponto nós dois estávamos empatados e ninguém queria mais nada um com o outro, mas, por via das dúvidas, eu fiquei evitando-a durante a festa chata, tipo, se ela ia para um canto, eu fugia para outro, como gato e rato. Numa dessas, me escondi num sofazinho lá no canto da sala, ao lado de uma dona, a única coroa que havia ali. Bem, eu não tinha reparado antes, mas a coroa era BONITONA e parecia dar um caldo legal, então fiquei puxando assunto.

Estamos conversando e ela tira uma garrafinha da bolsa, perguntando se eu não queria um pouco de vodca - achei maneiro. Seguimos comentando que aquela era a festa mais desanimada da cidade, daí ela puxa um baseado daquela bolsa mágica, acende e me oferece. Isso meio que incomodou muita gente ali, principalmente a ex-peguete salvadorenha, que ficou olhando diretamente para nós com cara de ódio eterno.

Toquei o foda-se, afinal aquela era a única coroa da festa e ninguém ia se meter com ela. Desci para comprar mais vodca, voltei e ela acendeu outro baseado. Lá pelas tantas, estávamos rindo à toa e nossas gargalhadas atrapalhavam o papo chato dos demais e o insuportável fundo musical de piano. O clima ficou meio pesado, a salvadorenha parecia que ia pular no meu pescoço, assim que eu convidei a coroa para irmos lá em casa dar uma esticadinha onde não tivesse tanta gente babaca - e ela topou.

Estamos os dois sozinhos lá em casa, ela era bonita, gostosa, interessante, maconheira e biriteira, parecia minha alma gêmea. Ainda ríamos da tal festa cheia de gente careta, a dona tira os sapatos e põe os pés sobre minhas pernas. Não, dessa vez eu não estava apaixonado, só que bateu aquele tesão de fim de noite, mas ainda assim eu tinha reservas em partir para cima de uma mulher que devia ter a idade da minha mãe, sei lá.

Então pintou aquele silêncio incômodo, eu com a mão alisando suas pernas e ela me encarando, já meio impaciente, como quem diz: “Então filhinho, como é? Vai ou não vai se decidir e me pegar de uma vez?” - bem, eu decidi que ia pegar sim. Inclinei o tronco sobre a dona e trocamos um longo beijo, suas mãos me agarraram pelas costas e eu já não podia recuar, a sorte estava lançada, mesmo que eu quisesse, ela jamais iria me deixar escapar dali.

E resulta que a coroa gostava do esporte tanto quanto ou mais que eu, demos a primeira ali mesmo no sofá velho, estilo papai-mamãe, devagar e cadenciado. Uns quinze minutos depois de gozarmos, ela me puxa para a cama, fica de quatro e convida: “Olha, já fizemos sexo com amorzinho, foi legal, mas agora tem rolar tudo o que falta!”

Já pela manhã, estamos lá de preguiça depois do esculacho e alguém bate à porta. Era a tal da salvadorenha, dizendo: “Nem fala comigo. Dá para você me devolver a minha mãe?” - essa foi foda, eu comi a mãe da garota e nem sabia!

Depois disso, eu me esforcei muito para me concentrar nos estudos e parar de fazer tanta merda. Como resultado, minhas notas subiram exponencialmente, mas minha vida social praticamente morreu. Fiquei sozinho para cacete e até comecei a falar comigo mesmo. Sim, eu estava indo para o brejo e precisava virar o jogo.

Para minha sorte, já chegavam às férias de inverno e mais uma vez fui matar o tempo no esquema mais barato da face da terra: Eu voltei para a casa emprestada no Caribe, ajudava na mesma loja de antes e não gastava com os mergulhos, conheci um traficante local e não pagava baseados. Só gastava com comida, por isso descolei uma barraquinha na parte pobre da ilha, onde os turistas não chegavam, que vendia uns tacos asquerosos, mas que lotavam a barriga.

Meu único problema naquelas férias continuava sendo a solidão. Ficar sozinho consigo mesmo é uma arte, e quando não tinha mergulho era um porre. Nestes dias, eu era capaz de fazer barbaridades só para conversar com alguém, tipo me meter em briga de casal, bater ponto na boca de fumo do meu amigo ou puxar papo com o bêbado seminu que estava atirado na calçada.

