Ma Petite Princesse - 2° Temporada - XIX (Eric)

Um conto erótico de Ana_Escritora
Categoria: Heterossexual
Contém 9256 palavras
Data: 29/11/2021 22:21:12
Última revisão: 10/05/2023 13:42:06

Sinopse: Tudo na vida tem limite.

***

Era um convite para ir à uma festa de aniversário. Nada grandioso, algo para pouquíssimas pessoas e ainda que eu estivesse com um certo receio em aceitar, pois socializar nunca foi o meu forte, decidi ir sabendo que não iria encontrá-la. Luciana estava comigo no campus quando fui convidado e sem parecer indelicado, o aniversariante a convidou também.

Foi totalmente inesperado para mim dar de cara com a Nívea voltar de viagem de férias, chegando de surpresa na comemoração e jamais poderia imaginar que isso me causaria uma dor de cabeça perturbadora pelas semanas seguintes. Primeiro porque o choque era visível em seu rosto ao me ver acompanhado daquela que era a última pessoa ela que gostaria de ver e segundo porque tive que lidar durante quase toda a festa com suas provocações tolas e apoiadas ingenuamente pelos pais que não sabiam o que realmente havia por trás daquelas atitudes.

Mas o pior de tudo foi flagrá-la em meio à um telefonema dentro da biblioteca do colégio, marcando uma consulta médica e quando a questionei, ela não quis me dizer por pura birra.

Foram dias e dias que se seguiram onde eu não consegui trabalhar direito como sempre fiz, com dificuldades para me concentrar e passar as noites de sábado sem sentir o perfume delicioso no seu corpo, sua pele macia e os beijos calorosos que trocávamos enquanto eu enlouquecia de prazer, enterrado no meio das suas coxas grossas e gostosas de se acariciar. Amando a minha pequena. No entanto, me recusei a perder a queda de braço que eu e ela estávamos travando para dar o primeiro passo e tomar a iniciativa em telefonar.

Eu precisava me manter focado principalmente pois a semana entre o fim de Agosto e início de Setembro, em que não teríamos aulas na faculdade, seria dedicada à palestras, oficinas e outras atividades realizadas pelos professores de todos os cursos.

Em parte seria bom pois eu não teria que cumprir com os planos de aula naqueles dias mas ao mesmo tempo, eu teria que enviar para a Coordenação e a Reitoria, até um determinado prazo, uma cópia das duas apresentações que eu faria em dois dias daquela semana. Nos dias livres eu ficaria pelo campus assistindo a alguma apresentação do meu interesse ou então à disposição dos alunos que quisessem conversar algo sobre as aulas.

A minha primeira apresentação realizada na terça-feira teve inscrições e lotação máxima na sala o que me deixou muito contente. O olhar da Literatura na época da Revolução Francesa despertou o interesse de alunos de diferentes períodos. Alguns que não compareceram pediram para que fosse realizada uma nova apresentação, mas infelizmente a Luciana não conseguiu encaixar um horário em outro dia pois as salas já estavam reservadas para as apresentações de outros professores. A única coisa que pude fazer foi deixar o conteúdo do que foi apresentado por escrito e disponível na área do aluno no site da faculdade.

E na sexta feira e último dia, escolhi falar sobre Maio de 68 na França e, claro, como aquele momento histórico no país inspirou a Literatura nos anos seguintes.

Talvez se eu não tivesse escolhido a Literatura, a minha segunda opção seria me tornar um Historiador. Olhar para trás pode não parecer enriquecedor para muitos, mas o que aconteceu no passado reflete bastante o que se passa nos dias atuais.

***

Era quinta-feira à noite e a enorme sala dos professores que ocupava basicamente um andar inteiro do prédio administrativo estava relativamente vazia com poucos professores conversando o que formou um leve burburinho. Durante o dia, fiquei na companhia de alguns alunos e, à convite deles, assistindo palestras sobre os mais diferentes temas do nosso curso.

Estávamos eu, a minha chefe e a Ana Luíza, a professora de Literatura Brasileira sentados em uma das várias mesas redondas espalhadas pela sala com a Luciana de frente para nós dois, sentados lado a lado. Fiz uma última revisão por escrito sobre a minha apresentação para o dia seguinte onde eu usaria um datashow como suporte.

As duas conversavam sobre algo que não prestei atenção pois os meus pensamentos mais uma vez começaram a ganhar forma em torno dela. Uma tensão na minha nuca começou a surgir e iniciei uma massagem de leve com a mão.

Eu já estava ficando neurótico em pensar todo o tempo sobre o que poderia ter sido aquela maldita consulta médica que a Nívea estava marcando pelo telefone.

- Schneider? - uma das vozes me trouxe de volta para a terra firme.

- Oi! - olhei para o lado e as duas me observavam.

- Você está convidado. - minha colega de trabalho confirmou.

- Desculpe... Convidado para o quê mesmo?

- Para a minha apresentação amanhã às nove e meia da manhã sobre Machado de Assis.

- Ah sim, Ana - esfreguei os olhos com as duas mãos - Claro, eu irei. Obrigado - dei um meio sorriso.

- Meus Parabéns, Ana Luíza - Luciana a elogiou, mas não tirou os olhos do meu semblante tenso, por baixo do seu pequeno óculos de leitura que usava, e continuava a conversa - A sua palestra amanhã fechou com todas as inscrições - finalmente voltou se para ela.

- Pois é, fiquei feliz em saber que os alunos se interessaram pelo tema.

- "O Bruxo Além de Casmurro" gostei demais do título. Se eu não estiver muito ocupada pela manhã, vou dar uma passada na sala onde você estará se apresentando e assistir.

- Vamos ver se eu consigo enfiar na cabeça da galera o legado lindo que o este gênio literário deixou, indo além da modinha ridícula de internet ''traiu ou não traiu?'' - e fez uma voz de deboche nos arrancando uma risada frouxa - Me dá nos nervos isso... - ela bufou enquanto mexia em alguns papéis à sua frente na mesa.

Ana Luíza e eu tínhamos a mesma idade e o mesmo tempo de trabalho no campus. Mas diferente de mim, ela se dedicou em estudar a Literatura Brasileira. De pele morena e com os cabelos pretos, lisos e curtos com uma franja, possuía um sorriso cativante, estava sempre bem humorada e tinha uma essência ainda de jovem. Além de ter um corpo espetacular. Era uma excelente professora e os alunos a adoravam. Eu e ela tivemos algo a mais que uma amizade de trabalho em um passado remoto. Como o meu foco sempre foi a minha carreira e a conquista da estabilidade profissional, não tivemos futuro, porém a boa relação entre nós dois permaneceu.

- Com licença, Professor Schneider? - Ouvi me chamarem e quando me virei, uma das secretárias do reitor vinha na nossa direção, segurando algo que parecia um documento - Posso falar com você um instante?

- Claro.

- Não precisa se levantar, será rápido - ela me impediu quando viu que iria me levantar da cadeira - Só preciso da sua assinatura na circular das apresentações de terça feira - ela se aproximou e me entregou o papel -Faltava apenas a sua.

- Eu não assinei?

- Infelizmente não - ela deu um sorriso sem jeito - Deixamos ela ali em cima do móvel da entrada.

- Eu devo ter esquecido. - peguei o papel, colocando-o em cima da mesa e usei uma caneta preta disponível fazendo uma rubrica onde estava o meu nome. Olhei rapidamente e todos os outros professores já haviam assinado, lhe entregando de volta - É só isso?

- Só isso sim, obrigada.

- De nada. - e ela saiu.

- Bom - minha amiga de trabalho terminou de arrumar o seu material na enorme bolsa que sempre usava - Quero saber da minha chefe se estou liberada por hoje.

- Está sim, Ana. Pode ir.

- Uhuull! - ela vibrou - Então vou nessa - e sem que eu esperasse, ela me agarrou pelo pescoço, ainda sentada e deu um beijo apertado e estalado na minha bochecha direita por segundos que pareciam eternos - Tchau, gato - se despediu mantendo os braços em volta do meu pescoço - Nos esbarramos amanhã.

- Tchau, Ana. - abaixei a cabeça, querendo desaparecer.

Ana era das poucas mulheres que passaram pela minha vida que conseguia me deixar constrangido.

Vimos ela se levantar da mesa com todo o seu material e se dirigindo para a saída andando a passos largos.

- Louca.

- Louca, mas que tem uma paixonite enrustida por você até hoje, sabe disso, não sabe?

- Meu lance com ela não durou nem seis meses. Foi bacana, mas...

- Mas o seu trabalho sempre veio em primeiro lugar.

- Exato.

- Bem diferente dessa semana.

- Como assim?

- Distraído enquanto eu e a Ana conversávamos, sua assinatura em falta na circular...

- Esqueci de assinar foi só isso.

- Sim, do mesmo modo que você enviou por email o seu material de apresentação para mim mas não para a reitoria. Era um domingo a noite e eu estava te enviando mensagem para que enviasse com cópia para o email do reitor.

Suspirei fundo diante de todas aquelas pequenas falhas cometidas que nunca havia acontecido em anos anteriores.

- Sua cabeça está longe daqui... Telefona pra ela. É isso que está te atormentando.

- Você não está falando sério, né? Ela faz todo tipo de criancice e sou eu que tenho que ligar?

- Ela tá confusa e insegura, Schneider... Você precisa ter paciência.

- Mais do que eu já tive e do que eu tenho? Ao invés dela acreditar e confiar em mim, age feito criança? É com esse tipo de atitude que eu preciso que ter paciência?

No mesmo momento, meu celular começa a vibrar em cima da mesa e vejo na tela um coração vermelho. Foi algo que nós dois combinamos, após um tempo juntos em como iríamos salvar os contatos um do outro.

- Parece que alguém se rendeu... Não vai atender?

Fiquei observando sério o aparelho vibrar na mesa e engoli em seco. Até ele finalmente parar.

- Agora quem está agindo feito um adolescente da idade dela é você. Retorna a chamada. E fala com ela sem grosseria.

Nem precisei fazer o que Luciana estava me pedindo. O celular vibrou novamente com a mesma chamada. Peguei o aparelho, olhei para trás e não havia quase ninguém na sala. Deslizei o dedo na tela, aceitando a ligação.

- Alô.

- ''Você tá ocupado?''

- Mais ou menos.

- ''Então eu ligo mais tarde...''

A voz doce e suave que só a Nívea possuía era capaz de derrubar as fortalezas de tensões e sentimentos ruins que eu já alimentava há dias.

- Pode falar... - respirei fundo.

- ''O meu pai amanhã vai fazer uma palestra aí no campus no horário da noite.''

- Legal.

- ''Quando terminar, será que a gente podia conversar?''

- Seus pais podem estranhar o seu sumiço. É arriscado.

- ''Eu vou ficar com o Lipe e a Meli pela faculdade depois do horário da apresentação.''

- Entendi. - os olhares de reprovação da Luciana com as minhas respostas secas, me fizeram buscar o ar mais uma vez junto de uma dose de paciência - Eu vou ficar até o último horário, Nívea. Me envia uma mensagem quando tudo terminar e eu te digo em qual sala eu vou estar.

- ''Tá bom.''

O silêncio torturante na linha se formou entre eu e ela.

- Tá tudo bem com você?

- ''Sim, tudo bem.''

- Ótimo. Até amanhã então.

- ''Até.''

Encerrei a chamada e joguei o aparelho de volta na mesa, esfregando o rosto com as duas mãos.

- Inferno. - soltei uma bufada de ar.

- Ela deu o primeiro passo e isso é bom.

- É, eu sei... Espero não precisar esbarrar com os pais dela.

- Você precisa construir essa aproximação com eles! Já te falei isso.

- Tá, tá - concordei com a cabeça enquanto movia os ombros para trás - Mas eu preferia não encontrar. Pelo menos enquanto eu e ela estamos nessa situação.

- Vai pra casa, descansa e amanhã não precisa chegar cedo. Venha na hora da apresentação da Ana. Além disso, você vai se apresentar só de noite.

- Prefiro chegar no meu horário de sempre e mergulhar no trabalho pra não pirar. - Me levantei da mesa e guardei meus pertences na minha mochila que estava na cadeira vazia do meu lado, fechando o zíper e colocando nas minhas costas - Você vai ficar?

- Vou. Ainda preciso passar na minha sala.

- Tá. Tô indo nessa então. Nos vemos amanhã.

- Tchau.

Deixei a sala dos professores terminando um dia de trabalho.

***

Terminei minha segunda apresentação na noite do dia seguinte sob o som de aplausos e ovações dos alunos. A sala novamente ficou lotada devido ao número de participantes e tudo correu muito bem.

Deixei sinalizado aos alunos que assim como a primeira, esta apresentação também ficaria disponível na área virtual do aluno.

- Parabéns Schneider!

- Obrigado! - agradeci uma das alunas enquanto arrumava meu material na mesa da sala.

- Tchau, Schneider! Ótima palestra. Até semana que vem!

- Tchau...

Eram oito da noite e todos os alunos deixaram a sala ficando apenas eu e a Luciana que se sentou na primeira fileira no canto direito da parede em frente à mesa.

- É isso. Último dia de seminário terminado com sucesso! - ela permaneceu sentada com os braços cruzados sobre a mesa.

- Queria ter essa certeza.

- Acho que a Nívea não vai mais continuar adiando isso...

Preferi ficar em silêncio terminando de arrumar tudo o que estava na mesa e não me restava outra coisa a não ser esperar por ela entrar em contato. Meu coração batia acelerado pois eu não sabia como iria terminar essa conversa.

- Schneider? - ouvi a voz feminina vindo da porta da sala e não escondi a surpresa em ver quem era.

- Priscila!

Ela entrou sorridente e veio ao meu encontro onde trocamos um abraço apertado.

- Quando voltou de Paris? - estava realmente feliz em vê-la.

- Voltei no fim de Julho. - nos afastamos, eu me sentei na mesa e ela permaneceu em pé usando calça jeans, blusa branca e com uma mochila - Na semana seguinte eu fui aprovada e comecei a pós graduação, por isso não tive tempo de aparecer pra visitar vocês. Tudo bom, Luciana?

- Tudo sim, Priscila... - minha chefe a cumprimentou, voltando os seus olhos para o celular.

Priscila foi uma das minhas alunas e se formou em Literatura Francesa no final do ano passado. Fui o seu professor-orientador no trabalho final de curso, sendo que a sua turma se tornou a última a qual eu orientei monografias. Como eu comecei a dar aulas no período noturno, decidi não assumir mais essa responsabilidade pois o risco de não dar conta e realizar uma orientação mal feita seria enorme.

Ela se tornou um grande orgulho nos quatro anos em que fui o seu professor. Bolsista integral, ela fez jus à conquista sendo uma excelente aluna tirando nota dez em seu trabalho de conclusão. Priscila tinha minha admiração pois possuíamos histórias semelhantes. Após se formar, em Janeiro ela viajou para Paris em um programa de intercâmbio onde trabalhou por seis meses em uma livraria. Algo que em Paris se encontra praticamente em cada esquina.

- E como foi a experiência?

- Foi incrível. Trabalhar com o que se gosta é maravilhoso. Os meses passaram tão rápido que eu nem senti. Fiquei deprimida quando voltei - e riu.

- E por que não tentou o Mestrado pela Sorbonne?

- Eu pensei nisso enquanto estava lá mas meus pais e meus irmãos iriam sentir muito se eu ficasse mais tempo longe de casa.

- É realmente uma pena, mas eu entendo.

Senti o meu celular vibrando no bolso da calça e ao tirá-lo e ver a mensagem, não podia demonstrar nenhuma reação.

Onde eu posso te encontrar?

Quando li, precisei pensar rápido. Não vi problema em pedir que a Nívea viesse até onde eu estava.

- No Bloco C sala 305 - digitei rapidamente.

- Tá legal.

Respirei fundo e não havia outra pessoa melhor que me conhecesse que não fosse a Luciana. Ela me fitava atentamente e entendeu o motivo da minha mudança de expressão.

- Você já está indo embora? - Priscila me questionou.

- Agora não, uma aluna minha está vindo pra cá e eu vou tirar algumas dúvidas sobre a disciplina. - era uma meia verdade.

- Entendi. Então é melhor eu ir.

- Não, sem problemas, podemos continuar conversando.

O caminho do auditório, onde provavelmente o pai da Nívea realizou a palestra até a sala onde eu estava, era longo. E pra ela que não conhecia o campus, talvez demoraria um pouco para encontrar o bloco e chegar até a minha sala.

Continuamos nós três conversando sobre os meses da Priscila que morou em Paris, as experiências e como estava a faculdade naquele ano letivo.

Um tempo depois, quando ouvi duas batidas na porta, ela enfim estava ali. Parada, de uniforme.

E irritantemente linda, me causando reações dolorosas e gostosas por entre as minhas pernas.

Com o olhar tímido, munida de sua pequena bolsa, nossos olhares se cruzaram como se não tivesse mais ninguém na sala. Mas não estávamos sozinhos e então precisei manter a minha postura profissional.

- Boa noite, professor - sua voz demonstrava o receio em estar ali ao me cumprimentar - Posso entrar?

- Claro, senhorita Martin. Sente-se e fique à vontade. Eu já falo com você.

- Obrigada. - ela entrou e se sentou em uma mesa na primeira fileira. Tirou o celular de sua bolsinha onde procurou uma forma de distração.

- Como vai, Nívea?

- Bem, Luciana. Obrigada.

- Estarei na minha sala, Schneider - após cumprimentá-la, Luciana se levantou de onde estava - Ainda está cedo para ir embora, infelizmente. - e piscou para mim.

- Sem problema - sorri.

- Tchau Priscila, foi ótimo revê-la.

- Tchau, Luciana. Digo o mesmo.

- Espero que esteja bem, Nívea... - minha chefe parou para falar com ela, alisando com ternura os seus cabelos.

- Estou bem... - ela respondeu sem jeito.

- Que bom.

Logo que a minha chefe deixou a sala, Priscila passou a encarar a Nívea com uma normal curiosidade talvez por nunca ter visto pessoalmente um dos meus alunos do colégio particular onde eu lecionava.

- Ela é a sua aluna daquele colégio que você dá aula? - se aproximou do meu rosto, perguntando em voz baixa.

- É sim.

- Ah... - e continuou a olhá-la, se voltando para mim - Mas então? Vai fazer o quê depois que a faculdade encerrar o expediente?

- Finalmente vou para casa.

- Podíamos ir para aquele barzinho de sempre onde os alunos se encontravam, lembra? Vamos na sala da Luciana e convidá-la também!

- Estou morto de cansaço. Quem sabe uma próxima vez.

- Ah, agora você não tem mais desculpas para se distanciar de mim já que me tornei sua ex aluna.

Merda.

Nívea olhou imediatamente para nós dois, entendendo o real sentido daquelas palavras e eu respirei fundo. A situação não poderia ficar pior do que já estava.

- É um convite tentador, mas eu...

- Ah, Schneider, vamos! Nem precisamos demorar muito por lá!

- Uma próxima vez, sem falta. - repeti a recusa do convite.

- Tá bom então - deu de ombros - Oi! - se aproximou da Nívea que estava com os olhos no seu aparelho - Conta aí: como é ser aluna do melhor professor de Literatura que uma turma de Ensino Médio pode ter?

- É bom. - ela respondeu sem olhar para a minha ex aluna.

- Legal. E não te incomoda usar esse uniforme? A saia até o joelho.

- Ele sempre foi assim e eu já me acostumei em usar. - finalmente Nívea a encarou, mas com um semblante nada amigável.

- Ah, sim... O seu colégio é um dos mais tradicionais da cidade.

- É. Eu gosto de lá.

- Hum... E sendo um colégio onde só se fala francês, você já esteve na França?

- Eu vou desde que nasci eu acho... Todos os anos passo as férias com a família do meu pai. - o sorriso de desprezo que ela deu após essa resposta me incomodou. Nívea não ia fazer o que eu estava pensando.

- É sério? Então já esteve em Paris?

- Sim, eu nem me encanto mais porque perdi a conta de quantas vezes já estive lá. Meus avós são de Lyon mas eles possuem um apartamento na capital.

- Poxa, que bom!

- É, não é? Uaaauuu.

Nívea estava fazendo questão de jogar na cara da Priscila o quanto ela podia facilmente viajar para a Europa. O ar de deboche que não combinava em nada com o seu jeito doce de ser e que me tirava do sério estampava o seu rosto.

- Você conheceu Lyon?

- Infelizmente não. Só fiquei por Paris mesmo, trabalhando e juntando dinheiro.

- Ah que pena, não sabe o que perdeu, é uma cidade linda. Até mais bonita que Paris.

- Sério? Você acha?

- Acho. Nas primeiras viagens, eu ficava fascinada. Mas depois quando se viaja váaarias vezes, meio que enjoa, sabe? Eu enjoei.

- Sei...

- Depois se você quiser, me segue no Instagram! Procura por Nívea Caroline. Além das minhas fotos, tem os destaques de viagens que eu já fiz para outros países: Bélgica, Suíça, Canadá...

- São países em que se falam francês...

- Exato! - ela mantinha o sorriso irônico - Mas as minhas últimas duas viagens de férias foram pra Áustria e para a República Tcheca. Meu tio que é francês está fascinado pelo leste europeu.

- Isso é bom.

- Ah é, maravilhooooso.

Era nítido o quanto a Priscila se sentiu constrangida com aquela conversa pois percebeu o mesmo que eu. E pra mim aquilo foi a gota d'água.

- Schneider...

- Oi.

- Eu já vou - ela se levantou da cadeira vindo na minha mesa - Combinamos de sair em outro momento.

- Claro, como quiser. - olhei sério para a Nívea nem um pouco satisfeito com o que eu tinha presenciado.

- Até uma próxima então... - ela me abraçou rapidamente.

- Até.

- Tchau - ela se virou para a Nívea.

- Tchauzinho.

Esperei a Priscila sair de sala. Me levantei, arrastando minha cadeira para trás e fui até a porta fechando-a fazendo um leve estrondo. Definitivamente a minha cota de paciência havia atingindo o limite.

- O quê que foi isso? - De pé questionei com os braços cruzados.

- Isso o quê?

- Precisava fazer o que fez?

- Ela me perguntou as coisas e eu respondi - Nivea se levantou, ficando em pé perto da mesa onde estava sentada.

- Não, você não respondeu. O que você fez foi jogar na cara dela toda a sua arrogância!!!

- Ela praticamente dá em cima de você e acha que eu tenho que ficar quieta?!

- FODA-SE O QUE ELA FEZ! - alterei a minha voz em um grito, fazendo com que ela tomasse um susto e se tremesse dos pés à cabeça. Fiz isso seguro de que não havia ninguém nos corredores - ISSO NÃO TE DÁ MOTIVO PRA VOCÊ PISAR E HUMILHAR A GAROTA! PRECISAVA DISSO? - ouvi a porta se abrir mas nada ia me fazer recuar.

- Ela é sua ex-aluna e fez questão de falar!!!

- É daí que ela é minha ex aluna? Sabe quantas gracinhas eu ouço todo santo dia até mesmo de alunas? Inúmeras! - a raiva me consumia, sentia meu rosto ferver e eu buscava o ar sem sucesso - E finjo que não é comigo! Sabe por quê? Porque eu me mato de trabalhar igual um burro de carga pensando no nosso futuro juntos. Mas parece que você faz questão de não ligar pra isso!

- Não precisa falar desse jeito comigo...

- E você quer que eu fale como? Hein? me diz??? Eu tô atravessado com isso desde o aniversário do Felipe! Mas claro, tenho que ter toda paciência do mundo com a princesinha que viaja pela Europa nas férias.

- E o que você quer de mim então??? - ela cruzou os braços não conseguindo mais segurar as lágrimas.

- EU QUERO QUE VOCÊ CRESÇA, NÍVEA! QUERO QUE VOCÊ PARE DE AGIR FEITO UMA GAROTINHA MIMADA, QUE NÃO CONSEGUE ENFRENTAR AS COISAS COMO ELAS REALMENTE SÃO.

- Eu vi o que essa Priscila fez aqui! Foi você que fingiu que não viu! - seus olhos e rosto estavam vermelhos pelo choro e ela soluçava sem parar - E eu não sou uma garota mimada, Eric...

- O espetáculo de soberba que você acabou de dar aqui me mostrou o contrário!

Melissa apareceu no meu raio de visão puxando a sua melhor amiga pelo braço e levando ela embora. Se pudesse, seus olhos verdes teriam me transformado em pó.

Acompanhei com o olhar as duas saindo da sala. Luciana e Felipe me olhavam com decepção, parados na porta.

- Não precisa falar nada, Eric. - o jovem estudante de Direito ergueu uma das mãos - Nós ouvimos tudo daqui do corredor depois que a garota saiu e enquanto esperávamos pela Nívea.

- Que bom. Então vão me poupar de explicações!

- Sabe de quem foi a ideia de convencer ela a te ligar marcando para que vocês pudessem conversar? Foi minha. Ela relutou bastante mas ligou, mesmo se sentindo um lixo.

- E do jeito como eu me sinto, ninguém se importa com porra nenhuma né? - segui para a minha mesa e terminei de arrumar o meu material - Ter que ouvir as piadinhas dela em voltar para o Brasil no meio das férias e comemorar o aniversário do amiguinho, tá tudo tranquilo?

- Eu fui um idiota em fazer o que eu fiz... Você não merece a Nívea... - olhou pra mim uma última vez e saiu, me deixando a sós com a minha chefe que foi até a porta apenas para fechá-la.

- Ele tá certo, Schneider.

- Não quero o seu sermão, Luciana.

- O que você quer ou deixa de querer não me interessa! Você vai me ouvir sim! - falou enfática e a encarei com a cara fechada.

- Tu ainda vai se fazer de sonso?

- O quê?

- Ok, vou refrescar sua memória. Acha que a Priscila se tornou sua melhor aluna apenas por ser bolsista e lutar pela nota dez na disciplina em todos os períodos? Que ela fazia questão de montar a grade de horários, puxando Literatura Francesa em que VOCÊ leciona só por gostar das aulas? Ela era da turma da manhã e no terceiro período jogou Literatura Francesa III para o turno da tarde porque a disciplina seria dada pela professora Lídia no turno dela. E quem era o professor no turno da tarde?

- Eu... - abaixei a cabeça e engoli em seco.

- Aham. E pra fechar com chave de ouro, ela praticamente chegou na minha sala me implorando para que VOCÊ fosse o orientador dela no trabalho final quando o limite de cada turma de orientandos era de quatro alunos por professor, lembra? Limite esse que você já havia atingido.

- E você conseguiu encaixá-la, não foi?

- Encaixei sim, não nego. Porque de fato ela era uma excelente aluna.

- Ela sempre foi desde o início fazendo por merecer a bolsa que ganhou.

- Vai continuar bancando o covarde? Vai se recusar a enxergar tudo o que eu acabei de expor? Mas claro, na hora de negar o óbvio e gritar com a Nívea foi bem fácil não é mesmo?

- Eu nunca alimentei nenhuma investida da Priscila, sabemos disso.

- Sabemos. - ela assentiu com a cabeça concordando - Mas isso não a impediu de viver correndo atrás de você pelo campus sendo a estudante perfeita e prestativa. E voltando aqui na condição livre de ex aluna, aproveitou para dar o bote.

Eu fodi com tudo. As verdades que a Luciana jogou na minha cara serviram para eu me dar conta da proporção perigosa que aquela briga havia tomado. Quando se está de cabeça quente, não tem como algo dar certo.

- Eu te aconselhei tanto meu amigo, te pedi... - o tom da sua voz se abrandou - Pedi que tivesse paciência. - me sentei largado na cadeira, jogando meus óculos na mesa e olhando para o alto com as mãos cruzadas atrás da cabeça - Olha a sua idade e olha a dela.

- Eu cheguei no meu limite, Luciana. Nívea prefere fugir do problema do que encará-lo.

- E quando finalmente ela decide baixar a guarda vindo até aqui para vocês conversarem, o que você faz?

- Ela claramente pisou na Priscila e eu iria deixar passar em branco?

- Você não ouviu o que eu te disse? Veja a diferença de idade gritante entre vocês. No lugar dela e com a mesma idade, eu teria feito o mesmo! Inclusive ser a rainha do deboche como aconteceu no aniversário do Felipe, que aliás eu achei muito engraçado.

- Aquilo foi patético.

- Foi sim, claro que foi! Simplesmente porque ela não esperava me encontrar do seu lado e precisou de um escudo para não desmoronar diante da situação! Ou você queria que ela me destratasse na frente de todos?

Virei o rosto e a olhei sem demonstrar reação.

- Nívea está travando uma guerra contra ela mesma em ME aceitar - enfatizou - como você acha que ela se sentiu ao ver uma ex aluna sua quase se jogando em cima de você? E o pior: você jogar na cara dela o assédio diário que sofre?

Abaixei minha cabeça na mesa e a soquei. Como sempre, Luciana estava certa em tudo. Perdi totalmente o controle por estar com tanta coisa entalada na garganta implorando para ser despejada na primeira oportunidade. E naquele momento eu poderia estar pagando um preço muito caro pela minha atitude impensada.

- Eu vou dar um jeito de consertar esse estrago. - soltei uma bufada de ar - Conversar com ela.

- Agora é muito fácil falar. No entanto, vou torcer de verdade para que você consiga reverter essa situação. Porque a possível consequência do que eu assisti aqui não é nada boa. Esteja preparado para o pior.

- A Nívea não vai...

- Esteja preparado, Schneider! - falou firme o que fez o meu coração bater mais forte de desespero - E olhando além, está tudo devidamente montado para que o Príncipe Escandinavo entre em cena com o apoio dos pais. O que você fez hoje foi o pontapé inicial para entregar a Nívea de bandeja pra ele. E caso tenha sorte - soltou uma risada seca - receberá o convite de casamento. Bertrand é um belo sobrenome combinando com Martin.

- Obrigado por me ajudar.

- De nada, a verdade é uma dor necessária mas ainda é a melhor saída.

Do alto do seus saltos, Luciana saiu da sala me deixando sozinho com os piores pensamentos que me consumiam. Exagerei na dose e não deveria ter gritado com a Nívea do jeito que eu gritei.

E eu enlouqueceria de vez em ver a garota que mais amei na vida se casar com outro que não fosse eu.

***

Foi um sacrifício imenso trabalhar durante o sábado e montar os meus planos de aula para a semana seguinte. Não tinha dormido direito, precisei conferir duas, três vezes se não havia feito nada errado, mal engoli a comida que havia pedido para o almoço na pausa do trabalho e para amenizar a situação, deixei o meu celular desligado quase que o dia inteiro.

Terminei tudo o que tinha planejado fazer eram cinco e meia da tarde. Tomei um banho frio na tentativa de relaxar e as cenas da noite anterior me consumiam por inteiro quando me joguei na cama.

Lembrei do meu aparelho guardado no fundo da minha mochila e me levantei indo buscá-lo. Assim que o liguei haviam mensagens, notificações... Fui no Instagram na Nívea e nada postado. Estava off no Whatsapp. Automaticamente liguei para ela e o celular se encontrava desligado. Mais do que nunca eu precisava agir com calma depois da merda que havia feito.

Na mesma hora, recebo uma ligação da Luciana.

- Alô.

- Tô te ligando tem mais de meia hora.

- Estava trabalhando.

- É, eu imaginei isso... Mesmo assim eu insisti.

- O quê que houve?

- Sabe a Sílvia, a Coordenadora do Curso de História?

- Sei. Saiu de licença por problemas de saúde.

- Isso. Ela operou na quinta feira e hoje eu fui no hospital visitá-la.

- E como ela está?

- Se recuperando bem, a operação foi um sucesso. Mas não foi por causa disso que eu te liguei.

- Diga.

- Quando eu estava saindo do hospital mais ou menos uma hora atrás eu vi a Nívea saindo dele ao lado dos pais.

- Como é que é??? - meu estômago revirou e minha garganta se fechou como se fosse me sufocar - A Nívea no hospital?? Tu tem certeza disso, Luciana??

- Absoluta, vi os três saindo quando eu estava na calçada.

- Mas o que aconteceu com ela?? ME FALA!!!

- Eu não sei Schneider, não sei!!! Foi apenas isso, apenas consegui ver que ela estava com um curativo no braço como se tivesse tomado algum medicamento na veia. Não falei com eles nem nada. Nem sequer me viram. Pareciam um pouco abalados. Mas ela estava andando normalmente em direção ao carro da família.

Um calafrio me percorreu a espinha sobre o que poderia ter acontecido com a ma petite me intuindo que eu seria o culpado dela ter ido parar no hospital. Será que ela cometeria a loucura de tentar se matar?

- Eu telefonei pra ela mas o celular estava desligado... - Me sentei na cama sentindo os meus ombros rígidos pela tensão.

- Agora sabemos a razão. Dá um jeito de entrar em contato com ela ou então com a Helena.

- Eu sou a última pessoa no planeta com quem ela vai querer falar, Luciana...

- Concordo mas achei melhor te ligar assim mesmo e falar o que eu vi. Agora é com você.

- Tudo bem, obrigado. De coração. Só espero que não tenha sido nada grave.

- Acredito que não... E vê se pensa antes de agir!

- Tudo bem.

- Certo. Um beijo e fique bem.

- Outro pra você. Tchau.

Desligamos e continuei sentado com o celular em mãos pensando no que iria fazer.

A Melissa.

Busquei o contato dela e fiz a chamada. Um, dois, três toques... No quarto toque era como se ela tivesse atravessado o fone.

- COMO QUE VOCÊ TEM CORAGEM DE ME LIGAR??? - precisei afastar o telefone do ouvido. A última coisa que eu precisava em toda a situação era ficar surdo.

- Passa o telefone pra Nívea, Melissa. - cortei a histeria dela de imediato - Me deixa falar com ela. Eu já sei o que aconteceu.

- ELA NÃO VAI FALAR COM VOCÊ, SEU BABACA! A NÍVEA FOI PARAR NO HOSPITAL POR SUA CAUSA!

- O quê que a Nivea teve? Me fala...

- NÃO TE INTERESSA O QUE ELA TEVE! INTERESSA QUE SE A NI NÃO TEM CORAGEM PRA SE DEFENDER DE VOCÊ EU DEFENDO ELA, OUVIU BEM?

Respirei fundo. Melissa tinha razão em falar comigo daquele jeito. Eu fui um verdadeiro merda.

- Tu sabe melhor que ninguém o quanto a minha amiga é uma garota sensível!!! Precisava tratar ela do jeito que você tratou? Dando meia dúzia de patadas????

- Você está certa, eu fui um completo filho da puta mas eu quero dizer isso pra ela. Ela tá aí do seu lado? Eu só quero ouvir a voz pra ter certeza de que ela está bem.

- A Nívea vai ficar bem, sim. Longe de você. Só lamento por ela ter que olhar pra sua cara em sala de aula. Faz um favor? Esquece a Nívea pra sempre, entendeu??? PRA SEMPRE!

E desligou na minha cara.

Ainda que ela não quisesse nunca mais falar comigo, o que estava me deixando em desespero, eu precisava dar um jeito de saber se ela estava se recuperando do que havia sofrido. Mas como?

Me sentei na minha mesa de trabalho, pus os meus óculos e deslizando o mouse pela tela do notebook ligado, abri uma nova aba e cliquei no site do colégio. Fiz o login com os meus dados e entrei área do aluno onde eu acessava os dados pessoais, histórico e boletim virtual do estudante.

- Turma 2A... - cliquei direto e rolei a página, indo até o nome dela que ao clicar, me levava direto na sua ficha.

Constava o seu nome completo, data de nascimento e as notas lançadas. Quando fui acessar o seu endereço e telefone, recebi a mensagem em uma janela:

''Information confidenciele. Le Bureau et le Secretariat sont les seules qui possèdent l'accès aux données privés de l'élève et de ses responsables légales.''

(Informação confidencial. Apenas a Diretoria e Secretaria possuem acesso aos dados particulares do aluno e seus responsáveis legais.)

- QUE DROGA!!! - dei um soco na mesa tão forte que fez todos os objetos espalhados estremecerem - O telefone de contato da Helena era a minha esperança!

Um sentimento de angústia torturante começou a penetrar em cada parte do meu corpo. Comecei a respirar com dificuldade e tirei os meus óculos, massageando as têmporas. Eu precisava de notícias da Nívea.

Minimizei a aba e cliquei nas selfies que tínhamos tirados juntos. Eram poucas fotos, menos de dez. E olhar aquele lindo rosto colado ao meu, com suas bochechas rosadas e o sorriso tímido, sabendo que o veria a uma certa distância somente em sala de aula, fez com que uma lágrima brotasse e rolasse dos meus olhos.

- Não posso te perder, Nívea... Não posso...

Não conseguia mais me imaginar sem tê-la do meu lado. Tudo que eu estava planejando para nós dois eu via escapar por entre os meus dedos.

Meus pensamentos foram interrompidos pela vibração do meu celular na mesa. Olhei a tela que exibia o nome do Felipe. Não pensei em mais nada, aceitando a ligação na hora.

- Felipe!!!!

- Oi Eric...

- Deixa eu falar com a Nívea, me passa pra ela!!!!

- Eu tô em casa agora. E o show que a minha irmã deu foi aqui. Tentei pegar o celular dela quando você ligou mas ela foi mais rápida. E o resto... Você já sabe...

- Não tem problema! Eu só quero saber se ela está bem. Me fala!

- Eu vou te passar pelo zap o contato da Helena. Aí vocês conversam.

- Tá... Tá ótimo!

- Eu só tô fazendo isso porque você é um cara legal mesmo não merecendo.

- Eu te agradeço.

- Tudo bem.

Nos despedimos e segundos depois ele me passou o contato da Helena. Fiquei hesitante se deveria ligar ou não pois não saberia a reação dela. Mas o meu desejo em saber como a Nívea era maior.

Salvei o número e imediatamente fiz a ligação.

- Alô?

- Helena?

''Nada de demonstrar ansiedade na voz. Mantenha a calma!''

- É ela.

- Aqui é o Eric, o professor da Nívea.

- Olá professor! - a alegria que continha em ouvir minha voz me aliviou um pouco - Como vai?

- Eu vou bem, obrigado. Desculpe te telefonar mas a Luciana viu você saindo do hospital com a Nívea e me ligou. Fiquei preocupado e peguei o seu número com o Felipe, espero que não se incomode.

- De jeito nenhum, imagine! Pois é, o meu anjo me deu um susto hoje.

- O quê houve com ela?

- Foi por volta das oito da manhã quando fui acordá-la pro café. Toquei em seu rosto, ela estava quente e suava horrores. Entrei em desespero quando medi sua temperatura e deu quarenta graus de febre. Não pensei em mais nada. Eu e o Jacques corremos com ela pro hospital.

- Febre?

- Sim. Quando chegamos na emergência os médicos fizeram uma bateria de exames, quase que reviraram ela do avesso mas não constataram nada.

- Ah sim... Entendo. - aos poucos consegui ficar aliviado - Mas o que poderia ter causado essa febre?

- O médico suspeitou de algum fator emocional pelo qual ela deve ter passado. Uma psicóloga veio para atendê-la mas a Nívea não quis se abrir. Eu também tentei conversar com ela quando chegamos em casa e nada.

Era óbvio que a Nívea iria reagir fisicamente à briga que tivemos. Felipe estava certo: eu não a merecia.

- E como ela está agora?

- Está bem, graças a Deus. Ela passou o dia em observação e por volta das quatro da tarde, o médico deu alta pois viu que a febre havia diminuído. Agora ela está no quarto descansando.

- Ela conseguiu comer?

- Mais ou menos. Comida de hospital não é lá essas coisas, você sabe. Mas ela se esforçou e comeu sim.

- Que bom. Então não foi nada mais grave.

- Não, não! Nada preocupante mas eu agradeço que tenha ligado. Você quer falar com ela?

- Não, tudo bem. O importante é que ela descanse e fique bem. Apenas diga que eu liguei lhe desejando melhoras.

- E se fizermos melhor? Por que não vem aqui em casa amanhã visitá-la?

Fiquei sem reação com aquele convite inesperado e o fato de encontrar os pais dela sempre me paralisava. Mas eu precisava vê-la para ter a certeza de que não havia nada de errado.

- Claro, pode ser esse horário, por volta das cinco horas?

- Perfeito. Vou preparar um lanche da tarde para vocês.

- É apenas uma visita, Helena. Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum! Mesmo nos encontrando apenas em ocasiões de comemoração, eu e o Jacques já o consideramos um amigo da família.

Pela primeira vez naquele dia tive vontade de rir.

- Eu agradeço pela consideração.

- Nunca vou esquecer o quanto que a Nívea é a sua aluna especial. É muito bonito vocês possuírem essa relação de proximidade e de muito respeito.

- É claro. Eu lhe digo o mesmo. Amanhã estarei aí.

- Ficaremos lhe aguardando.

***

Me vi ali dentro do carro, estacionado na calçada do outro lado da rua. Terceira vez que eu estava ali e a segunda que visitaria o apartamento dela.

Aquela sensação de que eu estava dentro de um filme de terror precisava acabar. Os donos da casa em diferentes ocasiões sempre me trataram muito bem, então por que o habitual incômodo ao encontrá-los sempre se fazia presente?

Resposta simples. Eu transava com a única filha deles e parecia que em algum momento eles iriam ler os meus pensamentos. O que era uma completa bobagem pois não vivíamos uma vida cujo enredo era um filme de mutantes.

Desci do carro e dei a volta até a porta do carona onde peguei uma cesta de frutas enfeitada com pequenas flores para presentear a Nívea como um desejo de melhoras. Embora o que eu realmente queria ela levá-la para a minha casa e cuidar dela como forma de lhe pedir perdão.

Me arrumei de um jeito não tão formal como eu faço nos dias de semana em local de trabalho. A calça jeans escura com uma blusa pólo de cor branca foi o melhor que eu pude vestir. O branco era um sinal de que eu iria em paz.

Cheguei no portão externo e informei ao porteiro pelo interfone de que estava visitando a Família Martin no quinto andar. Esperei poucos minutos e a minha entrada então foi liberada.

Eu seria muito bem recebido.

Era esse o pensamento que precisava enfiar na minha cabeça quando entrei no elevador. Nívea não iria agir com grosseria comigo na frente dos pais, afinal eu estava ali no papel de professor visitando uma aluna.

Quando o elevador chegou e me virei na direção do apartamento, Helena já estava na porta me aguardando. Ela conseguia ser uma mulher elegante até mesmo quando estava à vontade em casa. Usando um vestido bege com alças grossas e solto e sandálias rasteiras, exibia o seu cativante sorriso e os olhos azuis os quais a Nívea teve a sorte em herdar.

- Seja bem vindo mais uma vez, Professor! - ela me cumprimentou com a sua simpatia de sempre me dando dois beijos no rosto - Desta vez não teremos festa! - brincou.

- Será mais tranquilo agora. - Pelo menos era o que eu esperava daquela visita.

Ao entrar no apartamento não tive tempo para pensar em nada. Nívea estava ali diante de mim amparada pelo pai que a abraçava carinhosamente pelas costas e seu olhar para mim me desarmou por inteiro. Com o rosto abatido, seus olhos azuis e perfeitos inchados pela febre - e pelo tanto que chorou - ela me encarava sem demonstrar nenhuma reação. Usava um pijama de inverno cor de rosa com grandes botões na blusa e um par de meias brancas com estampas de flores.

- Olá senhorita Martin - engoli em seco pensando que minha voz não iria sair.

- Oi Professor. - sua voz também estava fraca.

- Trouxe para você - lhe entreguei a cesta de frutas - Nada demais, apenas uma lembrança.

- Obrigada - e pegou, indo até a mesa da jantar devidamente pronta para o lanche da tarde e colocou em um dos lados.

- É de uma enorme gentileza vir visitar a nossa filha, professor. - O pai me estendeu sua mão em um cumprimento no que eu fiz o mesmo - É bom saber o quanto a Nívea é tão querida por você e pelos amigos dela.

- Claro... - fiquei confuso com esta última fala.

- Estou passando um café e com uns pães de queijo no forno - Helena gentilmente cruzou o seu braço com o meu - Apesar do susto o domingo aqui em casa foi agitado.

- É mesmo?

- Conta para o seu professor, filha! - a mãe pediu e fiquei curioso sobre o que poderia ter acontecido.

- Bom... O Frederik ligou pra mim mas o meu celular estava desligado. - sua doce voz estava rouca - Então ele ligou para a minha mãe e ela acabou contando o que aconteceu.

- Ah, então ele também sabe...

Naquele ano eu estava passando por um recorrente teste de autocontrole e ele se chamava Frederik Bertrand.

- Você sabe o que ele fez, Eric? - a mãe me questionou.

- Não faço ideia.

- Ele mobilizou os pais, a Gabriele e o Patrick e vieram todos almoçar aqui com ela. Chegaram por volta do meio dia e trouxeram frango assado, bife com batata frita, churrasco, refrigerante...

- Só comida saudável! - o pai brincou - Mas a Helena preparou uma salada de palmito com brócolis o que eu achei ótimo.

- Denise e Simon vieram com eles. Foi uma bagunça. Melissa e Felipe também se juntaram a nós e ficaram a cargo da sobremesa. Compraram três potes de sorvete de flocos. O que a Nívea mais gosta, não é meu anjo?

- É sim.

- Que ótimo - dei um meio sorriso.

- Foi bom estar na companhia dos amigos, não é ''mon ange''? Frederik é um menino de ouro.

- Oui, papa!

- Eu pensei em te retornar para se juntar conosco, Eric, mas aí se a crianças soubessem elas iam querer passar a tarde aqui até você chegar e a Nívea precisava descansar um pouco antes da sua visita.

- Eu entendo perfeitamente.

- Eles foram embora por volta de duas horas não foi Jacques?

- Sim, ficaram mesmo apenas pro almoço.

As palavras da Luciana sobre o Príncipe Escandinavo ecoaram na minha cabeça após ouvir sobre o que aconteceu na casa da família para o almoço de domingo. Realmente, o caminho estava todo pavimentado pelos pais para que Nívea e Frederik um dia começassem a namorar.

***

O aroma de café fresco tomava conta da mesa de jantar onde também haviam pães, sucos, torradas e iogurtes. Aceitei apenas um café acompanhado de torradas pequenas com requeijão. Aquela situação era tensa o bastante para que eu conseguisse comer algo mais. Estava louco de vontade para ter a Nívea nos meus braços.

Ela se sentou na ponta oposta da mesa ficando de frente para o pai enquanto que eu e Helena nos sentamos cada um nas laterais.

- Mas então, professor... - o dono da casa amigavelmente puxou assunto - Nívea comentou conosco que você se formou pela Sorbonne!

- Sim, foram anos de muito aprendizado e no fim, conquistei o meu diploma de Mestrado em Literatura Francesa.

- Fascinant! E sente saudades de lá?

- Fiz amigos entre alunos e professores, ainda mantenho contato com alguns... Quando tive a chance de obter a cidadania francesa, recebi a proposta de trabalho e voltei para o Brasil. Mesmo com a família morando no Sul, seria mais fácil de visitá-los vivendo aqui no Rio.

- É verdade.

- Na minha época de universitário eu dividi o apartamento da família em Paris com os meus dois irmãos. Foi divertido mesmo que a gente brigasse às vezes para desespero dos nossos pais em Lyon.

- A parte boa era que você estava em família...

- Ah sim, sem dúvida!

Ainda que o clima de conversa fosse de total descontração, Nívea permanecia quieta comendo devagar os seus pães de queijo e bebendo suco.

- Como se sente, senhorita Martin?

- Um pouco melhor. Até amanhã acho que não terei mais febre. - respondeu de forma polida.

Eu precisava conversar com ela e me desculpar. Mas como faria isso longe dos olhos dos pais?

Felizmente o destino estava ao meu favor. Nívea pôs a mão em um dos seus bolsos do pijama e retirou o seu celular. Era a oportunidade que eu precisava.

- Com licença, eu posso usar o banheiro?

- Claro professor! Siga o corredor na primeira porta à esquerda quase em frente ao quarto da Nívea.

- Obrigado, Helena.

Me levantei da mesa e fui rapidamente como ela havia me indicado, entrando no banheiro. Tirei o meu celular de um dos bolsos da calça e rapidamente lhe enviei uma mensagem.

- Precisamos dar um jeito de ficarmos a sós!!

Esperei uns minutos e Nívea não me retornou. Talvez tenha lido, talvez não.

Usei o banheiro para despistar o real motivo que me fez deixar a mesa quando terminei, lavei as mãos usando o sabonete líquido que estava na pia e secando com uma pequena toalha. Voltei para a mesa e ao encará-la, ela continuava a comer normalmente.

A conversa com Jacques e Helena se seguiu por mais algum tempo. Eles eram incrivelmente ótimas pessoas ainda que eu tivesse críticas sobre como criaram a filha. Por um lado, serviu para me distrair e afastar a minha aflição em querer ficar a sós com ela.

- Bom, está ficando tarde - olhei no relógio da tela do meu celular - Já são sete horas, é melhor eu ir.

- Eu te levo até a portaria, professor.

Nívea leu a mensagem para o meu total alívio.

- Não sei se é uma boa ideia, filha... O vento da noite pode te fazer mal.

- Não vou demorar mãe, eu prometo.

- Se a senhorita Martin se sentir mal eu a trago de volta.

- Está certo.

Me despedi dos pais e quando deixamos o apartamento, Nívea me puxou pela mão, andando rapidamente até a saída de emergência, sem dizer absolutamente nada. Ajudei a abrir a pesada porta e entramos.

- Finalmente! - a abracei com toda força que podia reunir, encostando o seu corpo contra a parede e beijando o seu pescoço e o ombro por cima do tecido do pijama - Estava contando os segundos para ficar sozinho com você. - ela se manteve parada sem retribuir o meu gesto.

- Eric, me solta. - me empurrou, mas eu segurei nas suas pequenas e delicadas mãos. Os olhos dela eram pura frieza.

- Por favor, me perdoa... - comecei a dar vários beijos no dorso das duas mãos enquanto olhava em seus olhos - Eu fui um completo filho da puta com você!

- É sempre assim não é? Você erra, pede desculpas e eu, sendo uma imbecil, aceito!

- Aceita porque você me ama.

- Eu fui parar em um hospital por sua causa, Eric... - disparou e eu não pude fazer nada a não ser ouvir calado - Não é esse tipo amor que eu quero pra mim! Que me faz mal, que me faz chorar e ficar doente.

- Nívea... - deslizei o dedo indicador pelo seu rosto perfeito.

- Acabou. - ela abaixou a cabeça, cruzando os braços abaixo dos seios tentando segurar o choro.

- Não... Por favor, não me fala isso... - o ar nos meus pulmões havia fugido - Você tá fragilizada pelo que aconteceu na sexta feira, eu entendo.

- Eu pensei bastante e decidi sozinha sem conversar com ninguém. Vai ser melhor assim.

- Melhor pra quem? - segurei no seu rosto, fazendo com que me olhasse - Ficar longe de você vai ser melhor pra nós dois? Por que por mais que esteja dizendo que não quer mais, eu sei que você me ama! Do mesmo jeito que eu te amo!

- Eu cansei. Tchau, Eric. - tirou minhas mãos do seu rosto - Amanhã e nas próximas aulas seremos apenas professor e aluna - e seguiu até a porta mas eu a impedi.

- É isso mesmo? - segurei nos seus braços - É o fim?

Nívea parou por um instante e balançou a cabeça afirmando, movendo os braços para que eu a soltasse. Puxou a porta e saiu, me deixando quebrado na alma. Saí logo atrás dela e a observei voltando para casa sem olhar para trás. Não tinha mais nada que eu pudesse fazer após aquele ponto final e a minha única saída de fato era o elevador.

Meu mundo havia desmoronado.

***

Sentia as lágrimas rolarem pelo meu rosto sentado no banco do motorista do meu carro. Eu não estava em condições de dirigir mas não poderia passar a noite ali em frente onde uma simples visita acabou se tornando um pesadelo real.

Eu precisava ser salvo. Enxuguei as lágrimas que umedeceram a minha barba e peguei o celular no meu bolso discando o número da única pessoa que poderia me tirar do abismo.

- Oi Schneider!

- Vem me buscar.

- O quê? Como assim, tu tá aonde? Tu tá chorando?

- Estou dentro do meu carro mas se eu dirigir, vou fazer uma besteira e jogar ele contra a parede.

- Ah, meu Deus, calma!!! Me fala onde você tá!

- Na rua da Nívea.

- Tá legal, não se mexe e nem ouse dar partida nesse carro. Estou indo aí agora buscar você.

***

Eu me recusava a acreditar no que tinha acontecido e não sabia dizer se conseguiria ter forças para seguir em frente sem ter ela do meu lado. O plano que eu havia traçado onde a Nívea estava incluída virou pó em questão de minutos.

Em um término de uma relação.

Largado no sofá daquele pequeno apartamento e olhando para o nada, pude apenas perceber os olhos da minha melhor amiga, que estava sentada do meu lado, na minha direção.

- Não posso te dizer que estou chocada. Eu te alertei sobre essa possibilidade. Mesmo assim, eu sinto muito.

- Eu perdi completamente o rumo, Luciana. Como eu vou olhar pra ela amanhã e fingir que nada aconteceu?

- Você vai ter que ser forte, meu amigo. Ok, não vai ser fácil. Mas é o seu trabalho e você depende dele. E no fim do ano, converse com a Jaqueline. Peça o desligamento do colégio.

- E eu nunca mais vou vê-la.

- Não. Agora se você quiser continuar se torturando, continue. Aí é com você.

- A Nívea me ama. Eu sei.

- Você a magoou demais, Schneider. Ela não suportou a ponto de sofrer uma febre tão forte. Não posso tirar a razão dela.

- O quê que eu faço? Me diz! - olhei para a Luciana - Como vai ser daqui pra frente?

- É a primeira vez que eu te vejo assim nesses anos todos de convívio.

- Porque é a primeira vez que eu me apaixonei de verdade.

- Eu sei. Faz o seguinte: passa a noite aqui em casa. Você não pode ficar sozinho do jeito que está.

- Não posso. Meu material de trabalho ficou todo em casa na mochila. Tem as minhas roupas.

- Me dá a chave da sua casa que eu vou buscar tudo. O material de aula do colégio está pronto?

- Está. - peguei o chaveiro do meu bolso e lhe entreguei - Na mochila encostada na parede da minha mesa de trabalho.

- Certo. Vou pegar suas roupas também. Fique a vontade até eu voltar. Eu não demoro. - e ouvi a porta do apartamento se fechar.

Eu estava sem condições de voltar para onde eu morava, olhar a minha cama e me lembrar dela, do seu perfume doce nos lençóis e das inúmeras noites em que nos amamos.

Doía demais.

E se estava sendo necessário seguir em frente e recomeçar mesmo sem saber se eu conseguiria, a primeira noite deveria ser longe daquelas lembranças.

Continua...

Nota da autora: Se você leitor(a) está chorando, não se preocupe, eu também estou. Confesso que não foi nada fácil escrever esse capítulo mas dada a proporção incontrolável que a briga tomou, eu precisava seguir uma linha coerente em torno da consequência dela. O término do relacionamento do nosso casal foi o desenrolar mais lógico a ser feito.

Eles vão reatar? Sim, mas ainda não sei em que momento da história. Estamos caminhando para a reta final dessa temporada e se eu respeitar a quantidade de capítulos como foi na temporada passada faltam apenas cinco para o fim. Tenho que pensar com calma a respeito disso.

No entanto, espero que vocês tenham curtido a participação de uma certa professora de Literatura Brasileira bem doida, que teve a chance de tirar uma casquinha do professor gato hahahaha.

Mesmo sendo difícil para quem se envolveu tanto com esse romance, não fiquem tristes. Vou pensar com muito carinho sobre como fazer eles voltarem às boas.

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Foto de perfil de Ana_EscritoraAna_EscritoraContos: 62Seguidores: 166Seguindo: 33Mensagem "Se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo." Toni Morrison

Comentários

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UUUAAAAAUUUUUU

Gostei muito de toda a trama desenrolada, crível e erótica.

O que eu me pergunto é, será que mesmo com tudo o que aconteceu, a Luciana não tem ou sente algo a mais, que ela respeitou o momento dele, e como há a convivência, pode extrapolar isso?

Que venham as outras partes, que a história fique mais aberta, pelo menos no núcleo das amigas Gabriele, Nívea, Melissa relativo aos seus relacionamentos, mesmo que no momento possa vir alguém novo para a protagonista.

É isso, parabéns e ufa, maratonei por uma semana e consegui terminar de ler tudo.

Na espera dos próximos capitulos.

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Que capítulo tenso. Realmente o Eric foi babaca com a Nívea. Mas, acho que há males que vem para o bem. Creio que esse término vão servir para amadurecer a relação deles e amadurecer ainda mais o amor do casal.

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A professora de literatura brasileira né fraca não, pegou o Eric.Kkkkk

Agora estou com o coração apertado com essa briga feia e o término do namoro do casal. Espero que esse Frederik não entre de gaiato nessa história.

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"Trabalho nenhum! Mesmo nos encontrando apenas em ocasiões de comemoração, eu e o Jacques já o consideramos um amigo da família"

Na moral, Helena, melhor pessoa KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Mas agora falando sério: Compreendo as razões que te levaram a dar um rumo tão triste neste ponto da história. A briga foi muito feia e ficaria sem sentido se a Nívea o perdoasse ao menos nesse primeiro momento.

Você é uma escritora extraordinária e tenho certeza de que encontrará uma solução para que eles reatem.

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