O outro capítulo 33 Irene

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 12262 palavras
Data: 25/05/2022 13:29:30

Capítulo 33

Para matar o tédio do tempo ocioso, Vanessa passeava pelos corredores da livraria, deslizando o dedo indicador pelos livros. Parou diante de um que chamou a sua atenção. Era um exemplar de capa preta com letras douradas escrito Bíblia sagrada.

Pegou-a e a levou até o balcão, onde Leandro terminava de catalogar os livros. Ele estava sentado em frente ao computador, compenetrado.

_ Pai.

_ Fala, meu amor._ Leandro disse, sem tirar os olhos do monitor.

_ Por que você está vendendo a Bíblia?!

_ Porque a bíblia é um livro, e aqui é uma livraria.

_ Mas aqui não é uma loja cristã. Você deveria vender livros úteis.

_ A bíblia também é útil, meu amor. Ela nos ajuda a compreender a mentalidade da nossa sociedade. E além disso, muitos grandes clássicos fazem referência á ela.

_ Eu não vejo utilidade nenhuma nela. Concordo com o meu pai Júlio, quando ele diz que a bíblia é um livro de mitologias idiotas, onde absurdos acontecem: virgens engravidam, cobra fala e homem permanece vivo dentro da barriga de uma baleia. Sem contar que o deus descrito nela é um personagem tirano e psicopata, criado por mentes afins para manter o povo sob cabresto.

_ Júlio disse isso?

_ Ele sempre diz.

_ De psicopatia e tirania o Júlio entende muito bem. Mas você não deve repetir isso na frente dos clientes. São argumentos muito desrespeitosos. Os clientes cristãos podem se sentir ofendidos.

_ Eu também fico ofendida quando dizem que gays vão para o inferno e mulheres devem ser submissas aos maridos.

_ Então, peça para que eles não compartilhem as opiniões deles contigo e você faça o mesmo com eles. Assim evitamos tumultos desnecessários, meu bem. O importante é que todos se respeitem.

_ Você disse que meu pai entende de tirania e psicopatia. Eu entendi o que você quis dizer. Mas não gosto de vocês se desentendendo. Sinto falta de quando éramos uma família.

Leandro respirou fundo. Não estava com vontade de seguir com aquela conversa.

_ Filha, vamos combinar de não tocar nesse assunto?

_ Por quê? Você acha que tudo isso está sendo fácil pra mim?! Aquele miserável do Abner está aqui em frente, o pulha do Ezequiel vive correndo atrás de você. O meu pai está tendo um casinho com aquele tal de Luciano. Ele nega, mas eu sei que é verdade. Eu não quero ter padrastos! Não aceito isso.

Leandro se aborreceu com a fala da filha. Perguntou-se como deixou que Vanessa se tornasse essa menina tão mimada.

_ Mas vai ter que aceitar. As coisas mudaram, Vanessa! Você vive reclamando que detesta ser tratada como criança, mas sempre age como uma! O meu casamento com o Júlio acabou! Se ele quiser continuar a vida namorando esse tal de Luciano ou qualquer outro é direito dele. Assim como eu tenho direito de namorar quem eu quiser.

_ Nossa! Você nunca falou assim comigo!

_ Foi nisso que errei. Agora me deixe trabalhar.

_ Tudo bem...grosso!

O domingo chegava ao fim, e com dó no coração, Leandro levou Vanessa de volta para a casa de Júlio.

Partiram para a cobertura depois de irem ao cinema e lancharem numa lanchonete de sanduíches naturais. Vanessa desejava ir a um fast food, mas Leandro por não achar saudável, fez questão de negar o pedido a filha.

_ Meu amor, os sanduíches de lá são uma delícia. Dê uma chance, tenho certeza que você vai gostar.

Vanessa revirou os olhos para cima, aceitando a contra gosto. Mas também fez sua exigência.

_ Tudo bem. Eu como o sanduíche que você quer e bebo o suco natural, mas quero um sorvete como sobremesa.

_ Trato feito._ Leandro concordou sorrindo, puxando Vanessa para si e a beijando no rosto.

Quando o carro se aproximou do prédio da cobertura. Leandro sentiu uma aflição. As lembranças ruins das brigas com Júlio o atormentaram. Desejou sair o mais rápido possível daquele lugar.

Vanessa mandou uma mensagem para Júlio avisando que estava chegando no prédio, e ele desceu alegre para espera-la.

Os motivos da sua alegria eram dois: matar a saudade de Vanessa e rever Leandro.

Pelos stories de Vanessa, Júlio acompanhou o passeio dos dois. Desejou estar com eles. Sentiu falta dos programas em família que faziam juntos.

Leandro se manteve sério ao ver Júlio sentado no sofá da portaria. Vanessa correu para abraçá-lo. A raiva tinha passado e matou a saudade naquele momento.

Ela lamentava muito a situação em que estava vivendo. Durante a semana, quando estava sob a guarda de Júlio, sentia muitas saudades de Leandro. Nos fins de semana, ela matava a saudade de Leandro, mas sentia de Júlio.

"Que saudade de quando ficavamos todos juntos." Era o que pensava, quando estava só.

_ Eu estava com saudades. Como foi o fim de semana, meu anjo?

_ Foi ótimo, pai. Nós fomos ao cinema ver o novo filme da DC._ Vanessa disse sorrindo, encostando a cabeça no peito de Júlio.

_ Gostou, meu amor?

_ Adorei! É muito bom! Pena que você não estava lá conosco.

_ Não seja por isso. Podemos marcar os três juntos para ir ao cinema. É só o Leandro dizer o melhor dia para ele.

Leandro se viu irritado com a audácia de Júlio de fazer tal proposta.

_ Vamos sim, Júlio. A data escolhida é dia 32 de junho. Tá bom pra você?

_ É incrível como o sarcasmo fica lindo nos seus deliciosos lábios, coração.

Leandro o olhou com ódio. Detestava aquele sorriso e as cantadas baratas. "Como eu pude gostar disso um dia?"

_ Tchau, filha. Até semana que vem._ Leandro abriu os braços para abraçar Vanessa, que correu para eles.

_ Eu odeio ter que me despedir de vocês.

_ Não se preocupe, meu amor. Uma semana passa rápido.

_ Antes de ir, precisamos conversar.

_ Eu não tenho nada para conversar contigo, Júlio._ disse Leandro com entonação de irritação.

_ Como não? A festa de aniversário da sua filha não é importante para você?

_ Eu nem vou me dar ao trabalho de te responder.

_ A festa será na boate Matrix. Aqui está o convite._ Júlio retirou um cartão de convite e entregou a Leandro.

_ Sério, pai! A minha festa será na Matrix?!_ Vanessa perguntou empolgada, dando pulinhos.

_ Enlouqueceu, Júlio?! Você quer comemorar a festa de aniversário de uma menina de d3z3s3is anos numa boate?! Lá não é ambiente para ela.

_ Não se preocupe. Eu aluguei a boate. Só entrarão os convidados da Vanessa.

_ Aaaaaah! Vou surtaaaaar! Eu te amooo, pai.

Vanessa encheu o rosto de Júlio de beijos.

Leandro se sentiu mal. Tinha planejado dar uma festa surpresa para a filha em seu apartamento. Não seria nada de estravagante, apenas um kit festa com alguns docinhos, salgadinhos e bolo de chocolate. Era o que podía pagar no momento. A livraria estava no início e não podia se dar o luxo de desperdiçar dinheiro. Percebeu que isso não agradaria Vanessa. A proposta de Júlio era mil vezes melhor. Não tinha como competir com ela.

_ Tudo bem! Eu estarei lá com certeza.

_ Sua presença é muito importante, meu amor. Ah, já ia esquecendo. Me faça o favor de entregar estes convites aos seus pais. Eu me desentendi com o Genaro, e não quero ter contato direto com ele.

Júlio entregou mais dois convites a Leandro.

_ Pai, diga ao vovô para não levar a puta da Lorena.

_ Eu já vou indo. Tchau.

_ Tchau, paizinho.

Eles se despediram com um beijo no rosto.

_ Até logo, Leandro.

Leandro não respondeu a Júlio. Saiu o mais depressa que pode daquela desagradável presença. Vanessa e Júlio o observaram ir embora.

_ Pai, quero convidar a Valéria e a Patrícia.

_ Você quem sabe, princesa.

Júlio fingiu que concordou, mas interiormente detestou o pedido da filha.

....

Briga na escola

Naquela manhã de segunda-feira, enquanto os seus colegas chegaram na escola sonolentos e preguiçosos, Vanessa estava radiante. Tinha um sorriso fixo no rosto e o olhar iluminado.

Antes do professor de Geografia entrar na sala de aula, Vanessa, empolgada, convidava a todos para a sua festa de aniversário.

Contava com orgulho onde seria o evento e a escolha do DJ famoso que tocaria na sua festa.

_ Que maneiro, Vanessa!_ Exclamou Marcinha._ A minha mãe nunca me deixa ir á balada. Disse que só vou poder ir quando completar dezoito anos. Mas na sua festa eu vou me sentir como se tivesse em uma.

_ Eu só quero saber uma coisa: terá mulher gostosa nessa festa?_ perguntou Pedro, mascando um chiclete, sentado na mesa do professor.

_ Claro que vai. Eu estarei lá._ Vanessa respondeu, piscando um dos olhos.

_ Mas você nunca deu pra mim. Já deu pra metade da escola, menos pra mim.

Vanessa se aproximou e segurou no queixo do amigo.

_ Quem sabe você pode ser o meu presentinho de aniversário?

_ Huuummm que delícia!

