Correnteza (parte 4/4)

Um conto erótico de jl94
Categoria: Homossexual
Contém 4976 palavras
Data: 19/01/2022 00:35:41

### NOTA DO AUTOR

Pessoal, gostaria de agradecer imensamente a cada comentário feito nos outros textos. Me serviram de motivação para continuar a história. Hoje trago o desfecho dela. Este é o primeiro conto que eu escrevo, e aos poucos vou entendendo o que precisa ser melhorado. De toda forma, espero que gostem do final. Boa leitura!

### NO TÂMARA

Andei em cada canto da festa, me esbarrando em pessoas, atrás de Gabriel. Uma parte de mim queria deixá-lo em paz, mas a outra parte, mais forte, me forçou a ir atrás dele. Talvez pela bebida, minha cabeça mais devagar demorou a se tocar que eu jamais encontraria ele ali no meio de toda aquela gente, e agora sabia, de forma óbvia onde ele estava.

Conforme me afastava da festa, as luzes, as risadas e as músicas, ficavam mais abafadas, mais tênues, mais mudas, e o caminho que se estendia a minha frente, envolto em escuridão era agraciado apenas pelo canto dos grilos e dos insetos noturnos que habitavam a mata. Aos poucos, inundava o som da água, do rebento, da correnteza. O rio que descia, ainda com a intensidade exagerada das chuvas também deixava o ar mais úmido, um pouco mais frio.

O cais cintilava à luz da lua e das estrelas, que banhava com aquela claridade pálida, azul, mas ainda intensa. O Tâmara estava na ponta do cais, amarrado pela corda. Fui até lá, mas não escutei nenhum barulho, não senti nenhuma presença. Empurrei meu corpo para dentro do barco, e meus pés pisaram com um estampido no convés de madeira. Olhei ao meu redor e então pude divisar a sombra de Gabriel, sentado no chão do convés, encostado na borda do barco, uma perna estirada, e a outra dobrada no joelho. Nas mãos, tinha uma garrafa de bebida, mas não era cerveja, era algum destilado de cor âmbar. Olhava fixo para frente, e seus olhos estreitos brilhavam. Contemplava o vazio, contemplava o silêncio. Não moveu um músculo, mas eu sabia que ele percebera minha presença. Me sentei ao seu lado, sentindo a umidade do convés na minha bermuda e camisa.

Ele estirou a garrafa em minha direção. Eu não bebia nada além de cerveja, mas peguei a garrafa, por consideração, para dividir aquele momento e mostrar que eu estava ao seu lado. Dei um gole pequeno, e desceu algo amadeirado, que queimou minha garganta. Era algum uísque, destes que os garotos levam para o churrasco para ostentar e curtir. Eu não gostei, mas dei um segundo gole, mais longo, e fechei os olhos com força ao dá-lo, pois o aroma invadia e fazia arder minhas narinas e meus olhos.

-Eu sinto muito. - falei, devolvendo a garrafa para Gabriel.

-Eu também. - respondeu ele. A resposta, sutil e breve, me deixou confuso, e com um leve desconforto.

Explorei as possibilidades na minha cabeça, mas estava óbvio que Gabriel sabia que eu tinha saído com Maciel, que eu também tinha meus olhos nele. Agora meu estômago revirava, e eu sentia culpa, me sentia um cínico, por estar ali, tentando acalentar algo que eu próprio colaborei em provocar. Queria vomitar, queria sair correndo dali. Me senti um nojo.

-Gabriel... - comecei, inseguro, com medo - Eu... Eu não sabia.

-Tudo bem. - respondeu. - Sou eu a pessoa que não sabe expressar sentimentos. - continuou, com a voz um tanto torpe. Então virou-se para mim - Como você está se sentindo?

-Eu? - perguntei, surpreso. - Pra ser sincero, eu não sei... Eu acho que me diverti enquanto rolou, mas sabia que ele não ia querer continuar, em algum momento... Eu não sei, pra ser sincero.

E de fato, não sabia. Ou não ligava. Respirei o ar úmido e frio, e fiquei olhando a massa dançante de sombra que formavam as copas das árvores, balançando do outro lado da margem.

-Ele sempre faz isso... - disse Gabriel, subitamente.

Eu olhei para ele.

-E... você nunca falou pra ele? Você nunca disse que gostava dele?

Gabriel olhou para mim com as sobrancelhas franzidas e deu uma risada.

