Amor em Tempos de Apocalipse - CAP 10: Atire na cabeça

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1490 palavras
Data: 13/05/2022 22:43:31

NARRAÇÃO: ARTHUR

***

Eu sou Arthur Soares. Eu sou Arthur Soares. Eu fico repetindo isso diversas vezes. Os fragmentos de memórias vêm e vão. Estamos caminhando a cinco horas pelas praias de Santa Catarina. A maioria dos zumbis "morreram" pela falta de alimento. Antigamente, esse lugar era cheio de hordas e mais hordas. Só que a população de mortos-vivos ficou maior do que a de humanos.

É a famosa teoria de oferta e demanda. Sem cérebros, os zumbis vão definhando e podem ter o descanso que precisam. Eu não acho isso ruim, muito pelo contrário. À medida que vamos avançando, a praia vai ficando mais encoberta por uma espessa névoa. Isso é o sinal que devemos parar, porque um passo em falso pode significar a morte.

Escolhemos uma área arborizada para montar a tenda. Conseguimos uma pequena barraca, mas que devido aos seus tons de verdes ficava camuflada entre os arbustos. O Cristian cochilou e aproveitei para colocar as ideias no lugar. Lembrei da morte dos meus pais, das surras que levei na infância, a primeira vez que conheci o Adam e a repreensão que eu sentia por não poder me assumir.

Tudo isso me trouxe até o Cristian, que dorme inocentemente ao meu lado. Toco em seu rosto com um carinho que nunca foi me dado, mas que agora conheço o sabor. Eu preciso protegê-lo. E se eu largar o Cristian aqui? Não, eu não posso fazer isso. O Cris pode se machucar sem mim.

— Tá preocupado, lindo? — Cristian perguntou me assustando.

— Doido. Quase tive um troço. — disse, rindo. — E, sim, estou preocupado com você nessa jornada.

— Ah, Ad... Arthur. — sentando e se espreguiçando. — Eu tenho certeza que vamos dar conta. Sou mais forte do que aparento ser. — mostrando os músculos, algo que me deixou cheio de tesão.

O encho de beijos e carícias. Foda-se os zumbis. Eu preciso entrar no meu namorado. Não tiramos todas as peças de roupa. É um sexo selvagem e rápido. Não podemos dar mole, apesar de que nada dentro da barraca estar 'mole'. O Cristian faz de tudo para não gritar. O ajudo colocando a mão em sua boca. Porra, ele é muito gostoso. Eu o amo tanto.

— Eu te amo. — digo, após gozar. — Eu te amo demais. — deito de lado, ofegante.

— Eu te amo, meu soldado favorito. Você precisa dormir. Eu fico de vigia, acho que só devemos nos lavar na praia. — ele sugere, apontando para suas partes íntimas.

A névoa continua dificultando a nossa visão. Vamos passo a passo e chegamos próximo a água. Eu tiro a roupa e mergulho rápido. Cacete de água gelada. Graças a Deus que as ondas estavam comportadas nesta parte. O Cristian fica de vigia, enquanto lavo o meu corpo. Em seguida, trocamos de lugar. Eu olho para os lados, entretanto, dou algumas espiadas no corpo mais lindo do universo, o corpo do meu namorado.

Voltamos para a barraca e durmo algumas horas. Acordo e vejo o Cris tendo dificuldades para ler um dos livros que encontrei durante a caçada. Os olhos dele estavam cerrados, a luz do dia se dissipando aos poucos, porém, o clima não cooperava para a entrada de luz natural. O puxei na minha direção e o aninhei no meu peito.

Ficamos abraçados por quase uma hora. A madrugada seria mais fria que o dia, então, precisaria de todo o calor para não morrer congelado. Eu vou ficar de vigia, mas abraçado com o meu namorado quentinho. A respiração de Cris é tranquila e compassada. Eu quero muito terminar a missão para que possamos ter noites tranquilas.

Uma forte chuva caiu no dia seguinte. Infelizmente, não dava para evitar. Quanto mais rápido, eu estabelecesse a energia, mais rápido tudo ia acabar. Usamos capa de chuva, mas ficamos ensopados. Odeio água na minha boca, dá uma sensação de estranheza. As gotas machucavam o meu rosto, porém, eu não queria parar.

— Ei, ligar o transmissor é fácil? — o Cristian questiona quebrando o silêncio.

— Mais ou menos. Eu preciso verificar o que está causando a quebra do transmissor. — explico, querendo olhar para ele, mas sendo impedido pela quantidade de água.

— Espero que seja só um parafuso. — comenta Cristian, que me fez desejar uma missão fácil.

— Eu também, amor.

A faixa de areia estava chegando ao fim. As praias foram dando lugar a uma região mais montanhosa. De acordo com as coordenadas, faltavam mais 10 quilômetros. Caminhando na chuva, a velocidade diminuiu, mas não paramos. O frio incomodava demais, ainda mais com as nossas botas molhadas. Eu já estava acostumado com essa rotina, mas e o Cristian?

