Casamento arranjado. Prólogo

Um conto erótico de Alex Silva
Categoria: Gay
Contém 2105 palavras
Data: 22/01/2022 23:10:48
Assuntos: Gay, Homossexual

PRÓLOGO

TRIIIIIIIIIIIIM

O despertador soa, está na hora de acordar, mesmo que eu não tenha dormido o tanto que precisava dormir. Ultimamente minha vida tá uma loucura, falta menos de um ano pra eu concluir a minha faculdade e tô pirando por causa da merda do meu TCC; pra piorar a situação, fui demitido e o aluguel tá atrasado.

Parece que o destino resolveu brincar comigo, só pode, pois nunca vi tanta desgraça acontecer em um intervalo de tempo tão curto.

Levanto da cama me sentindo quebrado, como se alguém tivesse me pegado e me torado ao meio. Caminho a passos lentos em direção ao banheiro, o dia hoje vai ser cheio, afinal tenho quatro entrevistas marcadas e tenho que ser uns dos primeiros em todas elas.

Após um café reforçado saio pra enfrentar esse mundo.

***

Olá, meu nome é André Luis, tenho 22 anos e estou terminando meu curso de biomedicina. Atualmente moro sozinho e pretendo arranjar alguma forma melhor de viver.

***

— Você tem um currículo bom, mas não é o que procuramos no momento, obrigado.

Essa foi a quarta resposta, todas com a mesma desculpa: “Não é o que estamos procuramos no momento.”

Saio pisando duro até o ponto de ônibus, preciso de uma solução pros meus problemas financeiros... E urgente! Estava perdido nos meus problemas quando meu celular tocou.

— Oi mãe.

— Oi André, como você tá, meu filho?

— Bem — minto.

— Tem certeza?

— Sim, mãe!

— Já conseguiu algum emprego?

— Tô procurando, mas...

— “Mas” o quê, André? Aconteceu alguma coisa?

— Calma, tá legal... Só não tá sendo fácil! Tipo, tenho procurado feito louco, mas essa crise tem acabado com as ofertas de empregos.

— Nem me fale... — ela suspira cansada — Senti isso na pele.

— Agora sou eu que pergunto: Aconteceu alguma coisa?

— Olha filho, não vou encher sua cabeça, tudo vai se resolver — O ônibus​ chega.

— Mãe, eu não sou mais uma criança. — entro no ônibus, pago a passagem e sento em uma cadeira vazia ao lado da janela — Anda, me diz o que aconteceu.

— Seu pai foi demitido.

— Como assim? Não entendo como isso aconteceu... Não foi a senhora mesmo que deixou claro que o chefe dele o amava?! Você não disse que ele praticamente o idolatrava...

— As coisas mudaram! — junto às sobrancelhas confuso — Olha filho, na verdade eu te liguei pra te falar que seu avô morreu. — ela faz uma pausa e depois continua com a voz baixa — Eu sei que não se deve falar isso pelo celular, mas...

— O Sr. Gustavo? Me desculpa, mas nem lembrava mais dele, afinal ele praticamente se isolou.

— Aparentemente ele teve uma parada cardiorrespiratória... Você tem que vir pro velório.

— Claro! Tô indo pra casa, depois me arrumo e vou praí. Onde vai ser o velório?

— Na mansão dele.

Gustavo Arantes, viúvo, velho e dono de uma mineradora — que ele já vendeu inclusive —, rico, importante e um chato.

Sim um chato!

Desde que nasci percebi que meu avô era uma pessoa muito insegura e paranóica; ele sempre pensou que a gente estava de olho em sua fortuna quando na verdade queríamos apenas nos aproximar.

Ele, após uma discussão, até mesmo deserdou meu pai o deixando na miséria, o que explica em parte o motivo da situação caótica em que vivo hoje.

Eu até fui à sua mansão tentar fazer com que ele e meu pai fizessem as pazes, mas não adiantou; fui recebido como um cachorro e praticamente expulso daquele lugar, depois disso ele se isolou completamente, o que, de certa forma, ocasionou a dispersão de nossa pequena família uma vez que, fora sua irmã, Charlotte, meu avô só tinha a nós e nós a ele. Seus parentes aparentemente morreram todos e na minha parte materna a coisa é mais sentimental.

Minha mãe foi abandonada na rua com apenas alguns meses de vida e minha avó, Abigail, viúva e sozinha na época, a adotou. Ela morreu no ano passado, um golpe duro. Resultado? Minha família agora é constituída por quatro pessoas: Eu, minha mãe, meu pai e Charlotte.

