Sempre e para sempre. Parte 3.

Um conto erótico de Ménage literário erótico
Categoria: Heterossexual
Contém 3741 palavras
Data: 14/02/2023 13:33:13
Última revisão: 14/02/2023 14:02:18

Na quarta-feira seguinte, tudo mudou. Recebi um aviso para encontrar com Magnólia em sua sala. Terminei de comer apressada e fui ao seu encontro. Dei duas batidas em sua porta e ouvi:

- Pode entrar.

Ela não estava sentada em sua mesa, e sim em sua poltrona de trabalho. No sofá lateral de dois lugares, um casal muito bonito sorria para mim. Mais velhos, talvez na faixa dos trinta e alguma coisa, quarenta anos, no máximo. E muito atraentes. Magnólia pediu:

- Junte-se a nós, Liz. Como prometido, aqui estão os seus professores.

Os dois se levantaram para me receber e o homem, muito cheiroso, me dando dois beijinhos no rosto, se apresentou:

- Olá, Liz! Eu sou o Mark e esta é a minha esposa, Fernanda Mariana.

A esposa, linda e tão cheirosa quanto ele, também me cumprimentou com dois beijinhos e um abraço carinhoso:

- Para, seu bobo! Pode me chamar de Nanda, Liz. Só Nanda.

Continuando:

Parte 3.1: Fantasias que viram realidade - 1

Sendo filho de uma sexóloga, tendo o liberalismo como uma das bases de sua educação, Gaspar sempre foi desapegado de ciúmes de qualquer natureza, vendo o sexo como uma ferramenta para o prazer, e o amor, a escolha entre duas pessoas, a união de objetivos de vida em comum. A fantasia de dividir nossa cama com outras pessoas começava a ganhar cada vez mais espaço. A oportunidade surgiu em uma simples reunião de amigos, na visita de um casal tão querido, e que por morarem longe, víamos tão pouco. Ricardo e Elaine, junto com Sandrinha, formavam aquele quarteto de amigos de infância. Eu entrei depois, já na adolescência, monopolizando a atenção de Gaspar.

Já tínhamos o nosso próprio apartamento e em nossas transas, Gaspar sempre tentava me provocar incluindo um terceiro, ou terceira, em nossas brincadeiras. Tudo começou com Sandrinha, por isso o meu ciúme na época, eu nunca entendi, ou fingi que não entendia, que o desejo dele era me ver com ela, que ele tinha o fetiche tão comum de quase todo homem, ver duas mulheres se pegando. As provocações de Gaspar já começaram cedo naquele dia, horas antes do casal amigo chegar:

- Amor, Preciso ser honesto.

Eu esperava alguma brincadeira, mas Gaspar falava sério:

- Você não sabe, mas Ricardo e Elaine quando bebem, costumam se soltar.

Eu não estava entendendo:

- Como assim, Gaspar?

Com cara de safado, ele explicou:

- Elaine fica muito safadinha e Ricardo incentiva esse comportamento dela.

Eu imaginava onde aquela conversa ia parar. O incentivei:

- Já não basta Sandrinha, agora Elaine também?

Gaspar chegou mais perto e passou o braço por meu ombro:

- Você não tem vontade de avançar um pouco mais nas brincadeiras? Fantasiamos com isso, você se excitou ainda mais…

O interrompendo, elevei a provocação:

- Eu entro no clima, pois sei que você gosta. Eu faço para agradá-lo.

Gaspar devolveu a provocação:

- Fale a verdade, confesse… eu sei que lá no fundo, você também tem vontade de experimentar. É só falar na Sandrinha, que a sua bocetinha reage na hora.

Eu estava quase me entregando:

- Você quer mesmo isso?

Gaspar era esperto:

- Só se você quiser também.

Eu achei melhor me precaver:

- Mas dentro do meu limite, ok? Se eu não me sentir confortável, paramos.

O olhar de Gaspar chegava a brilhar. Eu ainda estava em dúvida:

- E como vamos fazer isso? Eu não sei como dar em cima de mulher.

Gaspar me surpreendeu:

- A verdade é que Elaine tem o maior tesão em você. Ricardo me contou. Me conhecendo, ele não conseguiu esconder.

Eu fingi estar brava:

- Então vocês já estavam de combinação? - Gaspar apenas sorriu aquele sorriso safado.

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Parte 3.2: Um casal, um livro, mais ensinamentos.

Na sala da Magnólia, diante do casal Mark e Nanda, eu sentia meu corpo vibrar, uma sensação boa de acolhimento. Lembrando das explicações de Sandrinha sobre energia, senti que os dois emanavam luz, estar ao lado deles era reconfortante, aquecia o meu coração. Mark foi o primeiro a se pronunciar:

- Então Liz, me conte o que você conhece sobre espiritismo, o que já conseguiu compreender até aqui?

Nanda, vendo que eu estava surpresa, me acalmou:

- Fique tranquila, tome o tempo que precisar.

Eu me preparava para falar, mas a Dra. magnólia se levantou:

- Vou deixá-los a sós. Aproveite a sua primeira aula, Liz! Tenho outros pacientes, mas podem usar minha sala à vontade.

Assim que ela saiu, Mark e Nanda me encorajaram a continuar. Primeiro eu contei a eles minha experiência extracorpórea, o encontro com Gaspar, depois tudo o que Sandrinha tinha dividido comigo sobre os ensinamentos de Allan Kardec e por fim, conclui:

- Acho que um lado acaba sendo uma projeção do outro, e todos estamos destinados a nos reencontrar em algum momento.

Nanda tomou a palavra:

- Mark e eu somos médiuns, mas cada um possui um tipo de mediunidade específica.

Ela notou meu olhar de curiosidade e continuou:

- A mediunidade do Mark pode ser classificada como mecânica ou até intuitiva. Na mecânica ela se manifesta por meio de objetos presentes nas mãos do médium com tal habilidade. Por exemplo, um lápis, pode virar um instrumento para passar uma mensagem de alguém no outro plano.

Eu começava a entender melhor. Nanda seguiu:

- Mark, assim como o nosso querido Chico Xavier, tem o dom da psicografia e podem ser enquadrados na categoria mecânica ou intuitiva. Mas isso depende muito do nível de evolução de cada espírito. Cada pessoa é única. Já os intuitivos, agem por meio da transmissão de pensamento entre o espírito desencarnado e o encarnado. Neste caso, o espírito guiará o médium para que este escreva ou exprima suas vontades, servindo como uma máquina, um intermediário entre o espírito e a mensagem que deve ser passada.

Aquela fala era na verdade uma revelação. Não consegui me segurar:

- Então… as cartas do Gaspar… - Não consegui conter as lágrimas.

Enquanto Nanda me abraçava carinhosamente, Mark confirmou:

- Sim! Eu recebi a mensagem. É através de mim que ele vem falando com você.

Eu precisei abraçá-lo também:

- Obrigada! Obrigada mesmo, você não sabe o quanto isso foi importante para mim.

Assim que eu me acalmei, Nanda adquiriu um tom sério:

- Eu preciso lhe explicar uma coisa muito importante: para nós, espíritas, suicídio é uma abominação.

Vendo a tristeza que tomava conta de mim, ela explicou:

- A primeira reação do suicida é o arrependimento. No sentido de perceber que a vida continua, e que o desconforto, a dor e a aflição que teriam justificado o autoextermínio não se diluem, não deixam de existir. Pelo contrário, via de regra, há um agravamento desse estado.

Eu olhava para ela apavorada, lembrando do que Gaspar disse na carta enviada para nossa mãe, a primeira: "Liz precisa de você. Ela, achando que iremos nos reencontrar, só irá nos separar eternamente." Nanda explicou:

- Na grande maioria dos casos, suicidas teriam como destino o chamado umbral, uma espécie de região purgatorial, compartilhada com milhões de espíritos ainda embrutecidos, sem maior esclarecimento, muitos deles envolvidos com atividades criminosas antes de desencarnar. Não é um bom lugar para se estar.

Mark foi mais além, complementando a esposa:

- O tempo que um suicida levaria para começar a recompor o seu equilíbrio mínimo, começar a estar em condições vibracionais de receber algum tipo de assistência varia, e muito, não é homogêneo. Como somos reencarnacionistas, há também, portanto, um conjunto de vivências anteriores que determina um estoque de merecimento maior ou menor em relação à providência divina.

Vendo minha aflição, Nanda foi incisiva:

- Jamais tente aquilo outra vez. Não importa o quão forte seja a dor, o quanto o sofrimento seja insuportável. Estamos aqui, viemos ajudar, se apoie em nós, em sua mãe, em sua nova amiga… todos nós estamos aqui por você.

