Uma esposa e dois maridos sob o mesmo teto-(Parte 1)

Um conto erótico de Lael
Categoria: Heterossexual
Contém 2780 palavras
Data: 07/01/2023 19:03:23

Paralelamente a outra história que comecei e que será mais curta, darei início a essa saga. Neste primeiro capítulo, peço paciência aos leitores, pois será preciso fazer uma exposição dos personagens e do contexto para que todos entendam bem, entretanto, muito sexo e reviravoltas ocorrerão ao longo dessa trama, podem apostar.

A história se passa na pequena cidade fictícia de Jovalina, interior de São Paulo, nos anos 80, um dos locais em que parecia que o tempo parou, pois era um município pacato de 10 mil habitantes, sem violência, trânsito, drogas mais pesadas e ainda sem a praga terrível que surgiria pouco depois chamada de sertanejo romântico, quase que um paraíso, pelo menos para os que gostam de calmaria.

Em Jovalina, nasceu e cresceu Isabel, que se tornou uma jovem professora de Educação Infantil, muito querida por pais e alunos. Era branca, 1,70m, cabelos pretos levemente ondulados, rosto fino e delicado, olhos negros, nariz pequeno e arrebitado, boca também pequena que muitas vezes exibia um sorriso tímido, era do tipo falsa magra, pois apesar de ter braços e pernas de finos para médios, seus seios e bumbum se destacavam. Católica fervorosa ia a todas as missas e eventos ligados à igreja.

Vários rapazes, alguns até de boa posição social se interessaram por ela desde a adolescência, mas Isabel acabou se apaixonando aos 17 anos por Ivan, um cara cinco anos mais velho, baixinho (1,69m) e com braços e pernas grossas, moreno claro, cabelos negros, cavanhaque, não tinha lá muita beleza, mas ganhava quase todo mundo pela lábia. Chegou à cidade contando muitas lorotas de que era rico, mas, na verdade, tinha apenas recebido um seguro de vida do pai que falecera que até o ajudaria nos estudos ou a montar um negócio, entretanto, o rapaz não era muito chegado ao batente e mesmo tendo comprado um próspero mercadinho em Jovalina, tempos depois, já começou a se meter em dívidas.

Entretanto, para os outros, Ivan deixava transparecer que era bom de negócios, exibia um carro popular, porém do ano, se vestia bem e adora bajular os mais ricos. Acabou se encantando por Isabel, a seduziu e começaram a namorar para fúria do pai dela que desde o começo percebera o malandro com que a filha estava se envolvendo. Foram muitas brigas, entretanto, os dois se casaram quando ela estava com 20 anos e um ano depois nasceu o filho Tiago.

Ivan conseguiu um financiamento de 20 anos de uma bela casa na cidade, não era uma dessas luxuosas, mas era uma residência bonita e com padrões modernos para época, três quartos, sala e cozinha grandes, dois banheiros, uma grande varanda, um quintal no fundo que se tornou um belo jardim, janelas e portas no estilo colonial, o que deixou Isabel extremamente feliz.

Na mesma época em que se mudaram para essa casa, ao lado, mudou-se também Paulo, um jovem alto, 1,92m, 29 anos, branco, cabelos negros, não era magro , era alguém relativamente em forma. Não era um galã, mas atraía atenção das mulheres. Era extremamente calado, apenas dava bom dia a todos e respondia quase de maneira monossilábica quando alguém lhe perguntava algo. Tirando um homem de 45 anos, chamado Osmar que fez amizade com Paulo e passaram a pescar juntos, ninguém sabia muita coisa sobre ele, exceto que tinha comprado seis ou sete imóveis na cidade, que os alugara, e não trabalhava, apenas fazia móveis rústicos de madeira, mas como hobby, alguns como mesas e cadeiras foram doados para as duas escolas da cidade e para a biblioteca, outros eram vendidos quando ele ficaca sem espaço para guardar.

Tanto mistério foi um prato cheio para a cidade criar versões sobre o homem, alguns diziam que Paulo era um ex-presidiário que agora vivia escondido de seus exs-parceiros de crime, outra de que era louco e que por isso fora aposentado mesmo sendo tão jovem, mas a mais cômica era de que ele era o lobisomem da cidade e que nas noites de lua cheia ia para os lados da linha do trem para uivar e tentar caçar animais ou até mesmo pessoas. Essa versão sempre lhe era contada durante as pescarias com o amigo Osmar e lhe fazia rir tanto que lhe arrancava lágrimas dos olhos, num dos raros momentos em que aquele homem fechado manifestava algum tipo de sentimento. Chegaram a dizer também que ele era gay, mas a versão foi desmentida, pois, apesar de discreto, em duas ou três ocasiões, viram mulheres saindo de manhã de sua casa e o beijando. Outra curiosidade era que apesar de gostar de pescar, nunca entrava em um barco, ficava sempre à beira do rio, mas não explicava o motivo.

A fama de trambiqueiro de Ivan começou lentamente a surgir, dava calotes em fornecedores, enrolava clientes colocando um preço nas gôndolas, mas outro maior na hora de passar no caixa, fazia rolos onde nunca cumpria com a sua parte e passou a jogar baralho valendo dinheiro, o que em pouco tempo viraria uma bola de neve, ou melhor, de dívidas.

Ivan tentou se aproximar de Paulo para ver se conseguia enrolar o homem misterioso, mas ao ver que suas muitas propostas de negócios foram imediatamente descartadas pelo vizinho, se encarregou de espalhar uma versão difamatória de que ele realmente era louco e de que talvez tivesse matado a esposa e dois filhos antes de vir para Jovalina, quando lhe pediam mais detalhes, dizia que tinha ouvido de um cliente, mas não sabia bem se era verdade.

Além de se sentir frustrado por não conseguir enrolar o vizinho, Ivan também nutria raiva de Paulo pelo fato do mesmo lançar olhares desejosos para Isabel sempre que ela passava indo ou voltando da escola, o vizinho não conseguia esconder que sentia uma forte atração por ela. A própria já tinha notado isso, mas ele não era o único, apesar da hipocrisia de muitos homens da cidade, a verdade é que era impossível não dar uma olhada quando a delicada professora passava seja usando uma calça jeans e uma blusinha apertadas que destacavam seus seios e bumbum empinando ou mesmo um vestido comum, ela tinha um misto de beleza, pureza e ao mesmo tempo sensualidade.

Apesar de demonstrar desejo por Isabel, Paulo nunca foi inconveniente, sempre a tratou com cordialidade.

Depois do filho, marido e pais, a coisa que Isabel mais amava na vida era a sua casa, desde o primeiro momento em que a viu, se apaixonou e não se cansava de fazer algo para deixar seu lar mais bonito. Tinha orgulho dela e sonhava que em breve Ivan criasse um pouco de responsabilidade para que pudessem até aumentar a família.

Três anos se passaram e nesse período, Isabel agora estava com 24 anos, o marido com 29 e o vizinho 32. Nesse tempo todo, ela colecionou uma série de decepções com o Ivan, as dívidas explodiram; em muitos dias, o mercadinho só abria após o almoço, pois o camarada enchia a cara até altas horas com os amigos do baralho; a variedade de produtos disponíveis no estabelecimento tinha caído pela metade; o dinheiro para manter os gastos da casa vinham apenas do salário modesto que recebia como professora; os cobradores se multiplicavam desde fornecedores, bancos, outros comerciantes da cidade e até pessoas comuns a quem ele tinha pedido dinheiro emprestado ou perdido no baralho, o marido vivia se metendo em “novos negócios” que sempre acabavam mal; e até o nome dela estava sujo devido a dívidas contraídas por Ivan em bancos. Apesar disso, o irresponsável não deixou de ostentar trocando de carro e, claro, não conseguindo pagar as prestações. Como se não bastasse tudo isso, sua última cartada tinha sido pedir uma alta quantia emprestada a um agiota em São José do Rio Preto que tinha fama de mandar arrebentar que ousasse lhe dar um calote.

Uma noite, Ivan entrou aflito em casa, rodou, rodou, até que perguntou a Isabel:

-Escuta, será que o seu pai não tem como emprestar um dinheiro grande para a gente?

Apesar de doce, Isabel perdeu a cabeça e respondeu:

-Qual é o grande negócio da vez? Entrar de sócio na criação de galinha da Angola , montar um lava-rápido ou um miniparque de diversões. Ah, me esqueci! Tudo isso você já tentou e só perdeu dinheiro. Pode esquecer, meu pai não tem nada e se tivesse, eu não aceitaria, já ouvi muito desaforo dele por sua causa.

Ivan se sentou visivelmente devastado e disse:

-Então estamos perdidos.

-Como assim?!

