UM VENEZUELANO NA MINHA VIDA - 13: UM MOMENTO DE FOLGA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 2162 palavras
Data: 26/09/2022 22:21:27

Uma mudança nunca é fácil. Grande ou pequena, sempre temos trabalho para mudar de casa. Os móveis de Noslen e seus amigos couberam em uma caminhonete pequena. Eles contaram com a ajuda de seus amigos brasileiros. Apesar de ficar triste, Enzo auxiliou em tudo que pôde para ajudar o parceiro.

O apartamento ficava no segundo piso de uma casa e eles tiveram que subir tudo sozinhos. Por enquanto, Noslen e Nico dividiriam um quarto, enquanto seus amigos David e Nicolas ficariam em segundo quarto. Tudo era muito simples, mas funcionaria bem para os venezuelanos.

Com o salário, Noslen conseguiu comprar duas camas de casal para o seu quarto. A novidade do dia ficou para Nico, que durante a exposição de Santino arrumou um emprego na galeria e poderia ajudar mais nas despesas de casa.

Depois de muito anos, os amigos venezuelanos enxergavam uma luz no fim do túnel. Eles queriam evoluir para tentar vencer na vida e ajudar seus familiares na Venezuela.

— Com o tempo, o lugar vai ficar com o jeitinho de vocês. — garantiu Celina, que ajudou na mudança.

— Sim, obrigado. Vocês nos ajudaram demais. — agradeceu Noslen, falando um português quase que perfeito para a surpresa dos seus amigos.

— Olha, o Noslen é um legítimo brasileiro. — brincou Erick, tomando um copo d'água. — Bem, meninos, agora eu e a minha gatinha precisamos ir para casa.

— Verdade. Precisamos nos organizar para a viagem de amanhã. — disse Celina se despedindo de todos e saindo com Erick.

— Você está feliz? — questionou Enzo se aproximando de Noslen e o abraçando.

— Demais. Eu nem acredito que saímos daquele lugar horrível. — afirmou Noslen, acariciando Enzo e o beijando.

— Ei, vão para um quarto! — repreendeu Nico, usando a farda da galeria. — Crianças, estou indo para o serviço, por favor, não aprontem nada demais e fechem a porta do quarto.

Sim. Existia uma harmonia entre os jovens. Outro que buscava equilíbrio em sua vida era André. Ele precisava lidar com a internação da mãe e das birras de Arnoldo, seu irmão adolescente. Nem sempre era fácil, porém, assim como Noslen, André queria vencer na vida e ajudar os seus.

Só que o jovem continuava pensando em Ian D'ávila, o inimigo do seu melhor amigo. Ele até tentou intervir na situação, só que não conseguiu muita coisa. Se afastar do empresário doeu, porém, Enzo sempre foi um bom amigo e não merecia ser traído outra vez, principalmente por alguém tão próximo.

— Qual é, mané? — questionou Arnoldo, aproveitando a distração de André e tacando um papel em sua cabeça.

— Vai aperriar outro, curumim. — soltou André, revoltado.

— Ele tá bravinho, né? Deve ter brigado com o namorado. — disse Arnoldo com a intenção de provocar o irmão. — Já te disse irmão, você não precisa se apaixonar, só pegar os gatinhos.

— E desde quando você entende algo sobre relacionamento? Vai estudar moleque. — ordenou André, sem tirar os olhos do notebook.

— Esses jovens não entendem nada da vida. — Arnoldo afirmou de maneira irônica. — Mas é sério, André. Com certeza, o cara não vale a pena. Você deve ser fiel a si mesmo.

— Vai cagar! — André jogou um travesseiro no rosto do irmão.

Com a mudança pronta, Noslen começou a pensar mais no homem misterioso. Ele tentou ir atrás de alguma pista, mas não encontrou nada relevante. Como a compra foi feita de surpresa, não havia nenhum comprovante no nome da pessoa.

Para evitar ficar com dor de cabeça, o venezuelano mergulhou de cabeça na primeira viagem que faria com o parceiro. Na realidade, os dois ainda não haviam chegado em um acordo sobre o status do relacionamento. Eles apenas eram.

Roupas, barraca, comida, um ventilador e litros de repelente e protetor solar. A bagagem de Enzo refletia toda a sua organização. Assim como Noslen, o jovem empreendedor não pensava na rasteira que levou de Ian. Ele sabia que uma hora ou outra, o seu colega faria algo de errado e pediria ajuda.

O apartamento dos irmãos Souza parecia um campo de guerra. Eles iriam no carro de Enzo, por isso, precisavam deixar tudo pronto para a partida, principalmente, porque pegariam a Celina no trabalho e, só assim, iriam para o sítio dos amigos.

A relação de Enzo e Ian ficou quase zerada, depois que houve a substituição, porém, em algum momento os dois precisariam interagir. E graças a um novo equipamento, eles tiveram que se encontrar. Afinal, o maquinário seria primordial para o projeto de Enzo para voltar ao topo.