Os dois me abraçaram, demonstrando que a intenção era orientar, não me repreender. Eu ainda tinha uma dúvida, perguntei à Nanda:

- Você disse que também é uma médium…

Parecendo feliz com a pergunta, Nanda era só sorrisos:

- Eu sou igual a você.

Eu a encarava, sem entender. Nem imaginava possuir qualquer dom mediúnico. Nanda vendo minha confusão, explicou:

- Você sente as presenças ao seu redor, não sente? A energia que cada pessoa compartilha, consegue perceber se um ambiente é bom ou ruim, não é?

Eu realmente tinha essa sensibilidade, mas achava que era coisa da minha cabeça, uma implicância com quem não gosto ou preferência por quem quero bem. Nanda concluiu:

- Nós somos sensitivas, ou impressionáveis, tanto faz. Somos sensíveis à presença de espíritos no ambiente, geralmente tendo uma vaga impressão deles. Médiuns como nós são capazes de sentir a individualidade, bem como índoles boas ou más do espírito em questão.

Mark olhou o relógio, retirou um livro da mochila pousada no chão ao seu lado e me entregou: "O Livro dos Espíritos." Ele disse:

- Esse é um presente nosso para você. Aqui você vai entender mais sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade segundo os ensinamentos dados por espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns recebidos e coordenados por Allan Kardec.

Nanda ainda tinha mais a falar:

- Liz, eu também sou psicóloga e uma estudiosa da reencarnação, sou especialista em regressão, vidas passadas. Juntas, iremos a fundo na sua relação com Gaspar e todos que a cercam, e não só nessa vida.

Eu estava maravilhada com tudo aquilo, mas por outro lado, um pouco decepcionada. Perguntei:

- Nenhuma carta hoje?

Nanda deu uma risada gostosa:

- Sem egoísmo, mocinha! Gaspar precisa cuidar das coisas dele, ter o próprio tempo. Assim como você, tudo para ele é novo também.

Mark encerrou aquele encontro:

- Por hoje é só, precisamos ir.

Nos despedimos com um abraço triplo caloroso. Aquele encontro, as coisas que eu continuava a aprender, davam um novo sentido à minha vida. Eu queria saber cada vez mais.

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Parte 3.3: Fantasias que viram realidade - 2

Gaspar ainda sorrindo me conduziu para o banheiro. Tomamos banho, aproveitando para namorar um pouquinho no chuveiro. Gaspar estava muito carinhoso comigo. Me enxugou e fui me vestir.

Já que era para viver as fantasias, decidi abusar, escolhendo a roupa mais provocante que eu tinha, um vestidinho azul estilo piriguete, daqueles que quando a gente se abaixa, ele tende a subir inteiro, deixando a retaguarda desnuda, bem à vista de quem estiver atrás. Para completar, uma sandalinha rasteira, deixando à mostra as unhas feitas com capricho no dia anterior. Gaspar é louco pelos meus pés. Por fim, apenas duas borrifadas em pontos estratégicos de Lady Million, de Paco Rabanne, um perfume sensual e sofisticado, que eu costumo usar apenas para o meu amor.

Minha intenção era provocar Gaspar, deixá-lo alucinado, mas deixar apenas que Elaine desfrutasse. Eu iria levá-lo à loucura, ensiná-lo a não me jogar nos braços de outra.

Logo o casal de amigos chegou. Ricardo é um homem bonito, apesar de não fazer o meu tipo, mas Elaine, essa sim, que mulherão! Ela era a verdadeira definição de mudança: de esquisita e espinhenta na adolescência, para uma Femme Fatalle ao amadurecer. 1,78m, linda com aquele cabelo negro longo, olhos castanhos e amendoados, sobrancelhas em forma arqueada, nariz pequeno e magro, lábios carnudos e queixo suave. Os seios grandes, proporcionais à altura, contidos apenas por um top de tecido fino, marcando os biquinhos. A barriga à mostra, malhada, desenhada pela legging de cintura baixa que ajudava a destacar a bunda arrebitada e marcava a divisão da xoxota carnuda. Um look casual, combinando com aquela noite quente. Só de olhar para ela, fiquei excitada, concordando em pensamento com a insistência de Gaspar.

As primeiras duas horas foram para colocar a conversa em dia, enquanto o vinho branco gelado ajudava a me desinibir ainda mais.