Pedro levantou e envolveu os braços em torno da cintura de Vanessa, a puxou para si, encaixando nas suas pernas e a beijou.

A reação da turma foi gritar e bater palmas.

Vanessa interrompeu o beijo, quando sentiu as mãos de Pedro sobre as suas nádegas.

_ Safado!_ Vanessa disse sorrindo, dando um leve tapinha no rosto do menino.

Os barulhos juvenis prosseguiram na sala de aula, ausente de professsor. Conversas e gargalhadas em alto tom.

_ Todos vocês estão convidados.

A turma comemorou com mais gritarias.

_ Ou melhor, quase todos.

Vanessa disse isso ao pôr os olhos na jovem que acabara de entrar na sala de aula.

Marcinha sorriu, mordendo os lábios e arqueando a sobrancelha.

_ Vai convidar a esquisitona, amiga?_ perguntou em voz baixa, apontando o dedo polegar na direção da aluna.

_ Nem pensar.

A garota passou por todos sem dizer uma palavra, seguindo direto para o lugar que costumava sentar: no fundo da sala perto da janela.

_ Meu Deus do céu. Essa menina não tem espelho em casa? Não passa uma maquiagem na cara para esconder aquelas sardas horrorosas?_ Marcinha comentou com desdém.

_ Ela é magra mas até que é gostosa. Pode se vestir mal, mas nua deve ser uma delícia.

_ Tá muito assanhadinho, Pedro. Agora mesmo tava beijando a Vanessa.

_ Eu não sou egoísta. Na minha cama cabem todas.

Todos a volta riram. Exceto Melissa, que pôs os fones nos ouvidos para não ouvir mais as baboseiras dos colegas de classe.

Melissa Amorim era a menina mais calada da turma e que todos conheciam por ser quieta e viver com a cara amarrada.

Não que ela fosse arrogante ou tímida, muito pelo contrário. Melissa era um doce de menina, divertida e uma companhia muito agradável, mas somente com a família e os poucos amigos que havia feito há um ano e meio fora do ambiente escolar.

O motivo por não ser comunicativa na escola era a sua antipatia pelos colegas, que ela julgava como vulgares, fúteis e desinteressantes. Sendo assim, Melissa preferia ouvir músicas nos fones de ouvidos ou ler fanfics no celular quando estava no intervalo.

A sua aparência era singular em meio aquelas adolescentes extremamente vaidosas. Melissa tinha cabelos ruivos, com cachos largos, rebeldes e pesados. Os olhos eram de um verde vivo e as sardas em sua pele branca dominavam o seu rosto juvenil. Ao contrário das colegas, Melissa detestava usar maquiagens e jóias. No máximo, um lápis de olho na cor preta para realçar mais o verde quando ia ao shopping.

Vanessa sentia-se incomodada com a ruiva. Não pela aparência, mas sim pela sua indiferença. Vanessa a julgava como arrogante, e sem saber, Melissa pensava o mesmo sobre ela.

_ Quer saber? Mudei de ideia. Acho que vou convidar a esquisitona. A minha festa precisa dessa figura exótica como animação.

Marcinha e as outras meninas gargalharam.

Melissa percebeu as gargalhadas e olhares na sua direção e deduziu que ela fosse o motivo. Revirou os olhos e para ignorá-las, a jovem abriu um pacote de batatas chips e mastigava enquanto ouvia música e lia uma fanfic no celular.

Vanessa se aproximou, retirando os fones dos ouvidos da jovem.

_ Tá louca?_ Melissa perguntou em tom de desafio, dando um empurrão em Vanessa.

_ Calma, esquisita. Só vim te fazer um convite.

_ Esquisita é a sua avó.

_ É...ela é esquisita mesmo. Deve ter vindo da mesma esquisitolândia que você.

Todos gargalharam, o que deixou Melissa ainda mais irritada e de cara fechada.

_ Então, dia 15 será a minha festa de aniversário. Mesmo você sendo estranha, eu sou caridosa o suficiente para te convidar. Mas vê se passa pelo menos um batonzinho. Você não é tão feia. Eu conheço uma ótima maquiadora e ela pode dar um jeito em você. Me passa o seu whatsapp, que vou te enviar o convite.

_ Vou dizer o que você faz com esse convite de bosta.

_ Uuuuuuiiiiii!_ todos gritaram.

Vanessa sorriu debochada, arqueando a sobrancelha.

_ Calma! Eu só fiz um convite! Como você vive comendo, eu te garanto que terá comida.

_ Só se for pra eu passar mal, tendo que ficar perto de gente como você e suas amigas cheias de rosto nessa maquiagem. Agora me deixe em paz!

Vanessa olhou para a tela do celular de Melissa com desdém.

_ É por isso que você é irracional assim. Olha as porcarias que você lê. Isso não é Literatura de verdade. Vou te dar um livro de alta literatura. Que tal Machado de Assis? O meu pai vive dizendo que ler os clássicos ajuda a melhorar o vocabulário... E você tá precisando.

Apesar de Vanessa gostar de ler, ela não era nada fã da Literatura do Bruxo do Cosme velho, sempre revirava os olhos quando Leandro ou um professor recomendava algum livro de Machado de Assis. Contudo, quis parecer culta diante de Melissa.

_ Por obséquio, queira retirar-se. A sua presença é deveras monótona. Essa frase está erudita o suficiente para a "donzela" entender?- disse está última com sarcasmo.

Melissa apesar de ler fanfics, conhecia os clássicos uma vez que se via obrigada a ler esses títulos apenas para tirar boas notas nas provas de Literatura Brasileira.

O professor entrou na sala de aula naquele instante, interrompendo a discussão entre as meninas.

Por mais que Vanessa esboçasse um sorriso, por dentro estava com raiva das respostas que recebeu de Melissa. A sua intenção era sair por cima, deixar a ruiva sem graça e até chorosa diante dos outros alunos.

Remoeu a raiva durante o dia, direcionando olhares raivosos para Melissa durante o intervalo. Mas a ruiva a ignorava, se mantendo no seu mundo virtual.

Ao final da aula, Vanessa recebeu um áudio de Júlio.

_ Oi, minha princesa. Vamos almoçar juntos hoje? Eu reservei uma mesa naquele restaurante japonês que você adora.

_ O meu pai tá fazendo de tudo para babar o meu ovo._ Vanessa disse chateada para Marcinha, encarando a tela do celular.

_ É isso não é bom? Quem me dera se os meus pais se separassem. Eu ganharia muito mais presentes, porque eles ficariam me disputando.

_ Você tá falando bosta! Você não sabe o que é ter que aturar brigas e traições dos seus pais. Não diga besteiras! _ Vanessa gritou, quase chorando.

_ Ai, tá bom! Não precisa ficar nervosa! Só estou brincando!

_ Isso não tem graça!

Júlio mandou um segundo áudio. Ele estava aflito pelo ignorar da filha.

_ Meu amor, tá tudo bem? Você quer ir em outro lugar?

Vanessa respirou fundo, antes de responder da mesma forma.

_ Eu queria poder almoçar com vocês dois juntos. Mas você vacilou.

_ Eu também quero. Ligue para o Leandro e o convida.

_ Pai, você sabe que ele não vai topar. Você vem me buscar?

_ Tudo bem. Não. Eu estou resolvendo uns probleminhas aqui. Mas vou pedir a um funcionário que faça isso.

_ Ok. Vou ficar no portão da escola aguardando.

_ Tá bom, meu anjo. Até daqui a pouco. Te amo.

Vanessa quis responder que também o amava, mas a raiva a fez guardar a vontade.

Soltou em leve suspiro e em meio à saída dos alunos, formando um pequeno tumulto normal para o horário, seus olhos brilharam ao desviar do celular e ver um belo rapaz sair de um carro preto. Era um jovem de pele branca, cabelos curtos escuros e um olhar envolvente. Usava uma bermuda jeans, blusa regata que deixava a amostra os seus braços fortes.

_ Caralho, que gatinho!_ Marcinha exclamou, arregalando os olhos.

_ Eu sei quem é. O nome dele é Felipe Vilela. É filho do juiz Henrique Vilela. Esses dias, eu fui com o meu pai a uma festa de aniversário de um outro juiz que é amigo tanto do meu pai, quanto do Vilela. Esse garoto é muito lindo mesmo. Eu fiquei doidinha por ele.

_ Você o pegou, Vanessa?

_ Que nada. A festa era um porre e o meu pai marcou em cima. Você sabe que quando Júlio quer ser chato, ele capricha. Disse que o Felipe é velho pra mim.

Na noite da festa, o juiz Henrique Vilela apresentou o filho aos amigos. Orgulhoso, disse a todos que Felipe iria se formar em Direito e que era um dos melhores alunos da sua turma.

Vanessa esperou um segundo de distração de Júlio e se aproximou do jovem se apresentando.

_ Boa noite. Eu me chamo Vanessa Medeiros.

_ É um prazer, conhecê-la.

Felipe entendeu o significado do olhar malicioso de Vanessa e ficou impressionado por conhecer uma jovem tão bonita. Viu nela uma mulher atraente e admirou o seu belo par de coxas grossas, seios rígidos e o bumbum arredondado, que era possível notar o formato pelo seu vestido justo.

No entanto, Felipe sabia controlar os seus impulsos sexuais em respeito a sua amada namorada. Sim, Vanessa o atraia, mas, para ele não valia a pena magoar o amor da sua vida por causa de uma transa casual.

_ Eu também vou cursar Direito. Quero seguir os mesmos passos que o meu pai.

_ Que legal! Te desejo boa sorte. Foi muito bom te conhecer, mas eu preciso ir ao banheiro. Com licença.

