O outro capítulo 10 Basta!

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 9569 palavras
Data: 12/11/2021 21:03:46

Capítulo 10

Quando abriu os olhos, Lorena sorriu, maravilhada com o quarto luxuoso do hotel. A grande cama de casal ficava na frente de um painel acochoado contornado por uma madeira clara. A cama estava forrada com um edredom de boa qualidade e quatro travesseiros bem arrumadas. Ao lado das cabeceiras havia luminárias em forma de anjos segurando uma tocha, que nela ficava as lâmpadas.

A parede de frente era toda feita de vidro, onde se poderia ter a visão de prédios iluminados por lâmpadas coloridas. Em frente a cama havia uma mesa composta por um jantar romântico para duas pessoas, com velas e pétalas de rosas sobre ela. Os pratos estavam cobertos por cloches prateados e um balde de gelo com champanhe ao centro, com duas taças ao lado.

_ Que porra é essa, Abner?!_ Lorena perguntou sorrindo. Atirou-se nos braços dele, encaixando as pernas nos quadris. Espalhava beijos pelo seu rosto e boca._ Eu te amo!_ mais beijos._ Eu te amo! Te amo pra caralho!

Abner a jogou na cama, deitando sobre ela. As suas mãos percorriam pelas coxas da moça e a boca beijava o seu colo, entre os seios.

Lorena usava um vestido curto e preto, que foi suspenso pelas mãos safadas de Abner, revelando que usava uma minúscula calcinha de renda preta.

Beijou a sua vagina por cima da calcinha, mordendo levemente, enquanto a as mãos massageavam os seios da jovem por cima do sutiã.

_ Isso, gostosa! Fica toda molhadinha pra mim.

_ Aiiiii, Abner! Gostoso!

Lorena abriu as pernas sem resistência. Foi a loucura quando sentiu a calcinha ser arrancada com os dentes.

Abner foi direto do clitóris. Deslizava a língua com maestria, dava uma picadinha, e brincava com a ponta da língua, a deixando louca.

_ Aaaiiii que delícia! Putão gostoso!

Os seus gemidos eram finos e manhosos, deixavam Abner excitado.

Subiu até os seios beijando a barriga da jovem, chegando aos seios, arrancado o sutiã e terminando de retirar o vestido.

Caiu de boca neles, sugando o biquinho de um enquanto brincava com o outro, tocando com a ponta dos dedos.

_ Dança pra mim, gostosa!

_ Você não tinha uma cliente marcada?_ Lorena perguntou olhando com cara de safada, mordendo a ponta do dedo indicador.

_ Tinha. Mas o idiota do Júlio me pagou o triplo para dispensar a cliente e ficar em casa feito um menino bem comportado.

_ O triplo?

_ Sim. Ele queria me pagar o dobro, mas eu aumentei o valor. _ Abner deslizava as mãos sobre a vagina úmida de Lorena, que pulsava entre os seus dedos.

_ Aaaaaa! Por que você se encontrar com a vaca? Aaaai! Mesmo o otário te pagando, você poderia comer o dinheiro da mocreia.

_ Não. Você acha que eu sou imbecil? Podendo desfrutar de um hotel desses como gata gostosa, eu ia tá comendo a boceta larga de uma velha feia.

Lorena sorriu e o beijou.

_ Agora dança pra mim._ pediu dando um tapa da bunda dela.

Lorena levantou, apagou as luzes, deixando apenas as luminárias acesas, deixando o quarto mais aconchegante. Pegou o celular e pôs a música I love so much.

Dançavam movendo os quadris de um lado para o outro, erguendo as mãos para cima alisando os próprios seios. Mordia os lábios e olhava com malícia.

Abner ficou deitado de barriga para cima. Alisava o pênis ereto, desejando aquelas curvas deliciosas.

Lorena apoiou as mãos no vidro da parede, rebolava o bumbum de um giratório.

Abner se sentiu atraído como um ímã para aquela raba grande e apetitosa. Caiu de boca beijando e mordendo. Subiu para beijar as costas, se roçando nela.

Lorena ergueu a cabeça para o lado, apoiando no ombro dele. Sentiu a sua cintura ser envolvida pela mão grossa do amado, que alisava o seu ventre, devorando o seu pescoço.

Entre as pernas, sua boceta encharcada pulsava gritando pelo pau de Abner.

_ Me come, safado! Me fode todinha.

Ela virou para frente. Retirou a camisa dele, o beijando. Percorreu com língua no seu peito, chupando os mamilos. Desceu de joelhos até os quadris, onde abriu o zíper da calça social preta, a retirando junto com os sapatos.

Ambos estavam trêmulos de desejos, seus corpos gritavam um pelo outro.

A boca de era úmida e ágil. Engolia tudo num movimento vem e vai. Fechou os olhos, erguendo a cabeça para cima, e apoiando a mão no vidro.

Pensou em Leandro, recordando quando foi chupado por ele naquela praia. Sorria ao lembrar do moreno de joelhos chupando o seu pau como um profissional.

Seus pensamentos foram interrompidos com os beijos surpresa que recebeu de Lorena.

_Me fode, porra!_ ela ordenou, surrando em seu ouvido.

Puxou-a pelo braço, a jogando na cama. Lorena se posicionou de quatro, arrebitando o bumbum e abrindo as pernas.

Abner penetrou com um força, puxando os longos cabelos dela para trás.

Seus quadris se chocavam num vai e vem. Estavam suados e ofegantes. Ambos gemiam muito alto.

_ Deixa eu comer o seu cuzinho?

Lorena olhou para trás sorrindo, deslizando a língua pelos lábios superiores.

_ Nem precisa pedir, meu gostoso.

_ Trouxe o lubrificante?

Lorena pulou até a bolsa, que estava na mesa. Pegou e balançou. Empurrou Abner no peito, o jogando na cama, subiu sobre ele se melando.

Sentou de uma vez, cavalgando naquele pau que tanto amava.

Abner tocava em seus seios, enquanto ela rebolava. Sentiu o pau ser mastigado por aquele cuzinho quente. Lorena alternavam entre o ânus e vagina.

Gozou primeiro, melando o membro de Abner. Em seguida foi a vez dele de inundar o seu corpo. Caiu por cima dele ofegante. Sorriam.

_ Você vai torrar toda a grana que Júlio te deu só aqui. Garanto que essa lagosta e esse champanhe custaram uma fortuna.

Ambos jantavam vestido com um roupão felpudo branco e tinham os cabelos molhados. _ Não se preocupe! Esse foi só o primeiro trocado que tiro da anta do Júlio. Dali virão muito mais.

_ Você tem certeza?_ Lorena mastigava, fechando os olhos e gemendo._ Isso aqui tá muito bom!

_ Absoluta. Daqui a alguns dias, o machão vai tá comendo na minha mão. Vou depenar o otário.

Lorena arregalou os olhos sorrindo.

_ Tive uma ótima ideia. Já que você quer foder com os dois, e se você depenasse ambos? Tira dinheiro do Júlio e do Leandro ao mesmo tempo. Pense comigo, com a songa monga vai ser até mais fácil. Aquilo lá é uma bichinha burrinha e inexperiente. Além de você, só sentou no pau do Júlio. Eu sei que você é bom de cama. Sabe agradar tanto homens quanto mulheres. Logo a songa monga vai ficar gramadinho em você. Será fácil tirar dinheiro de uma bicha tonta e apaixonada.

_ Sério que ele só teve a mim depois do Júlio?_ Abner perguntou sorrindo, com os olhos brilhantes.

