Borboletas sempre voltam II Capítulo 11

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 2708 palavras
Data: 06/06/2021 19:50:36
Última revisão: 06/06/2021 21:59:27
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

Capítulo 11

Quando Cinthia entrou em casa, Isabel a aguardava vestida com uma camisola de cetim rosa, contornada com renda preta na borda do decote. A minúscula calcinha era do mesmo material da camisola.

Naquela noite, ela desejava entregar -se a mulher. Soltou os belos cachos. Os seus lábios carnudos pintados de vermelhos despertavam em Cinthia o desejo de beijá-los.

Contudo, ao ver o semblante triste da esposa, presumiu que algo ruim havia acontecido e que a noite não terminaria como esperava.

Na face, Cinthia expressava revolta.

Sentou no sofá com as pernas abertas, apoiando os cotovelos nas coxas.

Narrou para Isabel o que havia acontecido na casa de Paulo Cézar.

Sua voz era trêmula. Respirava fundo, tentando aliviar o peso no peito.

_ Eu tinha um amigo que dizia : "Só há dois tipos de héteros, os que nos odeiam pela frente, e os que nos odeiam por trás. " Eu discordava dele, mas estou começando a mudar de opinião.

_ Mas, isso não é verdade! Há héteros que não são preconceituosos. Os meus avós, por exemplo, eles te adoram e aprovam a nossa relação! Há também a Renata, a dona Chiquinha, o Rafa e a Olívia.

_ Mas, os que nos odeiam estão ocupando lugares de poder: como igrejas, mídias, na política, no judiciário, sala de aula e etc.

Naquele instante, um carro de som circulava próximo ao apartamento delas, tocando a seguinte música:

"Para o fim da corrupção

Vote certo, meu irmão

É Ricardo Policarpo 66

Agora é nossa vez..."

_ Outros estão tentando chegar ao poder.

Isabel deitou a cabeça de Cinthia em seu ombro e a beijou na testa.

Matheus entrou no quarto do jeito mais delicado que podia para não acordar Patrick.

Abriu a porta delicadamente e não acendeu a lâmpada do teto, deixando apenas a luminária do criado mudo iluminando o quarto escuro.

Deitou ao lado do marido, observando-o adormecido.

Acariciou o seu rosto, sentindo o coração angustiado. "Como pode um pai dizer coisas tão horríveis sobre o próprio filho?" Foi o que se questionou, com a memória dos insultos de Paulo Cézar nítidos em sua mente.

_Não é justo tudo que você sofreu e sofre na vida. Você não merece todas as maldades que fizeram contigo. Eu não consegui te proteger. Naquela noite, eu fui tão incompetente. Eu me lembro que senti algo estranho...uma espécie de presságio...sei lá. Eu deveria ter trancado aquela porta, ter feito qualquer coisa para te proteger, mas falhei.

Matheus encostou a cabeça sobre o peito de Patrick e o envolveu com os seus braços.

As palavras duras de Paulo Cézar eram como golpes de chibatadas, que batiam em sua alma, causando uma tempestades de sentimentos. Entre angústia, ódio, desespero, o que mais reinava era uma intensa tristeza.

Preencheu o seu coração, transbordando em forma de lágrimas.

Chorava em silêncio para não acordar Patrick.

Despertou por volta das 6 da manhã para preparar o café da manhã. Queria levar o desjejum para Patrick na cama.

Renata levantou enrolada numa manta para ir ao banheiro e estranhou ver o filho na cozinha, ainda vestido com o pijama.

_ Já está de pé, meu amor?_ perguntou bocejando, tapando a boca com a mão.

_ Eu não consegui dormir direito.

Renata se aproximou do filho e o abraçou.

_ Não foi uma ideia ter ido até lá, né?

_ O que você acha? Um pai que agride um filho por causa da sexualidade dele e o põe pra fora de casa não tem coração para se comover com qualquer situação que o filho esteja passando. O que você esperava, mãe? Que ele dissesse "Ah, meu filho, eu te amo." ?

_ Eu só quis ajudar. Sinceramente, eu não esperava que o cara agisse dessa forma tão cruel. Ele é pai do Patrick! O esperado é que ele o amasse.

_ Mas, não o ama, mãe! O tio Gustavo também era pai do Bruno e não o amava! Tentou atirar nele! O cara que me fez não me amava, tanto que nunca quis saber de mim. Nunca se interessou em saber se nasci vivo ou morto! Nem todos os pais e mães são como você. Eu sei que a sua intenção foi boa, mas não podemos ser ingênuos.

_ Você tem razão. Infelizmente, essa é a nossa realidade.

_ Quer café?_ Matheus perguntou acarinhado o cabelo da mãe e a beijou no rosto em seguida.

_ Hum! O cheirinho está ótimo! Vou querer sim._ Renata beijou a ponta do nariz do filho.

Matheus arrumou a mesa e os dois se sentaram para fazer a primeira refeição do dia.

_ Que saudade que eu estava desses momentos juntos, meu filhinho.

Olhando para a mãe, Matheus sentiu algo bom preencher o seu coração. Uma luz brilhou dentro de si, tendo consciência o quão privilegiado era por tê-la como mãe. De quanto o amor e cuidado o fazia bem e era tão necessário. Lamentou por Patrick não ter tido a mesma sorte.

_ Eu te peço para que não comente nada com o Patrick. Eu não quero que ele sofra com esse assunto. O coitado já está sofrendo muito.

_ Com toda certeza. Faço questão de poupar o Patrick dessa situação desagradável.

_ No que depender de mim, Patrick não terá nenhum tipo de contato com aquele desgraçado.

Patrick abriu os olhos e permaneceu parado, mirando o teto, até que acordasse por completo. Estranhou não ver Matheus ao seu lado. Tateou o criado mudo para ver as horas pelo celular e percebeu que havia uma bandeja com o café da manhã. Próximo dela, havia um papel dobrado.

_ "Eu amo poder dividir a vida contigo. Amo saber que ao entardecer vou te encontrar na nossa casa. Amo saber que quando acordar vou receber o seu beijo de bom dia, que nas madrugadas frias vou me aquecer no seu corpo, sentir os seus pezinhos se entrelaçando nos meus.

"Amo sentir as suas mãos explorando o meu corpo, despertando em mim o maior dos prazeres. Amo o fato de ser o seu marido e viver tudo isso para o resto da vida.

"Eu amo o frio na barriga que você desperta em mim. Amo sentir os sentimentos ternos que você me desperta. Eu amo amar você! Tenha um bom dia, minha vida."

Patrick sorriu, secando as lágrimas com as costas das mãos. Pôs a carta no peito, fechando os olhos, sentindo como se tivesse abraçando Matheus.

O amor que o marido tinha por ele o fazia sentir seguro. Ao ler aquelas palavras, sentiu uma felicidade deliciosa, que não sentia desde que sofreu o atentado.

Desejou tomar café da manhã com o marido. No entanto, ao observar a hora pela tela do celular, concluiu que Matheus já havia saído para trabalhar.

Quando Matheus entrou na sala de aula, ela ainda estava vazia. Os seus alunos chegariam alguns minutos depois.

Aproveitou o tempo para organizar o material que seria usado para lecionar e preparar o projetor para passar a matéria.

O seu smartphone notificou uma mensagem de Patrick.

_ "Você me faz acreditar no amor, me mostra com a sua doçura o quão bom é amar e ser amado. Você me traz segurança, calmaria e desperta o meu melhor sorriso. Obrigado por ser a minha luz nesse momento tão trevoso. I love you, my honey. "

Patrick recebeu as visitas dos amigos numa tarde chuvosa.

Renata havia pedido pizzas, comprado cervejas e refrigerantes.

Todos perguntavam por Matheus e Patrick justificava a ausência do marido, alegando que estava trabalhando.

Matheus se dedicava com afinco ao trabalho. Para aumentar a renda, passou dar mais aulas extras tanto online, quanto presencial.

_ Eu quase não vejo o Matheus. Ele tem trabalhado muito. Só o encontro antes de dormir e, às vezes, quando acordo.

_ Tá com o mesmo problema do Jonas e do Rafa._ disse Olivia_ Aqueles dois só querem saber de trabalho.

_ Não é como eles. Matheus, faz o que pode para me dar atenção. Aos domingos ele não trabalha e passamos o dia inteiro juntos. Nós trocamos algumas mensagens durante o dia. Eu me sinto mal com tudo isso. Como se ele carregasse a carga toda sozinho. Eu não quero ser um peso para o homem que eu amo.

Betinho segurou na mão do amigo, se compadecendo da situação do amigo.

_ Irmã, a senhora não é um peso para Matheus e nem para ninguém. Aquele homem te ama muito. E você é uma das melhores companhias que alguém pode ter. O Matheus é muito sortudo.

Todos olhavam com estranhamento para Betinho e bateram palmas.

Cinthia tocou no ombro de Betinho e disse:

_ Olha só! Eu te conheço há anos, veado, e é a primeira vez que você diz algo que não seja venenoso. Eu serei obrigada a concordar com o Betinho. Eu sou a prova viva do quanto o Matheus te ama. E olha que não é pouco não. Viu.

_ Eu sei disso. Matheus é maravilhoso comigo. Eu quero ser útil para ele.

_ Você ainda pode trabalhar.

_ Isabel, você acha que alguma empresa vai querer dar uma oportunidade de emprego para um cadeirante?

_ Você não precisa depender de empresas para trabalhar, pode ser autônomo. Você pode fazer alguns projetos publicitários por conta própria.

_ É verdade._ disse Olívia. _ Você também cursou designer gráfico, antes da faculdade de publicidade. Faça um cartão de visitas que nós podemos ajudar a distribuir.

_ Eu só cursei três semestres de designer gráfico. Não cheguei a concluir.

_ Mas, já tem um bom conhecimento sobre o assunto. Eu me lembro dos trabalhos maravilhosos que você fazia na faculdade. "Amigo, escute o que eu estou te dizendo, comece a trabalhar por conta própria, aqui mesmo em casa. Você vai se sentir muito melhor. Vai se sentir útil, manter a mente ocupada e ainda poderá ajudar nas despesas. Até a sua autoestima vai melhorar."

Patrick se animou com a ideia. Ficou empolgado e assim, que os amigos foram embora preparou um cartão de visitas, encaminhou para uma gráfica via e-mail e criou um perfil no Instagram para divulgar o seu trabalho. Os amigos ajudaram compartilhando os posts.

Após o banho, Matheus deitou ao lado de Patrick vestindo uma cueca samba-canção. Patrick estava de pijamas, digitando no notebook. O loiro se aproximou do marido e lhe deu um selinho, olhando para a tela.

_ O que você está fazendo?

_ Estou dando uma atualizada no meu perfil profissional. Estou postando alguns trabalhos antigos. Eu vou trabalhar por conta própria.

_ Você não precisa trabalhar. Eu dou conta de tudo. Eu não quero que se preocupe com dinheiro.

_ Nós estamos vivendo na casa da sua mãe, você trabalha feito um burro de carga e ainda me diz que não devo me preocupar com dinheiro? Em que mundo você vive, Matheus? Pasárgada ou Arcádia?

_ Patrick, eu estou trabalhando feito um burro de carga, como você disse, para que você não tenha que se preocupar com dinheiro. Quero que relaxe. Você passou por muitas coisas ruins. Precisa descansar e ter um pouco de sossego.

_ E o que você sugere que eu faça? Fique de enfeite aqui, sendo um inútil? A sua mãe e a sua avó não me deixam fazer nada. Nem um copo elas me deixam lavar.

_ Você pode jogar vídeo game, navegar na internet, conversar com os amigos...sei lá, fazer coisas que te dão prazer. Eu estava pensando em fazermo um passeio. O que você acha de pegarmos um cineminha no domingo?

Matheus retirou o notebook de Patrick, pondo no criado mudo. Pôs -se de frente a ele, segurando a sua face com as duas mãos e o beijou.

_ Eu quero que você feliz, meu lovenho.

_ Eu serei feliz se você também for. Não quero que fique exausto como está.

_ Não se preocupe comigo. A prioridade aqui é você.

_ Mas, Matheus, eu...

Matheus o interrompeu com um beijo molhado e quente, deitando-o sobre a cama, sem interromper o beijo.

Abriu as pernas de Patrick, pondo-se entre elas. Patrick sentiu o corpo arrepiar com a boca de Matheus sobre o seu pescoço. Matheus segurou na sua mão e a levou até o seu membro que estava duro e fez o mesmo com Patrick, que não correspondia.

O ruivo sentia medo e vergonha do próprio corpo. Temia não satisfazer o marido.

O seu coração batia acelerado, a cada toque de Matheus. Desejava pedir para parar, mas não conseguia mover os lábios.

_ Eu te quero tanto! _ dizia Matheus retirando a blusa de Patrick e beijando a sua barriga.

As lágrimas começaram a brotar nos olhos do ruivo. Estava tão tenso que desejava chorar.

Recordou da noite do atentado. Nos golpes que recebia, enquanto era xingado e humilhado.

Matheus seguia, arreando a calça do pijama e beijando as suas pernas e pau molhe.

_ Para! Para! Pelo amor de deus!

Matheus olhou para cima e reparou que o marido estava chorando.

_ Me desculpe, Matheus! Me desculpe!_dizia em prantos, se sentindo um fracassado por não conseguir satisfazer o marido.

Matheus o abraçou imediatamente, beijando o seu rosto.

_ Calma, meu lovenho! Calma! Está tudo bem!

_ Eu não consigo.

_ Você passou por muitas coisas. É normal que não esteja pronto. Eu vou esperar.

"Isso não é justo! Eu não quero te perder, Matheus! " Era o que Patrick pensava chorando nos braços de Matheus.

O cansaço era evidente em sua face. As olheiras eram profundas e um olhar caído. O rosto estava abatido.

Ao vê-lo estacionar o carro enfrente a sua casa, Marquinhos o chamou de dentro do boteco.

Ambos sentaram numa mesa de plástico azul escuro e dividiam um litrão de cerveja.

_ Caralho, Matheus! Você tá na merda! Precisa descansar.

_ O meu cansaço não é só físico. É emocional também. Eu estou exausto. Parece que toda a energia negativa do ódio daquelas pessoas que atacaram o Patrick e o do pai dele pesaram sobre mim. Eu estou desesperado. Vejo o Patrick sofrer e me sinto inútil. Eu quero ajudar.

_ Você está fazendo todo que pode para ajudá-lo. Não dar para carregar o mundo nas costas. Além do mais, você é jovem precisa viver pra você também. Tá na cara que precisa relaxar. E parece que vocês não namoram.

_ Não. Desde que o Patrick chegou do hospital

ainda não rolou nada. Ontem, até tentei, mas ele ficou mal e eu me senti péssimo.

_ Você precisa sair um pouco. Ir a uma dessas casas de diversões.

Matheus o olhou de um jeito interrogativo.

_ Você ainda é jovem, Matheus. Não pode se acabar. Há garotos de programa que podem te dar uma ajudinha. Ou até mesmo usar algum desses aplicativos para sexo casual. Você se sentirá muito mais revigorado para cuidar do Patrick.

_ O que você está me sugerindo é um absurdo, tio! Eu não troco o homem que eu amo por ninguém!

_ Eu não estou falando em trocar. Você tem que ser homem e cuidar do cara. Afinal, vocês são casados. Eu estou falando em relaxar. Tirar um momento para você. Não será erro nenhum se divertir um pouco. Mas, é claro que continue cumprindo o seu papel de marido. Com o Patrick não vai rolar tão cedo. Traumatizado do jeito que ele está.

Matheus levantou e tirou uma nota de vinte reais da carteira e pôs sobre a mesa.

_ Eu não sou nenhum canalha e tenho horror a eles desde que descobrir que o Jonas e o Bruno fizeram comigo. Eu tenho dignidade e respeito pelo homem que amo! Patrick não merece ser traído. Eu o escolhi para amar e viver ao meu lado seja na alegria ou na tristeza é isso que vou fazer.

_ Você não está entendendo eu acho que...

_ Com todo respeito, tio, mas você não deve achar nada a respeito do meu casamento. Aqui está o dinheiro da cerveja. Eu tenho que ir para a casa.

_ Tudo bem! Não precisa se zangar. Eu só quis ajudar! Não está mais aqui quem falou.

_ Eu espero mesmo que nunca mais me faça esse tipo de sugestão absurda!

Matheus saiu do bar, caminhando em direção à sua casa, estava revoltado com tudo que ouvira.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 17 estrelas.
Incentive Arthur Miguel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Q ridículo esse Tio. Amei o Betinho dessa vez. Pratique tem q ver q o mundo n acabou, apenas mudou de perspectiva! Amei o Mat!

0 0
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Boa noite.

Vou esclarecer algo a todos.

Quando decidi escrever Borboletas sempre voltam 2, eu tinha em mente escrever uma história dupla: uma do Bruno e outra do Matheus.

Os personagens tomaram rumos diferentes e suas histórias tbm.

Então, eu alterno nos capítulos, um eu foco no Patrick e Matheus e o outro eu no Bruno e no Jonas.

Trata-se de uma narrativa dupla. Não tem nada a ver com barriga. Eu não preciso enrolar ninguém.

As coisas estão acontecendo no momento certo, não de forma lenta.

É normal se interessar mais por uma trama do q para a outra. Mas, eu como autor, devo dar atenção a ambas histórias.

Neste capítulo foquei no Matheus, o próximo será todo do Bruno.

0 0
Foto de perfil de Ana_Escritora

Muito bom. Matheus dando sinais de que está amadurecendo embora o fardo que esteja carregando seja bem pesado.

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Seria bacana adiantar a trama do Jonas, fazer um capítulo dele, dele com Bruno e dele com o Dani. A trama tá parada e ficando com barriga porque nada aconteceu até agora. Nada

0 0
Foto de perfil genérica

Essa parte do Matheus tá bem política, passando uma ótima mensagem, principalmente no momento atual. Entretanto, tá arrastando a trama do Jonas que está mais interessante e principalmente, pouco explorada.

0 0