Uma carona inesperada ㅡ Cap 4

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Gay
Contém 2473 palavras
Data: 10/09/2021 02:29:25
Assuntos: Amor, Gay, Homossexual

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Já fazia quatro anos que eu estava viajando pelas cidades mais belas do nosso país.

Tudo que eu estava vivendo, estava sendo um grande aprendizado em minha vida.

Conheci pessoas maravilhosas, outras nem tanto, mas em sua maioria, eram como se fossem da família.

Durante esse tempo voltei para casa pelo menos nos finais de ano, para passar o Natal e Ano Novo com minha família; era sagrado e minha vó não me perdoaria se acaso eu dissesse que não iria.

Pelo menos as despedidas foram ficando menos dramáticas, mas os sermões só aumentavam. Eles eram muito protetores, preocupados e me faziam prometer que ligaria em qualquer situação.

Por mais promessas que eu fizesse, era difícil pedir ajuda em todas as necessidades. Ainda mais para pedir ajuda no dia que fui assaltado.

Jamais em toda minha vida senti um medo tão grande.

Foi em um momento de descuido que parei no acostamento para fazer xixi e um rapaz em uma moto me abordou, levando todo dinheiro que estava em meu bolso. Foram apenas alguns segundos, que parecia ter durado uma eternidade.

Por sorte estava vindo um carro logo atrás e o motorista percebeu o quê estava acontecendo e começou a parou para me ajudar. Ele era um Policial Rodoviário Federal e estava indo para casa.

O assaltante se apavorou e pegou somente o dinheiro que estava em meu bolso e se foi.

Eu estava tremendo e, me vendo em estado de choque, o PRF se ofereceu para me acompanhar até a delegacia.

Agradeci a ajuda e ele foi me escoltando.

Fizemos o B.O e, preocupado, perguntou se eu não queria comer alguma coisa e que ele pagaria, pois eu havia falado que o cara tinha levado todo o dinheiro que estava comigo, mas ele não tinha levado meu cartão, então, ele não precisa se preocupar.

ㅡ Você teve a sorte dele ter se apavorado quando me viu, garoto. Poderia ter te acontecido coisa pior.

ㅡ Pensei que ele ia atirar, por estar com a arma na minha cabeça. Em 4 anos nas estradas, jamais imaginei que isso iria acontecer comigo.

ㅡ Está viajando sozinho? Não é muito jovem pra isso?

ㅡ Sim, estou sozinho. Jovem eu sou, mas é o quê eu escolhi pra mim e gosto do modo como eu vivo.

ㅡ Corajoso! Vou te dar o meu cartão, caso fique aqui pela região, me liga se precisar de alguma coisa.

ㅡ Obrigado! Bom, vou precisar de um trabalho temporário, preciso reaver o valor que o cara me tomou. Sou mecânico e dos bons, se souber quem esteja precisando de alguém pra trabalhar, pode me avisar?

ㅡ Claro! Será um prazer te ajudar. E se cuida!

Nos despedimos, agradeci mais uma vez a ajuda e procurei um estacionamento para passar a noite, pois fiquei com medo do assaltante acabar se encontrando comigo pelas ruas.

Por sorte eu tinha minha reserva no banco e não passei perrengue, mas precisava trabalhar.

Fiquei pela cidade de Santo Antônio de Jesus e dois dias depois, André, o PRF que havia me ajudado, me ligou dizendo que tinha conseguido um trampo na oficina de um amigo.

Fiquei quinze dias trabalhando com o seu Cabral e nesse meio tempo o delegado entrou em contato comigo dizendo que haviam encontrado o rapaz que me assaltou e que era pra eu ir até a delegacia fazer o reconhecimento e assim o fiz.

O salafrário tinha cortado o cabelo, mas eu jamais esqueceria aqueles olhos me encarando com tanta frieza.

Fiz o reconhecimento do indivíduo e fiquei mais aliviado por ele ter sido preso.

Fiquei mais um tempo em Santo Antônio de Jesus. Acabei me simpatizando com a cidadezinha e fiz alguns amigos muito queridos.

De vez em quando o André aparecia no estacionamento para saber como eu estava e em uma de suas visitas, acabamos ficando.