Num destes dias solitários, fim de tarde, com o estômago roncando e uma vontade imensa de falar pelos cotovelos, fui à tal barraquinha dos tacos nojentões e me deparo com uma visão. Sim, eu devia estar DELIRANDO e aquilo provavelmente era fruto da minha imaginação: uma morenaça de sorriso lindo entre uns lábios carnudos, pele bronzeada, cabelos longos e olhos cor de mel, bundinha avantajada e seios pequenos, trazendo um vestidinho amarelo de verão esvoaçante, devorando com gosto a porcaria de comida dali.

Devia ser mesmo uma miragem, porque ela ficou me olhando e veio puxar assunto enquanto comíamos. Disse que era das Ilhas Canárias, que viajava o mundo fazendo bicos em hotéis de turismo, que estava ali fazia poucos dias e ainda não conhecia ninguém.

Ok, quando a esmola é muita, o santo desconfia, mas eu andava tão solitário e ela era tão gata, exótica, interessante e gostosa, que eu nem levei meus instintos a sério. Terminamos de comer e eu já levei-a na boca de fumo para descolar um baseado. Passamos a tarde só de papo, eu amando ter alguém assim tão fantástica para conversar.

Combinamos de ir mergulhar no dia seguinte, levei na loja e descolei tudo de graça, a garota parecia uma sereia no fundo do mar, era como se fosse seu ambiente natural. Terminamos aquele dia na piscina da casa que me emprestaram, ela reclamou que seu biquíni estava molhado, eu sugeri que ela tirasse e ela ficou peladinha tomando sol comigo ao lado. Ah, que maravilha de corpo ela tinha, aquilo não era uma mulher, era um ser especificamente desenhado para dar prazer a quem tivesse a sorte de possuí-la.

Comentei que eu estava estourando de tesão só de ver sua nudez e sugeri ir buscar uma canga para que ela vestisse, mas a menina riu e disse para eu deixar de ser bobo, que bastava trirar a roupa também e a gente fazer sexo que meu tesão passava. Caralho, eu devia desconfiar, aquilo tudo era extraordinariamente bom demais para ser verdade!

Não bastassem todas as qualidades, essa garota era a trepada mais quente dos meus últimos vinte e cinco anos - e olha que eu só tinha vinte e quatro! Veio por cima me beijando e encaixando o bichão, sua buceta era quente e úmida, aconchegante, cavalgou lenta e profundamente gemendo e me olhando nos olhos, com suas coxas torneadas e musculosas acelerando o ritmo, até gozamos incessantemente!

No dia seguinte apareceu por lá minha amiga colombiana, a quem havia indicado na loja de mergulhos como meu contato para casos de emergência. Ligaram para ela porque eu andava por todos os lados falando sozinho e apresentando uma namorada imaginária das Ilhas Canárias a todo mundo na ilha…

Nota: Confira os capìtulos ilustrados da saga Zóio em mrbayoux.wordpress.com

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Comentários

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KKKKKKK, ri muito com o final. Muito bom.

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Olá Nirkaxyo! Então, nunca se pode misturar solidão e drogas, hahaha

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Bayoux, me diverti muito com o seu texto. Ler uma história bem-escrita, com humor, ironia, exageros muito bem encaixados, e todo o clima mágico que você coloca é um grande prazer. A leitura flui fácil. Só que você publica muito mais rápido do que eu consigo ler. Vou aos poucos me deliciando. Um oásis no meio dessa loucura escatológica e incestuosa e chifruda que se tornou estes últimos tempos dos contos da CDC. Pouca coisa boa para ler. Todas as estrelas.

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Olá Leon, obrigado pelas palavras! De fato, a proposta era brincar com humor e tentar fazer algo diferentão do que costumo ler a casa.

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Kkkkk muito louca essa viagem, que maconha é essa que você fumou kkkkk, eu me divirto muito com suas histórias

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Obrigado Grb! Vem coisa bem pior pela frente, só doideira, vai vendo…

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