Aventuras Entorpecidas com uma Andarilha

Um conto erótico de Oliver de Oliveira
Categoria: Heterossexual
Contém 1557 palavras
Data: 08/07/2022 17:44:18

Pelos percalços que a vida estava levando a caminhar, agora sem poder ostentar um Casillero Del Diablo Cabernet Sauvignon, fôra obrigado a mudar a bebida, caso ainda quisesse manter-me anestesiado. Não estou a criar uma apologia que o álcool é solução para os problemas, contudo, à minha compreensão, cria uma sensação de “uma estranha realidade”, algo dos bons tempos de Castañeda. Incrivelmente, passei a gostar da nossa mais tradicional bebida, a aguardente, a famosa cachaça, tão bem consumida entre dez de dez brasileiros. Coloco um adendo que é descriminação por parte nossa citar os consumidores de meros cachaceiros ou pingaiadas ou humanos.

Naquela tarde de Outubro, quando voltava tristemente para casa, contente apenas por ter uma garrafa de “pimba”, uma aguardente envelhecida em carvalho, artesanal, forte, para saciar meu desejo de sair da realidade, cruzei com uma conhecida andarilha, uma mulher contumaz em estar sob efeito da bebida nas praças do bairro. Tempo atrás, lembro de tê-la visto no posto de saúde, acompanhando um amigo – Que viria a falecer de cirrose. Olha, antes de continuar, vou apenas repassar um ditado que explica porém não justifica, “onde não existe mulher feia, apenas que você não bebeu o suficiente”. Até hoje não sei o nome dela. Nem onde mora ou se tem parentes. Avistei-a vindo pela calçada, cambaleante, com uma bolsa, calça jeans, ténis, uma camiseta amarela e uma jaqueta verde. Claramente a via sob efeito da bendita cachaça.

A metros de cruzar com a mulher, dois pensamentos latejavam em mim: Uma sensação de desejo físico e um sentimento de perda dos freios sociais, económicos, familiares. É concebível ter fantasia com uma andarilha alcóolatra, dentro dos aspectos corporais e de camada social? Antes de apanhar da vida, minha resposta era um não; contudo, comtemporaneamente, sim foi a posição que tomei ao abordar a velha alcóolatra de rua.

- Ainda aguenta tomar umas dose?

- Se tiver sim... Murmurou entre um trêmulo riso e uma olhada perdida com o olhar castanho claro vazio e brilhante.

Mostrei a garrafa no interior da mochila. Ela praticamente aprumou sóbria. Olhou feliz, com um sorriso perfeito, algo estranho pelo estado decadente de um todo da mulher.

- Podemos beber com uns amigos?

Subitamente senti que os amigos dela seriam meus amigos, companheiros de infortúnios ou apenas pessoas cansadas de terem esperança. Concordei e passei a segui-la com ela em passos rápidos, seguros, abraçadas na bolsa a tira colo. Chegamos em uma entrada do que parecia uma chacará, porém visivelmente em estado de abandono. Passamos por um vão entre a porteira e a cerca de arame farpado, caminhamos por uma trilha no gramado e achegamos a um barracão, de onde circulando em torno dela até uma porta entre aberta, onde acessamos. Nesse espaço, três sofás surrados mas ainda confortáveis, uma mesa de cozinha com três cadeiras, um fogão de lenha improvisado num canto e um velho armário abarrotado de panelas, pratos, talheres velhos. Apenas dois homens sentado nos sofás, visivelmente bêbados, tentando fazer um cigarro de palha.

- Boa tarde, gente! Berrou a mulher em gestos de dança defronte a eles, mostrando eu. – Nosso amigo aqui tem uma bebida para nós! Encerrou a apresentação chegando perto de mim, ao ponto de quase abraçar-me. – Não sei se posso abraçar você... Sorriu olhando com uma cara de vadia.

- Tanto pode como deve! Disse puxando-a para meus braços.

Sigmund Freud explica, diria um psicólogo ou um psicanalista. Naquele pequeno momento de vivência, senti tesão pela mulher, de tê-la para carinhos em seu corpo magro, quase que esquelético.

Creio que nessa altura do relato, cabe dar uma breve descrição dessa mulher. Típica andarilha que vemos normalmente pelas ruas das cidades, de estatura baixa com metro e meio, cabelos curtos, num cinza com branco, com um volume gostoso no peito, sinalizando seios redondos, grandes apesar de sua magreza; cintura reta com o quadril sem uma bunda. Ainda dentro das vestes que a deixavam mais seca. Entretanto, ao puxá-la contra meu corpo, com as mãos tocando nas costas, na cintura dela, senti um prazer que a tempos não tinha.

Foi de minha parte o ato de desvencilhar de seu abraço, já constrangido com aqueles dois rapazes, obstante o teor de álcool na cabeça de ambos já não darem uma plena consciência do que realmente ocorria à volta. Foi também isso um fator interessante, dentro daquele comportamento de exibicionismo, num lance de ideias, fazer sexo com a mulher e os dois assistindo.