Os olhares insinuantes de Elaine mexiam profundamente comigo. Gaspar reparava, sorrindo e piscando para mim. Quebrado o gelo inicial, Elaine passou a ser mais ousada, chegando mais perto, me tocando ao falar, mexendo no cabelo, encostando sua coxa na minha… não sabia por quanto eu iria resistir. Saindo do banheiro, Gaspar me esperava na porta:

- Quer ir em frente?

Querer eu queria, mas ainda sentia que alguma coisa me segurava. Gaspar percebeu:

- Ricardo e eu vamos buscar mais bebida, acho que sozinha com Elaine, você se sentirá mais à vontade.

Lembrando que não era uma fantasia só minha, tentei barganhar:

- Mas você queria tanto isso, assim como eu. Será que Ricardo a deixaria sozinha com a gente?

Gaspar respondeu de bate-pronto:

- Deixa comigo! Mas eu quero que você se divirta, se estiver com vontade, faça. Vamos enrolar um pouco na rua, Elaine nos pediu isso, ela quer ficar a sós com você.

Gaspar e Ricardo saíram e Elaine não perdeu tempo:

- Eu jamais imaginei que teria essa oportunidade, sempre achei que seria Sandrinha.

Eu me fiz de boba:

- Oportunidade de que?

Elaine sorriu:

- Você sabe. Eu, você, Gaspar…

Eu resolvi mostrar que não era tão bobinha:

- É por isso que você está aqui, não a Sandrinha.

Ela pareceu não entender, me olhando surpresa. Era hora de retribuir ao meu amor:

- Sandrinha só quer a mim. Como você disse: eu, você e Gaspar. Só tem sentido se for com ele.

Elaine abriu o jogo de vez:

- Eu tenho um tesão enorme em você, mas não vou negar que o Gaspar é um belo exemplar do sexo masculino.

Eu quis me preparar para todos os cenários, então, perguntei:

- Ricardo está tranquilo com isso? Ele não se opõe? Preciso ser honesta, eu não tenho intenção de estar com outro homem. Se você me quiser, essa é a condição.

Um pouco tensa, sem saber o que ela responderia, me sentei no sofá. Ela me serviu mais uma taça de vinho. Eu já estava um pouco alta e excitada. Pensei até em sair dali e esperar por Gaspar, mas Elaine foi direta:

- Ricardo e eu somos liberais. Ele sabe como se comportar. Sabe que ao me dar esse presente, eu o recompensarei em algum momento.

Não consegui esconder o sorriso, já estava quase entregue. Ela continuou:

- Gaspar foi bem específico, nunca nos escondeu nada. Ele sempre disse quais eram as opções, por isso nos escolheu.

Enquanto conversávamos, ela colocou a mão em minha perna e se aproximou para me beijar. Eu apenas fechei os olhos, envolvida pela situação, determinada a prosseguir. Senti o contato de nossos lábios, sua língua invadindo a minha boca, o beijo suave, que aos poucos ia ganhando intensidade e se transformando. Ela foi subindo a mão até chegar perto da minha calcinha, acariciando a parte interna da minha coxa. Sua boca e língua descendo por meu pescoço, uma mordidinha leve no lóbulo da minha orelha, me deixando doida, ainda mais excitada… ágil, ela começou tocando em minha barriga, levantando meu vestido, me despindo, recebendo minha ajuda. Eu não queria que ela parasse, nem lembrava que Gaspar e Ricardo poderiam chegar. Ela sabia muito bem o que estava fazendo:

- Você é linda!

Me elogiando, me acariciando, me deixando com vontade, ela chegou aos meus seios. Beliscou os biquinhos delicadamente, deixando-os ainda mais intumescidos e foi aproximando a boca, começando a chupá-los, um de cada vez, brincando com a língua em movimentos circulares, sugando com carinho, me deixando cheia de tesão, ainda mais molhada naquele instante.

Eu estava admirada e encantada ao descobrir o prazer e a excitação de poder me permitir aquela experiência tão diferente, tão suave e envolvente. Uma mulher tem toques tão suaves e ao mesmo tempo tão prazerosos que me sentia vibrando intensamente excitada.

Enquanto ela me lambia, foi descendo as mãos e aos poucos tirou minha calcinha. Quase nem percebi, só queria que ela continuasse.