Felipe se retirou educadamente, se afastando da tentação, em respeito ao seu grande amor.

Vanessa decidiu se aproximar de Felipe novamente. Estava disposta a tentar.

_ Mas você acabou de dizer que ele não te deu a mínima na festa, mulher. Vai que ele tenha namorada?

_ Não tem.

_ Como você sabe, Vanessa?

_ E o stalkiei nas redes sociais. Solteiríssimo. Vai ver que ele tava receoso por causa dos nossos pais... Ou porque sou menor de idade. Mas, foda-se. Vou lá falar com ele.

Vanessa se aproximou com um andar rebolativo e um sorriso ousado.

_ Oi Felipe, lembra de mim?

Felipe a olhou espantado. Jamais poderia imaginar que Vanessa e Melissa estudassem no mesmo colégio.

_ Ah... Oi... Lembro sim... - ele sorriu sem jeito. Um sorriso que deixou Vanessa mais encantada - E aí, tudo bem?

_ Tudo ótimo... Melhor agora.

No instante que chegou no portão e flagrou a cena, Melissa foi tomada por um ódio que há muito tempo não sentia. Respirou fundo antes de se aproximar do dois, ajeitou a mochila nos ombros e pisando firme em seus tênis all star cor de rosa, chegou até o lado do estudante de Direito, mantendo o olhar fixo em Vanessa.

- Vamos embora, Felipe? - questionou com os braços cruzados, continuando a encarar a sua rival, tombando a cabeça para o lado.

- Como assim? - Vanessa sem entender olhava confusa para os dois - De onde vocês se conhecem??

- A Melissa e eu somos irmãos. - Felipe explicou tranquilamente, não percebendo uma bomba relógio de cabelos ruivos prestes a explodir bem do seu lado.

- Irmãos?! - foi a vez do espanto tomar forma no seu rosto. Nesse momento, Marcinha e suas outras amigas se aproximaram dos três, movidas pela curiosidade da conversa e também para ver de perto o lindo rapaz. Melissa se mantinha calada, desejando fulminá-la com o olhar.

- Tá stalkeando errado hein, amiga - Marcinha comentou com deboche - Você não sabia disso?

- Bem, é que... Eu... - Vanessa começou a engasgar por não saber o que dizer e também por Felipe descobrir que ela o havia espionado em rede social.

- Eu não posto fotos da minha família exatamente por causa do meu pai. Você sabe, nesse meio jurídico todo cuidado é pouco.

- Matou a curiosidade?? Agora já sabe que ele é o meu irmão!

- Mel, que isso! - ele a repreendeu - Eu e a Vanessa só estávamos conversando.

- Isso mesmo! Seu irmão foi muito educado comigo, bem diferente de você!

- Foi educado porque não conhece a tua fama aqui no colégio!

- Que fama? - ela sorriu triunfante e irônica - De que eu sou linda e que alguns garotos já tiveram uma chance com esse corpo perfeito que Deus me deu? Eu não ligo - continuou a sorrir - E se quiser, o seu irmão gato pode ter a chance dele também.

- SUA PIRANHA! - com o rosto vermelho de raiva e em um movimento rápido, Melissa tirou as duas alças da sua mochila deixando a cair no chão e partiu pra cima de Vanessa, puxando os seus cabelos com toda a força que conseguia reunir na intenção de arrancar todos os fios possíveis - TU É MAIS RODADA QUE CATRACA DE ÔNIBUS! ACHA QUE O MEU IRMÃO VAI SER MAIS UM NA SUA COLEÇÃO DE MACHOS???

- SUA MALUCA, ME SOLTA!! - Vanessa tentava se soltar das mãos da rival, cravando suas unhas nos braços finos da jovem ruiva e estapeava o rosto sardento na tentativa de que Melissa a soltasse.

- AEEEEEE!!!! - gritos, assobios e toda forma de euforia tomou conta dos alunos que estavam na calçada ao presenciarem a briga das duas. Marcinha e as demais meninas ficaram boquiabertas e sem reação, restando apenas se afastarem da briga pois do contrário acabaria sobrando pra elas.

- Melissa, solta ela!!! - Felipe ordenou a agarrando pela cintura, para fazer com que ambas se separassem, sem sucesso. A ruiva continuava com as mãos agarradas no couro cabeludo de Vanessa, levando o corpo na direção do chão.

- PAREM JÁ COM ISSO! - Luciano foi o responsável por buscar Vanessa no colégio e ao soltar do carro, flagrando a confusão, se colocou entre as duas e com certa dificuldade, conseguiu separá-las. Felipe ainda agarrando Melissa, a ergueu do chão com o intuito dela não ter chance de ir pra cima da detestável colega de turma novamente.

- FICA LONGE DO MEU IRMÃO, PIRANHA! ENTENDEU BEM? - a ruiva aos berros apontava o dedo na direção de Vanessa cujo rosto estava vermelho e a maquiagem completamente borrada - E NÃO OLHA MAIS NA MINHA CARA NA HORA DA AULA.

- CHEGA, MELISSA! - foi a vez do Felipe gritar e colocar a irmã de volta no chão- Pega sua mochila e vamos embora daqui agora!

Melissa fez o que ele ordenou, colocando a duas alças de volta nos ombros e seus cabelos cacheados eram pura revolta devido à briga. Ela e o irmão se afastaram em direção ao carro estacionado na calçada.

....

Em solidariedade a amiga, Marcinha decidiu entrar no carro com ela e Luciano. Ambas sentaram no banco de trás.

Vanessa esbravejava palavrões e amaldiçoava a ruiva a gritos. Nem os pedidos de calma da Marcinha foram suficientes para conte-la. Luciano se espantava com os modos da menina. Imaginava que por Vanessa ser rica e tratada como uma rainha por Júlio, ela não teria modos tão inadequados.

_ Amiga, calma!

_ Que calma, porra! Aquela puta cor de cenoura estragou toda a minha maquiagem! Agora eu estou parecendo uma palhaça!

_ Amiga, se você ficar calma, eu retoco o seu rosto. Tenho maquiagem na mochila.

Vanessa concordou em tentar se acalmar. Não queria aparecer no restaurante naquele estado, a sua vaidade não permitiria.

_ O que ela pensa que é? Dona dele.

_ Vanessa! Pare de falar. Vai borrar o batom.

_ Só por causa disso, vou dar pro Felipe. Agora é uma questão de honra.

Luciano arregalou os olhos, espantado com a afirmação da Vanessa.

_ Disso eu não duvido. Você já pegou quase todos os meninos da escola.

_ Vou fazer jus a minha fama de piriguete. Ela vai ver... aquela cadela.

Os ouvidos de Júlio não se livraram das reclamações de Vanessa.

Assim que viu a filha entrar no restaurante com a cara amarrada, acompanhada da amiga, Júlio percebeu que havia algo errado.

_ O que aconteceu, filha?_ Júlio perguntou preocupado, pensando se tratar de algo ligado a Leandro.

As meninas sentaram á mesa e narraram o fato e Luciano foi dispensado.

_ Ok. Só pergunto uma coisa, não vai chegar para mim nenhum e-mail do colégio solicitando a minha presença por causa dessa briguinha de vocês não, né?

_ Vai não, tio. Aconteceu tudo fora da escola._ Marcinha respondeu.

_ Ainda bem. Eu não tenho tempo para perder com essas coisas. Quem deveria cuidar disso é o Leandro, mas agora só quer saber de brincar de livreiro ao invés de cumprir com a obrigação de cuidar da filha.

_ O meu pai não está "brincando de livreiro"! Ele está trabalhando! Ele não é como esses putos que você pega. Ele ganha dinheiro honestamente. Eu não quero que você fale mal dele.

Júlio não gostou de ver Vanessa defendendo Leandro. Para ele, era humilhante não ter mais o controle de Vanessa e não poder mais usá-la para manipular o marido.

Para que a situação não piorasse, Júlio se desculpou, fingindo arrependimento por ter debochado de Leandro.

Como aquela conversa de briga escolar o entediava, puxou outro assunto com as adolescentes. Com o passar do tempo, o assunto Melissa já tinha sido e substituído por outros triviais.

Por mais que Júlio não estivesse interessado na vida colegial da filha, não desperdiçou a oportunidade para usar o fato como pretexto para ter uma conversa com Leandro.

Na sexta-feira, fez questão de levar Vanessa até a livraria.

_ Você nunca me traz aqui, quando venho passar o fim de semana com o meu pai. Por que isso agora? _ Vanessa perguntou, saindo do carro, quando Júlio abriu a porta para ela.

_ Preciso conversar com ele.

_ Não vai encher o saco dele não, né? Você sempre o deixa chateado.

_ A única que vai deixá-lo chateado é você com o seu mau comportamento na escola.

_Ah não, pai! Pra que contar pra ele? Você sabe como o meu pai é com essas coisas. Ele vai me dar um esporro...isso se não me pôr de castigo.

_ Tarde demais, mocinha. Pensasse nisso antes de arrumar confusão.

Vanessa detestou ver o sorriso sarcástico de Júlio, cruzou os braços e fechou a cara antes de entrar na livraria.

A presença de Júlio não foi nada agradável para Leandro, que se conteve para não perder o equilíbrio emocional. Permaneceu sério.

Patrícia se solidarizou com o patrão. Tinha pena dele por tudo que passou ao lado de Júlio.

Júlio olhava em volta de um jeito crítico. Mesmo calado, fazia com que Leandro se sentisse ofendido. Júlio sabia disso...e gostava.