-Não. Acho que você entendeu errado. - ele falou. - Eu não tenho nada com o Maciel. Era a garota. Eu era apaixonado por ela desde a adolescência.

Meu queixo caiu, e me senti a pessoa mais burra do mundo. Claro! Que idiota era eu, e como sou capaz de deixar minhas presunções criarem histórias mirabolantes tão facilmente na minha cabeça. Eu dei uma risada, enquanto aceitava a garrafa de volta. A risada veio tanto da trapalhada mental que eu tinha feito quanto do alívio, de não ser aquele tipo terrível, que se atravessa na paixão alheia. Dei um gole, devolvi a garrafa, e ficamos em silêncio. E com o silêncio, ficamos sérios de novo. A noite estava calma, serena. Era outro mundo, longe da algazarra da festa, da multidão, das luzes. Ali, estávamos em tranquilidade, e de certa forma, até mesmo um pingo de tristeza recaía sobre nós dois. Gabriel então, continuou a história do seu amor, e eu escutei.

-Eu sempre gostei dela... Mas sou terrível em me aproximar das pessoas. Eu não sei como tratar elas bem. Tenho medo, e com o medo, acabo machucando elas. - ele bebeu e balançou a cabeça em desaprovação, para consigo mesmo. - Que idiota eu sou! Nunca consegui sair com ninguém, sendo esse merda. E o Maciel... se aproveita do jeito que eu sou, para me colocar mais pra baixo, pra me deixar menos confortável. Desde quando a gente era criança, ele tinha essa mania, de competir comigo pelas coisas... sem eu mesmo querer que aquela competição existisse, em primeiro lugar.

Gabriel tinha um desgosto por Maciel, o que colocava Maciel como um vilão na história de sua vida. Mas era um desgosto sincero, pois por mais que eu não conseguisse enxergar Maciel como uma pessoa deliberadamente má, ele era o tipo de pessoa que faria estes tipos de competições, para sua própria diversão, para sua própria alegria, sem perceber que talvez estivesse machucando outros. Gabriel continuou com sua história.

-E quando eu falei com ele, quando eu disse sobre a garota que eu gostava... Eu devia ter visto isso de longe. Pouco tempo depois os dois estavam juntos, namorando.

-Então hoje não foi a primeira vez?

-Não. E eu também nem ligo mais pra ela. Mas eu não aguento a forma como ele trata as pessoas. Ele ficou com ela só para competir comigo, só para se sentir melhor... E quando ela não valia mais nada para a diversão dele, ele largou ela, de repente, deixou ela mal, deixou ela lá, em depressão e tal...

Eu estava simpático em relação a Gabriel. É claro que eu não o perdoava pela forma terrível como ele me tratou, que foi tão má quanto a forma que - por todos esses anos - Maciel tratou ele. Mas se eu não podia perdoar, ao menos eu podia relevar, eu podia entender, agora, o motivo.

E por algum motivo, mesmo antes daquela conversa, em algum lugar fundo em mim, eu acho que sabia que em Gabriel residia outra personalidade, diferente daquela agressiva que ele expunha. E sabia que existia mais coisa ali, que eu não enxergava. Eu acho que sabia disso desde a primeira vez que vi ele se aproximando para pegar as chaves do carro com o pai no restaurante. E sabia quando o vi, no barco, aparecendo, sem camisa, suado do trabalho, para me avisar que estávamos no primeiro ponto de coleta. Naqueles momentos, eu acho que um pequeno fio da sua presença, que traduzia quem ele era, tinha sido captado por mim. E por isso, talvez naqueles momentos, eu tinha...

Eu tinha...

E a imagem de Gabriel, aparecendo no meio da minha fantasia sexual, no dia em que tive o primeiro encontro próximo com Maciel, brotou novamente na minha cabeça.

E por isso, talvez naqueles momentos, eu tinha... me apaixonado por Gabriel?

### GABRIEL

-E aí, quando ele fez isso, largou ela, eu pensei que ele tinha suas justificativas... - continuou Gabriel - algo além dessa coisa dela ter sido só uma competição. Mas aí, ele repete toda a história, mais uma vez, do começo ao fim.

-Você diz... comigo, dele ter me largado?