_ É que você vai me perguntar isso na mesma conversa que eu te dou uma boa ideia?

_ Gente! Que delícia! Um corpinho não rodado só pra mim. Ah, que maravilha!

Lorena sentiu o ódio arder na face.

_ Ah, deixa de ser ridículo, Abner! São quase vinte anos de relacionamento, aquilo ali já tá mais do que aberto.

_ Ele é muito gostoso! E todinho meu.

_ Ele é casado, Abner!

_ Casado, mas vai ficar tão viciado em mim, que nem vai deixar o Júlio tocar o pau imundo nele. Escuta o que estou te dizendo. Aquele homem ainda vai ser todinho meu.

_ Blablabla. Vamos ao que interessa. Precisamos tirar dinheiro dos dois lados.

Abner fez sinal negativo com os dedos bebendo champanhe.

_ Hum! Nem pensar! Não vou usar o Leandro. Ele não merece isso. O meu problema é com o Júlio.

_ Eu tô achando ridícula essa sua paixonite pela songa monga. Acorda, Abner, aquilo lá é interesseira! Por que você acha que ele suporta as traições do marido? É pela grana dele. Tu acha mesmo que Leandro vai largar a vida de rei para ficar com fodido feito você?

_ Eu não vou ser fodido pra sempre. Vou ficar rico as custas do Júlio e vou ter dinheiro o suficiente para pôr o mundo aos pés do Leandro...aqueles pés deliciosos.

_ Ah, é? E você vai dizer pra ele: "Querido, o Dimitri não existe. Na verdade eu sou o Abner, o amante do seu marido." Acorda pra real, Abner.

_ Isso eu vou resolver depois. No momento estou focado nos meus planos: quero ter o meu restaurante e o Leandro e eu vou conseguir. Pra começar, você me ajudar.

_ Eu?!

_ Sim, senhora. Você vai dar um jeito de tirar aquela fedelha de casa na sexta-feira a noite. Leva a pirralha para um baile...sei lá, só se livra dela.

_ Posso saber pra quê?

_ Porque quero ficar sozinho com o meu lindinho.

_ Na casa dele? Piorou?

_ Sim. Estou muito pirado. Aliás, sempre fui e você sabe disso. Eu tô com saudades do corpinho dele._ Abner disse sorrindo mordendo os lábios.

_ Você só tá esquecendo um detalhe importante: e o Júlio? Afinal a casa é dele.

_ Não se preocupe. Eu vou dar um jeito nisso._ Abner acendeu um cigarro e ergueu a cabeça para soltar a fumaça.

...

As espumas haviam se espessado e a água já estava fria. Leandro se encolhia dentro da banheira, tentando suportar um pouco do frio, a pele estava enrugada.

Permanecia dentro da banheira por quase uma hora, para ganhar tempo de Júlio se arrumar e tomar café da manhã. A presença do marido o deixava desconfortável.

Ainda sentia o ânus doer desde a noite anterior. Não doía com a mesma intensidade daquela situação horrorosa, mas ainda se sentia humilhado da mesma forma.

Tremeu ao ver Júlio entrando no banheiro sorrindo. Sentiu o coração bater tão forte, que teve medo que Júlio ouvisse as batidas.

Desviou o rosto para evitar que a boca de Júlio encostasse na sua. O advogado estava sentado na borda da banheira.

_ Eu estou molhado e você já está pronto para trabalhar.

_ E daí? Esqueceu que sou o dono da porra toda? Eu posso me atrasar o quanto eu quiser._ Júlio disse beijando o seu pescoço e alisando o seu peito._ Você tá tão gostosinho peladinho nesta banheira. Seria um pecado não te comer.

Leandro teve o queixo puxado em direção á boca de Júlio. Recebeu o beijo sentindo repulsa.

O advogado passava a mão em suas pernas, tentando entrar entre elas para chegar no ânus. No entanto, Leandro as fechava o máximo que podia. Júlio relutava, tentando enfiar a mão. A resistência do marido o deixou bravo.

_ Que porra é essa, Leandro?!_ perguntou Júlio irritado! Detestava ter o algum empecilho para o seu prazer.

Leandro se afastou.

_ Eu não quero.

_ E por que não?

_ Porque ainda tá doendo! Você ontem me machucou. _ Leandro disse com raiva.

_ Ah, deixa de frescura!

_ Frescura?! Frescura porque não foi em você! Júlio, o seu pau é grande e grosso, e eu não estava bem lubrificado. Você meteu feito um cavalo! Doeu pra caralho!

Leandro levantou da banheira. Caminhando para pegar a toalha. A sua bunda branca e nua deixava Júlio ainda mais desejoso. Agarrou-o por trás, se esfregando nela.

_ A culpa foi toda sua por ter um cuzinho tão gostoso. Aí, sem querer, a gente acaba se empolgando._ Júlio beijava o pescoço do marido, que se contorcia. Para evitar que escapasse, segurou os seus braços e cintura.

O membro duro se esfregava entre as suas nádegas. Antes isso lhe causava tesão, mas naquele momento, sentiu raiva.

Com força, abriu os braços e se livrou de Júlio.

_ Ooooh! Eu não tô gostando disso! Você nunca nega fogo! O que tá acontecendo, Leandro?

_ Eu já te disse o que está acontecendo. Você não é idiota. Entendeu muito bem._ Leandro vestia o roupão apressado. Ficar nu na frente de Júlio o deixava incomodado.

_ Ah, para de palhaçada! Você é um saco. sabia? Todo cheio de frescurinha. A culpa é dos seus pais, que te criaram a leite e pera. Parece até aquelas garotinhas virgens, criadas em colégio de freira. Nelas esse papel fica até aceitável, mas num veado com mais de trinta anos fica ridículo.

Leandro não quis responder. Só desejava que Júlio saísse da sua frente.

_ Venha._ Júlio o puxou pelo braço, mas Leandro se esquivou.

_ Eu já falei que não!_ encarava Júlio no fundo dos olhos. Estava disposto a não ceder as vontades do marido.

_ Merda! Merda! Eu dou um duro danado por você! O mínimo que deva fazer é um cumprir o sua obrigação na cama...nem pra isso você presta. É inútil de todas as formas.

Júlio saiu revoltado, batendo a porta com violência.

Vanessa ficou confusa ao ver o pai daquele jeito. Ele nunca saía sem beijá-la no rosto. Presumiu que ele havia brigado com Leandro, o que a fez temer que as brigas constantes retornassem.

Foi até o quarto e entrou sem bater. Encontrou Leandro sentado na cama, chorando com as mãos nas pernas. A cena a desarmou. Correu até ele e o abraçou forte.

_ Pai, o que houve?!_ perguntou preocupada, acariciando o rosto dele.

Leandro enxugou as lágrimas e forçou um sorriso. Detestava a envolver nas suas crises conjugais.

_ Não é nada demais, meu amor.

_ Mentira! O meu pai Júlio saiu daqui furioso e você tá chorando! Vocês brigaram de novo? Puxa, vocês estavam tão bem! Você começou de novo com essa história de amante?! Pai, ele te ama! Faz de tudo por você! Sem contar que você é lindo! Não há motivo algum para tanta insegurança!

_ Não brigamos por ciúmes! Foi uma discussão boba de casal! Mas você sabe que eu sou sentimental...choro por qualquer coisa. Não se preocupe comigo! Vá pra escola antes que se atrase. Tá gostando da motorista nova?_ Leandro perguntou para desviar o assunto.

_ Ela é legal! Mas não tente mudar de assunto. Porra! Eu fico na bed quando vocês tretam.

_ Olha a boca! Você sabe muito bem que eu detesto quando você diz palavras de baixo calão.

_ Eu não vou me desculpar por isso. Eu tô preocupada com vocês

_ Tá bom._ Leandro acariciou os seus cabelos._ Não precisa se preocupar conosco, meu amor. Na hora do almoço, eu ligo para o Júlio e resolvo tudo. Você vai ver que na hora do jantar vamos estar tão bem, que não vai parecer que nada aconteceu.

_ Você promete?

_ Prometo._ ele a beijou no rosto._ Agora vá para não se atrasar.

_ Eu te amo. Odeio te ver sofrer.

_ Eu também te amo, meu anjo.

Vanessa o abraçou, envolvendo os braços em seu pescoço. Ficou assim por alguns segundos, sentindo o coração apertado. Despediu-se com mais beijos no rosto.

Ao ver a filha sair, Leandro trancou a porta e se jogou na cama, desabando a chorar. Ficar sob o mesmo teto que Júlio o fazia mal e teve consciência disso. Sentiu como se um véu fosse retirado dos olhos e temeu o mundo de sombras que vivia.

Quis pôr as roupas nas malas e fugir o mais rápido que pudesse. Mas sentiu como se tivesse com as mãos atadas.

Leandro foi até sala e ficou diante da parede de vidro, observando a chuva cair naquele dia cinzento. Olhou para trás para ver quem entrava na sala.

_ Leandro, tá caindo um pé d'água lá fora! A minha sorte foi que encontrei o seu Genésio no caminho e ele me deu uma carona do ponto de ônibus até aqui._ Patrícia entrou tirando os sapatos, fechou o guarda-chuva roxo de bolinhas brancas._ O porteiro mandou te entregar.

Leandro apanhou as cartas da mão da empregada.

_ Você parece estar triste! Aconteceu alguma coisa, querido?

Leandro respondeu com a cabeça de um jeito negativo. Evitou falar para a voz não sair chorosa. Patrícia presumiu que o patrão teve outra briga conjugal e sentiu pena dele. Doía muito vê-lo tem arrasado. Ela tinha muito carinho por ele, e era grata por todas as generosidades dele com ela.

Leandro sentou em um dos sofás, com a cabeça baixa. Estava tão triste que abriu um dos boletos automaticamente.

Era a fatura do cartão de crédito de Júlio, o que o marido detestava se alguém abrisse.

Os olhos de Leandro percorreram nos gastos e para a sua surpresa viu o número altíssimo que Júlio gastou em motel.

_ Isso já é demais! É muita humilhação! Muita humilhação!

Desabou novamente. Chorava sentindo uma dor forte no peito e garganta seca.

Patrícia ficou assustada ao vê-lo naquele estado de desespero. Gritou, socando o próprio corpo.

_ Eu não aguento mais esse inferno! Não aguento mais! Não quero mais essa vida! Não querooooo!

Compadecida, Patrícia correu para abraçá-lo e sentiu que as suas mãos estavam geladas.

_ O que aconteceu, Leandro?! Me diga!

_ Aquele miserável só me humilha! Só me humilha! Eu não aguento mais!

_ Quem?

_ O Julio!_ mais crises de choro._ O Júlio me traí descaradamente...olha isso!

Ele mostrou a fatura para Patrícia, que via com a mão na boca.

_ Meu deus!

_ Eu não aguento mais! Não aguento! Eu tô preso nessa merda! Vivo um inferno! Eu sou muito infeliz.

_ Calma, Leandro! Calma!_ Patrícia disse o beijando no rosto e o abraçando.

_ Eu não vou ficar mais um minuto nesta casa! Pra mim já chega! Eu vou embora!_ a sua voz estava rouca e os seus olhos vermelhos e inchados.

Leandro correu para o quarto e Patrícia foi atrás. O moreno entrou feito jato no closet, pegando uma mala e pondo algumas roupas.

_ Leandro, pelo amor de deus! Você está nervoso! Se acalme antes de tomar qualquer decisão.

_ Eu tenho que ir embora daqui! Você não sabe das coisas que passo nesta casa.

_ Eu sei, mas...

_ Você não sabe!_ Leandro gritou irritado. Eu vou morrer se continuar aqui! Vou acabar adoecendo! O meu estado emocional está fodido!

_ Leandro, você não pode dirigir deste jeito. Você está muito nervoso, homem! Faz o seguinte, me diz pra aonde você vai que eu chamo um Uber.

_ Eu não sei... só sei que tenho que sair daqui.

_ Vá pra casa dos seus pais. Como eu sei o endereço fica melhor para chamar o carro._ Patrícia digitava nervosa no celular.

_ Não diga ao Júlio e nem a Vanessa que vou embora.

_ Mas o seu Júlio vai brigar comigo, Leandro. Ele pode até me demitir. Você sabe muito bem que preciso muito deste emprego.

Leandro parou por um instante. Apoiou o braço na parede e respirou fundo. Era injusto demais prejudicar a Patrícia por causa dos seus problemas, mas Júlio não poderia saber da sua partida e muito menos do seu paradeiro. Contaria com muito gosto a Vanessa, afinal ela era a sua filha e amava muito. Contudo, a menina era ligada demais a Júlio, e, certamente, contaria a ele.

_ Faz o seguinte: Vá embora! Não volte aqui hoje. Se o Júlio perguntar alguma coisa você diz que faltou, com a minha permissão, para resolver algum assunto pessoal. Agora vá!

_ Eu vou, mas antes vou esperar o carro chegar. Não quero te deixar aqui neste estado. Eu vou pegar um copo com água e açúcar pra você e vou te ajudar a fazer as malas.

....

_ Meu deus! Filho, o que você está fazendo aqui com essas malas?

Leandro se jogou nós braços da mãe soluçando de tanto chorar.

_ O que aconteceu, meu amor?

_ Eu não aguento mais, mãe! A minha vida é inferno.

_ Venha, entre._ Ela o conduziu para dentro da sala.

Sentaram no sofá.

_ Gildaaaa! Gildaaaa, ande logo, mulher.

A empregada veio correndo para atender o chamado da patroa. Chegou na sala secando as mãos num pano de prato, já que estava lavando a louça.

_ O que foi, dona Ângela?_ ficou espantada ao ver Leandro em prantos, com a cabeça no colo da mãe._ Leandro, o que aconteceu?

_ Não é da sua conta. Vá lá dentro e traga um copo d'água pra ele.

_ Sim, senhora._ Gilda saiu correndo.

_ Não precisa falar assim com ela, mãe.

_ Ah, é uma fofoqueira. Agora me fale de você, meu amor. O que foi que aconteceu?

_ Eu saí de casa.

_ O quê?! Tá maluco?

_ Mãe, eu não aguento mais! O Júlio só me humilha. Ele tá acabando comigo.

_ Ele te bateu?

_ Não.

_ Então? Pra que essa cena toda?

_ Você nem sabe o que houve.

_ E não é difícil advinhar. Tem a ver com traição?

_ Eu peguei a fatura do cartão de crédito dele, lá estavam os comprovantes que ele frequentou vários motéis. Júlio tem chegado tarde em casa e sempre usa as mesmas desculpas esfarrapadas de sempre.

Gilda entrou com o copo d'água e entregou a Leandro.

_ Obrigado._ ele agradeceu pegando o copo e bebendo.

Angela a olhava com raiva e ela saiu da sala, retornando para a cozinha. Ficou na soleira da porta para tentar ouvir a conversa.

_ Mas isso é o de menos. Eu tenho suportado tantas coisas, mãe. Eu não tenho mais estrutura para isso. Eu tô destruido.

_ Você só pode estar brincando comigo, não é? Leandro, você tem mais de trinta anos! Pare de agir como uma menino mimado.

_ Como assim?! Eu tô sofrendo, porra!

_ Sofrendo você vai ficar se fizer a burrice de se separar do Júlio. Meu filho, você não tem nada: não tem casa, não tem emprego.

_ Como assim não tenho casa? Você não vai me deixar ficar aqui?

_ Claro que não!

_ Eu sou o seu filho! Por que você está sendo tão cruel?! O que foi que eu te fiz?!

_ Eu não estou sendo cruel. Muito pelo contrário. Estou fazendo isso para o seu bem. Você não quis se casar mesmo sendo muito jovem? E contra a minha vontade. Leandro, você abandonou a faculdade de Direito que tanto eu e o seu pai sonhamos e batalhamos que você cursasse. Foi atrás das palavras do Júlio, que te convenceu que deveria estudar o que gostava. E o que você foi estudar? Medicina? Engenharia? Não! Foi cursar Letras! Letras! Nunca trabalhou na vida, porque sempre deixou o Júlio te controlar, nem carteira de trabalho você tem.

_ Eu posso reverter isso. Posso trabalhar e me virar.

_ Não pode! Deixa de ser burro, meu filho! Eu nunca gostei do Júlio e ainda não gosto! Nunca achei que fosse homem pra você! Nós nunca fomos homofóbicos, e eu e o seu pai te aceitamos e te amamos sem se importar com a sua orientação sexual. Mas não era o Júlio que queríamos pra você. No entanto, o jogo virou. De um técnico de enfermagem fodido, Júlio se tornou um advogado e empresário muito rico, te dar uma vida de rei e nos ajuda muito.

"É muita burrice jogar tudo isso fora para viver na merda! Pensa em nós! Deixa de ser egoísta, Leandro. Se você se divorciar do Júlio, ele pode demitir o seu pai e cortar a minha mesada."

_ Pare de drama! Você pode arrumar um emprego e o meu pai já é aposentado.

_ Leandro, a aposentadoria do seu pai é uma merreca! Eu tenho cinquenta e cinco anos! Você acha que alguma empresa vai me contratar com essa idade?

_ Eu não posso continuar com ele! Júlio me faz mal.

_ Ele não te bate, não te deixa a pão e água e nem te tortura! Então pare de frescura!_ Angela gritava.

Leandro apoiou os cotovelos nos joelhos e penetrava os dedos entre os cabelos. Estava desesperado.

_ Mãe, não vire as costas pra mim. Por favor!

Angela o abraçou.

_ Meu amor, eu sou a sua mãe e te amo demais para deixar cometer está loucura. Eu sei que o Júlio é um canalha nojento. Mas é um bom marido.

_ Ele não é um bom marido, porra!

_ Vocês têm a Vanessa. Vai abandonar a su filha?

_ Não. Eu também sou o pai dela. Tenho os meus direitos. Júlio não pode me impedir de vê-la.

_ E você acha que ela vai querer te ver, meu amor? Você saiu de casa, a abandonou. Sem contar que aquela menina é mimadinha e acostumada com luxo. Você acha mesmo que ela vai querer abandonar a vida de patricinha para viver contigo num moquifo qualquer?

_ Você só está preocupada consigo mesma. Com a porra do dinheiro! Maldita hora que eu te procurei! Você tá pouco se fodendo para o meu sofrimento!

_ Oh, meu bem! Me desculpe? Eu estou nervosa!

_ Você tá me negando abrigo! Que tipo de mãe você é?!

Angela acariciou o seu rosto com as duas mãos e o beijou na testa.

_ Oh, meu bebê, desculpe a mamãe? Eu tava nervosa. É claro que não vou te negar abrigo. Se você não quer voltar para o seu marido, está tudo bem. Eu não vou mais insistir, meu anjo._ Angela pôs a cabeça dele em seu colo e o acarinhava._ Você tá tão nervoso!_ deu beijo na cabeça._ Faz o seguinte: vá para o quarto da mamãe e deite um pouquinho. Eu vou pedir para o Bruno por as suas coisas no quarto de hóspedes. Vá descansar um pouquinho.

Angela o cobriu com um edredom. Leandro ainda chorava muito.

_ Você tá tão tenso!

Ela foi até a gaveta e retirou um calmante e pegou um copo com água, que estava na mesa de cabeceira.

_ Tome um dos meus calmantes. Você vai dormir um pouquinho e acordar muito melhor.

Ele bebeu sem excitar. Estava uma pilha de nervos e sentia o peito doer.

Demorou alguns minutos para que o remédio fizesse efeito. Leandro sentiu o corpo relaxar e desligar aos poucos, até adormecer.

Angela segurava em sua mão e beijou o seu rosto.

_ Dormiu.

Soltou-o e saiu do quarto trancando a porta. Pegou o celular e ligou para Júlio.

_ Fala, sogrinha!

_ Júlio, você precisa vir imediatamente para a minha casa. Traga o meu marido contigo.

_ Aconteceu alguma coisa, Angela?

_ Aconteceu que mais uma vez você deu mole e Leandro encontrou a fatura do seu cartão de crédito. Ele viu que você frequentou vários motéis e veio para cá de mala e cuia. Disse que quer o divórcio. Francamente, Júlio, você deveria ser mais esperto e mandar que essas faturas cheguem em seu escritório e não na sua casa.

_ Como assim ele foi embora? Puta que pariu!_Julio gritou, socando a mesa.

_ Leandro chegou aqui em prantos. Eu dei um calmante forte para ele e está dormindo.

_ Eu tô indo pra aí.

_ Ok. Tchau.

Júlio desligou sem se despedir. Levantou nervoso e abriu a porta do escritório indo até a sala do sogro. Contou tudo o que aconteceu.

_ Meu deus! Leandro enlouqueceu! Como pode jogar tudo para o alto assim?_ Genaro falava nervoso. Temia perder o emprego.

_ Vá na frente e diga que eu te emprestei a porra do cartão de crédito!

_ Mas eu não posso fazer isso! A Ângela vai pensar que eu sou infiel.

_ Se você não resolver isso, ela não vai pensar que você é infiel. Ela vai ter certeza. Eu já tô puto demais, Genaro! Não me irrite

_ Tudo bem! Tudo bem! Eu vou pra casa agora tentar limpar a sua sujeira. Você vem comigo?

_ Não. Primeiro vou passar na escola para buscar a Vanessa.

_ Oh, Júlio, você não precisa envolver a menina nisso. Isso é problema de adulto.

_ O que eu faço ou deixo de fazer com a MINHA filha não é da sua conta!

_ Tudo bem! Não está mais aqui quem falou.

...

Vanessa não estava nem um pouco interessada em equações. Aquelas imagens do quadro junto com as palavras da professora eram ignoradas por ela. Preferia verificar o número de curtidas que o seu último posto recebeu. A foto era uma selfie tirada com as duas melhores amigas. Elas estavam diante do grande espelho do banheiro fazendo biquinhos com os lábios pintados de vermelho.

_ Olha amiga, o Henrique curtiu a nossa foto._ Vanessa mostrava a tela do celular para a amiga que estava ao seu lado._ Aaaah! Ele é tão lindo!

_ Será que as bonitas podem compartilhar com a turma o que tanto as animam?_ a professora perguntava com ironia.

_ Não. É assunto particular._ Vanessa respondeu empinando o nariz.

_ E você acha de ficar de conversinha na minha aula?

_ Lógico! Sua aula é chata pra caralho.

A turma inteira gargalhavam, deixando a professora irritada.

_ Você está muito respondona. Eu não sou paga para aturar as suas malcriações.

_ Ah, é sim. O meu pai paga a mensalidade desta escola, que é muito cara por sinal, e com isso você recebe o seu mísero salário. Logo, você é paga para me aturar sim.

_ Abusada! Já para a direção!

Vanessa se manteve sentada com os braços cruzados.

A inspetora entrou na sala de aula naquele momento. Tinha a expressão séria.

_ Vanessa, venha comigo.

_ Iiiiiiii!_ gritou os colegas de classe da menina.

_ Ainda bem que você veio. Assim antecipou a saída dessa abusada.

_ Com certeza qualquer lugar é melhor do que a sua aula chata._ Vanessa levantou, pondo a mochila nas costas. Saiu digitando no celular.

_ Já digo que não posso ficar até depois do horário. Tenho horário marcado no cabeleireiro.

_ Você não ficará depois do horário. Eu conheço bem a sua fama de petulante e por causa disso já foi diversas vezes para a direção. Mas, desta vez é diferente. Um dos seus pais veio te buscar.

_ Um dos meus pais? Qual?

_ O que quase não vem aqui...o advogado.

_ Júlio?!

_ Sim. Ele parecia aflito.

Vanessa sentiu um tremor pelo corpo. O seu coração batia muito forte. Pais irem buscar os filhos na escola antes do horário nunca era um bom sinal.

O desespero bateu ao ver Júlio chorando no estacionamento. Ver os seus pais sofrerem feria o seu coração.

Quis correr até ele com os braços abertos, mas as suas pernas não obedeciam, estavam bambas demais. Caminhou com dificuldade. Teve medo da notícia que viria a receber.

_ Pai!_ a menina disse chorando.

_ Oh, meu anjo. A minha vida acabou! Acabou!

Júlio a abraçou apoiando a cabeça em seu ombro. Alguns minutos antes de chegar na escola, se concentrou para forçar as lágrimas a descerem, para impressiona-la.

_ O que aconteceu, paizinho?_ Vanessa estava trêmula, sentindo as pálpebras vibrarem.

_ O seu pai foi embora. Leandro nos abandonou.

_ Como assim?! Hoje de manhã eu falei com ele... ele me disse que tava tudo bem...que vocês iam se acertar.

_ Ele foi embora! Nós o perdemos... tá doendo muito, minha filha.

_ Por que ele foi embora?! Pra aonde ele foi?

_ Houve um mal entendido. Eu emprestei o meu cartão de crédito para o seu avô. Ele usou para pagar uma hospedagem num motel. Como Leandro estava com a cabecinha cheia dos venenos da Valéria, ele pensou que fossem minhas e foi embora... não me deu uma chance para me explicar...eu não vou aguentar viver sem ele. Leandro é amor da minha vida! Eu não quero mais viver... não quero.

_ Calma, pai! Não diga essas coisas que você me machuca.

Vanessa o abraçou forte, querendo protegê-lo.

_ Você precisa me ajudar, minha filha. Eu odeio te envolver nos meus problemas com o seu pai, mas estou tão desesperado que não me resta outra alternativa.

_ Tudo bem! Tudo bem! O que eu puder fazer eu vou fazer para poder levar o meu pai para casa.

_ Obrigado, meu amor. Obrigado._ Júlio a beijava no rosto, molhando-a com as suas lágrimas._ Leandro foi com as malas para a casa dos seus avós. Deve estar com muito ódio de mim e não quer me ver. Se você for até lá e pedir para ele voltar, quem sabe ele repense.

_ Tudo bem. Vamos até á casa dos meus avós.

Júlio segurou nas mãos geladas e trêmulas da menina. Olhou-a com tanta tristeza que a fez chorar.

_ Meu amor, você precisa ser convincente. Leandro está nervoso, não chegue brigando com ele. Mostre a ele o quanto está triste, diga que o ama muito e que não quer viver sem ele. Por favor, meu anjo, me ajude a salvar a nossa família.

_ Tudo bem, pai. Tudo bem._ Vanessa se atirou nos braços do pai, estava desesperada.

_ Você tem que conseguir me ajudar a levar o Leandro de volta para casa. Eu sou capaz de cometer uma loucura se ele não voltar.

_ Não diga isso, pai. Por favor! Eu prometo que vou resolver ...eu prometo.

....

_ Ainda bem que vocês já chegam. Eu estava aflita._ Angela abriu a porta para que Júlio e Vanessa entrassem.

Desesperada, a menina correu para os braços do avô, buscando consolo.

_ Cadê o meu pai?

_ Eu dei um calmante pra ele. Está no quarto dormindo.

_ Eu quero falar com ele. Pedir para que volte pra casa.

_ Tudo bem. Mas faça o maior drama que você puder. Chore se for preciso, mas convença o seu pai a voltar para a casa.

_ Ok, vovó.

_ Vá! Suba e fale com ele.

Vanessa subiu as escadas correndo gritando por Leandro.

_ Tomara que ela consiga convencê-lo a desistir desta loucura.

_ Ela vai, minha sogra. A minha filha sempre consegue o que quer._ Júlio sentou no sofá com as pernas cruzadas, acendeu um cigarro e fumou tranquilo. Em seu rosto não havia nenhum resigno de tristeza ou preocupação.

_ Eu não concordo nada nada de ter envolvido a menina nesta história. Olha como ela está tensa. Isso pode prejudicar a saúde dela.

Angela olhou para o marido com muito ódio.

_ Pode deixar que a sua fedelha favorita não vai quebrar, Genaro.

_ Ei! Eu não gostei do jeito que você falou da minha filha. E você, meu sogro, guarde a sua opinião para si. Ninguém aqui está interessado nela. Agora pare de falar e me dê um copo de whisky. Essa situação me deixou nervoso.

Genaro obedeceu indo ao bar servir o genro.

Leandro despertou assustado com os gritos chorosos de Vanessa. Ela entrou no quarto como uma furacão. Estava vermelha de tanto chorar e se jogou nos braços do pai.

_ Pai, pelo amor de deus, não me abandone! Por favor!

Leandro a abraçou meio zonzo de sono. Demorou alguns segundos para perceber o que estava acontecendo. Ficou revoltado ao ver que usaram Vanessa. Sentiu-se traído pela mãe, na certa ela o sedou para ter tempo de avisar a Júlio.

Ver Vanessa naquele estado o machucou ainda mais. Odiava ver a filha sofrer. Sempre fazia de tudo para priva-la dos seus problemas.

_ Eu não acredito que eles te contaram! Meu deus, você é só uma criança.

Ficou ainda mais desesperado quando percebeu que a filha trêmula.

_ Pai, você precisa voltar para a casa! O meu pai pode te explicar o que aconteceu! Não nos abandone.

Leandro a abraçou e beijou a sua face.

_ Meu amor, fique calma!

Vanessa falava rápido demais, atropelando as palavras.

_ Calma, querida!

_ O Júlio...o Ju...ele tá muito mal...eu tenho medo que ele faça uma loucura...eu... Aiii!

_ Calma, Vanessa.

Vanessa pôs a mão no peito, não conseguia falar, fechava os olhos, contorcendo o rosto.

_ Você tá sentindo alguma coisa?!

_ Uma dor forte...aaaaaa!

_ Onde tá doendo?

Vanessa apontava para o peito.

_ Vanessa! Meu bem, fique calma! Meu amor!

A visão da menina foi ficando turva, apagando aos poucos até desmaiar no colo dele.

_ Vanessa! Vanessa!_ Leandro gritava desesperado, dando leves tapinhas no rosto da filha, desejando que ela acordasse.

Levantou nervoso e a pôs em seu colo.

Júlio arregalou os olhos assustado ao ver o marido com a filha nos braços, deixou o copo cair no chão e correu até eles.

_ Não toque nela! Tá satisfeito? Ninguém mandou vocês envolverem a minha filha nisso! Seus filhos da puta, traidores!

_ Ah, meu deus, minha menina!_ Genaro gritou desesperado.

_ Se alguma coisa grave acontecer com a minha filha, eu te mato, seu desgraçado!

_ Venha, vamos levá-la para o hospital._ Júlio disse desesperado. Estava arrependido pelo que fez. Desejou muito voltar algumas horas atrás e não ter ido buscar Vanessa.

Leandro sentou no banco de trás, apoiando a cabeça da sua filha em seu colo. Beijava-lhe o rosto, enquanto chorava. Júlio dirigia nervoso.

Vanessa foi acordando aos poucos.

_ Filha! Filha! Amor!_ Leandro disse um pouco aliviada por ver que a menina abria os olhos._ meu amor, você está bem?

_ O que tá acontecendo aí? Ela acordou?

Leandro não o respondeu, apenas o olhou com ódio.

Genaro e Angela chegaram alguns minutos depois. Encontraram Júlio e Leandro na sala de espera particular, um tipo de ambiente reservado para clientes vips.

Tenso, Júlio andava de um lado para o outro. Leandro aguardava sentado com o cotovelo apoiado na perna dobrada sobre a outra. Estava sério.

_ Como ela está?_ Genaro perguntou tenso.

Angela sentou calmante. Internamente, estava satisfeita com o desmaio de Vanessa. Afinal, depois da crise de pânico da filha, com certeza, Leandro voltaria para a casa.

_ Ela teve um crise de nervoso. Está sendo medicada com Clonazepam._ Júlio respondeu.

_ Coitadinha da menina. Toda está situação a deixou nervosa._ Angela disse fingindo tristeza.

_ Eu tô com nojo de todos vocês! Como puderam usar a Vanessa? Ela é só uma criança porra! Não tinham nada que falar com ela!

_ Ela precisava saber, meu filho.

_ Não precisava, mãe! Você me traiu! Eu te pedi para não falar com esse verme! Não falar com ninguém! O que você tinha que se meter e dar com a língua nos dentes?

_ Eu fiz pelo seu bem. Para salvar a sua família!

_ Minha família é o caralho! Você não queria perder a mamata que tem com esse adúltero! Você não o suporta. Aliás, vocês três não se suportam. São uns falsos! Três judas!

_ Não fale assim conosco, Leandro! Me respeita que sou a sua mãe!

_ Você não merece o título de mãe! Mãe de verdade se importa com a felicidade dos filhos. E você me joga na boca do leão só para poder levar vantagens financeiras.

_ Leandro, eu sei que você está nervoso. Todos nós estamos, mas procure se acalmar.

_ Todos nós não, pai. Eu estou nervoso. Eu sou o único aqui que me importo com a Vanessa.

Júlio o olhou revoltado e gritou:

_ Se importa é o caralho! Se se importasse tanto assim com a nossa filha não teria saído de casa como uma puta fugitiva. Você saiu sem avisar a ninguém, deixou todo mundo desesperado. Se tem um culpado por Vanessa está do jeito que está a culpa é sua! Você a tortura com os seus chiliques! Até a agredi você já agrediu! A minha vontade é de partir a sua cara pelo mal que está fazendo a ela!

"Custava me ligar para resolver os nossos problemas como um homem? Mas não, você foi correndo para a casa da mamãe fazendo ceninha de novela mexicana! Você deixou todo mundo em desespero! Ainda briga com a sua mãe por me avisar? Vê se cresce, Leandro! Como você acha que a sua filha ia reagir quando chegasse em casa e não te encontrasse? Parou para pensar o quanto ela ficaria assustada? Não. Você não pensou! Estava mais preocupado consigo mesmo."

Leandro caiu no choro, penetrando os dedos entre os cabelos. Pensou no quão irresponsável foi e se sentiu culpado pelo que aconteceu com a filha.

_ Você faz mal a nossa filha, Leandro. Por que é tão cruel com ela?

_ Júlio, para! Para!

_ Parar?! Eu parar?! Você quem deve se controlar. Olha aonde os seus chiliques levaram a Vanessa.

_ Filho, fique calmo._ Genaro se compadeceu, pondo a mão no joelho de Leandro._ Tudo não passou de um mal entendido. O seu marido havia me emprestado o cartão e eu fui ao motel com a sua mãe.

Leandro se afastou do pai num rompante.

_ Saia de perto de mim! Vocês acham que eu sou algum idiota? Acham?!

_É verdade, Leandro. O seu pai está velho, mas não está morto. Pais também transam._ Angela respondeu.

_ Cala a bocaaaaa, vocês dois são uns monstros! Será que não está vendo o que esse cara faz comigo?! Não estão vendo como ele me deixa? Júlio faz da minha vida um inferno! Ele tá me torturando psicologicamente bem na frente de vocês e mesmo assim mentem para defender esse demônio!

_ Leandro, se acalme!

_ Vão todos vocês para a puta que pariu! Os três estão mortos pra mim!

Leandro saiu batendo a porta. Estava tão sufocado que foi para o lado externo do hospital chorar e tentar respirar com um pouco de alívio.

Retornou para dentro alguns minutos depois, quando recebeu a mensagem de Vanessa, dizendo que queria vê-lo.

Ele entrou no quarto tentando manter o equilíbrio para não a deixar nervosa. Sorria e a abraçou. A menina estava um pouco tonta por causa dos efeitos do medicamento.

Júlio segurava a sua mão do outro lado da cama, acariciava o seu rosto, se sentindo aliviado por Vanessa estar bem.

Leandro segurou a sua outra mão.

_ Você está se sentindo melhor, meu amor._ Leandro perguntou sorrindo e beijando a sua testa.

_ Estou sim, pai. Só estou com sono...muito sono._ ela disse bocejando.

_ Isso é normal. São efeitos do remédio.

_ Você vai voltar pra casa conosco? O vovô pode explicar que...

_ Xuuuu! Não se preocupe com este assunto. Você precisa descansar. Daqui a pouco, nós vamos para a casa.

_ Então, você vai com a gente?

Ele confirmou com a cabeça.

_ Ah, que bom! Eu amo tanto vocês!_ ela disse apertando as mãos deles no seu peito.

....

_ Vai filha, come mais um pouquinho.

Leandro estava sentado na cama de Vanessa. Ela já havia tomado banho e vestido o pijama de calça rosa choque e uma blusa de mesma cor com a estampa do Patolino. No seu prato, havia alguns legumes como chuchu, cenoura e couve-flor cozidos ao vapor e regados com um fio de azeite de oliva, que ele mesmo havia preparado.

_ Pai, eu não consigo comer.

_ Mas você tem que comer. Garanto que não pôs nada no estômago desde o café da manhã.