No entanto, no fundo, se corroía de ódio por ver Leandro conquistando a independência financeira. Odiava cada livro daquelas estantes, odiava aquele lugar com todas as forças.

_ Boa tarde, coração.

_ O que você quer?

_ Hum! A sua mãe é tão soberba, te criou com tanta pompa, como se você fosse melhor do que todo mundo, mas não te ensinou que quando alguém te cumprimenta você deve ser recíproco?

_ Já entregou a Vanessa, agora já pode ir.

_ É assim que trata os seus clientes?

_ Você não é meu cliente.

_ Mas posso ser. Estava pensando em comprar um livro. Do jeito que isto aqui está às moscas, faço questão de ajudar.

_ Eu dispenso a sua ajuda.

_ Vocês não vão começar a brigar não, né?_ Vanessa perguntou irritada, se lembrando das inúmeras brigas dos pais que presenciou.

_ Não, meu amor._ Leandro respondeu, a abraçando e dando um beijo em sua testa._ Até porque o Júlio já está de saída.

_ Não estou não. Tenho que contar algo sobre nossa filha.

_ Pai!_ Vanessa exclamou com o olhar pendiente. Júlio ignorou, levando ao conhecimento de Leandro o ocorrido.

_ Vanessa! O que está acontecendo com você?! Filha, isso não são modos adequados! Brigar na porta da escola como se fosse um moleque de rua!

_ Ela me provocou!

_ Ignorasse. Você não deveria ter se rebaixado.

_ Ah, é mesmo? Sabe o porquê sou assim? A culpa é de vocês dois! Vocês vivem brigando... já chegaram ao ponto de se atracarem físicamente, e não foi uma vez só...o que é péssimo para um casal! Nenhum dos dois têm moral nenhuma para falar de mim.

Vanessa saiu correndo, subindo as escadas indo para o escritório.

Leandro se sentiu envergonhado e foi atrás da filha.

Enquanto Júlio permaneceu sorrindo. Sentou em uma das poltronas, cruzando as pernas e apoiando o queixo na mão.

O seu semblante de satisfação causou revolta em Patrícia.

_ Por que você é assim?_ o fato de Patrícia não ser mais funcionária de Júlio a encorajou para fazer a pergunta._ Você é tão cruel com o Leandro. Ele não merece isso.

_ Leandro merece saber o que acontece na vida escolar da filha. Só o deixei a par... aliás, isso é um assunto de família, não é da sua conta.

Patrícia continuou a olhá-lo com desaprovação, semi-cerrando o cenho e balançando a cabeça negativamente.

Leandro entrou no escritório totalmente diferente de como estava na loja. Seu olhar não era mais repreendedor e sim lamentoso.

Sentou ao lado da filha no sofá, e segurou a sua mão.

_ Eu sinto muito por você ter presenciando todas as minhas brigas com o Júlio. Sinto mesmo. Você não merecia isso.

_ Não merecia mesmo. Agora que os seus pais se separaram você sabe como eu me sinto.

_ Sei sim. Apesar de compreender o motivo da separação deles, eu me sinto mal com tudo isso. A diferença é que eles não erraram comigo como eu errei com você. Os seus avós nunca brigavam na minha frente, sempre me pouparam. Eu lamento demais por não ter conseguido fazer o mesmo contigo.

_ Eu só queria que nada disso tivesse acontecido. Queria que fossemos uma família unida e feliz. Até a esquisitona tem a família completa e todo mundo diz que os pais dela se dão muito bem. Só comigo que tem que ser assim.

_ Vanessa, isso não é uma competição com essa menina. Tudo bem que a família dela é unida, que bom pra ela, mas você não é a única adolescente que os pais se separaram. Eu sei que nem eu e nem o Júlio fomos bons exemplos para você. Mas você não pode sair por aí brigando com as pessoas para descontar as suas frustrações. Você está crescendo, precisa aprender a lidar de um jeito sensato com as coisas que não te agradam.

_ Isso não é justo.

_ A vida não é justa infelizmente. Mas, nem tudo está perdido. Eu prometo que vou me esforçar muito para que tudo seja melhor do que antes.

_ Não há nenhuma chance de vocês se perdoarem?

_ Filha, nós não vamos reatar. Mas, se depender de mim, não haverá mais conflitos.

_ Menos mau.

_ Agora, me dê um abraço, meu amor.

Leandro a abraçou e acariciou os seus cabelos.

_ Já almoçou? Espero que não._ Leandro perguntou animado e Vanessa negou com a cabeça._ Que bom! Eu amo cozinhar pra você. Vamos lá no apartamento que vou caprichar hoje.

_ Posso pedir bife á milanesa?

_ Carne vermelha, Vanessa. Você sabe que...

_ Ah, pai, hoje é sexta-feira! Libera aí.

_ Tá bom! Tá bom! Mas terá um legume no prato para acompanhar.

_ Batatas fritas._ Sugeriu Vanessa sorrindo, e Leandro a olhava sério._ Batatas fritas são legumes.

_ "Engraçadinha". Tudo bem...mas terá salada de alface e chicória.

_ É... né... Fazer o quê?

Júlio se surpreendeu ao ver que ambos desceram as escadas abraçados e sorrindo. Imaginava que brigariam, e que Vanessa desceria as escadas chorando e pedindo para ir embora.

Não era um bom sinal que os dois estivessem se dando bem. Percebeu que Leandro aprendeu a lidar bem com o mau gênio da filha e contornava a situação de conflitos.

Ficou por um instante fitando os dois, pensando que não tinha mais o controle da família e isso o provocou desespero.

Patrícia sorriu percebendo a frustração do ex patrão e se sentiu ainda mais orgulhosa de Leandro.

_ Ah, você ainda tá aí?_ Leandro perguntou a Júlio, demonstrando incômodo pela sua presença.

Júlio não respondeu. Sentiu raiva em ver Leandro tão seguro, feliz e independente.

_ Patrícia, nós estamos indo almoçar. Você pode fazer o favor de segurar as pontas um pouquinho? Quando eu vier, trago um prato para você.

_ Claro, Leo.

Vanessa se despediu de Júlio com um abraço e um beijo no rosto.

....

Era um início de noite de domingo quando Júlio recebeu uma ligação de Vanessa dizendo que só iria para a casa no dia seguinte, depois da escola. Vanessa o informou que no condomínio onde Leandro morava estava tendo uma festa junina.

_ Você está se divertindo, filha?

_ Sim. Eu e o meu pai estamos nos divertindo muito. Até arrasei na pescaria.

Júlio lamentava-se em pensamento por não poder estar com a família. Sentia que Leandro estava cada vez mais distante do seu controle.

Para não passar a noite sozinho, ligou para Luciano solicitando a sua presença.

O jovem chegou o mais rápido possível.

Foi recebido com beijos e quentes caricias, que terminaram nus na cama.

Após o sexo, jantaram o menu que Júlio havia encomendado para ele a filha. Em meio as conversas, Luciano comentou sobre a briga e Marcinha dizer que Vanessa não tinha boa fama na escola.

Júlio se endureceu no mesmo instante. Para ele já era complicado que sua garotinha estava crescendo e havia tido relações sexuais. Mas ele imaginava que havia sido poucas vezes e com um garoto. Nunca daquela forma.

Sentiu-se ameaçado pela vida e ódio de todos os meninos que tocaram na sua princesinha. Lamentou-se o porquê permititu que a situação chegasse a esse ponto. Culpou Leandro por ter falhado na educação da filha e prometeu que Vanessa não escaparia de uma boa conversa.

Luciano se arrependeu do comentário, já que isso estragou o humor do chefe. Júlio não quis mais jantar e não teve mais disposição para o sexo, se fechou na sua expressão brava e não disse mais nenhuma palavra durante a noite.

...

_ Pai! Pai!

Leandro foi despertado com os gritos da filha. Ela o balançava ao lado da cama, vestida com o uniforme.

Leandro ainda estava sonolento, quando Vanessa disse que precisava passar na cobertura para pegar o livro de Química que havia esquecido em seu quarto.

_ Rápido, pai! Senão eu vou chegar atrasada no colégio.

Leandro se levantou e se aprontou o mais rápido que pode. Não teve tempo de tomar o café da manhã, afinal ele não queria ser o responsável pelo atraso da filha.

_ Você não quer subir?

_ Vanessa, eu não tenho nada para fazer lá em cima.

_ Ninguém vai te morder.

_ Vanessa, nós já conversamos sobre isso.

_ Tá... tá._ Vanessa disse irritada.

_ Se você quiser, eu te espero aqui e te levo para o colégio.

_ Não precisa. O meu pai ou a motorista me levam._ Vanessa disse com rispidez, saindo do carro.

Leandro a segurou pelo braço.

_ E o meu beijo?

Vanessa o beijou e abraçou.

_ Eu te amo, pai.

_ Não mais que eu.

_ Hum! Competitivo ele._ Vanessa brincou, antes de beijá-lo novamente.

...

Ao entrar em casa, arregalou os olhos detestando o que via. A fúria dominou o seu semblante ao ver Luciano sentado em um dos sofás da casa, ao lado de Júlio, ambos usando pijamas.

Rubens sentava em frente a eles, usando um terno prateado e tinha as pernas cruzadas. Como havia alguns problemas administrativos, precisou ir á casa de Júlio pela manhã. O advogado não conseguiu disfarçar a cara de espanto. Sabia que aquilo não terminaria bem.

Júlio apesar da raiva, se sentiu desconcertado. Não queria que a filha tomasse conhecimento que levava homens para a casa quando ela não estava.

Como o silêncio constrangedor pesou sobre a sala, Rubens resolveu quebra-lo.

