Me apaixonei por meu amigo hétero e me fudi... FINAL

Um conto erótico de Bruno Senra
Categoria: Gay
Contém 8959 palavras
Data: 07/02/2021 21:38:17
Última revisão: 08/02/2021 23:50:13

Fala, meu povo!

Perdão pela demora, porém, está aqui a conclusão que prometei. rsrsrs

Espero que gostem de lê-la tanto quanto eu curti em descrever.

Novamente gratidão a todos pelo hype que me deram. Se assim desejarem, votem e comentem aqui, blz?

Muito obrigado e sintam-se todos abraçados!

Capítulo 5

Fui despertado pelo barulho da chuva ao alvorecer. O colchão vazio e um lençol me cobrindo. Mal conseguia me manter em pé, mas me arrastei pra o banheiro. Percebi que eu estava vestido no short do Bob Esponja. Apalpei meu ânus com os dedos, mas não estava sujo. Apenas pensei que talvez, conscientemente, ele houvesse me limpado e me vestido como um nauseante pedido de perdão. Mordi os punhos para não gritar. Liguei a torneira da pia, lavei o rosto e sentei no vaso sanitário. Eu me sentia vazio, em dor, consumido pela raiva e decepção. Senti o veneno do ódio espalhando-se lentamente por minhas veias. Eu o odiava por ter me forçado. Odiava Leonardo por ter me submetido àquela afronta final. Mas, sobretudo, odiava o homem que havia permitido toda aquela desgraça e submissão: eu mesmo. Odiava aquela viagem imunda à qual consenti. Odiava os momentos que suspirei por ele e que, por isso mesmo, não pude gostar de ninguém. Odiava o imbecil que me tornei, doando cada segundo da minha juventude a mais vil das bestas.

Andei pela casa deslizando num silêncio ofídico. Precisava afrontá-lo, porém, eu não tinha estômago pra chamar por seu nome. Não sei se por não conseguir ou, no fundo, por não querer vê-lo. Nenhuma escama ou cheiro de enxofre encontrei nos cômodos. Ele não estava ali. Meu sangue fervilhava e minha cabeça doía, em latejos. Não havia indício algum de que Leonardo estivera naquela casa antes. Ao constatar a covardia, eu quis morrer. Sentei-me num canto da sala e esperei seu retorno. Tudo que eu queria agora era matar aquele sociopata. O dia entardeceu e parecia que a terra tinha engolido Leonardo. Eu não sentia fome, não dormia e não fazia barulho, esperando ser esquecido por João e Yeda. Eu tinha apenas um objetivo.

Passava da meia-noite e eu, naquele escuro, começava a me convencer de que o verdadeiro último insulto seria seu sumiço covarde, quando ouvi uma chave sendo introduzida na porta. Fiquei paralisado. O trinco começou a girar enquanto eu ficava ofegante. A porta se abriu e, ainda sentado, identifiquei a silhueta escura do Léo. Ouvi-o tateando a parede, procurando o disjuntor pra acender a lâmpada. Olhei-o longamente, sem picar. Quis levantar e avançar pra cima dele, mas Leonardo abaixou a cabeça evitando olhar-me diretamente. Ficamos sem nos dizer uma palavra por quinze ou vinte minutos. Minha mente entrou num vazio. Leonardo permanecia imóvel. A cena da violação veio à mente. Ele levantou os olhos e brindou-me com um sussurro distante, perceptível apenas aos cachorros. Tive vontade de cuspir-lhe, de feri-lo. Revelar-lhe que sempre fui fiel a ele. Que ele era um covarde. Que eu nunca gostei de ninguém porque sentia por ele um amor doentio e não merecido. Teria sido tão fácil nunca tê-lo conhecido.

– Me perdoa, Bruno, por favor! De coração, cara... – disse Leonardo, ainda quase sem voz.

Ele olhava pra mim sem pestanejar, tentando ler minhas expressões e quem sabe encontrar alguma absolvição em meus olhos. Várias coisas se passavam pelo minha cabeça, mas certamente se aglutinavam em mais ódio.

– De coração?! (desdenhei rindo) você tá brincando com minha cara?

– Tô te implorando, Bruno. Eu nunca devia ter feito aquilo. Queria voltar no tem/

– (cortei ele, não tive estômago pra continuar ouvindo) Você acha que só isso resolve?

– Não. Eu sei que não.

Vi as lágrimas se formando no seu rosto. E eu ficava ainda mais cego.

– Sabe?

– Sei.

– Isso faz de você um bípede. Quer elogios?

– Queria poder apagar tudo que fiz e começar de novo...

– Só você morrendo agora e por um milagre renascer em outra vida.

– Cara, por favor, me perdoa por tudo que é mais sagrado. Quando o Eudenes disse o que disse de você, eu fiquei com muita raiva, cara. Você mentiu pra mim, pegou o meu amigo, ficou de intimidade com a mina dele lá na praia, sem nem conhecer ela direito, mas quando está comigo, que te conheço há anos, você age como se eu valesse menos que um cachorro.

– É O QUÊ?! ISSO TE DEU O DIREITO/

– (interrompeu-me) Você me deixa loko, cara. Eu sou homem, Bruno, não curto essas paradas de luta de espada, não. Só de pensar em sexo com homem eu sinto/

– ENTÃO QUER QUE EU ACREDITE QUE VOCÊ SÓ FEZ AQUILO PRA ME HUMILHAR? MOSTRAR QUE É MAIS HOMEM? – berrei.

– Não. Não. Deixa eu falar. Fala baixo, cara. Calma.

– VÁ SE FUDER SEU DOENTE. FALO NA ALTURA QUE EU QUISER.

– Cara, eu tô te dizendo que você me enlouquece. Eu gosto de buceta, de mulher. Te juro, cara, nunca olhei pra nenhum marmanjo. Por isso eu não entendia por que com você era diferente. Eu tinha muita vergonha de sentir atração por você.

“Eu não serei besta nunca mais”, dizia pra mim isso enquanto ele falava o que queria.

– Só percebi que eu sentia algo por você em Manaus, quando eu já tinha casado com a Jeniffer. Eu odiava estar longe, eu vivia em agonia, No meu primeiro ano na Marinha, eu pensava em você o tempo todo. Quando a Jeniffer e eu nos separamos eu me senti livre. Mas você ainda me prendia, cara... Eu sou hétero, viado. Eu não devia sentir atração por você, caralho! Mesmo assim, eu também não conseguia me imaginar transando contigo. Eu sei que é loko. Por isso voltei em Pernambuco pra te rever. Quando cheguei na sua casa e comecei a esperar você voltar do trabalho, senti muito frio na barriga. Eu me sentia um adolescente...

– Você disse que já desconfiava que eu era gay.

– Mas eu só desconfiava. Você nunca namorava na escola nem falava das minas. Mas eu nunca vi você olhando pra nenhum cara. E você estudava muito... achei que era por isso que não pegava ninguém. Hoje eu percebo que eu afastava os mulekes pra longe de você no colégio porque tinha medo que você gostasse de qualquer um deles. Mas agora tá tudo piorado. Você tá lindo demais, cara. Eu quase caí do sofá quando te vi chegando do trabalho naquele dia. Eu fui te abraçar com mó alegria depois de anos e você respondeu ao meu abraço com uma crítica. Você preferiu dormir no chão a dormir comigo. Eu me senti um lixo. Você prefere até dar mole e ficar faceiro praquele muleke de Minas do que dá um sorriso pra mim. Eu tentei te fazer ciúmes com umas garotas, mas você tava nem aí praquilo. Cara, não é fácil pra mim dizer tudo isso, Bruno!

– Então por que você não disse nada quando me assumi? – eu me odiava por estar fazendo essa pergunta. Não devia fazê-la. Eu estava sendo fraco.

– Cara, você tá se ouvindo? Você disse que é o que come. Eu mal conseguia me imaginar pegando no teu pau, como eu ia deixar tu me comer? Mas aí você deu rabo pro Eudenes e quando eu tentei também, você me rejeitou. Eu não entendia. Eu não sou de se jogar fora. E se você transa com qualquer um, por que não queria dá pra mim?

Os questionamentos deles sobre mim foram o cúmulo. Ele tinha insinuado que por eu ser gay, necessariamente, iria querer abrir as pernas pra qualquer hétero me foder.

– (respirei fundo) VOCÊ TÁ DIZENDO QUE A CULPA POR ONTEM, NO FIM DAS CONTAS, FOI MINHA, É ISSO?

– Cê loko? Não! Você que tá querendo entender assim, caaara.

– E É PRA EU ENTENDER COMO?

– Ficou com raiva por que, viado? Eu tô aqui aberto me declarando pra você.

– VOCÊ É UM DOENTE MESMO. TÔ ME LIXANDO PRA VOCÊ. ACHOU MESMO QUE DEPOIS DE ME HUMILHAR, EU IRIA SÓ ESQUECER O QUE FEZ E TE AGRADECER POR VOCÊ ASSUMIR QUE É BICHA? PENSAVA ISSO?

– QUEM É BICHA? EU OU VOCÊ QUE NÃO PODE VER UM NEGÃO COM O NABO PULANDO NAS PERNAS QUE JÁ QUER QUICAR E CHORAR ENCIMA, SEU MENTIROSO DO CARALHO!

Num único segundo, levantei-me do chão e saltei pra cima dele. Na noite anterior eu estava bêbado, não tinha condições nenhuma de me defender, mas naquela madrugada eu estava preparado pra tudo. Simplesmente me impulsionei e encaixei uma pesada em seus peitos. Com o chute, ele caiu sentado no chão.

– LEVANTA PRA ME ESTUPRAR AGORA. OU VEM PRA CIMA, ME BATER.

Ele pôs uma das mãos no peito. Fiquei em pé, olhando pra ele ali, prostrado. Quis agredi-lo mais.

– CÊ ENLOUQUECEU?/

– (dei um soco na sua boca) FALE BAIXO, PORRA!

– CARA, EU NÃO QUERO TE MACHUCAR.

Ele não queria, mas eu sim. No instante que ele terminou a frase, dei outra pesada nele, que recuou a cabeça, batendo na parede. O chute foi cheio mesmo. Abriu um buraco na cabeça dele, por onde escorreu muito sangue. Fiquei parado olhando pro Leonardo. Um sorriso de satisfação veio no canto da minha boca.

– Quê isso, Bruno?

– Pra você saber que essa bichinha sabe se defender.

– Agora que você se vingou, só peço perdão pelo que te fiz. Só peço isso.

– E eu só quero que você suma da minha vida. – falei com a voz embargada e tremendo. – A partir de hoje não quero sequer sonhar que você ainda existe.

Retirei-me da sala e desci as escadas. Deixei ele com a cabeça ensanguentada e os olhos baixos, derrotado. Ouvi-o uivando em lágrimas. Realmente não me importei. Eu sabia que Yeda e João tinham o costume de dormir tarde, então fui até a casa que eles haviam alugado, conversei amistosamente com eles, e disse que precisava ir embora. Não falei os motivos, embora tenha lutado pra ser o mais amoroso com eles o possível, naquele momento. Ajeitei a mala, pedi um motorista e parti pro Aeroporto Santos Dumont. Levei horas até conseguir um voo, mas não ficaria mais um dia no Rio de Janeiro. Aterrissamos na minha cidade pouco depois das oito. Meu coração estava vazio e a alma repleta de remorsos. O homem que voltou do RJ era só um zumbi, um saco de amargura e arrependimentos que conservava apenas a lembrança de que tudo de que sonhara havia lhe sido arrancado e do ódio por aquele que considerava o amor da sua vida: Leonardo Senra.

Ainda me ardia na mente a cabeça machucada do Léo, mas assim que cheguei em casa procurei exorcizar qualquer pensamento sobre aquele homem. Durante esse processo, tive uma baixa no meu sistema imunológico, o que levou minha mãe – a quem eu não contei nada – a insistentemente me convencer a procurar o hospital onde ela trabalhava. Era uma unidade ostentosa, de classe média, que se estacava no centro da cidade. Apresentei-me na urgência sentido que alguém batucava um tambor dentro da minha cabeça. Sentei-me em uma das cadeiras com muita dificuldade, porque horas antes o vômito havia levado minhas forças. Eu estava muito mal, curtindo minha doença desconhecida, quando ouvi uma voz grave e familiar, falando comigo.

– Bruno? – era o Cleiton.

– E aí, pai.

– Sua cara não tá muito boa não, já sabe o que você tem?

– Não. Ainda tô esperando pra ser atendido. Mas acho que tem a ver com a mudança de clima que enfrentei na minha viagem.

– É, tinham me dito que você foi pro RJ de moto...

– E foi? (sorri levemente curioso) Bem, isso é uma longa história. Agora, você sabe da minha vida, mas eu não sabia nem que tu trabalha aqui, pow. – comentei, olhando pro jaleco.

– Sim, mas sou novo aqui, cabeça.

– Tô ligado.

– Mas então, cara, tu sumiu, não fala no whats, não posta nada no Insta, tem tempo que não vai a academia...

Senti-me stalkeado pelo Cleiton, mas não me surpreendi. Apenas desconversei.

– Sei que tu tá chegando das férias agora, mas diz aí quando vai ser tua próxima folga. – ele mudou de assunto.

– Cara, só no mês que vem, no carnaval, né?

Irrompemos no riso.

– Xa eu falar. Tem um pessoal no Facebook que tá montando um grupo de trilha pra passar o carnaval na Chapada Diamantina. Me inscrevi. Quer ir?

– Cleiton, não sei não cara. Essa viagem de agora me desmontou todo.

– Vai ser legal, papai. Você não vai precisar comprar nada. Tenho a barraca, lona, as coisas que precisaremos levar. Tu só precisa ir comigo.

Eu conhecia seu verdadeiro interesse, e, embora não estivesse com cabeça pra pegação naquele momento, me senti valorizado, e por alguém que sempre quis cuidar de mim.

– Beleza. Vou sim.

– Feshow, pai. Vou te mandar o link.

Ele saiu pra atender seus pacientes e eu fiquei feliz, também desacreditado que eu iria novamente seguir alguém numa viagem.

...

Passava das seis da noite da primeira sexta-feira de carnaval. Eu já tinha ajustado com ele cada suprimento e ferramentas que deveríamos levar. Cleiton aconselhou-me deixar meu carro em sua garagem, muito espaçosa por sinal. O pai dele, que poucas vezes tinha visto, assistia TV no quarto naquele dia. O que, prontamente, levou-me a pensar que não teríamos nenhum tipo de intimidade na casa. Acredito que quem sabe da orientação sexual do Cleiton, certamente, já ficou com ele. Mesmo preferindo a discrição, não titubeou em me puxar pelo braço e me roubar um beijo, enquanto pegávamos as mochilas pra levar pro Uber. O beijo não teve nenhuma novidade, porém, trazia como objetivo saber se eu estaria a fim de deixar as coisas rolar ou não.

O ponto de encontro com o restante do grupo era a orla, bem próximo de um dos principais pontos turísticos que margeiam o Rio São Francisco, a Ponte Presidente Dutra, que liga Pernambuco à Bahia. A noite estava bastante estrelada e as luzes azuladas dos postes, platinando o Velho Chico, nos acompanharam até cruzarmos a ponte e nos aprofundarmos no emaranhado de casas e prédios carentes de beleza natural. O ônibus seguiu sua rota sem contratempos. Praticamente dormi no caminho. Cleiton já conhecia alguns trilheiros ali. Tenho quase certeza porque senti o olhar felino de pelo menos um deles sobre mim. Éramos em doze, com quatro mulheres e oito homens. O organizador do tour era o que não tinha gostado de mim. Mas tentou ser amigável, pelo menos.

Um silêncio espesso assombrava as ruas de Pindobaçú, no Piemonte da Diamantina, quando nossa frota o afugentou e substituiu pelo ronco de motor e berreiros daqueles que subestimavam a subida à Serra da Fumaça, que emergia lá ao fundo com seus 1.300 metros de altura. Duas horas e meias foi o tempo que levamos pra chegar ao povoado, mas quatro horas seriam necessárias para superarmos as pedras úmidas e íngremes e obstáculos naturais, que presenteavam a trilha.

A Serra da Fumaça abriga uma vegetação de campo rupestre, num ambiente de transição entre o cerrado, mata atlântica e a caatinga. A formação de jardins naturais de bromélias, orquídeas e quaresmeiras se estendem sobre os afloramentos rochosos, muitos deles verticais. O caminho até as cachoeiras para onde fomos requer um pouco de equilíbrio, mas dá uma visão quase panorâmica da magnitude do lugar. Cleiton não parava de falar sobre o espetáculo das Sete Quedas, Poço das Estrelas e a Véu de Noiva, nem da água gelada que minava do topo da elevação.

Se, lendo minha história, você sinta interesse em ir lá, aconselho levar água e prosear muito com seus amigos. A escalada realmente não é fácil e ocupar a mente com certeza será uma boa ideia. A minha ocupei admirando o Cleiton, e que homem bonito. Pra evitar a insolação, ele preferiu subir a serra apenas com a mochila, um tênis, uma bermuda e regata preta, daquelas características de academia. Vendo como eu o analisava, ele tirou a camiseta e colocou sobre os ombros, ficando com o peitoral todo definido de fora e um short descuidado do volume. Em determinado ponto da trilha, fiz o mesmo, daí foi a vez dele me devorar com o seu olhar, aqueles olhos caninos permaneciam nele. Eu também estava relaxado. Vestia uma calça moletom azul marinho e uma regata listrada de branco e azul.

A chegada ao topo da serra estava prevista pras três horas, mas nosso grupo só alcançou o local do camping lá pelas cinco. Em aventuras como essa, é normal atrasos porque sempre tem alguém passando mal, um retardatário ou problemas que vão surgindo no percurso. Ao finalmente alcançarmos o pico, deparemo-nos com uma planície que se desmanchava entre neblinas e orvalho. Vale à pena atrasar um pouco mais o banho de cachoeira pra contemplar a paisagem e tirar selfies. Cleiton e eu exageramos, inclusive. Ele, aliás, tinha uma desenvoltura nata para montagem de barraca, o que o tornou armador não remunerado de praticamente todos ali. A essa altura, já eram sete da manhã do sábado, quando pulamos na Véu de Noiva. Chegando nas quedas d’água, também há uma mata rebelde e paradisíaca, digna dos filmes. Tudo era charmoso e selvagem ao mesmo tempo, seria até pecado comparar essa viagem à do Rio.

Meu olhar perdia-se na imensidão daquele lugar, no seu naturalismo encantador. Lembro-me de que a descida íngreme, de acesso às cachoeiras, fazia meu coração bater no peito como se alma quisesse abrir caminho e jogar-se pelo penhasco. Olhava para Cleiton, boquiaberto. Ele me sorria, piscando o olho.

– Do chão não passa.

– Só preciso do chão mesmo pra morrer.

– (sorriu) Relaxa que se cair, eu cuido de você.

De onde nós estávamos se podiam ver, bem mais distante e embaixo, umas dezenas de casas do vilarejo e um fio de estrada por onde surgimos ali. Em volta, tinham mais montanhas, fazendo do horizonte um borrão de tintas azul e verde guache. Os minutos e horas lá transcorrem como numa alucinação. Depois de nadarmos, explorarmos a floresta e bronzearmos nas pedras, só notamos que o tempo tinha voado quando o sol se espreguiçou, voltando em seguida pro seu descanso. Estendemo-nos na penumbra azul do início de noite com um sorriso estampado nos rostos e a cantiga dos insetos como som de fundo. Ao retornamos pras barracas, o sono e a fadiga queriam me derrubar, mas eu resistia a entregar-me. Não queria perder o sarau dos amigos do Cleiton nem a janta coletiva que improvisaram próxima das fogueiras. Alguns vagalumes sobrevoavam sobre nós todos e aquilo era particularmente inesquecível. Por isso, não estranhei quando vi todo mundo ali fechando seus cigarros de maconha como se brindando o dia e a noite perfeitos. Juntei-me a eles.

Naquela noite, depois de já brisado, refugiei-me na barraca do Cleiton e decidi dormir. Também não demorou pra ele deixar os amigos e me seguir, fechando o zíper da tenda, atrás dele. Queria tragar uma última mary jane comigo. Olhei pra ele e pro cubículo onde estávamos. As paredes ondulavam como algas no fundo de um rio. O teto se afastava num sopro. Eu mal conseguia ficar erguido, mas aceitei a saideira. Cleiton, como da outra vez, começou a tragar a fumaça na minha boca, até me beijar. Seus lábios estavam quentes e sua língua era toda o gosto da erva. Enquanto nos beijávamos, sua mão escorregava com leveza em direção a minha bermuda, procurando arrancá-la. O médico inclinou-se sobre mim e acariciou-me a pele até me virar de costas. Por fim subiu minha regata, mas não a tirou completamente, fazendo dela uma corrente improvisada sobre minha cabeça. Eu desfrutava da sua pegada contendo os gemidos, o que o instigava a me segurar mais forte e com firmeza.

Novamente, o espaço onde estávamos começava a ficar quente, e eu mordia os meus lábios como nunca, enquanto ele massageava meu pênis já babado. Eu queria fazer o mesmo com ele, e ele, ao perceber isso, me imobilizou mais um pouco. Depois, pôs sua mão em cima da minha e a guiou pela sua barriga até a sua piroca. Não sei dizer em que momento ele tirou a roupa. Cleiton sussurra safadezas no meu ouvido e eu ia ao delírio com aquilo. Quando apertei com vontade a rola dura e cabeçuda dele, ouvi-o delirar também.

Cleiton não parava de puxar meus cabelos e morder meu pescoço. Ele continuava esfregando seu corpo nas minhas costas, beijando a minha nuca, me deixando totalmente arrepiado. Suas mãos foram em direção a minha bunda, e ele não tinha pena em apertá-la. Na hora não aguentei e empinei o rabo, que até então seguia enrijecido. Claro que ele viu aquilo como um sinal verde, pois não levou dois segundos até eu sentir sua giromba roçando no meu ânus. Voltei a retrair um pouco, mas dessa vez ele tinha uma estratégia diferente. Fez-me deitar totalmente a cabeça no chão e empinar de novo o bumbum, dando-me um banho de fio-terra maravilhoso. Eu já estava entregue. Ele transpirava cheiro de macho, suor de homem dominador. Cleiton não parava de gemer, mesmo que baixinho, e a impressão que eu tinha era a de que seu membro explodiria a qualquer momento de tanto sangue acumulado na cabeçona dele. Chegou uma hora que ele não aguentou mais fazer só aquilo e sussurrou ao meu ouvido:

– Agora tu é meu, Bruno! Deixa eu te enrabar, cara?

– Mete seu puto. Né isso que você queria? Mete, vai. Quero ver o que eu estava perdendo, macho safado!

Em seguida, fechei os olhos, esperando ser preenchido. Ele me deu uma última lambida, untou o pau e começou a forçar entrada do meu cu. Senti dor logo que a jeba dele penetrou os primeiros milímetros, mas não era uma sensação incômoda mais. Ele foi socando centímetro por centímetro de vagar, mas firme, bem firme. Esperou um pouquinho até pulsar aquele pauzão, e me pegando de surpresa e assustado. Ele quase irrompeu no riso. Esperou mais um pouco, até eu me acostumar, e passou a fazer um vai e vem cadenciado. A dor ainda persistia, mas dessa vez o prazer que eu sentia era bem maior. Ele percebeu que eu tentava olhar pra ele me penetrando, enquanto ele sorria, então se deitou em cima de mim, me beijando e abrindo mais as minhas pernas, pra facilitar a socada. Só depois que percebeu que eu sentia apenas prazer foi que ele tomou certo ritmo e velocidade, me montando sem pena. Ele fazia movimentos rápidos, mas abafados e profundos, nada de doloroso.

Cleiton gemia aos meus ouvidos, sempre se preocupando comigo, perguntado se estava bom, se doía ou se eu queria outra posição...

– (gemendo) Tá gostando, tá, safado?

– Tô, cara. Que foda gostosa do caralho!

– (gemendo) Quer mais de vagar, quer?

– Tá bom assim, continua vai.

– Tu é muito apertadinho, cara, puta que pariu!

E essas palavras foram perdendo o sentido até que se tornaram apenas frase sujas e desconexas. Ele me elogiava, dizia também que eu era durinho, quente, úmido, e que tinha desejado muito fazer isso comigo.

Ele fez alguma coisa e de alguma forma eu já estava de ladinho, recebendo seu mastro como se uma fêmea. Ele metia mais forte e colocava a mão dele entre minhas costas e seu abdômen, pra que ninguém do camping ouvisse o barulho das metidas. Ele me penetrava agora quase que com raiva, batendo sua virilha em minha bunda. Voltou a puxar meus cabelos, fazendo minhas costas encostar-se a seu peitoral. O gostoso era bom e tinha muita pegada. Cleiton continuou metendo nessa posição por uns quatro minutos até que começou a gozar lá no fundo do meu cuzinho. Eu nem tentei sair. Ficamos um tempo encaixados até que, sem falar nada, ele tirou seu pênis de dentro de mim e se virou de bruços. Entendi o que eu deveria fazer. Dei umas chapas e lambidas no seu anelzinho, enfiei a língua e mordisquei suas nádegas, pois eu sabia que o Cleiton gostava disso. Posicionei-me sobre ele e apontei meu pau bem na portinha, procurando uma entrada. Eu ainda estava brisado pela maconha, mas não tive dificuldades pra enfiar meus 20cm até entrar tudo. Ele deu um gemido contido, se acostumando com meu pau atolado no seu cuzinho. Comecei a fazer um vai e vem lento e logo minhas bolas já batiam em sua bunda. Seu buraquinho estava bastante lubrificado, e meu caralho deslizava facilmente, era uma delícia. Não demorei muito e devolvi em seu cuzinho o jato de porra que ele havia despejado dentro de mim, sem me perguntar. Em seguida, caí ao seu lado e ali nossas pálpebras e o mundo despencarem de uma vez só. Foi um sono negro e leve. Um sono realizado pra ambos.

Espreitava a alvorada quando o manto daquela letargia se evaporou e abri os olhos numa cabana fria e iluminada. Cleiton, com as pernas jogadas em cima de mim, roncava com a fúria de um homem três vezes maior, se é que era possível. Fora da tenda, ouviam-se as conversas de alguns mochileiros preparando o café da manhã. Nós dois ainda estávamos pelados e eu me preocupei que algum dos seus amigos viesse ali nos chamar, nos colocando numa situação desconfortável. Deslizei minhas mãos sobre seu rosto e o acordei. Colocamos os shorts, tiramos nossas toalhas, sabonete e escovas de dente e nos dirigimos pra trás do acampamento, onde corria um riacho de água vermelha escura e geladíssima. Ao longe, margeando o córrego, ouviam-se também sons de outras pessoas, que como nós, não queriam entrar naquela água fria pra tomar banho. Mas aceitamos que era preciso e pulamos no riacho quase que num salto ornamental. Eu tiritava os dentes enquanto me esforçava pra liberar o gozo do Cleiton de dentro de mim. Olhava-o, e ele, sereno, já escovava os dentes. Parecia que ele estava sempre um passo a minha frente.

– Ontem você empinou pra mim, Bruno. – falou-me quando me viu o observando.

– Hein?

– Ontem tu me deixou pirado quando empinou pra mim. Você tava com vontade, cara. Teu cu tava todo molhadinho...

– Pow, tu vai falar disso aqui e agora, é? – rimos. – Mas, sim, caralho, eu curti muito você ontem.

– Que foda foi aquela, mano? Temos que repetir.

– Calma, cabeção. Vai me deflorar todo dia não. Eu hein. – rimos novamente.

Depois de nos limparmos, retornamos ao acampamento e fizemos nosso café. A turma já tinha descido pras cachoeiras. Fomos também.

Naquele domingo, o sol estacou-se no céu não permitindo a passagem de uma só nuvem, que, pretenciosa, tentasse roubar dele nossa atenção. Interagimos em grupo, nadamos, nos bronzeamos novamente, fizemos mais incursões pela mata e às três da tarde, o coordenador da trilha orientou-nos a desmontar as barracas pra partida. Não vou dizer a vocês que a descida é melhor que a subida. Pelo contrário. Se lendo isso, você decida seguir meu exemplo e ir à Chapada Diamantina, saiba que haverá certo sofrimento. Porém a experiência justifica-se. Ladeira a baixo, uns pés de jaca frondosos e córregos de água cristalina aliviaram a fadiga e a ânsia de chegar logo no povoado. Num desses riachos, paramos pra repousar sobre as mochilas, nos molhar e tirar o suor. Eu estava sentado, com a água até o pescoço, quando Cleiton aproximou-se de mim, como uma presença cósmica.

– Você é tão lindo, Bruno! Caralho, bicho, tu é macho, é educado, tem papo... É difícil conseguir alguma coisa de ti, mas eu te amo pow. Te amo, porra!

Fiquei sem reação ao ouvir aquilo. Creio que o meu silêncio foi ensurdecedor pro Cleiton, que esperava de mim algo mais que um simples sorriso contido. Permaneci calado. Ele não se deu por vencido, nem se acanhou.

– Tu me ama, Bruno?

– Amo, Cleiton, mas não do jeito que você sente. – falei, entristecido.

Fez-se um silêncio entre nós. Ouvíamos apenas o riacho e o grupo, ao longe.

– Porra, velho, eu sei disso. Queria que me amasse do mesmo jeito, mas eu já tenho 32 anos, não sou inocente. A gente vai se curtindo e vendo o que rola, pode ser?

Sem saber ao certo se era uma boa ideia, assenti pra ele e nos levantamos pra buscar as mochilas. Seus dedos percorreram meus ombros e minha nuca. Ele parecia não mais se importar com as aparências e eu estava ficando excitado e ansioso ao mesmo tempo. Engoli em seco, notando que uns rapazes por quem passávamos nos olhavam sugestivamente. Eram colegas dele, pelo menos.

Passava das cinco da tarde quando todo o grupo entrou no ônibus, em Pindobaçú, cansados e loucos pra chegar em casa. Na volta, apenas o motorista foi acordado. Gostaria que nessa história ninguém saísse machucado, mas a verdade é que, nela, ninguém sai ileso das marcas e ferimentos emocionais característicos da própria vida. Cleiton e eu tentamos um relacionamento nos meses que se seguiram, mas, por uma obviedade que se fazia mais visível aos meus olhos que aos dele, não demos certo. Durante meses, tentei amá-lo e deseja-lo intensamente, mas tudo que eu conseguia era respeito e um terno carinho por ele. Sentimentos esses que me levaram a uma decisão drástica e necessária, a de terminar com as tentativas de romance para um relacionamento fadado à amizade. Bem, amizade da minha parte, porque Cleiton, acho que pra se ferir um pouco menos, preferiu deletar-me da sua vida, das redes sociais, no WhatsApp e de qualquer ambiente onde pudéssemos nos esbarrar. Até hoje não sei nada mais sobre ele.

...

Com o tempo, minhas próprias feridas foram cicatrizando e, superficialmente, sentia-me pronto pra retomar parte de mim que havia deixado no RJ. Foi assim que em junho de 2019 entrei em contato com Yeda e João. Aquele casal tinha sido amabilíssimo comigo e, em troca, eu apenas desapareci, sem cerimônia. Também foi nesse período que voltei a conversar com o Eudenes. Nunca soube ou perguntei por que ele mentira sobre a gente pro Leonardo. Só posso supor que ele temesse o amigo descobrir suas preferências sexuais como passivo. Eudenes me pediu perdão e eu o perdoei. Afinal, não era culpa dele o que veio a acontecer depois. Foi o Eudenes inclusive – ignorante de todo o ocorrido naquela casa, que agora ele e sua família moravam –, que me contou sobre a paternidade do Leonardo. Isso mesmo, meu ex-amigo havia engravidado uma menina e estavam com 16 semanas naquele mês.

Quando ouvi o áudio, eu estava deitado na cama. Pus-me em pé e fiquei andando pelo quarto. Perguntava-me por que aquela angústia perturbava o meu peito. Queria saber por que Leonardo fez o que fez comigo e engravidou uma garota... Não, por que eu me importava? Essa obsessão estava cansativa demais já. Eu só andava e pensava, sem sentir o chão. Será que ele só quis experimentar comigo pra tirar a dúvida daquela cabeça insana? Quer dizer, não sei. Na real, eu nunca o entendi direito, nem ele a mim... Então, estamos quites. Como assim quites? Ele vai ser pai, e eu nada, moro com minha mãe ainda, estou estagnado na minha profissão! Já ele é concursado. Quase enlouqueci pensando essas coisas após a revelação de Eudenes. Mas foi depois disso, que mudei mais uma vez a minha vida. Dessa vez, profundamente...

Embora eu ganhasse bem na agência onde eu trabalhava, pedi demissão no início de novembro. Teria que cumprir o aviso prévio de um mês, tempo suficiente pra que meus três amigos, em Curitiba, concordassem ou não em dividir por algumas semanas o apartamento comigo. Como eu, minha mãe e irmã sentiam um peso no coração, mas sabiam que, naquele momento, minha decisão estava tomada, e apenas me apoiaram. Eu precisa mudar de capítulo, de livro, deixar aquela história com o Leonardo pra trás de uma vez por todas. E Curitiba seria meu recomeço. Aqui, eu estaria longe de tudo, seria fácil encontrar um emprego com o meu perfil profissional e teria uma cidade nova e cheia de oportunidades pra explorar. Sabia disso porque já tinha vindo algumas vezes, e sempre retornava encantado.

Em dezembro, meus amigos de infância e de trabalho realizaram uma festa de despedida pra mim. De fato, foi o único momento que tive de pura felicidade, sem remorsos pela mudança. Nos dias que antecederam meu voo, minha mãe aparecia no meu quarto, abatida, e me segurava com seus braços, querendo me devolver a seus ventres.

– Ô, meu filho, vai pra tão longe da mãe! – murmurava.

Eu ficava triste, mas segurando o choro, apenas a consolava.

– Não se preocupe, mãe. Eu vou ficar vindo aqui, além do mais vamos nos ver todos os dias por vídeo-chamadas.

Olhando-a chorar, eu procurava palavras que saiam rasgando-me a garganta. Ali no quarto, foi a primeira vez que percebi que minha mãe estava envelhecendo, e que seus olhos, olhos de lutadora cansada, estavam menores e frágeis. Depois de me abraçar, ela levantava e dizia que iria preparar uma comida deliciosa, os meus pratos preferidos.

– Se tivesse como, daria umas manteigas de garrafas, uns ovos de codorna, uns queijos pra tu levar, mas você vai de avião.

– Tem problema não, velhinha. – é assim que muitas vezes a chamo. – Como aqui quando eu vir fazer uma visita.

Ficamos usufruindo a presença um do outro até que chegou o dia da minha partida. Uma tarde nublada parecia refletir o nosso interior. Tornei-me a abraçá-la e peguei as malas, levando pra o porta-malas do carro por aplicativo. O meu, além de uma moto e outros bens, havia vendido em novembro. Vi minha mãe ficando para trás, com lágrimas nos olhos, acompanhando-me cobrir na esquina.

O voo da minha cidade pra Curitiba faz escala em Guarulhos. E lá permaneci por cinco horas até a companhia aérea anunciar o portão de embarque. Aterrissei no Aeroporto Internacional Afonso Pena uma hora mais tarde. Saí do saguão, peguei minhas malas, lancei-me em direção à porta de saída e fui pego por um ar gelado que soprava seis graus. Do lado de fora, um homem alto, moreno, cabelos grisalhos, com barriguinha, de 43 anos, aguardava-me.

– Migo, que demora pra chegar aqui, daí. – disse David, um recifense da gema há seis anos na capital paranaense.

– Né, velho? Eles seguram a gente nessas escalas pra que os quiosques tomem nosso dinheiro. (rimos)

– Tá com fome? Daqui pra casa dá 30 minutos. Junior fez uma janta pra você.

– E o Acson?

– Ah, aquele ali anda por aí comendo brioco. Sabe como ele é, né, tem espírito de Sodoma preso nele.

– Vocês se separaram mesmo? – perguntei enquanto entrava no carro.

– Sim, amigo. É uma longa história... mas não tava dando certo, não.

– Vocês moram juntos ainda. Como tão as brigas?

– Bruno, nós sempre estamos brigando né, mas é a vida. Não posso pagar aluguel aqui sozinho, ele também não, nem o Ju...

– Tendi.

Conversamos muito no caminho. Chegamos no apartamento e fui recepcionado com um abraço carinhoso do Ju. Baixinho, negro, cabelos cacheados, corpo normal e uma alma incrível. A relação dele com o David e o Acson era apenas de amizade, e uma vida de companheirismo. Os três saíram do Recife tentando evitar olhares julgadores das famílias em torno de suas homossexualidades. Naquela cidade, não era incomum algum parente ou conhecido condená-los pelos gestos afeminados ou pela intimidade que deixavam transparecer. Mesmo que não formassem um trisal, explicar isso pra todos seria uma vida perdida.

Fiquei hospedado na casa dos meus amigos até janeiro, quando aluguei um sobrado num condomínio típico da Água Verde, um bairro de classe média curitibano. No réveillon, passamos a virada bebendo e vendo os fogos de artifícios explodirem no céu constelado de Florianópolis, em Santa Catarina. Minha vida, aos poucos, começava a entrar em um novo ritmo. Consegui um emprego no CEO de um indústria de alimentos em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, financiei um HB20 e lá por meados de fevereiro de 2020 já dava meus próprios passos nas curvas e avenidas, sem ajuda de um “guia”.

Se você ainda estiver lendo essa história, deve estar pensando que Leonardo virou poeira na minha vida. Pois é, na época, até eu pensei assim. Mas, então, a pandemia do coronavírus se espalhou e trouxe com ela o meu velho acometimento. Quando o governo declarou quarentena no estado, meus amigos e eu decidimos confinarmo-nos na mesma casa por questões práticas de economia de despesas, alimentos, energia, água, companhia... Também optamos pelo meu sobrado, naturalmente maior que um apartamento, e, portanto, mais ar circulando.

O aumento repentino de moradores no sobrado não causou atrito entre eu e meus vizinhos, embora não me engano quanto à insatisfação que eventualmente tenham tido com o nosso som e a nossa playlist. Escutar músicas como Dois Trabalhos, Amor de Que, Só Depois do Carnaval e Sua Cara centenas de vezes pode, sim, tirar do sério quem não gosta de um funk família.

Passamos o primeiro sábado de março dançando, fazendo algazarra no sofá e lembrando das nossas infâncias. Sempre que ouvíamos passos na área comum do condomínio, eu me preparava pra atender a porta e ouvir justas reclamações de estranhos. Confesso que a horda que hospedei em casa fazia por onde. Contudo, mesmo com o cair da noite, ninguém emergiu das cóleras pra nos censurar. Você que não mora em Curitiba, saiba que seus habitantes dão muita importância à própria vida pra desperdiçá-la reparando a de outros. Óbvio que estando aqui há apenas três meses eu não tinha uma real noção disso, e quando a campainha tocou, por volta das sete, fui atender a porta com o meu discurso de desculpas memorizado. Porém, ao abri-la, todo o meu texto desmanchou-se num borrão. Era ele.

– Léo?

Meu coração palpitou, senti um frio subir pela espinha e meus pulsos pulsaram.

– E aí, Bruno, tudo bem?

Suspirei, boquiaberto.

– O que você tá fazendo aqui?

– Queria só conversar...

Uma impaciência imensa se espalhou pelo meu corpo, e eu fiquei parado.

– O-olha, quem tá aqui, meninas?! – saltitou David do sofá com um salto mortal duplo.

– Finalmente a entidade em pessoa se manifestoou. – alfinetou Acson.

Eles nunca conheceram o Léo pessoalmente, mas é claro que eu desabafei alguns assuntos com eles e os supracitados fizeram o dever de casa de stalkear no Facebook.

– Quem te deixou entrar aqui? – trouxe a conversa de volta pra gente.

– Eu disse ao porteiro que era seu amigo.

– Hmm?

– O povo tá achando que a tua casa é a cada da mãe Joana, migo. – insistiu Ascon, que estava se divertindo muito. – Se eu fosse tu, eu não deixava passar, hein.

– Aí, eu te conheço?

– Jamais. Corro léguas de boy problema.

Fiquei lívido. Mais vivido, David chamou o Ascon e o Junior pra darem uma olhada no estado de seu apartamento. Observei-os sair em silêncio, com o olhar impenetrável pra parede, queria evitar contato visual com ele.

– Qualquer coisa chama, tá? – disse Ju, saindo.

– Cara, por favor, vamos conversar. – falou Léo, parado no umbral da porta.

– Pra quê? Tá pensando o quê? Que o seu nabo entre as pernas vicia? – fui direto.

Ele suspirou.

– Ache-achei, juro por tudo que é mais sagrado, que naquela noite você só tava se fazendo de difícil/

– (o cortei) Você é um pau no cu, mesmo, seu otário. Tu se acha. – o deixei sozinho na porta, aberta.

– Esquece o que falei. Eu me enganei. Só queria que a gente ficasse bem de novo. Só isso, Bruno.

– Tá, deixa pra lá. Só some daqui, meu! Aliás, não fala nunca mais comigo. – disse chegando no meio da sala.

Senti sua presença me seguindo. Meu coração acelerou. A adrenalina se espalhava pelo meu corpo.

– Cara, eu já pedi perdão, vim até aqui te ver... Não sei mais o que fazer pra tu.

– Engravida outra guria.

Ele me contemplou, surpreendido. Eu não seria humilhado por ser quem sou nunca mais.

– Caralho, porra, por favor, Bruno, para com isso.

– Parar com o quê?

Passou-se um minuto de murmúrios na rua. Leonardo tinha apenas um casaco preto nas mãos.

– Por que é tão fácil pra você esquecer de mim? Antes de eu ter feito o que fiz, sempre fomos amigos. E era sempre eu quem te procurava pra sairmos juntos.

Aquela malfadada noite não saia da minha cabeça, mas aquelas palavras mexeram comigo. Calei-me. Deixamos passar vários minutos sem nos dizer nada, olhando pra Lexa, que se apoderava da TV suspensa no painel. Vi que Leonardo procurava palavras, tentando antever minhas respostas ou mesmo esperando algum tipo de iniciativa minha. Voltei-me os olhos pra ele e sustentei o olhar. Também não sabia mais o que responder nem fazer. Meu impulso se dividia em pular nele e beijá-lo e mandá-lo embora. Léo abaixou os olhos e se afastou em direção à saída. Minha porta levava direto à garagem e à área comum. Observei suas costas másculas se fundindo com o ar frio da noite. Fui atrás dele e o detive, arrancando-lhe o casaco das mãos. O vento castigava o corpo, varrendo a indecisão e a raiva. Tornei a voltar pra dentro de casa e ele veio após mim, desconfiado. Nós nos evitávamos o olhar. Peguei o casaco e joguei no sofá. Eu queria ceder, mas não conseguia. Leonardo sentou-se ao meu lado, preso em seu mundo. Eu me inclinei sobre ele e senti sua respiração no meu pescoço. Suspirei seu perfume suave. Ele ficou paralisado.

– Achou que eu ia te beijar, foi? – indaguei.

– Achou que eu ia fazer isso? – eu dizia, roçando a barba em suas orelhas.

Abri os olhos e o Léo não fazia nada. Só ficou sentado no sofá, com as mãos em cima da minha perna, me olhando. Eu estiquei minha cabeça e mordisquei seu pescoço e o canto dos seus lábios.

– Acha que é assim que um viado mostra que quer dar pra um homem, é? – parte daquilo parecia cena de filme pornô, e eu me excitava muito. – Tá gostando, tá?

Leonardo não afastou o pescoço, o rosto, os braços, apenas congelou. De repente, um constrangimento ardeu em minha face, e eu percebi que ele não tinha dito nada até ali que desse a entender que ele quisesse ficar ou transar comigo. Senti-me como se eu fosse um inseto que houvesse pousado em sua pele, o incomodando. Parei e me afastei dele, envergonhando. Quando se gosta de um hétero e aprende a conter esse sentimento, toda ação sua é direcionada pra não ser indiscreto, inconveniente, rejeitado e perde o amigo. Léo já não era um amigo, mas as sensações ainda eram minhas companheiras.

Mal tive tempo de pensar tudo isso e o senti me virando, com força. O Léo inclinou sua cabeça e me deu um beijão cheio de vontade. Foi o beijo mais longo e molhado da minha vida – e creio que o dele também. Suas mãos desceram pelas minhas costas, indo até a bunda. Ele a apertava com firmeza, me dominando e cheirando minhas orelhas, pescoço, barba e até as axilas. Entreolhamo-nos por alguns segundos. Comecei a ter espasmos nos corpo, vendo-o me desejar com tanta fome. Ele fechou os olhos e voltou a me beijar, enquanto me apertava contra seu tórax com aqueles braços musculosos. O pênis do Léo estava duro como uma rocha e ele aproveitou isso pra roçá-lo na minha barriga. Ele sabia muito bem como conduzir os meus lábios, sincronizando cada movimento do rosto e língua. Eu parei de beijá-lo, tentando respirar. Ele se recusou, me puxando pra lamber o meu pescoço e dar chupões. Leonardo gemia muito alto, e isso me causava receio, porque os meus vizinhos poderiam ouvir. Léo me dava um banho de gato enquanto sussurrava safadezas em meu ouvido. “Tu é muito gostoso, Bruno”, “Quero te maltratar, puto do caralho”, “Quer provar da minha piroca, quer?”, “Diz que quer, vai, diz”... Porém dessa vez, eu estava resolvido a conduzir cada passo até chegamos no sexo. Puxei-o pela camisa e o levei para o quarto.

Lá, joguei-o na cama. Não arranquei sua roupa nem tirei a minha. Eu estava ensinando uma segunda lição a ele. A primeira Leonardo já tinha aprendido: A de que eu não sou fraco. Essa nova era mais sobre ele do que eu: Fora ele quem veio atrás de mim, me querendo, não eu.

Subi na cama fui engatinhando até montar nele. Seu coração batia forte e sua respiração estava ofegante. Ele mesmo começou a me despir, olhava-me como se pedindo permissão. Eu apenas assenti. Vê-lo sôfrego daquele jeito era o meu maior tesão. Ele tirou minha regata lambeu meus mamilos e depois desabotoou a camisa esporte fino branca que vestia. Havia a tatuagem de um pezinho no peito esquerdo dele. Intuí que era de seu filho. Observei toda aquela escultura, eu percebi como eu tinha esquecido como o peitoral do Léo era maravilhoso: bem bronzeado, com pelos finos cor de cânhamo – daqueles que furam quando estão crescendo –, com um abdômen torado em oito gominhos e aqueles pentelhos curtinhos de macho galego espalhado pela virilha. Vi-me torpe inalando aquele cheiro de homem. Ele me abraçava forte, segurando minha cabeça pelo pescoço, enquanto preenchia minha boca com sua língua. Era uma delícia ter o corpo musculoso daquele cara grudado ao meu, percebi que seu pau tinha ficado ereto e ele me pressionava mais contra seu mastro.