***

Cheguei ao velório e o local estava praticamente vazio, não tinha mais que trinta pessoas, na sua grande maioria ex-funcionários, acredito eu. Meu pai está próximo ao caixão, parece desolado, o que mostra que ele amava mesmo o pai, apesar de todas as brigas e discussões.

— Oi mãe. — me aproximo sorrateiramente dela, que olha para seu marido ao longe.

— Que susto menino — ela fala brava, mas me abraça — Que bom que você chegou! Seu pai tá arrasado; anima ele, vai.

— Eu não tenho tanto poder assim não, mãe.

— Todo gay tem esse poder de animar as pessoas, afinal eles dificilmente perdem o sorriso, mesmo com toda dificuldade que passam... Você que o diga — sorrio amarelo lembrando​ do bullying que sofri na escola, mesmo antes de me assumir.

— Vai ficar tudo bem pai. — me aproximo e o abraço.

— Eu o perdi, André...

— Como se você se importasse, seu canalha.

A lamentação do meu pai se perde no ar quando sua fala é praticamente cortada por uma voz grave e cheia de raiva, viro em meus calcanhares para ver quem é e me deparo com um rapaz que nos olha feio; ele deve ter uns vinte anos e pelo menos dois metros de altura. Confesso que fico um pouco assustado.

— Quem é você? — meu pai pergunta em choque pela afronta.

— Sou Eduardo Arantes, filho do Gustavo. — ele fala com arrogância me deixando com raiva — Ele me falou de você.

— Não seja ridículo, meu pai só tinha eu de filho.

— Pois fique sabendo que ele me adotou, seu cretino.

— Olha rapaz, você me respeite ou...

— Ou o quê?

— Dá pra parar?! — me meto antes que a coisa piore — Estamos em um velório.

— E você, quem é? — Eduardo me olha com desdém.

— Não importa! Se ele era mesmo seu pai, respeite ao menos o velório dele. — digo com raiva da grosseria e arrogância desse imbecil.

— Vou fazer isso, mas não porque você tá pedindo, vou fazer por meu pai.

***

Após o velório teve o sepultamento, foi tudo muito rápido e quando passou fiquei ao lado dos meus pais o máximo que pude, afinal queria dar suporte de alguma maneira e só consegui pensar nisso, já que não podia dizer nada que consolasse meu pai.

— Amanhã tem a leitura do testamento. — minha mãe falou de repente.

— Hum, e...?

— Quem sabe ele não deixou algo pro seu pai?!

— Acho meio difícil! Pelo menos, não depois de tê-lo deserdado. — de repente penso em algo e franzo as sobrancelhas olhando para minha mãe — Posso te perguntar uma coisa?

— Claro filho!

— Nunca entendi direito aquela briga do meu avô e do meu pai; não entendo o porquê daquilo tudo. — minha mãe aperta os lábios e desvia o olhar.

— Sei que te dissemos na época que a discussão foi por causa de um assunto relacionado à mineradora, mas a verdade é que foi sobre você. Na época, não te falamos porque você tinha acabado de se assumir e não queríamos te magoar com esse assunto ridículo.

— C-Como assim “sobre​ mim”?

— Seu avô descobriu que você era gay e queria que o Jorge te expulsasse​ de casa, mas ele se negou, é claro, e o final você já sabe.

— Então a culpa do rompimento do relacionamento do papai com o pai dele foi minha? — minhas lágrimas descem silenciosas — E-Eu...!

— Você não teve culpa de nada, André... o preconceito que cegou seu avô.

— Mas, se eu não fosse gay, não teríamos cortado relações com meu avô e não estaríamos com todas essas dificuldades financeiras.

— Não seja ridículo, meu filho... — minha mãe fala parecendo bastante triste com essa conversa — Seu avô simplesmente escolheu fechar a mente para o correto. — ela segura meu rosto — Você não tem culpa de NADA, entendeu?! — eu concordo com a cabeça, mas me sinto extremamente triste.

***

Durmo na casa dos meus pais, afinal não quero voltar pra casa tão rápido, quero passar mais um tempo com eles.

— Amor, não vai dá pra ir com você na leitura do testamento. — minha mãe olha pra seu marido se desculpando — Acabei de receber uma encomenda, tenho que entregar esses doces ainda hoje.

— Tudo bem querida, não se preocupe. — papai encara sua esposa com carinho — Vou lá à toa mesmo.

— Quer que eu vá com o senhor? — pergunto e ele me olha carinhosamente.