Elaine molhou dois de seus dedos da mão direita na boca de forma muito sexy, descendo com eles até minha xoxota, brincando com meu grelinho, me masturbando, voltando a chupar meus seios, me deixando em estado de êxtase:

- Ai, meu Deus… Aaahhhh…. O que está acontecendo… aaahhhhhh…. Como isso é bom….

O prazer era incrível, uma forma nova e diferente, que me trazia arrependimento por ter demorado tanto a experimentar.

Elaine se ajoelhou na minha frente e começou a chupar minha boceta. Sua língua era tão gostosa quanto a de Gaspar, mas sua habilidade era algo extraordinário. Como ela chupava gostoso. Sinceramente, muito melhor do que Gaspar. Não era comparação, era apenas uma constatação. Mas aquilo era sexo, da melhor qualidade, preciso dizer, mas sem o sentimento que me unia ao meu marido. Gostoso? Sim! Novo, diferente? Também! Tive um orgasmo intenso, delicioso, mas senti que faltava o “grand finale”, o que dá sentido a tudo: o pau duro do meu Gaspar e que me preenche inteira. Com os dois juntos, seria uma experiência inestimável. Pensei: "Volta logo, meu amor! Quero os dois ao mesmo tempo."

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Parte 3.4: De volta ao mundo.

Por mais dois meses, duas vezes na semana, Mark e Nanda continuaram a me instruir. A Dra. Magnólia elogiava a minha recuperação a cada sessão e todos os sábados, Ida e Sandrinha vinham me visitar.

Sandrinha e eu estávamos cada vez mais próximas, mais cúmplices e mais amigas. Conhecer o meu Gaspar pela ótica dela, me fazia respeitar ainda mais o homem pelo qual me apaixonei. Esse amor era eterno, mesmo que eu viesse a me envolver com alguém no futuro, mesmo que Sandrinha começasse a se mostrar uma provável nova parceira, o meu amor por Gaspar era imutável e insubstituível. Sandrinha o amava também, do seu jeito fraternal, o que facilitava as coisas e fazia com que eu a respeitasse cada vez mais. Com a convivência, nos sentíamos cada vez mais unidas, mais conectadas, mais em sintonia. Eu voltara a sentir desejo, tesão, e geralmente era com Sandrinha que eu começava a fantasiar. Era com ela que eu sentia vontade de voltar a ser mulher. Por vezes, acordava com a calcinha úmida e os seios latejando após um sonho erótico. Aos poucos, Gaspar ia dando lugar a ela em meu subconsciente.

No início do quarto mês, pela manhã, novamente fui chamada à sala da Dra. Magnólia. Para a minha surpresa, em plena segunda-feira, Ida também estava lá. Magnólia, com um sorriso muito simpático no rosto, pediu:

- Sente-se, Liz!

Dei um beijo carinhoso em minha mãe antes de obedecer. A Dra. Magnólia continuou:

- Vou ser direta, Liz. Não vejo mais motivos para você permanecer aqui…

Naquele momento, não consegui conter o choro, chegando a soluçar. Era um choro de alegria, de libertação, de saber que fui salva por Gaspar, mesmo ele estando tão distante e ao mesmo tempo, tão perto. Magnólia me deu tempo antes de voltar a falar:

- Eu só tenho duas condições para dar a sua alta.

Eu olhava para ela apreensiva, preocupada com o que ela tinha para dizer. Ida, minha mãe, segurou forte em minha mão. Magnólia continuou:

- Eu não acho que seja uma boa ideia você voltar a morar sozinha. Ida se prontificou a recebê-la. Concorda com isso?

Ida, carinhosa, disse:

- Não pense nisso como um retrocesso. Você é a herdeira do Gaspar e aquela é a sua casa também.

Eu não tinha nenhuma objeção quanto a isso, eu já pensava em seguir aquele caminho:

- Tudo bem, eu aceito. E qual a segunda?

Ida sorriu, com os olhos marejados. Magnólia me entregou um cartão de visitas e voltou a falar:

- Você vai se consultar semanalmente com uma terapeuta. Uma psicóloga especialista em casos como o seu. Isso também é obrigatório.

Eu também já imaginava que ela diria aquilo. Me lembrei de uma coisa muito importante para mim:

- E quanto ao Mark e a Nanda? Minhas aulas também irão continuar, não é?