Difícil foi me despedir dele, pois insistiu para que eu ficasse mais um tempo e eu não estava afim de me envolver com ninguém.

Ele acabou entendendo e me fez prometer que se eu voltasse à cidade, ligaria para ele.

Meu próximo destino, era a cidade de Bom Jesus dos Milagres. Um lugar lindíssimo, com praias de areia branquíssimas; era um paraíso na Terra.

Assim que cheguei, liguei para meu tio, que no primeiro toque me atendeu.

Conversamos e me perguntou se estava tudo bem, pois havia sonhado comigo.

Não contei sobre o assalto, já que estava tudo certo e não queria que ele ficasse preocupado.

Estávamos conversando amenidades, enquanto eu lavava a louça e dado momento ele deu um gritinho, como se tivesse algo muito importante para me dizer. Comecei a rir, claro!

ㅡ Nem te conto quem apareceu aqui na loja. ㅡ Ele estava bem entusiasmado.

ㅡ Oxi! Eu conheço?

ㅡ Uhum, bem pouco, mas conhece. Menino do céu, ele estava tão bonito.

Não sei como, mas rapidamente me lembrei do Maurício, o cara que eu atendi, antes de viajar.

Era como se um filme tivesse se passando na minha cabeça. Já fazia tanto tempo e nem sei como ainda me lembrava do seu nome.

ㅡ Maurício?! É ele?

ㅡ Exatamente! Perguntou de você e queria saber se você estava bem. Ficamos um tempão conversando sobre você.

ㅡ Caramba! Ele é um gato! Queria ter uma chance com ele kkkk.

ㅡ Olha, não é por nada, mas certeza que ele é Bissexual. Sinto o cheiro de longe. Ele estava tão interessado em você.

ㅡ Poxa tio, eu nem me lembrava mais do cara, aí vem você todo empolgado dizendo que ele apareceu aí!

ㅡ Me desculpa! Quem sabe quando você voltar, não acabam se encontrando?

Conversamos mais um pouco e desliguei para jantar, estava morrendo de fome.

Não sei porque, mas a imagem do Maurício vinha toda hora na minha cabeça e estava difícil parar de pensar nele.

Vi uma notificação no meu celular enquanto jantava e era o Fernando. Queria saber onde eu estava, pois queria se encontrar comigo.

Quase sempre nos falávamos, claro que não todos os dias, pois ele viajava muito para o Chile, mas todas as vezes que tínhamos uma oportunidade, nos encontrávamos por essas estradas.

Conversamos um pouco e relembramos o dia que ficamos pela primeira vez. Era gostoso ouvir sua voz ao telefone e boas lembranças foram revividas. Saudades!

Aproveitei bastante minha estada em Bom Jesus dos Milagres. Fiquei exatos três meses na cidade, trabalhando em uma oficina há poucos metros da praia. Estava quase querendo fixar morada naquele pedaço de céu, mas de uma hora pra outra decidi antecipar minha volta pra casa.

Voltaria para meu aniversário, pois fiquei 2 anos sem comemorar em família e queria muito estar com eles.

Organizei tudo que eu precisava para voltar e decidi fazer uma surpresa para meu tio e meus avós. Eles iriam adorar.

Enquanto não chegasse o dia, resolvi pegar estrada e ir até a cidade de Florência.

Queria visitar uma das maiores quedas d'água do estado. Seriam três dias acampando.

Refiz todo meu etinerário e fiz uma revisão básica na Lata Velha; queria ela toda arrumadinha para pegar estrada novamente.

Eu estava na metade do caminho, quando resolvi parar para abastecer.

Enquanto o frentista completava o tanque, aproveitei para olhar as notícias no celular, de um jornal local e me deparei com algo muito triste.

Uma carreta havia perdido os freios em uma curva e capotado na serra.

Fiquei sem chão quando reconheci o caminhão e era do Fernando.

Seu nome estava na matéria e comecei a chorar, deixando o frentista completamente confuso.

O rapaz me perguntou se eu estava bem e se eu precisava de alguma coisa, mas eu estava tão chocado e desorientado, que agradeci a ajuda, mas fui caminhando lentamente até o motor homem novamente.