_ É sério, pai. Quando eu fico tensa, sinto um nó aqui na garganta que me impede de mastigar._ Ela disse apontando para o pescoço._ talvez se fosse alguma comida líquida, descesse de boa. Peça para a Patrícia preparar um caldo.

_ A Patrícia não veio hoje. Teve que resolver uns problemas pessoais. Eu vou pedir em algum restaurante.

Leandro se sentiu inútil por não saber cozinhar o caldo que a filha pedia. Estava devastado, mas procurava manter a calma na frente dela.

Assim que o pedido chegou a serviu e permaneceu ao seu lado, assistindo TV com ela.

Júlio entrou já vestido com um short de dormir e o peito nu. Sentou do outro lado da cama de casal da filha e a beijou.

_ Está melhor, meu bem?

_ Hã, ram! E você, paizinho?

_ Bem melhor agora por te ver bem.

A presença de Júlio incomodava tanto a Leandro, que se tornou quase insuportável. Quis se afastar.

_ Eu vou tomar um banho. Estou morto._ disse beijando Vanessa e saiu.

A ducha o relaxou um pouco. Estava com um pouco de sono. A carga emocional que viveu naquele dia o deixou exausto. Ao sair do box, enrolou uma toalha branca em volta da cintura e caminhou para o closet. Sentiu um refluxo ao ver Júlio sentado numa cadeira com os braços cruzados.

Prendeu a respiração e a soltou aos poucos, tentando manter o equilíbrio. Percebeu que Júlio se alimentava da sua aflição e não estava disposto a da-lo esse gostinho.

_ Nós precisamos conversar.

_ Eu não tenho nada para conversar com você, Júlio.

Leandro não se sentiu bem em se despir na frente do marido. Os olhos de Júlio sobre o seu corpo o incomodava. Contudo, queria sair o mais depressa dali e se vestiu o mais rápido possível.

Júlio se levantou e foi até ele. Puxou-o pelo braço para abraçá-lo.

_ Nós temos que conversar sim, meu amor.

_ Eu já falei que não quero falar contigo!_ Leandro puxou o braço de volta.

_ Eu não te traí! Eu realmente emprestei o meu cartão para o seu pai! Ele me disse que estava com problemas com o dele! Meu amor, eu te amo tanto! Você sabe disso.

_ Eu não quero saber se você me traiu ou com quem me traiu! Aliás, esse tipo de informação não me desperta nenhum interesse. A única coisa que quero é o divórcio!

_ Não terá divórcio! Você é o meu marido e sempre será. E nem pense em pedir ajuda a sua amiguinha piranha. Eu não vou medir esforços para prejudica-la se se meter no meu caminho.

_ Eu moro na sua casa por um tempo, por causa da nossa filha, mas o seu marido eu não sou mais._ Leandro retirou a aliança e pôs no peito de Júlio, saindo do local.

Vanessa olhou para o lado para ver quem abria a porta.

_ Pai!

Leandro sorria com os travesseiros nas mãos. Deitou ao lado dela e a abraçou.

_ Me deixe dormir contigo hoje, minha princesa?

_ Uh, é! Por quê? Você e o meu pai não se acertaram?

_ Eu já disse para não se preocupar com isso. Eu só quero assistir um filme com a minha bebê.

_ Eu bebê? Ah, fala sério, pai! Eu sou uma mulher!

_ Não é mesmo. Você pode ter a idade que for, que sempre será a minha bebê.

Ela sorriu.

_ Se você tá dizendo... Que filme vamos assistir? Nada daquelas chatices cults que você curte de Stanley kubrick...aquele Laranja mecânica é um porre!

_ Engano seu, senhorita. Tanto o livro quanto o filme são maravilhosos!

_ Ah, "ótimos" dar um sooooono!

_ Boba! Mas hoje não vamos assistir nada cult. Tava pensando num filme para adolescentes da minha época.

_ Piorou! Vai de quê? Clube dos cinco ou Namorada de aluguel?

_ Deixa de ser debochada! Você sabe que não sou dessa época. Para o seu governo eu fui adolescente nos anos 2000.

_ Nem me vem com High school musical, odeio musicais.

_ Não! Vamos de um clássico...Mean Girls.

_ Meninas malvadas? O filme dos memes da Regina George?

_ Este mesmo.

_ Ah, para! Esse filme deve ser um saco!

_ Aí que você se engana! Eu assisti no cinema quando tinha a sua idade.

_ Ah, pai!

_ Pare de ser reclamona e não julgue antes de assistir.

_ Tá bom!_ Vanessa disse revirando os olhos para cima.

Leandro pôs o filme no streaming e apagou a luz. A medida que passava as cenas, Vanessa foi mudando de opinião e adorando o longa metragem.

_ Pai, isso é muito bom! Por que eu não vi isso antes?

Ele a olhava entristecido, enquanto ela estava distraída olhando para a tela. Sentia-se culpado por seu desmaio. Apoiou a cabeça em seu ombro e segurou na sua mão, prometendo a si mesmo, em pensamento, que faria de tudo para que ela não fosse atingida com os seus problemas emocionais.

...

No dia seguinte, Leandro se manteve no quarto de Vanessa até que ela e Júlio saíssem de casa. Estava tão infeliz que sentiu uma necessidade do abraço de Valéria. Ele não gostava de incomodá-la no seu trabalho, mas precisava muito desabafar.

Valéria ficou preocupada com um dos funcionários a avisou que Leandro queria falar com ela.

_ Mande ele entrar.

Leandro entrou no escritório da amiga a abraçando.

_ O que aconteceu, bijuzinho? O que aquele filho da puta fez contigo?

Ela percebeu que Leandro tinha olheiras e uma expressão de cansaço.

_ Você tem um tempinho para conversar comigo? A conversa vai ser longa.

_ Claro, meu amor. Pra você eu tenho todo o tempo do mundo._ ela disse segurando em sua mão.

Ambos sentaram num sofá roxo de modelo retrô que ficava no escritório. Leandro narrou toda a história se esforçando para não chorar.

Valéria ouvia com raiva.

_ Que filhos da puta os seus pais! Bando de abutres! Que desgraçados! Você tá cercado de cobras...puta que pariu! Por que você não foi para a minha casa, Leandro? Você sabe muito bem que os seus pais são puxa saco do Júlio.

_ Eu nem pensei nisso. Estava tão tenso! Eu só queria sair daquela casa.

_ Cara, eu já tinha ódio do Júlio, mas depois do que ele fez contigo no sexo, eu tô com mais ódio ainda. Isso foi estupro, Leandro!

_ Não foi. Eu não pedi para parar. Fui tão fraco que acabei deixando ele me humilhar...eu tô com tanta vergonha!

Leandro deitou a cabeça no ombro de Valéria.

_ Foi estupro sim! Você disse que não estava curtindo e mesmo assim ele continuou. Te coagiu emocionalmente.

_ Eu me sinto estranho, sabe? Como se tivesse despertado de um sono profundo. Mas foi de uma forma brutal, como se tivesse acordado com uma pancada na cabeça...amiga, o Júlio não é o homem que eu me permitia me iludir...ele é horrível! É um monstro!

_ Isso é muito bom, bijuzinho. É sinal que você está desapegando da praga. Olha, nem a aliança você está usando, meu amor! Você tá livre!_ Valéria o beijou na face.

_ Não estou usando e nem vou usar mais. O meu casamento acabou.