O início da reunião foi uma torta de climão. O Ian não conseguia esconder a felicidade de estar por cima de Enzo, mesmo sendo ameaçado por Diana e Benjamin. Se tem uma coisa que Ian D'ávila adora é ganhar. Seus sorrisos e gestos mostravam sua satisfação em estar à frente da Tech Land, o filho de Enzo.

— Obrigado pelo direcionamento, Enzo. — disse Ian se levantando e indo até o colega. — Olha, sem ressentimentos, não é? Não temos culpa do que a diretoria decidiu.

— Claro, Ian. É até melhor. Eu tenho mais tempo para criar e pensar em novas formas de agradar os nossos clientes. — Enzo se segurou para não estourar com Ian. Deus sabe a força que ele teve.

— Ótimo. Inclusive, vou falar com novos investidores, que, pasme, descobriram que eu sou o novo chefe da Tech Land. Eles já estão chegando. — avisou Ian com um sorriso debochado no rosto.

— Ok. Então, com licença. — saindo da sala.

— Idiota. Eu sou demais. — disse Ian para si mesmo, entretanto, lembrou das recentes ameaças que sofreu. — A Diana.

Você já viu alguém que nasceu com o bumbum virado para a lua? Esse alguém é Ian D'ávila. Ele contratou um detetive particular para investigar a sua secretária particular. Por incrível que pareça, o detetive encontrou várias coisas interessantes. No emprego interior, Diana foi acusada de roubo e despertou uma memória de Ian. Nos últimos meses, ele perdeu vários objetos pessoais como seu carregador portátil ou um óculos escuros.

Apesar do baixo valor, os pertences do empresário começaram a desaparecer desde a chegada de Diana. No texto, o detetive descreveu a moça como alguém frio e calculista. Muitos amigos, ou ex-amigos, reclamaram da conduta de Diana, que já foi fichada pela polícia por passar um golpe. Além disso, o detetive enviou um aviso para que eles se encontrassem, pois havia encontrado uma informação sobre o pai de Ian.

— Safada. — olhando para os documentos. — Eu te peguei, vadia. Ninguém tenta passar por cima de Ian D'ávila e sai impune. — colocando os papéis dentro de uma pasta. — O RH vai adorar essas provas, anonimamente, claro. — rindo de maneira debochada.

O dia de Enzo começou bom, mas o encontro de Ian trouxe um mau humor ímpar. Parecia que uma nuvem seguia o irmão de Erick. Chateado, Enzo subiu para o último andar do prédio. Ele só não reparou que foi seguido por alguém. A distração pode ser uma arma que qualquer inimigo pode usar contra nós.

— Cuidado. — soltou Noslen, quase matando Enzo do coração.

— Menino! Que susto. — Enzo repreendeu o venezuelano, que não aguentou e gargalhou. — Ah é, seu Noslen Fuerte. — se aproximando e fazendo cócegas em Noslen.

— Eu me rendo. Eu me rendo. — levantando os braços em forma de rendição. — Posso saber o que está fazendo aqui? Temos que pegar a Celina.

— Eu sei. Só precisava de um tempo. — sentando em uma mesa.

— Dia estressante? — questionou Noslen, sentando ao lado de Enzo e o abraçando.

— Demais. Cara, o Ian age como se estivesse tudo bem. Ele roubou um sonho meu, sabe. — disse Noslen, não conseguindo esconder a chateação.

— Tudo no seu tempo, meu guapo. — Noslen misturou o português e espanhol. Ele era o único que conseguiu tirar um sorriso de Enzo.

— Vamos? — perguntou Enzo, ficando em pé e pegando na mão de Noslen.

As estradas do Amazonas são cercadas por um verde quase vivo. As árvores, flores e cheiros da natureza são as únicas companheiras do grupo que é guiado por Erick. Apesar de amar o irmão caçula, o policial se considera o melhor no volante e dirigiu o carro em direção ao sítio do amigo de Santino.

Já Celina foi ao lado do namorado e deixou os pombinhos no banco de trás. Noslen estava tão cansado que dormiu no ombro de Enzo. Uma vez que o venezuelano passou a dedicar parte do seu tempo nos desenhos. Graças a exposição, Noslen se descobriu um excelente artista plástico. Porém, o tempo era o seu principal inimigo e o novo aluguel não se pagava sozinho.

O sítio era um lugar familiar para os irmãos Souza, só que seus parceiros não conheciam. Enzo contou sobre o pedido de namoro de Santino e Kleber, lembrou o dia em que o Erick quebrou o nariz ao levar um chute durante uma partida de futebol ou da dor de barriga que teve ao comer uma fruta estragada.

Ao chegarem na propriedade, eles ficaram surpresos. O sítio era gigantesco e contava com diversas cabanas espalhadas pela grama. Erick explicou que os donos decidiram fazer uma espécie de santuário para receber os amigos e parentes.

— Opa. Teremos privacidade? — questionou Celina, que tirou um riso sacana de Erick.

— Claro, meu amor. Só nós dois. — disse Erick, enquanto estacionava o carro.