_ Bom dia, abelha rainha! Está deslumbrante com esse batom vermelho fêmea fatal.

_ Acho que entrei no lugar errado. Pensei que estivesse entrando em casa, mas percebi que estou num puteiro._ Vanessa disse, com ódio.

_ Veja lá como fala._ Júlio levantou-se. Estava irritado demais para ouvir as acusações da filha.

_ Que porra é essa, pai?! Além do Abner agora tá gastando o nosso dinheiro com esse putinho aí? Depois de ter o meu pai, você desceu mesmo o nível. Deixou de comer caviar para comer restos na lata do lixo.

_ Eu não vou admitir que você fale assim comigo! Me respeite!

Rubens e Luciano se sentia constrangidos com os gritos dos dois. Luciano continha a raiva, não estava gostando da forma como Vanessa se dirigia a ele. Mas ficou feliz ao ver Júlio alterando o tom de voz com filha, acreditava que seria defendido pelo homem que estava apaixonado.

_ Respeito? Você é o único que está faltando com respeito aqui! Como teve coragem de trazer um homem pra dentro da nossa casa?! Pra dormir na cama que dormia com o meu pai!

_ O seu pai me abandonou! Eu sou homem, tenho as minhas necessidades!

_ Ele também tem as necessidades dele, mas nunca me desrespeitou colocando puto de quinta dentro de casa.

_ Peraí, você não pode falar assim de mim._protestou Luciano.

_ Cale a boca, biscate! Não se atreva a dirigir a palavra a mim! Como ousa a achar que pode pisar no mesmo chão que o meu pai Leandro pisou?

_ Ele não é melhor do que eu.

Vanessa deu uma gargalhada debochada.

_ Se enxerga, estrupício! Você não chega aos pés dele! E não deveria contaminar a nossa casa com a sua presença imunda!

_ Menina, eu...

_ Vanessa, pare de gritar! Quer chamar a atenção do condomínio todo?_ perguntou Júlio irritado.

_ Eu quero que esse puto barato saia da nossa casa! E quero que você mande desenfetar tudooooo!_ os gritos de Vanessa se misturavam com choros._ Você não tinha o direito de fazer isso! É a nossa casa! É a casa dele...a cama que ele dormiu com você durante anos! Eu não vou admitir que ninguém ocupe o lugar do meu pai! Não vou!

_ Minha filha, se acalme! Eu cometi um erro, mas...

_ "mas" nada, pai! Eu quero ele fora daquiiiii!

_ Luciano, por favor. Acho melhor você ir.

Luciano se indignou com a atitude de Júlio. Achou um absurdo que o chefe permitisse que a sua filha adolescente o humilhasse.

_ Júlio, você vai me expulsar da sua casa como se eu fosse um cachorro de rua só para mimar a sua filha?

_ Luciano, não complique as coisas! Vá logo de uma vez.

_ Não se compare a um cachorro. Os cachorros são fofos e amigáveis, você não. Não passa de um lixo...se quer se comparar a um animal, que tal um rato... é tão repugnante quanto você.

Luciano sentiu vontade de partir para cima da menina, e fazê-la engolir todas aquelas ofensas a tapas. Sentiu vontade de fazer o mesmo com Júlio por permitir que sofresse tamanha humilhação.

Contudo, optou por se calar e admitir que a sua mãe tinha razão. Foi andando em direção ao quarto com a intenção de trocar de roupas.

_ Aonde você pensa que vai?

_ Vou trocar de roupas._ Luciano respondeu a Vanessa entre os dentes.

_ Não vai mesmo. Você não vai pisar de novo no quarto do Leandro.

_ Eu não posso sair assim.

_ Foda-se.

_ Rubens, faça o favor de buscar as roupas do Luciano lá no quarto. Ele se troca no banheiro de visitas.

As ordens de Júlio foram cumpridas. Luciano saiu do apartamento arrasado. Nunca em sua vida havia passado por tamanha humilhação.

Suas lágrimas desabaram no carro. Soluçava de tanto chorar. Sentia um misto de sentimentos que não sabia definir. Raiva, tristeza e vergonha se mesclavam afligindo o seu peito.

No apartamento, as brigas entre pai e filha seguiram passando por diversas acusações até chegar no assunto da fama de piriguete conquistada por Vanessa.

_ Eu não criei filha para se comportar como uma vagabunda!

_ Eu sou vagabunda porque puxei a você, a diferença é que eu sou solteira!

_ Vanessa, você não me provoque!

_ Eu nunca vou te perdoar por tudo isso. Você acabou com a nossa família! Até a família da esquisitona é melhor do que a minha! Os pais dela não se comportam como você. Garanto que nem a promotora Cecília Amorim e o Juiz Vilela colocaria profissionais do sexo dentro de casa!

Júlio parou por um instante com espanto.

_ Peraí... Eu ouvi direito? foi com a filha da Cecília Amorim e do Henrique Vilela que você brigou, Vanessa?

_ Xiiiiii!_ Rubens pronunciou, pondo a mão no peito.

....

_ Foi uh é! Naquela festa que nós fomos, eu vi o Felipe a primeira vez e depois eu vi o casal junto. Então eu liguei os pontos. Você se esqueceu, pai, que eu e a Marcinha te contamos tudo o que aconteceu quando nos encontramos pra almoçar??

_ Sim, eu lembro que você falou sobre essa tal de Melissa... mas eu nunca poderia imaginar que se tratava da filha da promotora!

- E o quê que tem? - a jovem questionou sem se importar muito, olhando para os dois.

_ Tem é que você vai parar de arranjar confusão com essa menina! A última coisa que eu preciso agora é que por causa dos seus "mimimis" de adolescentes eu perca a oportunidade de fazer negócios com o juiz Vilela.

- Mas pai, foi ela quem começou! - Vanessa esbravejava indignada - Eu não vou deixar isso barato!

- Você não ouviu o que eu te disse??? Fique longe dessa menina. Há tempos estou cercando esse cara e nada consigo. Mas ainda tenho esperanças. E não será você a estragar isso.

_ Eu não estou nem aí pra você, como você não está pra mim. Eu não vou abaixar a cabeça para a aquela garota ridícula!

_ Ah, vai sim! Se o Leandro não teve competência para dar um jeito em você, eu tenho. Vanessa, se você continuar arranjando confusão com essa menina, eu vou cortar todos os seus cartões de crédito, te proibir de sair de casa e nada de ter acesso a internet

- Caralho! - ela resmungou outras palavras em voz baixa, odiando se sentir derrotada pela esquisitona da turma._ Eu odeio você! Odeiooooo!

Vanessa subiu as escadas correndo, em pratos. Trancou-se no quarto, desistindo de ir á escola. Sentiu como se o mundo desabasse sobre ela. Não sabia classificar o que mais odiava: o fato de não poder mais provocar Melissa, ou a presença de Luciano em sua casa.

_ Era só o que me faltava! Essa menina agora achou me dar trabalho.

_ É, chefinho, ela ficou furiosa por ter visto o boy magia aqui.

_ Ainda tem mais essa. Agora ela vai abrir a boca e contar pro Leandro.

_ Júlio, por que você vive colocando o Leandro em tudo?

_ Ele é meu marido! Já tá fazendo jogo duro. Imagina como ele vai ficar ainda irredutível se souber que o Luciano passou a noite aqui. E ainda tem o fato dessa menina ainda arrumar confusão justo com a filha do Vilela. Sério. Eu preciso ser mais rígido com a Vanessa. Eu vou acabar internando essa menina num convento.

Rubens não conseguiu se conter e soltou uma gargalhada.

_ A abelha rainha num convento?_ pausa para se equilibrar no sofá, tentando recuperar o fôlego das gargalhadas._ Essa menina num convento! Ela é o pecado em pessoa.

As gargalhadas de Rubens cessaram diante do olhar colérico de Júlio. O advogado se recompôs e disse a seguinte frase para se livrar da situação:

_ Eu vou lá tentar acalmar a outra fera.

Vanessa tentou ignorar as batidas que Rubens dava na porta do seu quarto. No entanto, ele insistia perseverante, chamando pelo nome dela.

_ Vá embora, Rubens! Eu não quero papo!

Rubens ignorou as ordens de Vanessa e entrou no quarto. Sentou ao seu lado e a abraçou. Ele não tinha nem um pouco de paciência para os dramas pueris de Vanessa, mas, por ela ser a filha querida do seu patrão, resolveu que valia a pena o sacrifício de puxar o saco.

_ O meu pai não pode fazer essas coisas.

_ Ele pode sim, querida. É dono de todo o aqué._ Rubens disse enxugando as lágrimas de Vanessa com um lenço de pano que retirou do bolso do paletó._ De burra você não tem nada. O que você prefere ignorar outra garota, e continuar com o aqué, ou continuar provocando a prole da promotora e matar cachorro a grito?

_ É... né... não posso ficar sem os meus cartões. Mas, Rubens, me fale mais sobre a família da esquisitona. Fiquei curiosa.

_ Pois, bem gracinha, Cecília Amorim nada mais é do que a famosíssima promotora que arrasou à frente da acusação no famoso julgamento do médico que teve a casa assaltada e foi assassinado a tiros pelo bandido. A história teve uma repercussão enorme na mídia, não se falava em outra a coisa a não ser no caso doutor Palhares, pois a esposa foi a principal testemunha do crime, ficando viúva com duas crianças pequenas.

_ Sério? - Vanessa se espantou - Eu vi pela televisão alguma coisa sobre isso, mas não liguei muito.