-Estouraram um monte de buchas tudo de uma vez. Tem um agiota perigoso de Rio Preto atrás de mim; o banco vai tomar o meu mercado, eu tinha dado como garantia há mais de um ano, mas não consegui pagar o empréstimo; a concessionária também vai tomar meu carro e vamos perder nossa casa.

Isabel ficou pálida e achou que o coração fosse parar. Sabia que as coisas iam de mal a pior, mas não imaginava que a casa que ela tanto amava poderia ser perdida.

-A casa?!!!! Como Assim?! Ela não foi financiada?

-Sim, mas atrasei umas prestações...

-Ninguém perde uma casa por causa de umas prestações atrasadas, é só ir lá e renegociar.

Ivan abaixou a cabeça e disse:

-Mas é que já são dois anos sem pagar...

Isabel levantou-se desesperada, caminhou pela sala com os olhos arregalados e uma mão na boca, sabia que o marido era irresponsável, mas não a tal ponto, e em prantos, disse com a voz trêmula:

-Eu não acredito que você fez isso comigo e com o nosso filho... – Caindo depois em um choro profundo.

Após muito choro, Isabel começou a discutir com o marido, a briga acabou chamando a atenção de Paulo que chegou próximo ao muro e começou a se inteirar do motivo de toda aquela confusão. Foram horas de gritos e choro. Ivan estava mais com medo do agiota do que com o teto que iriam perder.

No outro dia, Isabel telefonou para a escola e disse que não poderia ir lecionar, estava completamente devastada, pensando no que seria dela e do filho. Se fossem para a casa de seus pais, seria uma humilhação, pois o pai não passaria um dia sem lhe jogar na cara; se resolvesse alugar uma casa, teria que ser dez vezes mais simples e afastada, sem contar que mal sobraria para alimentar a ela e ao filho. Além disso, naquela época, começava a se tornar normal um casal se separar, mas em cidades pequenas como Jovalina, isso era uma mancha, uma desonra, na verdade, uma grande hipocrisia que levava mulheres infelizes a viverem até o fim com alguém que lhes fazia mal. A incerteza do que ocorreria a fez passar o dia chorando.

À noite, quando voltava do mercado, Ivan estava descendo do seu carro (aproveitando os últimos dias com ele), quando ouviu Paulo o chamando. Apesar de estranhar, já que em todos esses anos, ambos não conversaram mais do que duas, três vezes, além dos tradicionais bom dia e boa noite, decidiu ver o que era.

-Algum problema, vizinho?

-Gostaria de saber se tem interesse em fazer um negócio – Respondeu Paulo.

Os olhos de Ivan cresceram, para quem estava completamente fodido, qualquer graninha que entrasse seria bem-vinda.

-Depende, como você deve saber, estou sempre aberto a novas oportunidades de negócio, se for interessante, podemos sim.

Demonstrando cara de poucos amigos, como já era de costume, Paulo questionou:

-É um assunto um pouco longo, prefere conversar agora ou deixar para amanhã?

-Agora! Tranquilo.

-Então, entre, por favor.

Aquela era a primeira vez que Ivan entrava na casa do vizinho e não pôde deixar de notar como os móveis e a decoração eram refinados. “Esse cara deve ter mais dinheiro do que demonstra, se eu souber jogar direito, consigo tirar uma boa grana desse esquisitão”.

Os dois se sentaram e Paulo foi direto:

-Bem, Ivan, lamentavelmente, ontem à noite, acabei ouvindo a longa discussão entre sua esposa e você...

Ivan frangiu a sobrancelha demonstrando que não tinha gostado nada e interrompeu:

-Eu que lamento que tenha ouvido, mas não preciso explicar que isso é uma coisa particular e que não quero discutir com você até porque nem intimidade temos. Você disse que tinha uma proposta de negócio para fazer, agradeço se formos direto a ela.

-Pois é, mas é que tem a ver com o que ouvi ontem a respeito da sua situação. Queria te propor algo.

-Sim, diga.

-Se entendi direito, em um ou dois meses, você perderá tudo, casa, mercado, carro e ainda pode acabar todo arrebentado fisicamente falando. Acho que sei um jeito de te ajudar e de me ajudar também. Posso quitar suas dívidas, fazendo com que você e sua família continuem na casa e você siga com o mercado.

-Mas qual é esse jeito?

-É constrangedor dizer, mas se eu assumir suas dívidas quem ficará a ver navios serei eu, pois é improvável que você pague, por isso tenho uma proposta, mas não precisa responder agora, pense e depois me diga...

-Sim, o quê?