— A Giovana, a sobrinha da dona do sítio, avisou que eles estão fazendo um churrasco. É para deixar as nossas coisas nas cabanas e colocarmos os nossos trajes de banho. — explicou Enzo, saindo do carro e pegando parte das bagagens.

***

Ooh I see you, see you, see you every time

And oh my I, I, I like your style

You, you make me, make me, make me wanna cry

And now I beg to see you dance just one more time

***

Festa! A música bombava em uma caixa de som montada estrategicamente em uma área protegida. Os jovens estavam espalhados por todos os lados. A primeira a cumprimentar o grupo foi a Giovanna, uma moça linda e bêbada. Ela abraçou os amigos e puxou a Celina para mostrar mais do sítio.

Não demorou muito e Kleber chegou com quatro cervejas nas mãos. Ele entregou para os amigos, que brindaram pelo final de semana perfeito. Noslen ainda está na fase de se localizar dentro da área. Ele reconhece a maioria dos rostos, mas prefere observar para se habituar com a situação.

— E o Santino? — questionou Enzo.

— O meu bebê vai chegar mais tarde. Ele ficou preso em um projeto da pós-graduação. — explicou Kleber, que usava apenas uma sunga preta.

— E vocês dois? — Erick olhou para o irmão e o amigo. — Já estão há seis anos na faculdade. O Santino já está fazendo uma pós.

— Qual é, — Enzo se defendeu. — nós criamos uma empresa e o nosso curso precisou parar por falta de alunos. A culpa não é nossa.

— Verdade. Só que vamos parar de falar de estudo e trabalho? Esse é um ambiente seguro. Sem estresse do mundo real. — pediu Kleber, levantando a garrafa e fazendo mais um brinde.

Casais apaixonados por todos os lados. Noslen percebeu que aquele lugar era seguro para expressar os sentimentos para o Enzo, mas será que o empresário aceitaria o seu pedido de namoro? Aos poucos, Noslen conseguia dar um jeito em sua vida, mesmo sem lembrar do passado, o seu sentimento por Enzo era genuíno.

A primeira vez que ele tentou fazer o pedido de namoro, Erick o atrapalhou, porque precisavam de alguém para o time de futebol. Depois o churrasco ficou pronto e todos decidiram jantar. A brecha para fazer um pedido de namoro foi pelo ralo.

A piscina virou um reduto de todos. Então, começou uma competição na água, a queimada aquática. Enzo e Noslen caíram no mesmo time, então, ficaram lado a lado para se protegerem. Quer dizer, Noslen proteger o crush, que não possuía nenhum pingo de coordenação para fugir das boladas.

No fim das contas, sobraram Enzo, Noslen e Kleber, que era o deus da queimada aquática. A água cobria o namorado de Santino quase que completamente. Isso era uma vantagem, pois Noslen e Enzo estavam desprotegidos. A bola estava nas mãos do venezuelano.

— E aí, Noslen. Vamos cabron! — gritou Kleber, que lutava para se manter em pé.

— Ele não vai aguentar por muito tempo. — pensou Noslen. Em um ato rápido, o venezuelano finge que vai lançar a bola, mas só troca de mão. Neste momento, Kleber escorrega e fica desprotegido. — Agora! — grita Noslen, jogando a bola e acertando a cabeça de Kleber.

— Nós ganhamos? — perguntou Enzo confuso.

— Claro, meu amor. — Noslen abraçou Enzo. — Enzo, você...

— Ei, Noslen! — Santino gritou e acenou para o venezuelano. — Eu preciso falar com você. É urgente!

A voz de Santino parecia trêmula. Havia alguma coisa errada, então, Noslen nadou até a borda da piscina e saiu. Eles seguiram para uma das mesas que estavam vazias e Santino contou que o homem misterioso o procurou.

— O que ele queria? — questionou Noslen ansioso.

— Falar com você. — respondeu Santino, entregando um cartão do tal homem. — Ele vai viajar, mas volta na segunda-feira.

— Meu Deus, quem será esse homem? — Noslen questionou a si mesmo.

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Comentários

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Muito bom, como gosto do que você escreve, fico ansioso para saber logo o que vai acontecer. Obrigado.

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Esse Ian vai cair pelo próprio ego inflado, mas torço para ele cair muito feio.

Diana está se saindo "melhor que a encomenda", uma pilantra de "marca maior". Também merece ser destronada e exposta pelas sacanagens que fez com Enzo.

Quero ver também a queda de Benjamim, canalha tem que se dar mal, muito mal.

As relações de Erick e Celina, Enzo e Noslen e a conexão entre os dois casais está muito linda. Claro que entendo que isso é reflexo da relação dos irmãos, mas que está linda, está.

E agora mais um possível desfecho de uma parte da trama. O que será que este homem misterioso quer com Noslen??? O que será que ele vai revelar sobre o seu passado??? Qual será a relação deles, se é que existia?????

Ansioso aqui pelo próximo capítulo.

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