Meu coração estava completamente despedaçado. Eu lhe tinha muito carinho e consideração; éramos amigos e bons amantes.

Fiquei muito pensativo e lamentando profundamente o que acabara de ler. Queria muito ter conseguido me encontrar com ele, mas a vida se encarregou de levá-lo cedo demais.

Depois de quase uma hora tentando abstrair meu sentimento de perda, resolvi mudar meu caminho e voltar de vez para casa.

Pensei em ir ao funeral do Fernando, mas acabei desistindo da ideia. De onde ele estivesse, saberia o quão triste eu estava.

Decidi voltar pra casa, queria ficar perto dos meus e poder abraçar todos eles. Senti saudade de casa, do meu quarto, do meu tio e dos meus avós se preocupando comigo o tempo todo.

Descansei por mais uma hora e comprei algumas coisas na loja de conveniência e, mesmo prometendo à minha vó que jamais dirigiria a noite, decidi pegar estrada.

Mantive uma velocidade razoável e enquanto dirigia, me lembrei do dia que Fernando e eu passamos a noite juntos; o dia que eu entrei em um outro homem pela primeira vez.

ME lembrei de nossas conversas engraçadas pelo whatsapp, de nossos encontros pelas estradas da vida e como ele me fazia rir com suas aventuras.

Ele foi um homem muito especial em minha vida. Jamais o esquecerei!

Faltava pouco mais de 50km para chegar em casa; depois de 4 dias viajando.

Eu estava cansado, triste e com fome, pois havia novamente quebrado a promessa que fiz a minha vó: passei a noite toda dirigindo.

Claro, fiz algumas paradas, mas foram rápidas, queria chegar logo e poder descansar.

Era quase 19hrs e estava trovejando muito. No horizonte, uma nuvem de chuva se aproximava.

Estava escurecendo e, tentando não pegar no sono enquanto dirigia, avistei no acostamento, um homem carregando uma criança nas costas.

Fui desacelerando e na dúvida se daria carona ou não, mas com aquele tempo, eles logo tomariam chuva. Resolvi parar.

Bozinei e quando o homem olhou para trás, pisquei o farol duas vezes e ele parou.

Bem devagar, me aproximei e quando baixei o vidro, percebi que aquele rosto era familiar.

ㅡ Quer uma carona? Está indo pra onde? ㅡ Perguntei e ele também me olhava como se já me conhecesse.

ㅡ Estou indo pra Nova Alvorada. Meu carro inguiçou na trilha e estou sem bateria no celular. Acho que te conheço, não conheço?

ㅡ Pois é! Acho que te conheço também, entra aí!

Nossas barbas escondiam boa parte de nossos rostos, mas eu jamais esqueceria aquele olhar, quando o vi pela primeira e única vez.

Era ele, Maurício! Eu só poderia estar sonhando, mas disfarçadamente me belisquei e estava realmente acordado.

Ele entrou e se ajeitou com o menino, que aparentava ter uns 3 anos de idade. Uma gracinha.

Assim que o menino se acomodou, Maurício me olhou no fundo dos olhos e disse:

ㅡ Tavinho? É você, mesmo? ㅡ Senti meu coração disparar e me arrepiei dos pés a cabeça, quando vi que ele também havia se lembrado de mim.

ㅡ Isso mesmo, Maurício, sou eu! Caramba, que feliz coincidência. Jamais imaginei que nos encontraríamos dessa maneira.

ㅡ Te digo o mesmo, garoto! Mas me fala, como você está? Ah, esse é Lucas, meu filho.

ㅡ Ele é uma graça, muito parecido contigo. Bem, eu estou bem, mas cansado, faz 4 dias que estou viajando e estou doido pra chegar em casa logo. O quê faz por essas bandas?

ㅡ Ele é um amor, esse garoto! Então, eu estava com o Lucas nas trilhas de São Gonçalo. Minha esposa faleceu 4 meses depois de dar a luz e jogamos suas cinzas na trilha, era seu lugar favorito. Fizemos um pequeno ritual, só nós dois, mas na volta o motor do carro parou de vez. Acho que fundiu. É um Jeep muito antigo, era do meu pai. Terei que mandar guinchar. Ainda bem que você parou, porque teria que caminhar uns dois km com o Lucas nas costas, até o próximo posto. Valeu, mesmo!!