Gabriel balançou a cabeça afirmativamente, e bebeu. Pensei naquilo. Sua raiva com Maciel era tão grande, por tudo que ele tinha provocado em sua vida, que ele já começara a comprar as dores das outras pessoas. De alguma forma, é claro que estava desconfortável com Maciel. Não sentia necessariamente raiva dele. Não posso mentir, dizendo que não ligava, porque eu estava sim um pouco incomodado. Ter visto ele, no agarro com aquela garota, tinha me deixado um pouco com um sentimento de desvalorização, de perda de mim mesmo. Fiquei tonto, na hora, mas estava tão preocupado com o próprio Gabriel, que não me importei comigo.

...estava tão preocupado com Gabriel...

-E dessa vez eu não tinha dito nada para ele. Eu tinha aprendido a manter meu bico calado para ele. - disse Gabriel.

Eu olhei para Gabriel. Sua voz estava torpe, e suas palavras não faziam muito sentido. Ele continuou bebendo.

-Na quinta feira da semana passada... - ele soluçou. E deu mais um gole. - Ele veio pra mim, e veio falar comigo. E eu não tinha falado nada. Eu não tinha coragem, entende, não tinha coragem... Eu tinha medo... Eu tinha...

E desatou a chorar. A cabeça pendeu para frente, num instinto de vergonha, e no meio daquelas palavras que não tinham o menor sentido, ele soluçava, chorava. Estava acabado, de repente. Coloquei a mão no seu ombro. Quase como uma canção de fundo ao seu choro, uma gota solitária de água pousou entre nós. Não dos seus olhos, mas do céu. Iria chover em breve. No meio de seus soluços, Gabriel tentava continuar a sua fala. Com um suspiro, conseguiu prosseguir, mas eu senti que ele tremia. Suas palavras saiam trêmulas. Era como se ele estivesse se obrigando a colocá-las para fora, mas um instinto natural seu as agarrava de volta.

-Medo... Era medo... Eu não tinha coragem de expor meus sentimentos... Ele sabia disso. Ele veio falar comigo. - e mais choro. Franzi minha testa, tentando entender o que ele queria dizer. Queria ajudá-lo. Senti dó dele, e dei a ele tempo. O que Maciel tinha ido falar com ele?

Com mais um pouco de respiração, ele conseguiu continuar, ainda entrecortado por soluços de choro.

-Eu tinha medo de expor... meus sentimentos... Ele sabia... Ele viu tudo, ele percebe. Naquele dia, dia antes de vocês saírem juntos... Maciel, no barco, ele veio me falar... Ele veio e ele falou... Ele falou pra mim que tinha percebido... Tinha percebido o jeito que eu olhava para você...

Um clarão mudo inundou o céu. Em alguns segundos de silêncio, um trovão. Uma chuva fina começou a cair. Eu estava sem reação. Gabriel estava debruçado sobre o próprio corpo, chorando de forma desesperada.

### CORRENTEZA

O Tâmara balançou levemente quando a correnteza respondeu à fina chuva que começava a cair. Eu não tinha mais meus pensamentos em mim. Eu não sabia como reagir. Eu não entendia o que eu tinha que fazer. Eu próprio me sentia tonto, abalado, sentia como se a correnteza sob o Tâmara, a correnteza do rio, tivesse entrado dentro de mim e estava me arrastando para todos os lados, de dentro para fora. Mas eu precisava agir. Eu precisava decidir algo para mim, porque Gabriel, como ele próprio sabia e disse, tinha medo. E mesmo sendo aquele que sempre comandou o barco, ele nunca soube como navegar por aquelas águas nas quais estávamos agora, as águas dos sentimentos, das relações.

Eu respirei e fui em sua direção. Agarrei seu rosto e virei seu olhar assustado para mim. De repente, eu o beijava. Ele seguia inerte. Meus dedos correram pelo seu cabelo feito, eriçado, a outra mão recaiu sobre seu braço. Sentia o seu músculo no bíceps, que tinha toda aquela definição natural, fraquejar. Seu corpo começava a ser fustigado, assim como o meu, pelas gotas de água. Estava trêmulo. Gabriel tremia, como um todo. Eu conduzi o beijo, aromatizado pela bebida alcoólica, mas ele não me acompanhou. Talvez eu fora precipitado demais. Me afastei e olhei para ele. Seus olhos estavam arregalados.

-Por... porque? - ele perguntou.

-Porque eu gostei de você desde o primeiro dia, seu tapado. - falei, ignorando a ironia de sermos nós dois tapados, não apenas ele, como também eu. E eu mais ainda, pois não tinha percebido os sentimentos dele... e nem mesmo os meus próprios. Senti que eu próprio estava emocionado. Quanta bobagem! Porque eu estava chorando? Que besteira era aquela?

Mas minhas palavras bobas, de alguma forma, pareceram iluminar o rosto de Gabriel. Meu corpo caiu para o lado quando dessa vez, não eu, mas sim ele se dobrou sobre mim. Ele, Gabriel, finalmente, liberto das amarras de todos aqueles jogos que Maciel fazia com ele, finalmente com um sopro de vida, ele ganhou vida, e se jogou contra mim. Caímos deitados no convés do Tâmara, úmido, que balançava lentamente com a corrida. Ele, sobre mim, começou a me beijar. Agora era ele. Agora ele tinha vida, e eu o acompanhei no beijo. Seu corpo firme já não tremia mais, mas ainda era inseguro. Sua mão não sabia onde me tocar. Vinha até ombro, saia, e aparecia no meu braço. Seus lábios deslizavam contra o meu, já um pouco mais firmes. Suas coxas, pressionadas contra as minhas também tentavam se ajustar, sem jeito nenhum. Mas aquilo tudo era mágico. Seu beijo era mágico. Sua língua, sua saliva dentro da minha boca, me levava para um lugar de paz, de felicidade, de vontade. Não era apenas desejo, era muito mais. Era alegria. Sentia o cheiro da sua colônia, no seu pescoço, e então comecei a acariciar sua cabeça, enquanto a outra mão descia pelas suas costas. Nossas peles se encontravam onde podiam. Estávamos juntos, estávamos nos sentindo. Estávamos felizes.

Quando terminou, ofegante, um beijo de uma eternidade, ele ergueu seu rosto e percebi que estava corado. Havia insegurança no seu olhar.

-Desculpa... - ele falou. - Eu não sei beijar.

-Seu beijo é incrível.

-Foi meu primeiro. - e seu olhar baixou, como se estivesse envergonhado de estar em sua juventude adulta sem ter tido experiências com ninguém. Mas agora ele teria. Agora Maciel não estaria ali para empurrá-lo para o lado, roubando cada paixão sua da sua vida. Agora ele tinha conseguido. Nós tínhamos conseguido.

Eu agarrei ele e continuei o beijo, que veio mais intenso, mais forte. Ele deixou seu corpo se cair sobre mim, e eu senti aquele seu peitoral pressionado contra mim. Suas pernas se rastejavam, tentando encontrar uma posição, tímidas, tentando esconder algo... Um Gabriel, envergonhado, querendo afastar o ventre, querendo não mostrar que alguma coisa ali estava endurecendo, tentava fugir... E eu não deixei. Minhas mãos sobre suas costas desceram mais um pouco e então puxei, na marra, seu corpo sobre o meu. Senti seu pau, endurecendo, e nesse momento, Gabriel quase se afogou no meu beijo, e eu soltei ele um pouco.

Ele olhou para mim, ruborizado ainda mais, mas não deixei soltar a pressão entre nossos ventres. Sentir nossos corpos era algo surreal, e meu próprio pau também começou a demonstrar sinais de vida. Era claro que ele estava morto de vergonha, ele não tinha experiência nenhuma com aquilo. Então eu sorri para ele, e seu olhar um tanto aterrorizado, um tanto envergonhado, se desfez, para dar ar para uma expressão um pouco mais amena.

Agarrei ele pela boca, outra vez, entrelaçando nossas línguas. Agora ele próprio se pressionava contra mim, e me apertava na coxa, no abdômen, na bunda. Quando nos separamos do beijo outra vez, ele arrancou a regata, e eu afastei minha camisa, que já estava com os botões abertos, ou até estourados. Me livrei dela, e contemplei o seu torso nu, enquanto ele me mapeava, igualmente com seu olhar. Senti sua pélvis pulsar contra o minha, e respondi com outro pulso. Era um sinal de como estávamos nos curtindo, nos descobrindo, e gostando de cada descoberta.

Alisei seu tórax, e seus mamilos estavam contraídos, e vi eles endurecerem nos meus dedos. Baixei a mão até seu abdômen, acariciando aquela escultura divina, e querendo provocar uma surpresa, o surpreendi com um movimento rápido, agarrei o cós da sua bermuda de velcro, e puxei, abrindo ela. Pude ver sua cueca, de cor laranja e elástico branco, pela abertura da bermuda.

Nos beijamos, agora sentindo nossos peitos nus um contra o outro. Passar a mão pelas suas costas, frescas e molhadas pelo chuvisco, e firmes, me deixava enlouquecido. Que homem que eu tinha nos braços, que homem! Gabriel se esperneou um pouco, deixando a sua bermuda descer nas pernas, e ficou com a cueca mais exposta contra mim. Agora podia sentir seu pênis completamente duro por baixo da sua cueca, e sabia que ele estava pronto para me ter. Com minhas mãos, afastei minha própria bermuda, chutei meus tênis para longe. Gabriel, que estava em cima de mim, me ajudou puxando a bermuda primeiro com as mãos e depois com as pernas, e ele também se livrou da dele, sem nos desprendermos do beijo. Agora estávamos sarrando, um contra o outro, os dois paus loucos para pularem para fora das cuecas já meladas, dois corpos roliços se encontrando um ao outro. A pele das nossas pernas também agora se tocava mais, se conheciam.

Quando nos afastamos, eu sabia que era a hora. O olhar de Gabriel para mim, ainda um pouco apreensivo, também sabia. Mas eu lhe dei confiança com minha expressão, e ele, ajoelhado diante do meu corpo deitado, abaixou sua cueca e tirou ela. Seu pênis, a pele bem escura, estava em riste. Era longo, comprido, e a cabeça bastante rosada deixava um fio cintilante escorrer. O saco também, era bem grande e Gabriel, tímido, tentou segurar o pênis com a mão, mas apenas o que fez foi agarrar as bolas, que saltaram, enormes, por entre seus dedos quando ele desistiu de esconder o falo. Gabriel manteve o olhar baixo, envergonhado. E ele não tinha nada do que se envergonhar. Era um pau lindo, grande, retilíneo, roliço. A glande rosada vibrava contra a sua pele amorenada.

Abaixei minha cueca e meu próprio pau saltou, dando uma chicotada de baba que se perdeu no ar. Gabriel terminou de tirar a cueca e olhou para mim. Percebi que não tínhamos preservativos ali, mas pelas nossas "faltas de experiências", aquilo seria menos problemático. Como um instinto animal de todo homem, ele cuspiu na mão e cobriu o pau com a baba, deixando-o bem molhado. Aproximou-se de mim, desajeitadamente, e eu ergui o quadril para ele.

Não precisávamos trocar qualquer palavra, apenas o olhar dizia. Pode vir. Pare um pouco. Venha. Espere. Pouco a pouco, seu pênis foi adentrando meu ânus, e ele foi se aproximando de mim. Seu rosto de descoberta, de curiosidade, de... felicidade. Senti o membro encontrar espaço, pouco a pouco, muito mais difícil na base do cuspe do que com um preservativo lubrificado, mas ele chegava, molhado, quente, aquele pau me invadindo, e eu segurando meu próprio corpo, que por dentro se debatia. Se debatia de prazer. Meu Deus! Que pau maravilhoso. Que pau tesudo! E estava apenas entrando, apenas se acomodando. Minha respiração tensa começou a sair pela boca, pela forma de gemidos. No meu primeiro gemido, Gabriel já pareceu se enlouquecer. Ele próprio, começou a gemer, com o prazer de estar apenas me penetrando, me encontrando... O pau que desbravava, pouco a pouco, o meu cu, foi chegando na sua integridade. E então... Eu estava completamente preenchido pela rola de Gabriel.

Gabriel deitou o corpo contra mim, e eu o abracei. Respirávamos intensamente. Era um breve momento de espera. Um momento em que sentíamos, um o corpo do outro, conectados sexualmente, introduzidos entre si, encaixados. E rígidos, estourando de prazer. Que delícia aquele abraço. Que delícia tê-lo amarrado nos meus braços, sua cabeça repousando, após aquele desbravamento lento, porém cansativo. Minha respiração e a dele, era uma só, subíamos e descíamos juntos nossos pulmões. E entre uma respiração e outra, eu soltei, como um sussurro, no seu ouvido:

-Vem.

Ele começou a ir e vir, em movimentos desajustados, desajeitados, sem ritmo. E que movimentos sem qualquer jeito eram aqueles! Deliciosos! Meu corpo começou a se estremecer, e eu agarrei ele pela boca, dando-lhe um beijo breve. Seu pênis se pressionava com muita força contra meu ponto de prazer, e meus gemidos saíam encorpados, roucos. Ele rebolava o quadril, indo e voltando e ficamos naquele embalo maravilhoso, uma rola que saia metade e então voltava para dentro de mim, me ganhando de volta, socada até o talo, roliça, quente, nua, gostosa. E eu gemia. Gemia forte, junto com Gabriel. Nossos corpos começaram a ficar molhados, não do chuvisco que caia, mas sim do nosso suor. Uma gota escorreu pela sua testa e pingou em mim. E ele ia e vinha. E às vezes, no meio dessas idas e vindas, seu rosto descia para pescar um beijo na minha boca.

Beijos molhados, línguas que se encontravam, o pau maravilhoso que me comia, os gemidos cuja intensidade sobressaíam ao barulho da natureza ao redor. Nós dois, embalados, ao ar livre, naquele barco atracado, o cheiro de pesca ao nosso redor, os nossos corpos que suavam ali naquela noite, e a luz leitosa da lua sobre nós.

-Caralho, Gabriel, caralho... - suspirei.

Ele olhou pra mim, e percebi no seu olhar uma emoção feliz, uma emoção de encontro consigo.

-Jonatan... Eu te amo, cara.

-Porra. - e ergui meu tronco, agarrando ele em um beijo. Quanto tesão. Seu pau continuava bombando dentro de mim, em um embalo lento, gostoso. Enorme, roliço, gostoso. Seu corpo era gostoso, sua pele, seus músculos, seus beijos, sua voz gemendo...

Ele ficou com um cotovelo apoiado no chão e o outro braço esticado, encontrando apoio atrás da minha cabeça. Me ergui em mais um beijo, ele veio e chupei sua boca, seus lábios. Desci chupando seu pescoço, e percorri a boca em seu braço molhado, sentindo o gosto da sua pele, o odor que ele exalava, enquanto ele bombava seu pênis dentro de mim. Os pelos da sua axila, em tamanho médio, aparado, estavam juntos, colados pela água da chuva, ou do seu suor, e eu passei a língua por eles, chupei-os, senti o seu gosto. Ele tirou seu cotovelo que apoiava no chão e usou a mão agora livre para servir de apoio para a minha cabeça, enquanto eu chupava as partes do seu corpo. Gabriel seguia metendo em mim, uma máquina, o corpo erguido com a força de apenas um braço, e o quadril rebolando na minha bunda.

Deitei meu corpo outra vez e então ele se ajeitou. Minhas pernas se ergueram um pouco no ar, se entrelaçando por cima dos seus braços. Ele olhou fundo nos meus olhos e começou a meter. E me fodia. Rápido, com gosto, aquele pau indo e vindo no meu cu. Fechei meus olhos. Nossos corpos se chocando se juntavam ao canto dos nossos gemidos. O meu gemido agora não tinha mais fim, ele se dividia em sílabas, e Gabriel entrecortava palavras nos seus.

-Porra, mano... Porra, que delícia... Ah... Ah...

-Gabriel...

-Caralho... Ah, ahrrr...

-Eu te amo...

-Eu te amo

E a foda vinha forte, e as pegadas, um ao outro eram intensas, certeiras. Minhas pernas se ergueram mais alto, sobre os seus ombros, e ele começou a me maltratar, seu saco batia com força contra minha bunda quando ele ia e vinha. Suas mãos suadas tentavam encontrar, escorregadias, apoio em mim. Que delícia, que delícia! Meu pau seguia içado para o céu estrelado o tempo todo, sem que eu tocasse nele.

Pá, pá, pá, pá, pá! Os nossos corpos se chocando.

A rola de Gabriel se movimentava cada vez mais intensamente e eu tentei agarrar algo ao meu redor, mas minhas mãos se fecharam no nada. De repente, como uma chuva de fogos, ao ar livre, minha porra explodiu em direção ao céu, pulou e caiu, chuviscada, em cima de mim. Gabriel assistiu àquele espetáculo com um semblante de admiração, e inspirado por aquele show, percebi seus movimentos indo mais fundos em mim, indo mais intensamente para dentro.

-Caraaaalhooo... Isso, goza... Delícia.

E então ele parou.

E fui inundado. Senti seu pênis pulsar, ficar maior e então se contrair. Seus gemidos se cessaram. Um jato de gozo quente inundou o meu cu, e então outro. E outro, menor. Senti a porra de Gabriel escorrer pela porta do meu cu. Depois de um tempo, senti mais uma leitada dentro de mim. E então, de olhos fechados, Gabriel suspirou.

-Ahhh......

E caiu, deitado ao meu lado. Olhei para o estado do seu pau, coberto de uma porra branca, grossa, quase uma geléia. Eu dei mais uma esporrada incolor, os resquícios, em direção ao céu. Estava frio, e ao ar livre, estávamos, nus, depois do sexo mais maravilhoso que eu poderia imaginar na minha vida.

Me aconcheguei perto de Gabriel, sentindo seu cheiro de homem, finalmente. O homem que fez sexo. O homem que me invadiu, me comeu. O homem que me amava.

-Gabriel, que delícia, cara...

-Fiz certo? - ele olhou para mim. Dava para sentir uma preocupação em ser comparado, talvez com Maciel. Em eu estar julgando, medindo seu desempenho.

-Foi como um sonho. O melhor sonho da minha vida. - e eu não mentira. Foi melhor que tudo o que eu tinha feito nas últimas semanas. Melhor, de longe.

Ele suspirou, e então falou.

-Eu não sabia que existia algo tão bom no mundo quanto isso que a gente acabou de fazer.

E eu beijei ele.

### DESPEDIDAS

Sem ninguém questionar, Gabriel apareceu no dia seguinte, no meu quarto da pousada com uma mochila nas costas, jogou lá e deitou na minha cama.

-Vou ficar aqui hospedado contigo, até você ir embora. Já acertei com o pessoal da pousada.

No seu semblante, não havia um pingo de medo do que pudessem falar, e olha que iam falar. Olhares desconfiados pela cidade nos acompanharam pelos dias seguintes. Curiosamente, o seu pai, Sidnei, parecia confortável com aquilo. Sorria para mim e para o filho quando chegávamos de manhã, no cais, nos dias em que ele decidia aparecer. Acho que no fim, ele percebeu a súbita mudança no filho, e não importa o que tivesse causado aquela mudança, ele estaria contente com aquilo de uma forma ou de outra.

-Como assim, você vai ficar aqui? - perguntei, quando ele se jogou na cama. - Você mora aqui na cidade.

-É, só que lá em casa só tem cama de solteiro. A daqui é de casal. - e então bateu com a mão ao seu lado, me chamando para deitar.

Pulei ao seu lado e começamos a nos beijar e tão cedo estávamos nos chupando. Gozamos apenas através das carícias. Pouco depois, quando eu ia levantar da cama, e ele me puxou de volta pelos quadris, dando risada. Me beijou, e endurecemos outra vez. Ele então me esticou na cama, e sentou em cima de mim, encaixando meu pênis no seu ânus. Pela primeira vez, penetrei alguém. Foi tão bom quanto ser penetrado, e Gabriel também gostou da experiência. A noite virou sem que pudéssemos dormir, e nos experimentamos de todas as formas possíveis. Quando não estávamos fodendo, estávamos nos beijando, nos acariciando. Depois de todo o tesão de corpo, vinha as conversas, e falávamos sobre a vida, o que era intensamente tão gostoso quanto a parte física. Gabriel era outra pessoa, agora renovada, divertida e interessante.

Maciel se tornou frio conosco, e não mais falava comigo nem com Gabriel. Mas quando estávamos os três embarcados, de propósito, ele não saia de perto de nós, e então no barco, não fazíamos nada. Eventualmente, eu e Gabriel conseguíamos trocar umas pegadas, um beijo rápido, mas nada muito além disso.

-Você tem mesmo que voltar pra São Paulo? - perguntou Gabriel, dois dias antes da minha volta, enquanto estávamos nus, após uma foda, deitados na cama de lado, um virado para o outro, curtindo cafunés.

Eu não queria. Eu queria ficar pra sempre ali, nos braços dele. Mas eu tinha a faculdade, que ainda estava só no começo, e ali eu não tinha condições de me manter. Meu período da pesquisa acabava ali. Mandariam outra pessoa no meu lugar, e eu teria que voltar para as aulas do semestre seguinte. Com medo de responder que precisava, apenas dei um leve aceno de consentimento.

-Eu venho pra cá, pelo menos uma vez por mês, posso vir passar um final de semana. Nas férias posso vir também.

-Promete que não vai me deixar aqui te esperando pra sempre.

Respondi beijando ele, um beijo que deixava claro que eu voltaria para ele.

No dia que peguei o ônibus para voltar para São Paulo, o pai de Gabriel e ele me levaram para a rodoviária, na cidade vizinha. Até então, Sidnei não tinha mencionado nada sobre eu e Gabriel, sobre o que ele achava que fazíamos, se ele pensava que éramos bons amigos ou o que. Antes do ônibus partir, cumprimentei ele, e então cumprimentei Gabriel com um aperto de mão.

-O que é isso? - falou Sidnei, em tom de reclamação.

-O que? - perguntei, me virando para ele.

-Você vai embora e vai largar meu filho com um aperto de mão?

Eu dei risada. Gabriel ficou da cor de um pimentão, e confesso que também corei. Me aproximando de Gabriel, dei um estendido beijo em sua boca. Sidnei sorriu pra mim.

-As portas de casa vão ficar abertas. - falou ele, dando tapinhas nas minhas costas.

Pela janela de ônibus, vi os rostos de Sidnei e Gabriel se afastarem. Gabriel tinha uma nova feição, um sorriso tênue, que misturava um pouco de tristeza com um tanto de esperança, do que poderia vir pela frente. Meu coração estava apertado e achei que cairia em prantos ali, mas me segurei. Mais adiante, na rodovia, passando ao lado das correntezas do rio, uma lágrima percorreu meu rosto.

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Comentários

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Foi o melhor conto que já li aqui.

Bem desenvolvido, muito bem escrito,e que história emocionante,que no final me deixou com lágrimas.

Por favor de continuidade para esse conto nota 1000.

A anos não leio algo tão lindo e emocionante,na casa dos contos.

Parabéns.

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Não me lembro a última vez que loguei em minha conta aqui, mas ao ler seu conto eu me senti na obrigação de deixar um comentário. Que história linda, que escrita gostosa, há tempos que não via um conto tão bem desenvolvido, envolvente e bem escrito, meus parabéns!

Por favor nos agracie com mais histórias, estaremos esperando. Por curiosidade, você tem alguma outra forma de contato, gostaria de tentar acompanhar mais de perto.

Novamente, meus parabéns!

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Obrigado pelo comentário, Arthur! Fico feliz demais que tenha gostado do conto. Você pode me contatar pelo email jnr.lps @ outlook . com

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Parabéns! Há muito tempo não leio aqui um conto tão bem escrito, envolvente com um desfecho inesperado se bem que coerente! Parabéns!

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Obrigado pelo comentário, Geof! Fico contente que tenha gostado!

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Espero que vc poste outros contos logo, seu talento é incrível. Fazia alguns anos que não aparecia alguém tão espetacular por aqui 😊❤🥰

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Obrigado pelo comentário, Malévola! Tentarei continuar escrevendo!

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UAI, DEPOIS DE UMA RELAÇÃO TÃO LINDA ENTRE OS DOIS VC VAI EMBORA E DEIXA GABRIEL NA MÃO??? AH SEM CHANCE. DETESTEI.

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Uma prosa poética não comum por aqui. Você é de um talento raro, pois escrever sobre relacionamentos homoeróticos com essa destreza em dosar bem: sexo, um triângulo amoroso, contar bem a história sem se perder no enredo é só para quem tem talento de sobra. Agradecido por esses 4 capítulos de ternura e prazer.

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Muito obrigado, Lebrunn! Fico imensamente feliz ao ler este comentário! Espero poder trazer contos mais vezes, futuramente! Só preciso arranjar tempo para escrever haha.

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amei.amei.amei

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Obrigado por acompanhar desde o início, Geomateus! Feliz que tenha gostado!

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Aaaah não, que pena ser o último conto. Maravilhoso demais! Eu espero que continue escrevendo!

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Obrigado, umgaroto! Espero também, quando eu tiver um tempo para escrever um pouco mais, trarei novos contos!

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Meu Deus, que conto foi esse? MARAVILHOSO! Não tenho outro termo para designá-lo.

Perfeito? Só Deus...

Obrigado.

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Obrigado, pil.lan por acompanhar desde o começo! Fico muito feliz com o comentário!

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Conto incrível!!! Vc escreve muito bem

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Obrigado iuribrx! Muito feliz que tenha gostado do desfecho!

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Olha, você está de parabéns! Ótimo conto, muito bem escrito nem dá para acreditar que é seu primeiro. Continue escrevendo que você tem muito potencial!

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Muito obrigado, Zeus23. Os comentários de vocês me motivam a continuar escrevendo. Espero trazer novos contos em breve!

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