Magnólia deu uma risada gostosa:

- Mark e Nanda, oficialmente, não fazem parte do seu tratamento. Isso é uma escolha sua, mas acho que não será um problema.

Ida completou:

- Fique tranquila, suas aulas continuarão. Eu já peguei o número de telefone deles.

Magnólia se levantou e veio em minha direção com os braços abertos. Ao me abraçar, ela disse em meu ouvido!

- Vá buscar suas coisas, você está liberada.

Eu a apertei forte, novamente não conseguindo segurar o choro:

- Obrigada por tudo! Obrigada por cuidar de mim, eu jamais vou esquecer de você.

Fui para o quarto arrumar as minhas coisas e estava realmente muito emocionada, sentindo uma vibração no corpo, o coração acelerado. Enquanto eu me movimentava retirando roupas do armário, dobrando sobre a cama e guardando na mala, tive a sensação de que havia alguém que me observava. Parei toda arrepiada, e olhei em volta, mas não vi ninguém. A sensação se dissipou e voltei a me ocupar em fazer as malas. Não me causou medo nem ansiedade, apenas uma curiosidade. Estava feliz. Quando terminei e fui fechar a mala, novamente tive a mesma sensação de antes, como se alguém ali presente me observasse. Mais uma vez, totalmente arrepiada e tensa, olhei para trás, para os lados e não vi nada, somente a minha pessoa e a mala feita. Tratei de pegar na mala e sair rapidamente, ligeiramente intrigada com a sensação que tinha experimentado.

Fui recebida no corredor por toda a equipe da ala de saúde mental que trabalhava durante aquele turno. Um por um, todos vieram me abraçar e me desejar boa sorte. Eu estava pronta para recomeçar, feliz por aquela segunda chance, disposta a encarar o mundo de peito aberto, desejando viver.

Partimos no carro de Magnólia e só de ver a paisagem pela janela do carro, o movimento da cidade, pessoas indo e vindo, coisas simples que eu não tive a oportunidade de apreciar desde a morte de Gaspar, tudo aumentava a minha vontade de seguir em frente. Não demoramos a chegar em casa e fui recebida com mais uma surpresa: Sandrinha nos esperava para almoçar e Ida deu a notícia:

- Agora somos nós três.

Eu não entendi de primeira:

- Nós três? Como assim?

Sandrinha, me abraçando, disse:

- Eu também moro aqui agora.

Ida usou uma frase que tanto Gaspar, quanto ela já tinham falado antes:

- Você perdeu um marido, eu um filho e ela perdeu um amigo. Nos ajudando, todas podemos superar essa dor.

Suspirei emocionada e pensei como aquilo fez bem para mim. Estava tudo ali, tudo o que eu precisava. O dia seguinte seria a prova definitiva do quanto Gaspar estava certo.

Continua…

Referências e pesquisas:

*Conexão jornalismo, André Trigueiro.

*Espiritismo.net

*Associação Espírita Allan Kardec - SJRP-SP

É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.

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Comentários

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Parte espírita muito bonito pra quem acredita e quem não acredita também, e o resto foi bem quente.

Parabéns.

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gente o que foi isso???? estou aqui sem palavras.. esta difícil de digitar, nossa bom demais, como já disse nos comentários dos outros episódios, eu vejo tudo o que eu aprendi desde muito novo, vi partes da minha vida. Ensinamentos que levamos para a vida toda.

parabéns meninas, simplesmente espetacular...

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PS: eu estava com muitas saudades dessa história fiquei muito feliz quando vi a notificação, fiquei o dia inteiro com vontade de ler, mas somente agora eu consegui, obrigado meninas pelo retorno.

bjs e um grande abraço

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Voltaram firmes e fortes em meninas parabéns uma saga de amor liberal e espiritual isso é demais dá uma renovada nesse nosso mundo de cumplicidade entre autores e leitores isso é maravilhoso nota mil às minhas guerreiras se assim posso dizer se me permitirem lógico posso kkkkk obrigado a vocês meninas.

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Suspirei emocionado e pensei como ler aquilo fez bem para mim. Estava tudo ali, tudo o que eu precisava ler e sentir. O conto me encantou e me fez começar o dia muito melhor. Existe paixão do lado de lá e de cá. No dia seguinte será a prova definitiva de que vai valer a pena esperar pela continuação. Maravilha! ⭐⭐⭐ (copiei as estrelinhas da Nanda) Hhaha hoje eu estou no copia e cola.

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