_ Aí, meu deus! Como eu sempre quis ouvir isso!_ Valéria se ajoelhou no chão e ergueu os braços para cima._ obrigada, senhor! Obrigada por atender as minhas preces. Agora você pode ir lá pra casa. Vou mandar a Soraya preparar o quarto de hóspedes pra você. Do jeito que ela te adora, vai deixar o quarto um brinco.

Valéria pegou o celular para mandar mensagem para a empregada. Leandro desejou muito ir morar com a amiga, no entanto, recordou das ameaças de Júlio e teve medo.

_ Espere! Eu não vou para a sua casa.

_ Como não?! Você vai sim e ponto final.

_ Amiga, ontem eu tomei atitudes de cabeça quente e deu no que deu. Eu vou me separar do Júlio sim, mas vou fazer tudo do jeito certo. Primeiro vou consultar um advogado para ver como vai ficar a minha situação com a Vanessa. Eu quero a guarda dela...no máximo aceito uma guarda compartilhada. Depois, vou me estabelecer financeiramente. Vou procurar um emprego e em seguida, um lugarzinho para alugar.

_ Bijuzinho, a advogada será a minha, a doutora Cecília Castro, ela é muito boa. O emprego você vem trabalhar comigo e a casa você pode ficar no meu apartamento até encontrar um para alugar.

_ Não, amiga. Eu não quero te envolver nisso. Eu conheço o Júlio e sei que ele pode te prejudicar. Eu vou resolver tudo sem te envolver.

_ Que se foda o Júlio! Eu não tenho medo daquela serpente.

_ Mas eu tenho.

_ Leandro...

_ Por favor, Val.

_ E aí? O Júlio vai fazer o bom moço, dizer que está arrependido, te agradar e balançar a pica aí você vai correndo igual uma cadelinha. Leandro, se você não tomar uma atitude, nunca vai sair desse ciclo vicioso.

_ Valéria, eu não vou voltar atrás! Me dê um voto de confiança! Eu não posso sair de casa assim do nada. Eu não quero prejudicar a minha filha! Eu vou resolver a situação e vou explicando aos poucos para a Vanessa o que está acontecendo, para que ela vá se acostumando.

_ Já que estamos na merda, então vamos ficar de vez. Eu tenho um informante no escritório do seu marido. Eu fiquei sabendo que o casal Abner e sei lá quem não existe. Eram atores contratados para te enganar. Júlio é tão maligno que montou um teatro inteiro só pra te fazer de bobo. E aí? Vai continuar com este homem?

_ Não vou! E e isso é até bom. Sinal que o tal do Abner é amante dele. Quem sabe Júlio não se apaixona por ele e me deixa em paz?

....

_"A semana inteira

Fiquei esperando

Pra te ver sorrindo

Pra te ver cantando

Quando a gente ama

Não pensa em dinheiro

Só se quer amar

Se quer amar

Se quer amar."

Abner cantava tão alto quanto o volume do seu som do carro. Dirigia feliz naquele dia ensolarado. O seu momento The Voice foi interrompido com a ligação de Valéria.

_Oi, Valéria! Tudo bom?

_ Oi, Dimitri! Será que você tem um minuto para falar comigo? É sobre o Leandro.

_ Sobre o Leandro eu tenho todo o tempo do mundo.

_ Beleza. Me encontre daqui a uma hora no restaurante Giovana, o que fica no shopping só centro da cidade.

_ Ok.

_ Bom dia, querido. Tchau.

Ao contrário de Valéria, Abner foi pontual. Ela chegou com alguns minutos de atraso em cima dos seus saltos pretos, vestia uma calça jeans escura, uma blusa preta e uma jaqueta branca.

Aproximou-se de Abner dando três beijos em seu rosto e sentou pondo a bolsa preta e branca no colo.

_ Como vai, querido?

_ Bem. E você?

_ Uma merda! Pena que não posso fumar. Maldita lei que proibi fumar em lugares públicos!_ Ela chamou o garçom com as mãos.

_ Boa tarde, senhores. O que desejam?

_ Eu quero o de sempre.

_ Já sei. Ravioli.

_ Isso mesmo. E o senhor?

_ O mesmo que o dela.

_ Para beber?

_ Traga uma garrafa de vinho...a melhor da casa.

_ Sim, senhora.

Os pratos não demoraram muito a chegar, esse era um dos motivos que Valéria gostava de frequentar aquele restaurante. Além da rapidez, ofereciam comidas deliciosas.

Enquanto almoçavam, Valéria contou a Abner tudo o que ocorreram com Leandro. Cada palavra vindo de Valéria fazia aumentar o ódio em Abner. Estava tão furioso, que não disfarçava a cara amarrada.

Odiava o fato como Leandro era tratado por Júlio e desejou mata-lo.

_ Que filho da puta!_ disse socando a mesa._ Como ele tem coragem de fazer isso? Aquele verme deveria dar graças a deus por ter um homem como Leandro! Aaaai! Que ódio!

_Isso é incontestável! Mas eu não te contei tudo isso sem motivo. Apesar de ser todo certinho, Leandro ficou muito mexido por você. Ele está vivendo uma fase muito conturbada e precisa relaxar. Caso contrário, vai pirar! E aí que você entra. Agora sim vamos falar de negócios.

_ Como assim?

_ Eu sei que você tem o seu trabalho. Bonito e jovem desse jeito deve ter muitos clientes. Mas eu estou disposta a pagar o quanto for para você dar uma atenção especial ao meu amigo. Quero te propor que fechamos um pacote. Você me diz o seu valor mensal e eu te pago como se fosse um salário. Você só terá que tratar o Leandro muito bem, mas muito bem mesmo. Não se preocupe com o dinheiro, eu pago bem. É só dizer o valor.

Abner permaneceu em silêncio por alguns segundos. Olhava para ela inexpressivo.

_ Eu não quero.

_ Dimitri, por favor! O meu amigo está precisando de um pouco de alegria.

_ Eu vou dar todas as alegrias possíveis para o Leandro, mas não quero receber por isso. Leandro merece ser feliz e eu vou fazê-lo feliz..mas não vou fazer isso por dinheiro. Eu gosto muito dele. Não se preocupe, vou me dedicar a cuidar do meu bebê.

Valéria sorriu e o abraçou.

_ Ah, eu fico tão feliz por isso! Você gosta mesmo dele não é?

Abner a olhou percebendo que sim.

...

_ Eu vou acabar com aquele desgraçado! Como ele pode ser tão cruel com uma pessoa tão boa?!

_ Calma, Abner!_ Lorena pedia assustada vendo a fúria no rosto de Abner.

_ Lorena, eu já havia percebido que Júlio era um lixo de pessoa, mas daí descobri que ele é mais do que isso! Ele é cruel! É tóxico e manipulador! Caralho! O Leandro não merece isso! Não merece!

_ Abner, acho melhor você se acalmar!

_ Eu não quero me acalmar, Lorena! Quero destruir o Júlio! Quero que ele pague por tudo que fez ao Leandro. Agora eu não quero mais só o dinheiro dele, quero vê-lo na merda! Quero fazer com que pague por cada lágrima que fez o Leandro derramar!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 28 estrelas.
Incentive Arthur Miguel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Quanta gente escrota, caralho! E o Abner não sai por menos, é capaz de ser igual ao Julio com o tempo.

1 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil de Ana_Escritora

Sério, aquele despertar do Leandro na força do ódio soltando fogo com os pais no hospital precisa ser mantido. Ele não pode se render ao Júlio de novo. Pelo amor de Deus que ele siga em frente.

1 0