Quem sabe ela nasceu pra mim - Capítulo 02

Um conto erótico de Giuseppe
Categoria: Heterossexual
Contém 1783 palavras
Data: 27/06/2021 10:26:56

Este conto pertence a uma série. Sugiro, caso queira, que leia desde os primeiros capítulos para melhor entendimento da história.

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Três anos haviam se passado desde aquela noite, e o desejo expresso de Sheila ainda não tinha sido atendido. A vontade de ser mãe aumentava, agora que os anos pareciam contados. Com 35 anos, Sheila preocupava-se com o cenário. Desde a primeira noite, o marido nunca usara preservativos, e sempre ejaculava em seu interior. Cada transa era uma esperança, uma renovação do desejo da maternidade.

Roberto também se preocupava. Questionava-se sobre a causa daquilo. Temia que fosse ele o responsável por fazer a mulher infeliz. Não tinha procurado ajuda médica para tirar a prova da dúvida por receio de ouvir uma verdade dura demais para suportar. E tinha um medo maior de ver sua mulher deixá-lo por ser infértil. Ele era todo grande, um pênis acima da média, testículos pesados, um corpo que faria qualquer mulher desejar tê-lo dentro delas, mas julgava não adiantar de nada. A cada noite sentia-se mais desanimado, mais depressivo, mais amedrontado.

— Beto, acho que já passamos tempo demais tentando — disse Sheila numa noite, após mais uma tentativa. O sêmen escorria e tocava os lençóis da cama, e ela encontrava-se aberta e arfando.

Roberto sempre gelava quando sua esposa teimava em tocar nesse assunto. E era geralmente após as transas, o que estragava o clima, na opinião dele. Ela ainda revestia-se de uma aura dominadora e autoritária, deixando-o subjugado a obedecê-la durante o sexo, e isso o incomodava, mas não sentia-se no direito de exigir algo, quando suspeitava que seu sêmen era inútil.

— Beto, por favor, fala alguma coisa. Já estamos com 35 anos, e me resta pouco tempo. Eu quero muito ser mãe.

— Então vamos no médico. — respondeu Roberto.

— Eu já fui. A ginecologista me disse que está tudo normal comigo.

— Você não me avisou que iria.

— Ah, Beto, eu queria tirar a limpo isso tudo. Agora preciso que você vá. Precisamos saber o que realmente você tem e tratar o quanto antes.

O mundo de Roberto desmoronava. As suspeitas se confirmaram, e ele sentia-se um lixo inútil. Para quê todo aquele tamanho, se não funcionava? Para quê ser dotado, se não conseguia o essencial, que era engravidar a esposa?

Ele virou-se para o lado oposto da cama, e ali as lágrimas rolaram. Sentia pena de Sheila, e sentia pena de si mesmo. Tanta espera para nada. Mas ele ainda tinha esperança que algum tratamento pudesse ser feito. Ele realizaria o sonho da mulher.

— Eu irei amanhã mesmo. Pode deixar.

— Eu vou com você. Somos um casal e estamos nessa juntos.

No dia seguinte, ainda pela manhã, foram ao médico. Roberto parecia acuado, tenso, e ao responder todos os questionamentos técnicos, ficou feliz ao receber o feedback de que aparentava ser normal. Não era impotente, ejaculava normalmente e em boa quantidade, e era sexualmente ativo. Foi pedido um espermograma para avaliar a qualidade de seu sêmen, e em uma semana ele deveria estar de volta.

A semana passou rápido, e no retorno ao médico, aparentava estar tranquilo e confiante.

—Bem, senhor Roberto, avaliei o seu exame, e precisamos conversar. O senhor tem um quadro de azoospermia, que consiste na ausência de espermatozoides no líquido ejaculado. Há possivelmente três causas para esse cenário, falha na produção, no armazenamento ou no transporte destes gametas. Não é um quadro muito comum, mas, se investigarmos corretamente, podemos obter alguma resposta positiva em algum tempo.

Roberto não sabia o que fazer ou falar. Seu gozo não servia. A culpa era dele, e ele não era saudável o suficiente para formar uma família.

— Há tempo suficiente para esse tratamento? — questionou Roberto.

— Bem, o tratamento não é 100% efetivo, porque não sabemos a causa exata. Precisaremos investigar melhor, mas há a chance de uma fertilização in-vitro, com uma taxa de sucesso considerável, podendo a chegar a 65%.

Roberto agradeceu e saiu da sala. Tinha ido sozinho no retorno. Sua esposa precisara visitar uma familiar que estava adoentada. Naquele dia, Roberto não fora para casa rapidamente, mas deixou-se percorrer uma estrada sem objetivo, dirigindo enquanto colocava a cabeça no lugar. Pegara uns folhetos na clínica, onde era relatado o procedimento de cada tratamento.

Encostara num bar de beira de estrada. O lugar não parecia confiável, mas ele, e seu pênis inútil acima da média, não era confiável também, então sentia-se bem ali. Sentou-se numa mesa enferrujada e pediu uma cerveja. Abriu os panfletos e leu-os, enquanto bebericava a bebida.

Lágrimas rolavam de seus olhos, e ele tentava alimentar a chama da esperança de que a fertilização in-vitro fosse suficiente. Ao olhar outros panfletos, descobriu, entre eles, um sobre adoção. Aquilo chamou sua atenção, de forma que demorou-se lendo e relendo. Talvez fosse a saída que pedira a Deus, e Ele estaria apresentando-a, ali naquele bar imundo.

* * *

— Beto, não é exatamente como eu queria ser mãe — Sheila respondera, ao ouvir a proposta de adoção.

— Eu sei, amor, mas infelizmente não há a certeza de que a fertilização in-vitro funcionará. As taxas de sucesso são de 65% no máximo, e eu sinto como se perdêssemos tempo. Continuaremos tentando e faremos o tratamento, mas por precaução, gostaria de adotar algum.

Sheila o olhava com uma expressão indecifrável. Era difícil para ela assumir o filho de uma outra pessoa, com outro sangue, mas ela entendia que era um ato de amor e caridade, e eles precisavam daquilo. Deus sabe como precisavam de um filho.

— Tudo bem. Vou ligar agora para uma amiga do Conselho Tutelar e me informar como funciona o processo de adoção. — concordou Sheila, sorrindo e abraçando Roberto calorosamente.

O processo para adotar uma criança era demorado. Além disso, a preferência era para adotar ainda bebês, o que fazia que houvesse um número grande de crianças mais crescidas e rejeitadas pelos candidatos à adoção.

Sheila, assim como a maioria das famílias, procurou uma criança recém-nascida na lista, mas, como já era esperado, não havia. Resolveram visitar o orfanato do estado, para conhecer a realidade das crianças.

O lugar era organizado, e esbanjava limpeza. O orfanato era administrado por uma congregação de irmãs, e tinha alas separadas por sexo. Foram recepcionados calorosamente por uma senhora idosa, a Irmã Margarete, que ofereceu-lhes chá com biscoitos.

— As crianças estão em horário de aula, então terão que aguardar uns minutinhos até poderem vê-las. Por enquanto, podemos mostrar o ambiente. Nos sentimos orgulhosas de como conduzimos este orfanato, e a sociedade precisa conhecer este nosso trabalho.

O rosto sorridente da irmã reluzia. Realmente era impecável o cuidado que tinham com as crianças. Os dormitórios eram perfeitos, perfumados, banheiros limpos... Até mesmo o campinho de futebol tinha a grama aparada e as traves pintadas. Apesar de ser associado a um local ruim, e ser marginalizado por isso, o orfanato era um local agradável.

O sinal estridente tocou e logo uma enxurrada de crianças tomou conta do local. Algumas, mais crescidas, mantinham distância do casal. Outras, menores e corajosas, aproximavam-se, chamando-os de tio ou tia, e mostrando-lhes qualquer coisa que julgassem ser digna de atenção: um desenho, uma flor ou até mesmo as lições da escola.

Roberto ria, sentado no meio das crianças. Sheila observava-o enquanto conversava com Irmã Margarete, e sentia que não era só ela que merecia aquele presente. O marido também. Os dois estavam carentes de um filho, e ela não negaria aquilo a ele.

Em seus devaneios, sentiu uma pequena mãozinha puxar-lhe a barra do vestido. Olhou para baixo e viu uma carinha escura e sorridente olhando-a atentamente. Os dentes reluzentes, e, nas mãozinhas, uma flor vermelha.

— É pra senhora.

Ela pegou a flor e abaixou-se, mantendo-se na mesma altura da criança. O menino abaixou os olhos ao vê-la tão perto, e, com as mãos para trás, recuou em sua vergonha.

— Que linda, meu anjo! Muito obrigada! Qual o seu nome?

— Caio.

— E quantos anos você tem?

— Eu tenho 6.

Sheila aproximou-se e beijou-lhe a fronte, agradecendo novamente pelo presente. Ele esboçou um sorriso e saiu aos pinotes, indo encontrar-se com os colegas.

Sheila levantou-se, e a irmã Margarete estendeu-lhe um lenço rosado. Só então ela percebeu que lágrimas rolavam dos seus olhos. Ela sorriu. Havia visto seu futuro filho, moreno, como sempre desejara.

Roberto gostara muito de Caio. O menino era ativo e gentil. Educado, não falava palavrões e tinha notas excelentes. Saíram determinados a iniciarem, naquele mesmo dia, o processo de adoção.

Em 15 dias, Caio já estava em sua casa nova. Roberto e Sheila prepararam a acolhida para seu filho. Um quarto lindo, cheio de brinquedos. A matrícula em uma das melhores escolas da cidade. Aulas de futebol, já que ele amava o esporte. Caio mantinha-se a mesma criança que conheceram. Alegre, vívida, mas sem perder a linha. Era o filho perfeito.

Na semana seguinte, Sheila resolveu promover um churrasco, em comemoração à chegada do novo integrante da família. No domingo, a piscina pipocava de gente. Os amigos da faculdade vieram em peso, com suas famílias. Caio rapidamente fez amizade e saiu do pé dos pais.

A carne na brasa estalava. Cerveja gelando, mulheres na beira da piscina e os homens bebiam e conversavam sobre o futebol do fim de semana, admirando as bundas que passavam frequentemente sob o sol.

Roberto mal saía da piscina. Bebia encostado na borda, enquanto Sheila jazia sentada em uma espreguiçadeira ao lado das amigas. Não tardaram a ir ao banheiro, indo em conjunto, como é de praxe. Roberto também sentiu necessidade, e dirigiu-se ao banheiro masculino, que era vizinho ao feminino.

Ao chegar, deu de cara com as amigas da esposa, que sorriram timidamente para ele. Roberto as cumprimentou inocentemente e entrou no banheiro.

Os dois banheiros eram pequenos, o que fazia com que fosse possível apenas um por vez. Roberto usava o masculino, enquanto Sheila estava no feminino. Rapidamente, Roberto urinou, e ao pegar na maçaneta para sair, escutou os comentários das amigas da mulher, e resolveu demorar-se mais, escutando a conversa.

— Amiga, você viu aquele pau do Beto?

— Menina, nem me fala. Aquilo deve acabar com a Sheila. Sortuda ela, né?

— Sortuda quem? — Sheila respondera, abrindo a porta do banheiro feminino.

— Você, querida. Seu marido passou aqui e, se ele mole é daquele tamanho, imagina duro. Deve ser do tamanho do meu braço.

— Tira o olho, mulher. E não adianta ser grande. Tem que funcionar, e vocês sabem muito bem que aquilo não funciona. — Sheila falou em seguida.

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Comentários

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Esse casamento tá com os dias contados. E daí em diante a coisa vai ficar animada,. Também tem a possibilidade de o tratamento funcionar, o que abriria inúmeras possibilidades. Muito bom.

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Seria tão lindo se ele traisse ela e por algum milagre as amantes engravidassem. Só pra calar a boca dessa vagabunda.

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