— E você quer ir?

— Anham...

— Então vamos, camarada. — ele fala indo em direção a porta, eu o sigo.

— Sabe pai, tava pensando aqui e me lembrei que o senhor ficou de me ensinar a dirigir e até hoje nada. — entro no carro simples do meu pai.

— Você tá morando do outro lado da cidade, então fica meio difícil, né?!

— Hum... posso vir nos finais de semanas.

— Tem a igreja no domingo e sábado eu pretendo trabalhar.

— Cê tá me enrolando, né seu Jorge?! — coloco o cinto enquanto meu pai sai com o carro.

— Claro que não! — ele sorri divertido — Faz assim, quando eu arranjar um emprego vou dar um jeito de conseguir um tempinho pra te ensinar.

— Promete?

— Prometo! — sorrio quando ele responde aquilo — E então, tem namorado muito?

— Que “namorando muito”, pai?! Ultimamente tenho estudado e procurado emprego feito louco, não sobra tempo pra mais nada.

— Você tem que saber conciliar as coisas...

— Olha quem fala. — ele ri timidamente.

***

[...] “Deixo para meu filho, Jorge Arantes Pinto, minha casa em búzios e uma quantia de 60.000,00 (sessenta mil reais)...”

Meu queixo cai assim que o advogado do meu avô começa a ler essa parte do testamento.

“E para minha nora, Eliza Arantes Pinto, deixo uma quantia de 30.000,00 (trinta mil reais).” [...]

— Agora vou ler a parte mais importante deste referido testamento. — o advogado nos comunica isso com um ar meio desgostoso.

“Deixo para meu filho, Eduardo Arantes, e meu neto, André Luis, minha mansão e tudo que há dentro dela, também vos deixo um capital de,00 (sessenta milhões de reais). No entanto, para usufruírem de tudo que vos deixei, eles terão que se casar e viverem como cônjuges, caso ambos se recusem a tais condições, o dinheiro deve ficar para minha irmã, Charlotte Arantes Pinto. Ressaltando que em caso de desistência por parte de um dos dois após o casamento, o dinheiro e a mansão automaticamente ficam com o outro.”

“Exigências que deverão ser cumpridas:”

O casal deve morar na mesma casa.

É terminantemente proibido traição por parte de um dos dois.

Estes devem dormir na mesma cama.

Ambos devem cuidar da casa. (Não é permito a contratação de uma empregada para realizar quaisquer serviços.)

O dinheiro da conta não pode ser retirado imediatamente, este só poderá ser sacado depois do período de um ano, enquanto isso se deve usar o dinheiro presente no cofre da mansão. A senha está anexada aos dois pingentes que serão entregues para cada um.

Não é permitido mexer nas instalações de segurança. (Lembrando que a casa tem um sistema de monitoramento para conferir se as exigências estão sendo cumpridas. Vale ressaltar que há uma equipe responsável por verificar todas as filmagens a fim de saber se as regras estão sendo cumpridas.)

A nem um dos dois está permitido viajar sem a companhia do outro.

Se o casal se separar antes do prazo combinado de um ano, o dinheiro também deve passar para Charlotte.

O casal não é obrigado a ter relações sexuais, mas deve se beijar pelo menos três vezes ao dia.

OBS: A equipe de monitoramento ficará responsável por verificar se todas as regras estão sendo compridas.

“faço isso com os motivos mais puros em meu coração, também quero deixar claro aqui que sou gay. Sim, enfatizando, sou gay, e por isso quero pedir desculpas a meu neto, André; se tive meus desentendimentos e momentos de crises, foi por não conseguir me aceitar, mas agora tudo está nos eixos. Para meu filho, Jorge, só quero dizer: Me perdoe por exigir algo tão injusto como expulsar o André de casa, a verdade é que eu senti muita raiva quando soube que ele também era gay, acho que fiquei com medo por ele e não soube me expressar, acabei falando o que não queria e da forma errada. Porém, não vou tentar explicar tudo, pois o tempo corre e não vamos perder tempo com essas coisas.

André e Eduardo, sei que vocês serão um ótimo casal, espero que você, André, mude esse jeito difícil do Eduardo e mesmo que ele alegue ser hétero, tenho certeza que ele também é do balacobaco.

Lembrando que vocês devem se casar duas semanas após a leitura deste testamento.

Abraços!

Sr. Gustavo Arantes Pinto.”

Continua...

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Comentários

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amei o inicio, que tudo! kkkkkkkkkkkk

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