No caminho, encontramos dezenas de casas abandonadas. Todas mostravam a riqueza e poder das pessoas na sociedade antiga. Vez ou outra, um zumbi aparecia, mas o Cristian conseguia neutralizá-lo com uma flecha. Em certo ponto, encontramos uma matilha de lobos, pelo menos, eu acho que era. Eles nos olharam curiosas, mas seguiram viagem.

A maioria das ruas, principalmente, nas cidades pequenas, estavam tomadas pela vegetação. O tempo é implacável, entretanto, a natureza é cruel demais. Os rastros da humanidade estavam sendo apagados, pouco a pouco, dia a dia. Antes, os cadáveres eram enterrados com dignidade, atualmente, eles continuam perambulando pelo mundo. Sem alma, sem vida. Eu não quero isso para mim, a morte pode ser uma direção fácil, só que pede sacrifícios.

A última parada do dia foi uma mansão. Nós nos certificamos da segurança do perímetro e escolhemos um dos últimos quartos para ficar. A chuva continuava a cair e o clima esfriava nos deixando agoniados. Colocamos armadilhas no andar de baixo, afinal, uma surpresa pode ser a diferença entre a vida e a morte.

O Cristian encontrou alguns cobertores sujos, mas que serviriam para nos aquecer durante a madrugada. Ele bateu os panos em outro quarto para a poeira não nos incomodar. Enquanto isso, eu preparava algo para comer. Aproveitei para descascar algumas laranjas. Precisávamos do máximo de vitamina C. Ficar gripado não é uma opção.

— Acho que vai servir por hoje. — Cristian comenta, enquanto entrava no quarto carregando os cobertores.

— Pelo menos, aqui está seco. — a minha fala é abafada pelo barulho de um trovão.

— Caramba. Espero que não continue assim. Pelas coordenadas chegamos amanhã, né? — ele pergunta, sentando ao meu lado. — Hum, carne seca com laranja. Uma refeição deliciosa.

— Coma toda a laranja, viu. Um arqueiro não pode ficar gripado. — pedi, parecendo super protetor e fazendo o Cristian sorrir.

Ficamos abraçados por um bom tempo. Estamos apenas de cueca e meias secas, as únicas peças que conseguimos salvar da chuva. O resto está espalhado pelo quarto. A ideia é que estejam secas para uso. Conversamos durante um bom tempo. Falo da minha infância, adolescência e sobre a sexualidade. Quero ser um livro aberto para o Cristian, não quero segredos entre nós.

Ao mesmo tempo, ele se abre comigo e conta todas suas experiências. Eu queria tanto conhecê-lo antes. A vida seria tão mais fácil. Bem, agora só posso focar no futuro. Esquecer os traumas e buscar a felicidade. Caracas, nunca pensei em virar um desses melosos românticos. Devo ter batido a cabeça com força quando caí do helicóptero.

Repousei a cabeça no peito do Cristian e adormeci. Acordei com o barulho da chuva, que insistia em cair, com mais violência e raios. Olhei para o lado, ele dormia tão sereno. Mal faz ideia do reboliço que causa dentro de mim. O dia já raiou, mas as nuvens carregadas impedem que os raios solares entrem pela janela.

Acariciei o rosto dele com carinho e o beijei. Percebi uma infiltração no teto e lembrei dos meus dias de serviço no quartel. O ambiente era hostil. Um querendo ser maior do que o outro. As palavras 'bichas' e 'baitolas' eram quase como uma virgula nas bocas dos saldados. Cresci neurótico só de pensar em ser vítima de brincadeiras e me fechei.

A minha única companhia era o Adam. Ele soube que eu gostava de um dos rapazes do pelotão. Do jeito dele, o Adam tentou me dar uma força, mas deu errado. No fim das contas, eu nunca namorei e perdi a virgindade com uma mulher, mais por pressão do que outra coisa.

— Bom dia. — Cristian deseja se espreguiçando e bocejando. — Parece que eu dormi por anos.

— Sem problemas. Não temos como sair daqui. — disse, o abraçando e me aninhando em seu braço.

— Ok. Acho que deveríamos aproveitar a chuva para tomar um banho. Estou precisando. — afirma Cristian, ficando em pé e erguendo os braços.

— Tem uma bica perto da piscina. Podemos usá-la. Que tal? — sugeri, levantando e o abraçando. — Devemos ser o casal mais meloso dessa epidemia.

— Eu gosto, amor. Eu gosto de ser meloso. Eu gosto de ser amado. — Cristian disse de uma maneira tão sexy.

— Eu também... — a minha declaração foi cortada devido a um barulho vindo do andar inferior.

— O que foi isso? — questiona Cristian, ficando alerta e pegando o arco-e-flecha.

— Temos que verificar. — afirmo me armando com um machado. — Atire na cabeça.

— Pode deixar.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 9 estrelas.
Incentive Escrevo Amor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários