O outro capítulo 19 La descarada

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 5682 palavras
Data: 17/12/2021 19:17:16
Assuntos: Gay

Capítulo 19 La descarada

Ainda era madrugada quando Valéria acordou ao som do interfone. O porteiro anunciou que Leandro estava na portaria solicitando autorização para subir.

_ O que aconteceu, meu amor?_Valéria perguntou o abraçando. Estranhou ao vê-lo com uma bagagem em mãos.

_ É uma longa história. Desculpe está te incomodando a essa hora, mas foi necessário.

_ Para de palhaçada, Leandro! Desde quando você tem que se desculpar por me pedir ajuda? Agora, entre e me conte tudo que aconteceu.

Ao entrar, Leandro sentou no sofá, pondo a bagagem ao lado. Naquele momento, ele estava mais calmo e pode narrar tudo sem chorar.

_ Que filho da puta! Ainda bem que você não deixou barato. Eu ainda acho que deveria ter quebrado a cara dele.

_ O que mais me dói é que sei que ele vai pôr a minha filha contra mim. Eu tenho certeza que vai encher a cabeça da garota com um monte de mentiras.

_ Isso com certeza ele vai fazer. Mas, temos uma carta na manga, que podemos jogar a seu favor.

_ Como assim, Val?

_ Vamos usar essa manipulação do Júlio contra ele mesmo. Podemos acusá-lo de alienação parental.

_ É uma boa ideia! Isso pode contar a meu favor, quando eu for pedir a guarda da Vanessa. Mas, o único problema é que vou precisar de uma testemunha.

_ E nós temos, ora! A Patrícia.

_ Ah, mas a coitada não pode se envolver. Ela precisa do emprego. Não vai querer testemunhar contra o próprio patrão.

_ Bijuzinho, a Patrícia é das minhas. Ela não tem medo do Júlio e te adora. Isso conta muito. Além do mais, desempregada ela não vai ficar. Como já tenho a Soraya aqui em casa, posso contratar a Patrícia para trabalhar na minha empresa. O que precisamos fazer é manter a Patrícia naquela casa por tempo suficiente para testemunhar toda a alienação parental do Júlio.

_ Oh, meu amor, eu não sei o que seria da minha vida sem você._ disse Leandro, a abraçando.

_ Só tem um probleminha.

_ Qual?

_ Júlio não pode provar o seu adultério. Se ele tiver provas do seu caso com o Dimitri, ele pode alegar que não te difamou para a menina e sim que só disse a verdade.

_ Se ele deu o chilique que deu é porque está desconfiado. Deve ter até posto um detetive na minha cola._ Leandro disse, penetrando os dedos entre os cabelos, respirando fundo.

_ Aí temos que ser mais espertos, bebê. Você precisa dar um tempo do Dimitri e despistar esse tal detetive. Enquanto isso, nós podemos jogar com as mesmas cartas. Eu vou descobrir quem é esse tal de Abner e provar o adultério do Júlio. Meu amor, nós pegamos o feitiço e viramos contra o feiticeiro._ ao terminar de dizer essas palavras, Valéria piscou o olho.

Leandro sorriu radiante com as ideias da amiga.

_ Isso vai ser perfeito. A Vanessa vai saber quem é o verdadeiro Júlio.

_ Quem sabe assim ela pare de venerar o "Paizinho"._ a última palavra foi dita por Valéria imitando uma voz infantil.

_ Eu gostei da ideia. Há tempos, estou com esse Abner atravessado na garganta. O fato de eu não saber quem ele é me faz me sentir tão humilhado. Como se eu fosse tão idiota que não sei quem é o cara que dorme com o meu ma...ex-marido.

_ Ah, repete.

_ O quê?

_ Se referir ao carcamano como "ex-marido"! Ah, vai fala! Fala! Meu sonho era te ouvir dizer isso.

_ Meu ex-marido! Ex-ma-ri-doooooo!_ Leandro disse sorrindo e os dois gritaram de felicidade.

_ Apesar das circunstâncias, temos que comemorar! Vou abrir uma garrafa de champanhe. Aquela que meu pai me deu quando veio de Paris.

A garrafa foi estourada com alegria. Quando as taças se chocaram no brinde, Leandro perdeu o equilíbrio e quase derramou champanhe no pijama da amiga. Ambos gargalharam da situação.

_ Agora você tá oficialmente solteiro. Logo podemos cair na balada e pegar geral.

_ É mesmo. Tem um detetive na minha cola para provar que sou um adúltero. Logo vou á balada e pegar geral, fornecer provas para ele.

_ Meu bem, podemos ir para outro Estado. Duvido que esse detetive viaje para ir atrás de você. Deixe ser cagão, Leandro. Pra tudo tem um jeito._ Valéria deu um gole no champanhe._ Só uma coisa que não ficou claro nisso tudo. A Angela te incentivar a se separar do Júlio e ainda pedir segredo quanto a isso. Eu tenho certeza que ela tem rabo preso com ele.

_ Eu acho que não. Deve ser por medo de perder a mordomia.

_ Deixa de ser tonto, Leandro! Se fosse só isso ela não pediria segredo. Muito pelo contrário, ainda ia implorar para que você não se separasse. Se você continuasse casado com o crápula seria mais lucrativo para ela. A sua mãe teria feito como o seu pai fez. Mas ela ficou ao seu lado, sinal que não está se importando tanto assim com a grana. Ela tem é medo de Júlio.

_ E por que a minha mãe teria medo do Júlio?

_ Isso você terá que descobrir. A mãe é sua.

Leandro ficou em silêncio, pensativo.

....

Os raios de sol entravam pela janela junto com a brisa fresca da manhã, que embalavam as cortinas brancas. Leandro já havia despertado há tempo. Para dizer a verdade, não dormiu bem durante toda a noite, apenas teve momentos curtos de sono com sonhos turbulentos. A voz de Júlio gritando palavras ofensivas, o punho do marido pesando em sua face, os olhos tristes e desesperados de Vanessa tudo se misturavam em imagens distorcidas e provocando sentimentos perturbadores.

Por um instante, sentado na cama apoiando as costas na cabeceira, se questionou se ir embora foi a melhor atitude que tomou. Sentiu o medo apertar o peito, perguntou a si mesmo se seria capaz de tocar a vida sem Júlio e teve medo da resposta.

Foram anos de dependência financeira e emocional. Por toda a sua vida só conheceu Júlio como porto seguro, mesmo machucando era só a ele que tinha.

As palavras de Genaro também o torturavam. Sentia-se humilhado por acreditar nelas. "Será mesmo que sou ninguém sem o Júlio? Será mesmo que não sou capaz de construir nada?"

Sentiu a angústia pesar no peito e o medo o dominar. Teve uma vontade imensa de pegar as malas e correr de volta para a casa, mas as pernas não o obedeciam. Algo dentro dele o dizia que não deveria voltar, caso isso aconteça a situação só pioraria, que o casamento era um morto que aguardava o sepultamento.

Essa dualidade de sentimentos o fez cair em prantos. Encolheu as pernas, pondo os joelhos próximos ao peito e os abraçou, chorando em silêncio para não incomodar Valéria que dormia no quarto ao lado.

Envergonhava-se por ser um homem de trinta e dois anos e se sentir perdido como um menino.

_ Bom dia, meu bem!

Valéria entrou no quarto sorridente. Trazia em mãos uma bandeja com um café da manhã farto.

Leandro quis enxugar as lágrimas para que ela não visse, mas não teve tempo suficiente para isso.

Ao perceber a tristeza do amigo, o seu sorriso se transformou em seriedade. Aproximou da cama o olhando com carinho. Depositou a bandeja ao lado da cama, sentou próxima a ele e o abraçou.

_ Não fique assim. Já passou. Agora você está livre!

_ Será mesmo que fiz o certo?

_ Você sabe que sim. Se faz esse tipo de pergunta porque temsequelas dos abusos psicológicos que sofreu durante anos. Tanto o Júlio, quanto os seus pais o podaram, fizeram com que acreditasse que só conseguiria andar se fosse com a ajuda dele.

_ É vergonhoso que eu me sinta assim. Eu deveria estar comemorando sabe. Pulando de alegria. No entanto, a minha cabeça tá tão confusa.

_ Tudo no seu tempo. Nada de auto cobrança. Só de você ter saído daquela casa, já foi um grande passo. Agora, você precisa de ajuda e pode contar comigo.

_ Eu te amo tanto, Val! Não sei o que seria de mim sem você.

Abraçaram-se em silêncio.

_ Eu vou fazer de tudo para protegê-lo. Pode ter certeza que um dia tudo isso de ruim que você está vivendo não será nada mais do que lembranças sem nenhum poder de te machucar.

_ Eu nem deveria estar te envolvendo nisso. Até pensei em ir para o meu apartamento, mas estava tão desesperado que só precisava de um ombro amigo.

_ Que mané seu apartamento! Leandro, aquilo lá nem mobiliado está e nem a energia elétrica foi instalada. Você ia dormir no chão, ficar sem água e comida? Nem pensar. Agora não te resta outra alternativa a não ser aceitar a minha proposta de emprego. Você vai precisar de dinheiro.

_ É... você tem razão. Eu aceito sim. Obrigado. Só tenho medo da atitude do Júlio contigo.

_ Júlio e Vanessa estão proibidos de pisarem na minha empresa e não podem entrar aqui no condomínio sem a minha autorização. Logo, nem precisa se preocupar com...

Valéria foi interrompida pelo som do interfone.

Leandro sentiu medo de ser Júlio quem estivesse na portaria.

_ Será que é ele?_ Leandro perguntou assustado, temendo que o marido fizesse um escândalo que envergonhasse Valéria.

_ O que você acha?_perguntou Valéria arqueando a sobrancelha.

Ela caminhou até a sala acompanhada de Leandro.

_ Bom dia, seu Osvaldo.

_ Bom dia, dona Valéria. Um senhor chamado Júlio quer falar com o seu Leandro. Autorizo a entrada dele?

_ Não. Diga que vou descer.

_ Não! Não vá! Deixa que eu vou.

_ Você não vai a lugar nenhum! Sossega esse facho.

_ Dona Valéria?

_ Tô descendo, Osvaldo._ Valéria desligou o interfone em seguida._ É agora que vou dizer tudo que está entalado na minha garganta.

_ Eu não acho que isso seja uma boa ideia. Eu vou.

_ Pra quê? Pra vocês dois se tamparem na porrada? Nem pensar.

_ E se o Júlio tentar te agredir? Eu não posso permitir que isso aconteça.

_ O cavalheiro vai defender a dama frágil e indefesa? Oh, que honra!

_ Eu tô falando sério, Valéria!

_ Primeiro que Júlio nem é louco de me agredir em público e manchar a imagem íntegra de advogado "decente", já pensou que ruim seria para ele ter a imagem manchada por ter passagem na polícia por agredir uma mulher? Maria da Penha, meu amor. Agora me deixe ir e você fique aqui.

_ Você vai assim de pijama?

_ E por acaso eu preciso me arrumar para esculachar Júlio?

....

Não era nada agradável para Júlio ver o sorriso no rosto de Valéria ao sair do elevador. Ele estava tão irritado que nem reparou que mulher vestia pijama conjunto de short e camiseta de seda rosa, contornado no decote em V uma renda preta.

_ Bom dia, Júlinho! Que maus ventos o trazem aqui na minha humilde residência?

_ Deixa de ser cínica! Eu quero falar com o meu marido.

_ Sério? E eu com isso?

_ Eu quero falar com ele agora!_Julio gritou.

_ Ei! Baixa o tom. Eu não sou surda.

_ Leandro tem a obrigação de falar comigo. De voltar para a nossa casa! Ele não pode ser negligente e abandonar a mim e a filha.

_ Ah, ele tem a obrigação? Em que artigo da lei o obriga a voltar para você? Como advogadozinho você vai saber me responder.

_ É uma obrigação moral. E você, heim puta. Você ficou enchendo a cabeça do Leandro contra mim e depois arrumou um macho pra ele. Nunca foi competente para segurar um casamento. Perdeu três! E agora quer destruir o meu!

Valéria gargalhou, com a mão na cintura e cabeça erguida.

_ Eu não destrui o seu casamento, bebê. Quem fez isso foi você mesmo, que sempre tratou o Leandro mal, o traía com qualquer putinho e ainda teve a pachorra de se sentir com algum direito de pôr a mão nele.

_ Você é louca! Foi o Leandro quem me agrediu. Por acaso é cega? Não tá vendo os hematomas no meu rosto?

_ Você partiu para cima dele primeiro. Só que esqueceu que o meu bijuzinho não é nenhum fracote como você. Acabou levando a pior, né Júlinho? Sabe que esse hematomas deram um charminho nessa sua carinha de pau?

_ Valéria, não me irrite! Há tempos estou contigo entalada na garganta! Não me provoque que eu acabo contigo.

_ Você tá me ameaçando, Júlio? Gente, vocês tão ouvindo? Ele tá me ameaçando. Vocês são testemunhas!_ Valéria gritava para as pessoas em volta ouvirem._ Seu Osvaldo, ele tá me ameaçando! As câmaras estão registrando isso?

_ Estão sim, senhora.

_ Que bom! Porque eu estou com medinho.

_ Deixa de ser ridícula! Pare de palhaçada e vá chamar o Leandro! É melhor ele vir falar comigo. Não vai poder se esconder por muito tempo. Nem ele e nem o desgraçado do amante.

Valéria sorria.

_ Tá todo nervosinho, né? Você é um manipulador nato. Aí descobriu que não pode mais controlar o Leandro. Me arrisco ir além, descobriu que não é homem pra ele. Leandro é um homão da porra! É muito melhor do que você em tudo. É mais bonito, mais inteligente, mais culto, mais refinado e muito mais agradável. Você sempre sentiu inveja do Leandro. Como não chega aos pés dele e nunca vai chegar, criou um desejo obsessivo de tê-lo. Mas você não tem competência para ter um homem daqueles, muito menos na cama! E você sabe disso. Tanto que precisou criar uma teia e aprisionou todo mundo da família dele. Mas de nada adiantou. Leandro saiu da gaiola, experimentou gostos melhores e percebeu o merda que você é.

Júlio foi tomado por uma fúria que o fez perder a razão. Fechou o punho e partiu em direção a Valéria.

Seu Osvaldo e um outro rapaz o segurou por trás. Valéria o olhava sorrindo, com os braços cruzados, balançando os pés, debochada.

_ Desgraçadaaaaa!

_ Segura a onda, meu irmão._ disse o jovem que o segurava.

_ A verdade dói, né Julinho?_ Valéria perguntou sorrindo.

Os seguranças do condomínio chegaram.

_ O que tá acontecendo aqui?

_ Esse homem louco tentou me agredir. Estou muito assustada.

_ Qual é, meu irmão?_ Um dos seguranças perguntou, encarando Júlio.

_ Me solta!_ Júlio disse, se afastando dos homens que o seguravam._ Se alguém aqui se atrever a tocar a mim, eu meto um processo judicial em vocês que acabo com as vidinhas de merda de cada um! Vocês não sabem com quem estão falando.

_ Pronto, Juliete, já deu o seu showzinho. Agora vá embora daqui, que eu tenho mais o que fazer. E vocês viram, né? Esse homem é louco. Ele está proibido de pisar aqui, se vier me procurar, podem pôr para fora.

_ Isso não vai ficar assim, vagabunda! Avise ao Leandro que vou acertar as minhas contas com ele e com o macho que ele se esfrega.

_ Ah, vá! Aproveita o seu nervosismo e procure o Abner. Aproveite e avise a ele que não vai sair de boa nessa história não.

_ Leandro há de se arrepender de tudo que está fazendo.

Júlio saiu do condomínio respirando ódio. Bufava e andava as pressas. Ao entrar no carro, saiu em disparadaO som da campanhia ecoava pela casa, anunciando a chamada de um visitante.

A casa era grande, possuía dois andares e era localizada num rua arborizada do bairro de Laranjeiras. Era uma das mais bonitas da rua. Tinha um jardim imenso com um bem aparado tapete de gramas, flores diversificadas destacando as orquídeas roxas. As árvores eram de sua maioria de pequeno porte.

Na entrada havia uma piscina grande e a área gourmet ficava próxima dela.

Lorena caminhava em direção á casa sendo conduzida pela empregada. Era a segunda vez que ia a casa dos pais de Leandro. E estava tão deslumbrada pela riqueza do lugar como ficou pela primeira vez.

As palmeiras balançavam no ritmo do vento, proporcionando um ar agradável.

A sala era ampla, de decoração moderna. As paredes e os confortáveis sofás eram brancos, o que destacava os quadros coloridos na parede, obras de um pintor argentino, que seu Genaro adquirira quando visitou o país.

Angela a recebeu com os braços abertos e um sorriso empolgado. Havia retomado as cores naturais de seus cabelos, voltando a serem castanhos escuros.

Apesar dos seus cinquenta anos, possuía um aspecto jovial. Em seu rosto não havia rugas, apenas algumas linhas de expressões deixadas pelo tempo, que ela amenizava usando os cremes rejuvenescedores todas as manhãs.

Era perceptível que Angela tinha um belo corpo, pois usava um maiô branco por baixo de uma roupão de tecido transparente.

Era magra, com as pernas nem muito grossas e nem muito finas, na medida certa. Os seios eram de tamanho medianos e firmes, devido ao silicone posto há alguns anos. Horas dedicadas a acadêmia a deixava mais dispostas e presenteava o seu corpo com sensualidade. Como a maioria das mulheres, odiava as poucas estrias e celulites que tinha. Detestava a imperfeição. Não se confirmava com sua beleza, por isso não economizava em nada o dinheiro do marido para manter a boa forma.

_ Bom dia, minha querida! Eu fico tão lisonjeada de saber que você aceitou o meu convite para almoçar.

_ Imagina, dona Angela, o prazer foi todo meu.

_ Não me chame de dona. Temos intimidades o suficiente para dispensarmos as formalidades._ disse Angela, dando três beijinhos no rosto de Lorena.

O almoço foi servido na mesa redonda próxima á piscina. No cardápio fricassê de frango, arroz branquinho e salada de alface e tomate. Para a sobremesa salada de frutas.

Conversaram como duas amigas íntimas, gargalhavam, trocando experiências engraçadas.

Nos últimos tempos, Angela se aproximou de Lorena buscando ter uma amiga e aliada. Sempre iam ao shopping juntas e Angela a presenteava com alguma roupa, perfumes e acessórios de maquiagem.

Em companhia de Angela, Lorena passou a frequentar lugares que outrora seu simples salário de funcionária não a permitia frequentar: clubes, bares com músicas ao vivo e o salão de beleza de luxo, tudo financiado por Angela.

Mas Angela não era uma mulher generosa. Toda aquela caridade com a secretária tinha um preço.

_ Eu lamento muito pelo fim do casamento do Júlio e Leandro. O Júlio tá tão arrasado. Nem consegue se concentrar direito no trabalho. E o Leandro? Como está reagindo a tudo isso?

_ Como deveria estar: tentando reconstruir a vida.

_ Eu ainda acho que essa separação não é irreversível. Quem sabe quando tudo esfriar, eles decidem retomar o casamento? Eu nunca me casei, mas sei que casamento é assim mesmo, um eterno gato e rato. O meu pai e a minha madrasta sempre são assim, hora tão bem, hora estão as turras.

_ Lorena, eu confesso que te chamei aqui para falar sobre casamento, mas não é o do meu filho.

Lorena a olhou curiosa, procurando entender sobre o que Angela queria dizer.

_ Eu sei que você e o meu marido se dão muito bem. Sei até que ele tem uma grande estima por você.

_ E eu por ele. Tenho o seu Genaro como se fosse um pai.

_ Mas ele não é.

_ Claro. Foi só um modo de dizer que gosto muito dele.

_ Lorena, eu vou direto ao ponto. Você, como secretária do Júlio, deve saber de muitas coisas que acontecem naquele escritório. A aliança entre o meu marido e o Júlio vai além dos negócios. Um cobre os podres do outro. Os homens costumam ser muito aliados, ainda mais quando rola troca de interesse, como no caso dos dois.

"Eu sempre soube que o Genaro não é e nunca foi um santo. Sempre deu as suas puladas de cerca. No início do casamento, eu me desesperava como o Leandro. Mas com o passar dos anos, fui me adaptando a situação. Ele poderia ter os casos que quisesse desde que nem eu e nem o meu filho não tivéssemos nenhum prejuízo financeiro. Que o que é o nosso não fosse tocado. Confesso para você que era até melhor, quando ele se esfregasse com alguma vagabunda na rua. Assim eu não precisava suportar os seus toques... enfim, dos últimos tempos, Genaro tem trocado os pés pelas mãos. Tem gastado demais com uma vagabunda qualquer e isso eu não posso permitir."

_ Caramba! Eu fico abismada com esse tipo de mulher que se presta a esse tipo de papel! Tem que ser muito baixa para dormir com um homem casado para tirar dinheiro dele. Você tem toda razão de se revoltar, Angela. Você não pode deixar que qualquer vagabunda tire o que é seu.

_ Você deve está se perguntando o porquê eu estou te dizendo tudo isso.

_ Eu fico muito lisonjeada por confiar em mim.

_ Na verdade, vai além de confiança. Você pode ganhar muito se for a minha aliada. Pelo que me disse da última vez que nos encontramos, que você sonha em retornar com os estudos, certo?

_ Muito, Angela. Eu cursei seis períodos de Administração, mas tive que trancar a matrícula por falta de dinheiro para prosseguir arcando.

_ E se eu disser que você vai voltar a estudar.

_ Como assim?

_ Eu vou pagar a faculdade para que você possa estudar.

_ Sério, Angela? Que generosidade._ Lorena exclamou sorrindo.

_ Sim. Mas isso terá um preço. Uma mão lava a outra.

_ Você quer que eu faça o quê?

_ Quero que descubra quem é a amante do meu marido. Quero saber tudo sobre ela, nome, idade, endereço, fotos, tudo o que puder conseguir. Você é secretária de Júlio e tem tanto a confiança dele e a do Genaro. Não será difícil descobrir. Está disposta a me ajudar?

_ Claro. Não só pela ajuda que você está me oferecendo e sim por uma questão de sororidade. Assim como os homens são unidos, como você mesma disse, nós mulheres também temos que nos unir. Vai ser um prazer te ajudar. Você é tão pra mim.

_ Lorena, você já suspeita de alguém?

_ Sim. Uma vez uma moça foi lá na empresa e passou um tempo no escritório com o seu Genaro. Eu a achei muito faceira para uma simples cliente, viu.

_ Você sabe o nome dela? Como é?

_ Sei que é jovem e bonita. Deve ter uns trinta e poucos anos, não duvido que tenha a idade do Leandro. É só isso que sei. Mas posso descobrir mais. Deixe comigo.

Com sorrisos e olhares maliciosos, elas selaram um pactoGemidos de mulher soaram pelo quarto de motel. Eram manhosos como de uma gatinha.

Os seus longos cabelos caíam pelas costas nua. Lorena rebolava em cima do pau do amante. Os seus formosos seios balançavam a medida em que ela subia e descia na cavalgada. Deitado, ele levantou o peito, a abraçando elevando a boca até os mamilos rosados da mulher, sugando-os, enquanto metia ainda mais naquela bocetinha quente e úmida, que o deixava louco.

_ Minha Gostosa! Putinha tesuda!

_ Gostoso é você, meu leãozinho. Come a minha bocetinha vai. Fode ela com essa piroca gostosa.

As mãos dele foram em cheio em seu bumbum, beijando a boca carnuda da mulher.

Há um ano Genaro estava viciado no corpo da secretária do seu genro. Adorava passar as tardes dentro dela, em seus braços, desfrutando do seu corpo jovem e delicioso.

Sentia-se mais jovem toda vez que fazia a mulher gozar. Com língua sugava o melzinho da boceta que o deixava louco.

A cada dia que passava a desejava mais e mais. Estava disposto a tudo por ela. Não negava nada para satisfazer os caprichos da amante. Presenteou-a com jóias, iPhone, roupas de grifes e muitas doações em dinheiro.

Lorena não o amava. Esse tipo de sentimento só tinha por Abner. No entanto, não era nenhuma tortura estar com o mais velho. A foda não era ruim, ele era cavalheiro na cama e se preocupava em fazê-la gozar, era gentil no tratamento e a mimava com presentes. Ela via naquela relação uma chave para a sua ascenção social.

Ele gozou dentro dela, que se curvou para baixo para beija-lo.

Num giro, Genaro mudou a posição, ficando por cima, a beijando no ombro e na boca.

_ Eu te adoro, minha querida.

_ Não mais do que eu, meu leãozinho.

Genaro apoiou a cabeça entre os seios da Jovem deslizando a mão sobre a bocetinha dela, brincando com o seu grelinho. Ela gemia, mordendo os lábios.

_ Sabe de uma coisa, meu amor? Acho que vou pedir demissão do escritório.

Ele a olhou com espanto. Não poderia admitir ficar longe da sua amada amante.

_ Por que, meu mel?

_ Eu não me sinto valorizada, sabe? Eu não quero ser uma simples secretária pelo resto da minha vida. Não é isso que eu sonhei pra mim. Puxa, eu cursei administração. Mas por falta de dinheiro não consegui continuar pagando. É muito ruim ver o seu sonho derramado como leite caído da jarra.

_ E por que você não me disse isso antes, minha bebê?_Genaro perguntou carinhoso, afastando uma mexa de cabelo da testa dela.

_ Porque não quero te preocupar com os meus problemas. Puxa, você é um homem cheio de problemas. Tem que suportar o Júlio, o Leandro não facilita e a sua esposa, que é uma megera. Não é justo que eu estrague os nossos momentos com os meus perrengues.

_ Nada disso. Eu me preocupo com você. A sua felicidade é importante pra mim._Genaro disse, sugando os bicos dos seios dela, puxando-os._ Se sonha em voltar a estudar, eu vou te ajudar. Pode reabrir as matrículas da faculdade, que eu arco com tudo.

_ Ah, meu amor, como você é generoso! Eu te adoro!

Lorena encaixou as pernas entre os quadris dele. Enchia o seu rosto e boca de beijos. Sorria, além de poder voltar a estudar, teria um grande lucro. Com o dinheiro de Genaro pagaria as mensalidades, com o de Angela guardaria na sua conta poupança.

Apertava-o num abraço. Com o queixo apoiado em seu ombro, sorria da sua esperteza.

....

Lorena terminava de dar os últimos toques na mesa do jantar. Havia comprado o vinho favorito de Abner e caprichado no bacalhau ao molho branco. Na mesa, velas aromáticas de cores brancas e vermelhas, talheres de prata, pratos de porcelana e a decoração expressava romance.

A mulher vestiu um lindo vestido preto, justo no corpo realçando as suas belas curvas, era curto, exibindo as coxas grossas e valorizando o bumbum. Os cabelos caíam como cachoeiras pelos ombros. O delineado valoriza as seus olhos cor de esmeraldas e os lábios pintados de vermelhos, sensuais.

Pôs no corpo o perfume preferido do amado, com o aroma que despertava a nibido do moreno, o deixando louco.

As lingeries eram convidativas ao sexo. Sentia saudades do corpo dele. Só de pensar em estar nos braços de Abner, sentia umedecer entre as pernas e uma pulsação gostosa.

Ao chegar em casa e vê-la vestida daquele jeito e a mesa posta, Abner ficou surpreendido.

_ Surpresaaaaa!_ gritou Lorena, mordendo os lábios e se atirando em seus braços.

O beijo que ele recebeu foi molhado, intenso e apaixonado. Acariciava-lhe o rosto com uma mão e a outra acariciava o seu membro, que não correspondia às suas carícias.

Abner a afastou, a olhando sério.

_ Não vai rolar.

Lorena o olhou de um jeito interrogativo. Não compreendia o porquê da rejeição. Não estava acostumada a isso, pois a sua beleza a permitia ter o homem que desejasse.

_ Eu não quero mais tocar em você. Não mais desse jeito.

_ Abner?

_ É isso mesmo. Eu estou apaixonado e você sabe disso. E por sua culpa estou preso ao Júlio! Por sua culpa tenho que suportar aquele homem nojento me tocando e me humilhando._As lágrimas desciam dos seus olhos enquanto falava._ Eu não me sinto mais dono do meu corpo, Júlio o trata como se fosse um depósito de esperma, onde ele se satisfaz como se fosse um consolo qualquer. E eu tenho que suportar tudo calado!

_ Isso não é a minha culpa! Você fez a burrice de entregar o seu coração a songa monga ao invés de a mim, que sempre estive ao seu lado!_Lorena gritou com amargura.

_ É culpa sua sim! Eu entreguei o meu coração a você! Você foi o primeiro grande amor da minha vida! Foi a primeira pessoa que eu fui pra cama! Eu quis me casar com você! Mas você me desprezou! Preferiu ficar com um homem rico, que era um cafetão e te jogou no mundo da prostituição e você me arrastou pra lá! Me convenceu a me prostituir. Disse que nós temos sorte de termos as nossas belezas e que elas nos abreriam portas! Você me apresentou ao Júlio, mesmo conhecendo o mau caratismo dele! Lorena, eu te falei que não queria pedir ajuda pro Júlio para me livrar do Franklin e mesmo assim você passou por cima da minha palavra e foi lá falar com ele! Você acabou com a minha vida, Lorena! Acabou!

Num ataque de fúria, Lorena começou a atirar os objetos da mesa em cima de Abner, que se abaixava para desviar.

_ Você está sendo injusto comigo, desgraçado! Tudo que fiz foi para te ajudar! Eu suporto aquele velho para juntar dinheiro e ter uma vida digna contigo! É assim que você me retribui?! Me trocando por um veado sonso!_ Lorena gritava rouca.

_ É muito conveniente pra você dar a boceta para um velho rico! Você não faz isso por mim. Faz porque é ambiciosa! E eu sempre fui burro de cair no seu joguinho! A sua intenção sempre foi subir na vida! Sempre teve raiva de ser pobre! Trocou a vida de prostituta para ser secretária do Júlio com a intenção de ir pra cama com ele! Como não rolou! Você abocanhou o velho e me jogou pro Júlio!

"Eu sempre fui idiota de acreditar que toda essa merda era amor, que era só o seu jeito de amar! Lorena, antes de eu me apaixonar pelo Júlio, eu tinha como objetivo me tornar um grande chefe de cozinha, ter um restaurante conceituado e ficar rico para assim ser digno de você aceitar o meu pedido de casamento, que você recusou várias vezes. Mas, você é uma mulher cara! Para chegar onde eu queria chegar precisaria vender o meu corpo e assim ter dinheiro para investir no meu sonho! Eu caí nessa vida por amor a você!

"Mas você preferiu dar o golpe no velho e me empurrou pra cima do Júlio! Aí mais uma vez eu fui idiota de me apaixonar pela pessoa errada, que me iludiu prometendo que largaria o marido pra casar comigo e na primeira oportunidade que teve me humilhou!

"Eu só conheci o amor de verdade com o Leandro! Ele sim me respeitava, era gentil e carinhoso comigo, sempre jogou limpo! Mas eu tô tão sujo, mergulhado nessa sujeira toda estou agindo como um crápula e mentindo para a única pessoa que me ama de verdade!"

_ Você está sendo injusto comigo!_Lorena chorava, borrando o delineado._Tudo o que eu fiz foi por amor a você. Foi para termos uma boa condição financeira e vivermos felizes! Mas você foi burroooo! Pra que foi se envolver com aquela bicha maldita?! Poderia ter se dado bem as custas do Júlio! Eu salvei a porra da sua vida! Ele se livrou do Franklin pra você e ainda te paga! O que mais você quer? Morar num barraquinho com a bruaca burra?

_ Eu quero a minha liberdade, porra!_ Abner gritou chorando.

_ Pra quê? Para correr para os braços do Leandro?

_É...para correr para os braços dele sim!

_ Escute aqui. Vocês dois nunca vão ficar juntos! Ele vai te odiar quando souber que você é o Abner, o amante do marido dele!

_ Isso é uma ameaça?

_ É um aviso! Se você não for meu, não será dele. Ou você esquece o Leandro e segue tudo como antes, ou eu dou um jeito que ele saiba a verdade e nem vai querer olhar na sua cara!

_ Cobra maldita! Fora daquiiiii!_ Abner gritou, contendo a vontade de agredi-la.

_ Eu posso até sair da sua casa, mas não vou sair da sua vida!

_ Foraaaa daquiiiii, vagabunda traidora! Sai!

Lorena pegou a bolsa e saiu batendo a porta. Desceu o elevador chorando de raiva. Olhava-se no espelho chorando.

_ Eu não vou perder o Abner! Não voooooouuuu!

....

Para Abner era irritante demais ter que suportar a presença de Júlio em sua casa e não poder expressar isso. Assim que voltava da casa dos pais, foi avisado pelo porteiro que o amante o aguardava em seu apartamento.

No elevador, respirava fundo, tentando encontrar forças para suportar a presença do seu detestável rival.

_ Uh, é! Você aqui a essa hora e só de short de pijama! Não pretende dormir aqui, né? Você nem me avisou nada.

Júlio estava deitado no sofá-cama, que estava aberto e rodeado de travesseiros.

_ Este apartamento é meu. Não devo te avisar porra nenhuma. O único que me deve satisfação aqui é você. Onde estava?

_ Que mau humor da porra! O que houve? O Leandro não tem comparecido? Deixou o doutorzinho na seca?

_ Eu odeio o seu cinismo. Aliás, Leandro é um nome que não quero ouvir nesta noite.

_ Uh, é! Por quê?

_ Aquele desgraçado me deixou. Foi embora na calada da noite, abandonando a mim, que sempre fiz tudo por ele.

Perdendo completamente o controle, Abner cai na gargalhada. Júlio o olha com espanto. Para se equilibrar, Abner senta no sofá rindo muito, deixando cair dos olhos lágrimas de alegria.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 30 estrelas.
Incentive Arthur Miguel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Abner esta perdendo inúmeras oportunidades de se livrar do Júlio.

1 0
Foto de perfil de Ana_Escritora

Desde os primeiros capítulos eu já tinha sacado que a Lorena tinha inclinação para ser uma vilã. Mas esse envolvimento dela com o Genaro me surpreendeu. Não desconfiei mesmo.

1 0