_ Abelha rainha, esse seu rostinho fica ainda mais lindo maqueado, mas você deveria se preocupar menos com isso e observar o mundo ao seu redor.

_ Isso foi tosco da sua parte...mas você tem razão. Se eu observasse mais as coisas não teria acreditado nas mentiras do meu pai. Mas voltando ao assunto, conte mais sobre o caso que promotora resolveu.

_ Bom, Quem presidiu o julgamento foi ninguém menos do que o Excelentíssimo Juiz Henrique Vilela, que não sentiu pena em dar a pena máxima para o criminoso após ouvir a brilhante tese de acusação feita pela promotora. O réu pegou a pena máxima diante das provas irrefutáveis e do testemunho da viúva.

- Caramba, bem feito! - a adolescente vibrou.

- Eu fiz questão de estar linda e bela na plateia no dia do veretido final e foi bem disputado. O julgamento ficou lotado.

Então a esquisitona é filha de juiz e promotora famosos... - Vanessa mordeu o lábio, pensativa.

- Aí você se engana, fofinha. A Melissa é filha apenas da promotora. O Juiz Vilela é o padrasto dela.

- É o quê? Como assim???

_ Nessas minhas idas chatas aos fóruns para participar de audiências e outras pendências jurídicas tem o seu lado bom. Logo depois do julgamento, Henrique e Cecília, de forma discreta, começaram um relacionamento pois até então eles se conheceram quando o julgamento deu início. É aquilo: todos sabiam o que acontecia entre eles mas ninguém comentava.

E continuou:

- Na época, a única filha dela ainda era pré adolescente e o filho dele havia terminado o Ensino Médio seguindo os passos do pai na carreira de Direito. A diferença é que ele quer ser delegado de polícia. Vai se formar no final do ano.

- E eles se casaram? - os olhos de Vanessa brilhavam de curiosidade.

- Legalmente não. Mesmo a filha única sendo a herdeira da pensão do falecido pai, a Doutora Cecília e o Juiz decidiram apenas por morar junto. Eles são bastante discretos. Vivem com os filhos em um apartamento em Laranjeiras e esses eventos sociais que participam são de modo bem pontual. Como atuam na área criminal, todo o cuidado é pouco e evitam badalações. Não possuem guarda-costas mas prezam pela segurança, tendo os dois carros da família blindados.

- Então é por isso que a aquela vaca histérica partiu pra cima de mim por causa do irmão que não é irmão! Rubens! Você tinha que ver, ela parecia uma esposa traída que pegou o marido adúltero no flagra!

Vanessa parou por um instante com a mão sobre a boca aberta, num sinal de espanto!

_ Rúbens! E se eles se pegam?! Deve ser por isso que ela perdeu as estribeiras! Estava com ciúmes dele! ...credo! Credo! Isso é... é incesto!

_ Caso seja verdade essa sua teoria mirabolante, não chega a ser incesto porque...

_ Que merda! Justo agora o meu pai me proibiu de zoar com a cara da esquisitona. Eu perdi a chance de pegar o macho dela.

_ Queriiiida, pense nos cartões de crédito, compras no shopping, viagens e muitas regalías.

_ É... você tem razão. Não vale a pena perder tudo isso por causa daquela gente estranha. Vou esquecer essa história...mas se o meu pai acha que vou deixar barato o fato de ele colocar aquele putinho de quinta aqui dentro de casa, ele está muito enganado.

_ Xiiiiii.

...

Luciano entrou em casa caminhando às pressas em direção ao seu quarto. Ignorou propositalmente a mãe que estava sentada no sofá, assistindo mais um barraco num programa de auditorio.

Se ela não estivesse brava com o filho, bateria na porta do seu quarto para saber o motivo das suas lágrimas. Na certa, ela sabia que o motivo era uma detestável pessoa chamada Júlio Medeiros.

O choro do filho lhe causou mais ódio. Passou tantos anos desejando se vingar de Júlio, preparou Luciano para isso, para que no final o seu belo menino se apaixonasse por seu inimigo! Isso era um absurdo para ela.

Lembrou-se com raiva do dia em que Luciano anunciou que desistiria da vingança. Usou como desculpa o fato que temia sofrer represália.

Era um início de manhã, quando Irene aguardava ansiosa pela chegada do filho do restaurante.

Mal Luciano pôs os pés em casa, e já o recebeu com uma enxurrada de interrogações.

_ E aí? Conseguiu a gravação?

Luciano abaixou a cabeça, permanecendo em silêncio, o que a deixou ainda mais irritada.

_ Conseguiu ou não a porra da gravação, Luciano?! Não vai me dizer que você não pôs o celular para gravar.

_Eu consegui sim, mãe.

A ira de Irene se desfez num sorriso. Abraçou o filho orgulhosa.

_ Perfeito. Agora mesmo, eu vou ligar para o seu Roberto e...

Luciano a interrompeu chamando por seu nome. Parecia entristecido.

_ Mãe, eu sinto muito, mas não vou entregar a gravação.

Irene ficou espantada, mas em silêncio ouvindo Luciano argumentar que não era uma boa ideia entregar a gravação, que havia muitas pessoas poderosas envolvidas e que temia por suas vidas.

No entanto, Irene o conhecia muito bem. Sabia exatamente como era a expressão de Luciano quando sentia medo, e não era aquela que ele apresentava naquele momento.

_ Me conte a verdade, Luciano! Eu exijo saber a porra da verdade.

Com interrogatórios exigentes por respostas, num tom de voz de gritos, Irene conseguiu arrancar do filho a confissão que mais temia ouvir: que Luciano estava completamente apaixonado por Júlio.

Sua reação foi a pior possível. Partiu para cima do filho distribuindo socos pelo seu corpo e gritando palavras de injúrias. Perguntava a si mesmo o que fez para merecer ter um filho tão burro.

_ Mãe, eu posso virar o jogo! Pense comigo, o Júlio também gosta de mim, mas está preso aos sentimentos que tinha pelo ex marido. Leandro não quer nada com ele! Com tempo, Júlio pode cair na real e se casar comigo, quem sabe nós podemos melhorar de vida?

_ Você é um asno! Um idiota! Será que não vê que esse homem não quer nada contigo? Só quer te usar para satisfazer os desejos sexuais dele?!

As brigas não foram benéficas para Irene. Nada do que ela dizia adiantava. Luciano estava decidido.

Em seu quarto, deitado na cama, Luciano amargava a dor do arrependimento. Achava-se um completo idiota. A vergonha lhe queimava a face, reunia coragem para ir até a sala e pedir desculpas a mãe.

Recordou com ódio do dia em que a sua mãe fez a proposta de adquirir a gravação.

....

_ Mãe, isso pode ser muito perigoso! Lembre-se que estamos lindando, além do Júlio, com juízes e grandes empresários. Nós somos dois ferrados e eles poderosos. Isso pode não acabar bem para o nosso lado.

_ Deixe de ser medroso, Luciano! Nós vamos pegar uma boa grana do seu Roberto e meter o pé daqui. Vamos nos mudar para um lugar bem longe. Ninguém vai nos achar.

_ Sei lá...

_ "Sei lá" o que, Luciano? Não foi pra isso que você começou a trabalhar naquela empresa? Lembre-se se estamos na merda, a culpa é toda do Júlio!

_ Será mesmo?

_ Como assim? Não estou te entendendo.

_ Mãe, quem nos deixou sem nada foi o meu pai. Ele não quis me assumir e a senhora aceitou por causa do dinheiro que ele te pagava para se manter calada. Aí ele morreu e preferiu deixar tudo para o enfermeiro do que para nós.

_ Júlio é, de alguma forma, responsável pela morte do seu pai. O Procópio estava melhorando de saúde e do nada piorou, morreu e deixou tudo para o Júlio. Você não acha isso estranho?

_ Eu me lembro que o meu pai estava doente. Pessoas doentes morrem, ainda mais idosas.

_ Luciano, é impressão minha ou você está defendendo aquele ordinário? Não vai me dizer que está se apaixonando por ele? Se enxerga! Você é jovem, é lindo e pode ter o homem que quiser. Não precisa se conformar com as migalhas de um homem casado, que te usa para se aliviar.

Luciano não gostou da forma como a mãe o classificou para Júlio. Sentiu-se ofendido sim, mas preferiu não se manisfestar. Nunca conseguia contrariar a mãe. Sempre fora muito ligado a ela, era a única pessoa que ele podia contar e tinha muita devoção e respeito, o que Irene usava para manipula-lo.

_ Não é isso, mãe._ mentiu Luciano._ Eu só estou com medo por estar lidando com pessoas poderosas.

_ Não se preocupe, meu príncipe. A mamãe vai resolver tudo. Amanhã vou negociar com o seu Roberto e vou pesquisar uns lugares para irmos embora daqui. Confie em mim. Só faça a sua parte de gravar essa reunião.

Luciano terminava de fazer o nó na gravata preta. Olhava-se no espelho, verificando a sua aparência impecável, cabelos bem penteados, barba feita, terno limpo e passado. Espalhou pelo corpo um perfume agradável que comprou numa loja de grife parcelando em muitas vezes.

Além do jantar, o motivo de estar bem apresentável era para o que ocorreria após a reunião. Já estava certo que iria para a cobertura de Júlio e transaria.

Ele gostava de transar com Júlio. O que Leandro e Abner achavam abominável no advogado, em Luciano o excitava. O jovem adorava servir a um ativo como fonte de prazer para satisfazer o macho. No fundo, sem revelar a ninguém, achava que essa era a função do passivo, servir ao ativo como uma puta, um alívio.

Luciano cogitou que aquela seria a última noite de fodas, e lamentou por isso. Mas a sua mãe sabia o que estava fazendo, ela sempre sabe.