Apesar de aparentar ser frio e até bravo, Paulo estava constrangido e não encontrava as palavras, Ivan demonstrou inquietação:

-Amigo, se não me der as suas condições, fica difícil de eu entender e ver se dá jogo ou não.

-Ok, só espero que não fique agressivo porque não precisamos disso...A minha proposta é a seguinte, salvo a sua vida, sua casa e seu negócio, mas em troca passarei a dormir com Isabel, na cama de vocês praticamente todas as noites.

Ivan arregalou os olhos e ficou olhando atônito para Paulo por vários segundos, era como se quisesse ter certeza de que ouviu aquilo mesmo:

-Como é que é, seu filho da puta? – Questionou Ivan já se levantando e fechando a mão como se fosse partir para a briga.

Paulo também se levantou e parecia um gigante perto do vizinho:

-Calma, sei que a parada é pesada, mas é um acordo discreto que será bom para nós dois.

-Escuta aqui, filho da puta, esquisitão do caralho não é porque você é grande que tenho medo e se não aguentar na porrada, será na bala. Tá achando que sou gigolô da minha esposa? Que ela tem preço? Que porra de ideia é essa, seu panaca? Quer saber? Vamos resolver isso agora.

Ivan tentou se atracar com Paulo, mas esse apenas segurou o vizinho e o jogou contra a parede, como um estivador joga longe um saco de café. O marido de Isabel bateu as costas e a cabeça com força, mas ainda tentou reagir e foi seguro com uma gravata e passou a se debater para se soltar, porém sem sucesso.

-Vai para casa e pensa na minha proposta, porra! Se você amasse e respeitasse mesmo a sua esposa não teria feito tanto merda todos esses anos. Só vou te dar uma coisa para pensar: acha que depois de ver que você perdeu tudo, até a casa, a Isabel continuará com você, morando numa toca de rato qualquer? Ela vai jogar a tolha e recomeçar a vida sozinha e logo estará dando para outro que a valorize e você, se não estiver sete palmos abaixo da terra por causa do agiota, estará dormindo bêbado pelas calçadas de Jovalina é isso mesmo o que quer? Ou prefere ter uma nova chance de recomeçar com o mercadinho, zerar as dívidas, continuar com uma casa bonita e uma família linda, só precisando deixar que discretamente eu tenha um caso com a sua esposa, depois que você me pagar, sumo da vida dos dois. Vai descansar e pensa nisso, só não volta dando uma de machinho porque não tenho saco para brigar com cachaceiro irresponsável.

As palavras de Paulo foram como uma descarga de 220v em Ivan que viu que o cenário pintado pelo vizinho sobre seu futuro caso não aceitasse a proposta absurda e indecente tinha grandes chances de se concretizar. Irado, ele gritou “Me solta!” e saiu sem dizer mais nada. Chegou em casa furioso, mas Isabel nem notou seu estado, pois ela estava ainda mais arrasada com tudo.

Nos dias seguintes, a proposta de Paulo atormentou a paz do ex-bon vivant de Jovalina, porém quando recebeu no mesmo dia, uma carta do banco dizendo que era o último aviso para que quitasse a dívida ou a casa iria a leilão e ainda, um telefonema do agiota dizendo que se em sete dias, ele não pagasse com juros a dívida, iriam lhe quebrar os dois braços e lhe cortar uma orelha, Ivan se desesperou, fechou o mercadinho mais cedo e desceu para sua casa.

Pouco depois, toca a campainha de Paulo, ele vai atender e é Ivan que pergunta da porta:

-Explica direito aquela porra de proposta...

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Comentários

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Quando seus pais disserem que ele não é um bom partido, não deem uma de mulher decidida que sabe o que faz, pois não sabem. Seus pais estão certos e você errada.

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Sem disciplina a vida desaba! Vai pagar o preço!

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Leal seus contos são excelentes, mais esse promete muito uma trama bem bolada. Meus parabéns!!!

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A trama promete muito! Só quero ver o que vai acontecer! Excelente Lael!

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Parabéns Lael, ótimo começo e foi uma grata surpresa você mencionar minha cidade natal nesse conto, Rio Preto é uma ótima cidade.

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Eita história boa da porra!! Rs 👏👏👏👏

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Vou esperar para entender melhor o conto.

Pelos anteriores vão 3 estrelas.

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Lael tu és louco amigo, que história surreal cara isso vai dar o que falar pode ter certeza que cenário para um conto não podia ser melhor, o enredo é demais parabéns nota mil.

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