Pela circunstância do momento qual que constrangedora pelos meus pensamentos sexuais, pela passividade dos dois e por uma vontade da mulher, puxei da mochila o litro de cachaça, ao que visto pelo três, um sorriso de satisfação. Imediamtente um dos rapazes pulou do sofá e pegou dois copos americanos, uma xícara e uma taça.

- Um brinde ao nosso amigo! Gaguejou colocando nas mãos de cada um o vasilhame, deixando pra mim a taça.

Cordialmente servi as doses a todos, enchendo a minha taça, a qual tomei em três goles a bebida. Precisava ficar mais alucinado dentro dessa situação toda estranha em minha vida. Sinceramente, sem uma alimentação sólida, em estado de desejum, uma dose de pinga realmente afeta o equilíbrio. Tornei a encher a taça e servi os demais. Todos mostravam-se felizes como nada de problemas houvesse no mundo. Fui tomado dessa gostosa euforia, do álcool e deles, livres de compromissos ou obrigações. Olhando para a mulher, que acabava de virar a dose, senti uma vontade de beijar sua boca, despi-la das roupas, acariciar teu corpo magro. Quando ela olhou para mim, creio que percebeu essa minha vontade. Ficou mais séria, com um olhar pernicioso. Entretanto, nossas elocubrações foram dissipadas com a chegada de um casal de andarilhos, que já chegaram dando risadas e gesticulando muito, com o homem exibindo um pacote gritando que trazia petiscos para comer.

- Eu já trago um litro de 51! Berrava a mulher.

- Então junte a nós, com o nosso amigo e vamos beber. Falou a andarilha que chegou bem junto de mim, deixando-se abraçar.

Os dois rapazes vendo que o visitante trazia uma linguiça, puseram-se rapidamente em pé já tomando providências para acender o precário fogão e colocar pra fritar o petisco, juntando-se a eles o homem. Sua companheira, uma velha, magra, de vestido longo, chegou junto a nós mostrando um sorriso sem dentes, caso seja possível isso e murmurou algo à minha companheira. Não compreendi o que foi dito, porém, pelo que ela fez foi algo de cunho sexual. Ela segurou nos seios da minha companheira, apertou, acariciou e deslizou as mãos na cintura tocando na sua área genital. As duas riram alto. Apenas sei que um gostoso desejo crescia mais dentro de mim. Ousado, já com efeito da bebida, voltei a abraçar a andarilha e levei a boca ao rosto dela, que não fugiu. Senti os lábios secos, com gosto de pinga, num beijo irreal, porém, com gana de desejos. Naturalmente as mãos percorreram as costas dela, afagando com delicadeza, indo ao seios, que foram seguros e pude sentir uma maciez e incrivelmente rígida. Não continuou o momento por dois fatores externos a minha vontade, sendo o primeiro os três homens festejando as labaredas acesas e a frigideira pronta e o segundo, a velha segurando meu pau por dentro do shorts, numa carícia sensual e excitante.

A noite começou a chegar naqueles vislumbres tristes de por de sol, num dia quente. Entretanto, no barraco, com aqueles cinco moradores de rua, andarilhos, desafortunados ou seja qual o nome a ser dado, até mesmo pingaiadas, a festa era boa e agradável. A linguiça frita, cortada em pedaços, a pinga consumida por todos, garantiam a alegria. Um velho rádio que fora ligado, com músicas sertanejas, davam ao grupo o som musical. Nunca foi dançarino, creio que com dois pés esquerdos, mas, ali, com os amigos, dancei com uma, com outra, e cada vez mais ousado nas carícias nas mulheres, por ter descoberto que a velha não era compromissada com o homem com quem havia chegado.

- Somos amigos. Não tenho homem na vida. Dissera ela quando estávamos dançando. – Quando gosto de um homem quero ser dele. Ao mencionar isso, ofereceu sua boca sem dentes, com um hálito forte, lábios carcomidos, para um beijo. Beijei. Beijei com desejo e vontade, sem importar com nada desse mundo. Pensei comigo “a morte chega e o que você leva?”

Por volta das vinte horas, as bebidas acabaram e o petisco só na lembrança. Os dois rapazes, apesar de claramente bêbados, ainda mostravam-se animados; o que chegara por último, já estava encostando vencido pelo dia. Remexi na mochila e pequei o resto de dinheiro ainda existente na minha carteira. Calculei que daria para comprar uns corotes. Acredito que, caso chegue a querer tomar corote, estaria no fim. Espero não chegar até esse ponto de minha vida.

Ao oferecer o dinheiro para novas bebidas, fui colocado no céu ao lado de Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Olha, aos que passaram pelos Anos 70 e usaram de alguma droga alucinogéna, façam uma comparação daquele instante com o momento que vivi. Uma total alucinação da realidade. Os dois saíram felizes para comprar mais bebidas. Ficou no barraco as duas mulheres, bêbadas e felizes e o homem no sofá, semi desfalecido. Nesse momento que observei o nosso sistema de luz naquele lugar. Eram velas acendidas nos quatro cantos do cómodo, que davam iluminação bruxuleante e hipnótica.

Continua....

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