Pensou em aproveitar o máximo que poderia, mesmo que lamentasse por isso.

Luciano nunca havia jantado num lugar como aquele. Olhava disfarçadamente para o luxo do restaurante. Desejou que Irene estivesse ali. Ela adoraria. Irene sempre desejou a vida dos ricos.

O seu coração batia desconcertado. Temia que fosse descoberto. "E se este celular cair no chão?" Pensou temeroso, com o aparelho apoiado sobre as pernas, debaixo da mesa.

Eles chegaram antes de Rogério Marcone, que estava atrasado. Mas, esse não precisava ser pontual, era rico, os ricos sempre fazem o que querem.

Rubens tentava quebrar a monotonia tagarelando sem parar sobre um assunto que Luciano não prestava atenção. Apenas disfarçava, olhando para Rubens fingindo estar concentrado, quando na verdade estava pensando e temendo a possibilidade de ser descoberto.

Júlio só estava presente fisicamente. Estava focado, olhando o perfil do Instagram de Vanessa que postou várias fotos e vídeos da inauguração da Livraria. A menina salvou todos os stories feitos no dia num destaque.

Júlio tinha a expressão revoltosa. Olhava com raiva o sorriso de Leandro sentindo um incomodo pela conquista da independência do marido. Sabia que isso diminuiria muito as chances de Leandro voltar para o seu domínio.

"Será que ele tem outro? Será que ainda transa com o desgraçado do Abner?" Era o que se questionava, aumentando ainda mais a sua raiva.

Luciano o olhava lamentando, em silêncio, não ser ele o alvo dos ciúmes de Júlio.

"Puxa, eu tenho tanto a oferecer a ele. Até mais do que esse tal de Leandro."

Marcone chegou vestindo o seu terno preto de grife e o seu ar de arrogância. Era um senhor de uns sessenta anos de idade, nem magro nem gordo, estatura mediana, uma calvice que dominava quase todo o polo da cabeça brilhante e ao lado contornado por cabelos brancos.

Todos se levantaram para recebe-lo, apertaram a sua mão como um cumprimento de pratex.

Disfarçadamente, mesmo nervoso, Luciano apertou o botão de gravação, registrando toda a conversa que se desenrolava durante o jantar.

Júlio e Rubens explicava por menores os seus contatos no meio judicial, garantindo a Marcone a vitória certeira da sua causa. O empresário se fez satisfeito com tudo que ouvia.

No entanto, ao contrário do que ocorria sempre, não era Júlio quem direcionava a reunião. Dessa vez, era Rubens quem falava por perceber a falta de interesse do patrão.

Apesar de adorar engordar as contas bancárias, sua obssessão por Leandro era muito maior. Não parava de pensar no marido por um segundo.

A sobremesa foi solicitada pelos presentes na mesa, e foi trazida por uma jovem garçonete, que aparentava nervosismo.

Era o seu primeiro dia de trabalho. Há tempos batalhava para conseguir um emprego e poder pagar os boletos que se acumulavam.

Além disso, naquele mesmo dia, descobriu que o seu namorado a traira com sua irmã e também decidiu trocar de mulher, o que deixou a autoestima da moça autoestima em rastros.

Tinha tremores nas mãos, os seus sentimentos eram conturbados, misturados com medo de não passar na experiência e a dor pela dupla traição. Toda essa tensão resultou num desequilibrio, fazendo com que um dos pratos com uma fatia de torta de chocolate fosse ao chão.

Nervosa, pedia mil desculpas em lágrimas.

_ Pare!_ ordenou Marcone, com impolidez._ Sabe, minha filha, todos nós somos o lugar que ocupamos no mundo. Você é uma simples garçonete, e o mínimo que se espera é que tenha competência para executar uma mera atividade braçal. Se não é capaz de fazer uma coisa tão simples, só mostra o tipo de pessoa estudipa que é.

Todas aquelas palavras pesaram ainda mais no coração ferido da garçonete, somando com todas as tristezas ali presentes e levando o seu mundo abaixo.

Afastou-se da mesa em prantos.

Júlio observava a cena calado, com aquele seu olhar de insatisfação.

Lembrou-se com ódio de que um dia, sua tia estivera no lugar daquele pobre garçonete e que também era humilhada diariamente por Angela e Genaro.

Marcone prosseguiu a conversa não se afetando em nada por ter humilhado a moça. Estava tão acostumado a tratar os serviçais daquela maneira, que era como se fosse algo banal em sua vida.

Mostrava-se satisfeito com a proposta de Júlio e Rubens, demonstrando o valor satisfatório que estava disposto a pagar pelos serviços prestados pelo escritório.

_ Não.

Todos olharam surpreendidos para Júlio.

_ O que foi? Não gostou da minha oferta?_ perguntou Marcone, acreditando que Júlio tentaria pedir mais pelo valor dos seus serviços.

_ Não é da sua oferta que não gostei. Foi de você... aliás é de pessoas como você que não gosto. Rubens, aqui está o meu cartão de crédito. Pague a conta e me encontre no estacionamento.

Júlio levantou jogando o guardanapo de pano sobre a mesa e saindo, deixando todos perplexos.

...

Luciano e Júlio permaneceram calados durante o percurso até a cobertura. Com medo de ser inconveniente, o secretário sugeriu ao patrão se seria melhor se eles se encontrassem outro dia, crendo que Júlio estava de mau humor.

No entanto, o advogado negou a sugestão. A sua noite já estava péssima demais para perder a oportunidade de transar.

Assim que entraram na cobertura vazia, Júlio chamou Luciano para ir até o seu escritório, que ficava ao lado do quarto. Retirou a gravata incomoda e fez o mesmo com paletó, os sapatos e as meias. Serviu o funcionário com um copo de uísque e sentou ao seu lado para beber também.

Por alguns minutos, Júlio bebeu em silêncio. Estava triste e compenetrado em seus pensamentos.

Para tentar amenizar o clima tenso, Luciano decidiu puxar assunto. Não perguntou nada sobre Marcone para não aborrecer o patrão, mas tentava iniciar uma conversa sobre assuntos leves. Foi ignorado. Júlio não estava para dialogar. Ficando sem jeito, Luciano voltou a ficar em silêncio.

O jovem percebeu que Júlio bebia demasiado, chegando ao estado de embriaguez. Levantou cambaleando, e desatou a chorar como uma criança.

Compadecido, Luciano segurou para que voltasse a sentar, e Júlio se atirou em seus braços.

_ Ainda bem que eu tenho você, Luciano...a minha vida é uma merda! Uma merda!_Júlio soluçava desesperado._ Eu perdi tudo...tudo! A minha filha, a pessoa que mais amo na vida, me odeia! E o meu marido?! Aquele ingrato não quer saber de mim! Ele se foi e por mais que eu faça tudo para ele voltar, o desgramado não quer voltar! Eu não tenho nada, Luciano...nada!

_ Não diga isso, Júlio! Você tem tantas coisas! Olhe em volta tudo o que você conquistou.

_ Eu sou tão pobre...mas tão pobre...que a única coisa que me restou foi o dinheiro._ Júlio disse com a voz enrolada e as lágrimas caindo.

_ Eu fiz tudo por ele! Você não tem noção de tudo que passei para ter aquele homem! Eu tive que aturar os pais dele tratando a mim e a minha tia como lixos, porque éramos pobres. Guardei segredos podres dos pais dele só para tê-lo!

Júlio se afastou enchendo ainda mais o copo com o Uísque da garrafa que chegava ao fim.

_ Eu dei tudo a ele! Era só Leandro abrir a boca e desejar algo que eu estava lá pronto para atender os desejos do "rei". Ele queria um carro novo...toma, queria roupas de grifes, toma, queria viajar para o exterior, vamos...Eu trabalhei muito para obter tudo que tenho. Sabe pra quê? Para dar conforto e luxo a ele!

E como ele me paga? Com a ingratidão! Me traiu com um cozinheiro barra puto de quinta categoria e foi embora...me deixando! Abandonando a mim e a nossa filha!

_ Eu sinto muito por isso, Júlio.

_ Leandro tem um poder sobre mim, que não sei explicar. Ele me deixa louco! Só de ele olhar para mim que o meu corpo encendeia, o meu pau sobe como uma cobra obediente ao flautista. Puta que pariu! Aquele homem consegue me desequilibrar...eu não quero isso pra mim! Parece feitiçaria! Como se eu tivesse sob algum encanto diabólico...me ajude, Luciano.

Júlio se atirou novamente nos braços de Luciano. Mas, desta vez, o beijou.

Fitou nos olhos do jovem, que o olhava com carinho, acariciou o rosto de Luciano e disse com ternura:

_ Se o Leandro libertasse o meu coração, ele seria seu.

Luciano não aguentou e cedeu a vontade do seu coração, beijou-o com paixão. Estava admirado pelo lado de Júlio que acreditava ver. Julgou-o como um bom homem devido a sua atitude no restaurante, abrindo mão de muito dinheiro por se incomodar com os maus tratos de Marcone com a garçonete. Ao mesmo tempo, sentiu pena do patrão. "Coitado! Está perdido! Sofrendo por um amor não correspondido." Foi o que Luciano pensou.

_ Sabe, Luciano, antes de me tornar advogado eu era técnico de enfermagem. Foi a pior fase da minha vida. Eu detestava trabalhar em hospitais. Mas fiz por ele. O pior foi quando eu tive que trabalhar para um velho nojento...aturei tantas humilhações! Mas segui firme e forte, porque precisava sustentar o Leandro. Mostrar para os pais dele que eu não era um interesseiro. E que sim, podia dar conta de bancar o principezinho que eles diziam que era muito pra mim.

Júlio narrou tudo o que passou na casa de Procópio, o que Luciano ouvia atento. Por mais que o advogado estivesse embriagado de bebida e fortes emoções, estava racional o suficiente para ocultar o motivo da morte de Procópio.

Luciano se compadeceu de Júlio. Concluindo que a mãe estava errada em culpa-lo pela morte do seu pai. Ele se lembrava do mau gênio de Procópio e sabia que o pai nunca demonstrou um gesto de carinho com ele.

Júlio se aproximou o abraçando por trás, beijava o seu pescoço enquanto sussurrava:

_ Eu preciso tanto de você, delícia.

Ouvir aquela voz grave entre beijos e chupões fez com que o corpo de Luciano se arrepiasse por inteiro. Fechou os olhos, mantendo os lábios semi abertos, sentindo o pênis de Júlio roçar entre as suas nádegas.

Foi puxado pelos cabelos para que virasse para trás. Acreditou que receberia um beijo, mas foi jogado no sofá, onde caiu com as pernas abertas.

Júlio o olhava erguendo a cabeça, enquanto se despia totalmente.

Naquele momento, Júlio já não se importava com nada mais que o angustiava, até a existência de Leandro foi totalmente esquecida. Só mirava os lábios carnudos de Luciano, imaginando o prazer que eles o proporcionariam. O pau latejava e babava de tesão.

Luciano sentia o mesmo, estava trêmulo de excitação, quando segurou o membro rígido de Júlio e pôs por inteiro na boca.

Júlio gemia alto, de olhos fechados, fodendo aos poucos para aquecer.

Luciano se sentia ainda mais empolgado por dar prazer aquele homem. Lambia as bolas, em seguida as sugava, voltava ao membro movendo a cabeça de frente para trás, terminava sugando a cabeça e dando um beijo na ponta, em seguida retomava todo o movimento.

_ De joelhos._ Júlio ordenou tão firme, que Luciano se sentiu aceso para obedecer._ Mantenha a boca aberta!

E assim foi feito, Júlio desperdiçou todo o líquido na boca do amante, que surpreso afastou um pouco a cabeça para trás. Nervoso, Júlio segurou o seu queixo com força, fechando a sua boca.

_ Engole tudo, putinha. Não desperdiça nada._ finalizou a frase com um leve tapa na face de Luciano.

Terminando, Júlio sentia as pernas trêmulas e sorria como sedento que acabara de beber um copo com água gelada. Sentou nu no sofá com as pernas abertas e olhou para Luciano acariciando o próprio pau meio mole.

_ Tire a roupa toda. Esse corpinho fica muito mais lindo quando está pelado.

Luciano retirou no mesmo instante e as pressas. Não via a hora de ser preenchido por aquele membro que engoliu.

Júlio fez sinal com a mão para que Luciano virasse de costas. Desejava apreciar aquela bunda branca, lisa e macia.

Puxou Luciano pela cintura, levando as nádegas para próximo de sua boca.

_ Que delícia de rabo!_ disse gemendo, enquanto beijava-o. Abriu com as duas mãos e penetrou a língua naquele buraquinho pequenininho e rosado.

Luciano rebolava sentindo a língua de Júlio entrando cada vez mais. Gemia...gemia muito perdendo totalmente a noção da realidade.

Júlio levantou, pondo Luciano deitado com o peito no assento do sofá e a bunda empinada. Ajeolhou diante daquele rabo que abria o seu apetite e foi com tudo. Chupava dando leve mordidinha nas nádegas e dando tapas sonoros e ardidos. Enterrava a cabeça, sentindo na língua o ânus de Luciano vibrando, implorando por sua pica.

Levantou, posicionando uma das pernas no sofá e a outra no chão. Estava com muito tesão para ir buscar o lubrificante, e não se importava nada com isso. Só queria se satisfazer. Cuspiu um pouco no cu do funcionário e no próprio pau e entrou com tudo de uma vez.

Luciano deu um grito de dor, arregalando os olhos e ficando vermelho, o que deixou Júlio ainda mais excitado...e Luciano também.

_ Vai com força, meu macho. Destrói o cu da sua putinha.

Essas palavras foram o suficiente para Júlio lhe dar mais tapas e meter em alta velocidade, segurando os quadris do amante.

Luciano rebolava com gosto.

_ Aiiii que delícia! Que pica gostosaaaa! Acaba comigo vai!

Mudaram de posição. Dessa vez Luciano estava deitado no sofá com as pernas no ombro de Júlio recebendo as pirocadas que tanto desejava.

Recordou da vez em que Abner disse que Júlio adorava que sentasse sobre ele.

_ Me deixe sentar em você, por favor?_ esse pedido foi feito num voz chorosa...quase feminina e um olhar em transe de prazer, o que deixou Júlio sem condições nenhuma de negar.

Júlio sentou no sofá masturbando e batendo na própria coxa.

_ Senta aqui, minha cadelinha gostosa.

Luciano sentou encaixando, envolveu os braços em torno do pescoço de Júlio e o beijou antes de rebolar.

_ Vai, caralho! Que sentada, porra! Que sentada! Que tesão, caralhoooo!_ Júlio exclamou, gozando em seguida.

Logo após, ainda embriagado, pediu para que Luciano saísse de cima dele e foi para o quarto, se jogou na cama e adormeceu com a porta aberta, nu.

Luciano entrou no quarto e o observava por alguns segundos sorrindo. Sentia vontade de gozar, e lamentou por Júlio está dormindo. Olhava-o com carinho.

_ Ele gosta de mim. Eu sei que gosta.

Caminhou até a mesa de cabeceira, onde havia um porta retrato com a foto do casal no dia do seu casamento, eles se beijavam.

_ É só uma questão de tempo pra ele te esquecer, Leandro._ Luciano disse deitando o porta retrato na mesa.

Foi até o banheiro para tomar banho. Debaixo da ducha, lembrava da foda que acabara de ter e sorria, enquanto se masturbavaLuciano chegou a conclusão que de nada adiantaria adiar a conversa com a mãe, nem a raiva e nem a vergonha diminuiria com o passar do tempo.

Foi até a gaveta e girou uma pequena chave para abri-la, retirou um pen drive e foi até a sala.

_ Aqui está, mãe._ Luciano disse sério, entregando o objeto.

_ O que é isso?_ Irene perguntou sem tirar os olhos da TV, fingindo que não se importava.

_ É a gravação. O Júlio desistiu do acordo, mas você pode retirar essa parte na edição.

Irene sorriu e deixou que o gelo derretesse. Abraçou o filho e o encheu de beijos.

_ Meu amor, você tomou a decisão certa! Nós vamos mudar de vida!_mais beijos e gritaria._ Olha pra você, meu bebê, está com esses lindos olhinhos vermelhos de tanto chorar. O que foi? Ele magoou o seu coraçãozinho, meu lindo?

Luciano confirmou com a cabeça, abraçando a mãe deixando as lágrimas caírem.

_ Foi horrível, mãe! Eu nunca fui tão humilhado em toda minha vida! Aquela filha dele é um demônio! Que ódio daquela garota!

Irene deitou a cabeça do filho em seu colo e acariciava os seus cabelos, enquanto ele narrava o acontecido.

_ O Júlio nem ligou para os meus sentimentos. Ele me expulsou da casa dele na frente daquela demonia!

_ Júlio terá o que merece, meu bem...e nós também._ Irene respondeu com satisfação.

_ Você vai ligar para o seu Roberto, mãe?

_ Não. Eu vou fazer melhor._ Irene respondeu sorrindo.

No dia seguinte, Júlio chegou á empresa como sempre, cumprimentou todos a volta antes de entrar em seu escritório.

Luciano se aproximou da porta, impedindo a sua entrada.

_ Bom dia, doutor Júlio. O senhor tem visitas.

_ Visitas?! Quem autorizou a entrada? Quem está aí?_ Luciano disse sério, como nunca havia falado antes com o patrão.

_ Eu autorizei.

_ Você está confundindo as coisas, Luciano. Só eu posso autorizar entradas aqui.

_ Entre, Júlio. Você vai saber de quem se trata._ Luciano disse abrindo a porta.

Júlio detestou a insolência de Luciano, não era porque transavam que ele tinha o direito de fazer o que bem queria na empresa. Mas decidiu deixar o sermão para depois, estava curioso demais para saber quem estava no seu escritório.

Ao entrar na sala, ficou surpreso ao ver Irene sentada na sua cadeira com ar de superioridade. Júlio olhava para ela de um jeito interrogativo.

_ Olá, Júlio! Lembra de mim?

Notas do autor.

Olá pessoal, eu demorei muito tempo para postar, porque tive problemas de saúde. Mas agora está tudo bem e finalmente vou poder voltar a fazer o que tanto amo.

A personagem Melissa citada no capítulo é uma personagem de uma outra história postada aqui na casa que se chama Má petite prince. Foi uma brincadeira maravilhosa que fiz com Ana Luiza (A_escritora), que aliás obrigada por me conceder a sua personagem e me ajudar a escrever a cena. 😘

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Comentários

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Júlio não ama ngm. Luciano é um iludido mesmo hahahahaha mas nessa reta final do capítulo eu quero ver o que vai acontecer com a presença da Irene hahahahahaha.

Minha ruiva linda foi tudooo. Barraqueira e zero defeitos! Hahahahahahahaha

Feliz demais por participar da composição do capítulo incluindo a Melissa e o Felipe na história. Foi uma experiência incrível.❤

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