Eu não sabia o quê dizer. Lamentei profundamente a perda de sua esposa e fiz um carinho no rosto do menino, que abriu um sorriso gigante quando brinquei com ele.

ㅡ Eu sinto muitíssimo sua perda! ㅡ Disse!

ㅡ Obrigado! Com o tempo a gente supera, né? A vida é assim mesmo, mas esse menino me dá muitas alegrias. E você, está voltando pra ficar ou só a passeio?

ㅡ Para te falar a verdade: eu ainda não sei! Mas quero aproveitar bem esse tempo pra pensar na minha vida e decidir o quê fazer.

ㅡ Bom, enquanto você decide, podemos nos ver novamente? Sair pra tomar alguma, sei lá!

ㅡ Claro! Eu estou precisando mesmo me distrair um pouco. Podemos combinar.

Não sei porquê, mas senti um calorzinho emanando do meu peito.

Como foi bom encontrar com o Maurício, depois de tanto tempo.

Assim que chegamos na entrada da cidade, ele me pediu para deixá-los em qualquer lugar, pois ele chamaria um guincho e pediria um táxi.

ㅡ Imagina! Faço questão de levar vocês dois até em casa. Conheço o dono de um guincho próximo daqui, você desce, conversa com o cara e levo vocês. Não se preocupe.

ㅡ Poxa, tem certeza? Você está tão cansado.

ㅡ Tenho certeza!

Ele desceu e o menino perguntou onde o pai estava indo.

Traquilizei o garoto dizendo que o pai logo voltaria e perguntei se ele queria comer alguma coisa, mas disse que só estava com sede.

Desci rapidamente e peguei uma garrafa de água que tinha na geladeira e dei a ele.

Enquanto ele bebia, perguntei se ele queria mais alguma coisa, mas sorriu e disse que estava com sono.

Me simpatizei com o menino. Ele era incrivelmente fofo e, apesar de parecer muito tímido, parecia também ter gostado de conversar comigo.

Vi o Maurício voltando e, vendo o filho de papo comigo, perguntou se eu não queria ficar para o jantar.

ㅡ Eu agradeço o convite, mas estou precisando muito dormir e tomar um banho, mas se você concordar, pode ser amanhã?

ㅡ Eu quero! ㅡ Disse o Lucas me olhando e rimos com seu jeito espontâneo dele.

ㅡ Você quer? Posso jantar na sua casa amanhã? ㅡ Perguntei e ele deu uma gargalhada gostosa.

ㅡ Pode sim! Você "palece" legal!

ㅡ Então, se seu pai concordar, posso jantar com vocês amanhã. ㅡ Confesso que eu estava radiante demais e acabou transparecendo.

ㅡ Claro que concordo! Amanhã jantamos os três, lá em casa, pode ser?

ㅡ Claro! Eu vou adorar!

Deixei os dois na portaria do condomínio e me despedi do garoto, que antes de descer do carro, praticamente pulou em meu colo, me dando um abraço apertado. Ele era fofo demais!

Senti uma paz que vinha não sabia de onde e me despedi do Maurício com um sorriso do tamanho do mundo.

Jamais imaginei reencontrar com ele de uma forma tão inesperada, mas gostei...e muito!

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Continua...

Olá, meus querides!!! Como vocês estão? Espero que estejam gostando. Vejo poucos comentários, heim? Apareçam!! 😆

Se cuidem e até o próximo!

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Comentários

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Tá maravilhoso! Fiquei com medo de acontecer um acidente com ele nesse capítulo! Continuaaaaaa

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Tô adorando a história!

Pelo amor de Deus, ñ desapareça dnv!

Fiquei tanto tempo esperando sua volta!

Não sou mto de comentar por lerdeza minha, mas sempre afaço questão de acompanhar!

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Quero pra ontem a continuidade, amei essa história por favor posta o próximo capítulo logo 🙏🏻🙏🏻🙏🏻

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