Nessa altura ele já percorria com dedos por dentro do meu moletom vermelho procurando meu cu. Ele me beijava sem pressa, mas parecia um toro incansável. Ele fez força e conseguiu se sentar na cama, fazendo-me ficar sentado em seu colo. Eu fazia movimentos com o corpo, pra ele também sentir meu peitoral e minha bunda. Leonardo sabia me conduzir, apesar de eu supor que eu continuava sendo seu primeiro homem. Aos poucos, sendo sexy, fui tirando sua calça jeans. Ele fixava o olhar safado pra mim como se eu fosse um pedaço de carne pra ele abocanhar. Apesar de seu peitoral e braços possuírem poucos pelos, as suas coxas eram peludas, grossas e veiúdas, e isso me levava ao delírio. A barba, inclusive, que antes inexistia, devia ter uns três dedos e dava um charme esplendido aquele deus nórdico. Levei minha mão até os cabelos dele e alisei. Era cheiroso. Leonardo reverteu a iniciativa, e me tirou do colo lançando-me de costas pra cama.

Ele se deitou sobre mim, abraçando-me com força quando eu cruzei minhas pernas em sua cintura. Léo impressionava seu pau contra minha raba, ainda protegida pelo moletom. Ele parou de me beijar, pondo-se a me despir completamente. Puxou minhas pernas pra cima e arrancou a calça com destreza de um sênior. Ele me mirava, não dizia nada, apenas me mostrava que sabia que eu queria ser dominado. Eu ainda continha meus gemidos. Somente quando ele pôs-se em pé na cama, pude ver com clareza o tamanho do seu pênis. E era grande, grande e grosso, muito grosso.

Assustei-me porque minha primeira vez como passivo tinha sido com um vergalhão de uns 21cm e visivelmente mais grosso que o meu. Aquele puto notou minha reação e brindou-me com um sorriso de canto de boca, cínico. O pau dele era muito grosso e bem branquinho, com a cabeça rosa e exposta, ele babava.

– Quer chupar? – perguntou-me, ajoelhando sobre mim.

Minha boca foi certeira em suas bolas, fui lambendo enquanto explorava suas virilhas. Beijei, mordisquei de leve, linguei e brinquei com elas. Leonardo não parava de soltar aqueles gemidos de homem, que dão inveja a ator pornô. Queria deixá-lo louco antes de colocar a língua onde eu realmente queria. A piroca dele transpirava cheiro de macho, e suspirando aquilo, meu pau dava pontadas. Segurei firme no seu caralho, que estava quente, duríssimo, e cheirei mais ainda. Aos poucos, fui colocando-o na boca, fazendo movimentos leves e molhados. Leonardo soltou um enorme urro, estrondoso e grosso. Coloquei tudo na minha boca e as mãos dele vieram para os meu cabelos, alisando-os. Eu estava realizando um sonho de infância e me sentia uma criança que acabara de ganhar um doce. Meu ex-amigo não parava de se contorcer em cima de mim, até que deu um pulo pro lado, afastando-se.

– Assim eu gozo, porra.

Fiquei besta ouvindo aquilo.

– Vira, vai, agora é a minha vez. – prosseguiu.

Juro que eu não esperava por isso. Na última vez fui apenas penetrado, nem um beijo recebi, e agora ele queria me chupar o cu. Ele me puxou delicadamente pela cintura, me colocando de quatro.

Começou beijando minhas costas. Logo foi explorando minhas ancas até chegar no meu rabo, onde ele passou a lamber. Era ótimo sentir aquela sensação de linguada. Passou uns dez minutos ali. A essa altura eu já estava moderno a fronha, segurando qualquer gemido. Ele me deitou novamente na cama, colocando-se entre minhas pernas, na posição de franguinho. Ele veio até a mim e me beijou, deitou totalmente seu corpo no meu. Entrelaçou seus dedos da mão esquerda na minha direita, e com a outra, procurou posicionou sua piroca na portinha do meu cu. Eu sentia o gosto de sexo na sua boca quando ele me surpreendeu de novo.

– Posso meter? Cê deixa?

– Uhumm. Faz como macho, vai. Mete, puto safado!

Ele levou mais um pouco de saliva para o pau dele e pincelou meu esfíncter. Eu já tinha feito aquilo antes, mas quando senti aquela trave entrando em mim novamente quase morri. Era uma dor filha da puta, miserável, do caralho. Escrevo assim porque não tenho palavras pra descrevê-la. Porém, não precisei pedir ao Léo pra parar, ele interrompeu a penetração, esperando eu me acostumar. Do meu ponto de vista, era lindo demais ver a preocupação dele, aquele cara grande, marrento, me tratando como se estivesse numa primeira vez. Eu não tirava os olhos dele e nem ele de mim. Léo sorria. Fechei minhas pernas nos quadris dele, indicando que eu estava pronto. Ele voltou a empurrar seu tronco contra meu corpo, abrindo passagem pro seu caralho. Ele iniciou uma penetração mais rápida, profunda e menos dolorosa. Leonardo gemia nos meu ouvidos.

– Posso acelerar, posso?

– Acelera, caralho. Mostra que tu é macho, porra.

– É, assim é? Pois toma, safado. Toma, putão, cachorro.

Com as duas mãos ele pegou minha bunda, pressionando-a contra pau, como se quisesse meter até o saco pra dentro. Nessa hora eu não aguentei o tesão e gritei. Mas não um grito de dor, gritei porque minha cabeça estava doendo de segurar tanto tesão. Ele foi a loucura quando ouviu meu urro. Como um leão, fez-me ficar de quatro rapidamente, sentou-se na minha bunda, travou um dos pés entre meu braço e minha perna e passou a meter com tanta força e despreocupação que nossos corpos começaram a emitir barulhos característicos de uma transa. Eu sentia sua virilha bater na minha bunda, o que fazia me sentir uma puta mesmo.

– Quem é teu macho, agora, hein? Diz, filho da puta!

– Você.

– Você quem?

– Você, Léo, meu macho, cachorrão.

Ele jogou seu peso sobre mim, fazendo-me deitar na cama. Pegou uma das minhas pernas e levou para perto da minha barriga, deixando apenas uma estirada. Ele de ajeitou sobre mim e me penetrou novamente. Já não sentia mais dor, nem incômodo. Só amor e prazer.

– Eu te amo, Bruno, caralho! Tá me ouvindo, seu porra?

Quando ouvi essas palavras, senti meu pau tomando vida própria e um jato fortíssimo de porra escorrer de dentro dele. Gozei sem me tocar. Ele procurou meus lábio, acelerou as bombadas no meu cu e, sem aguentar mais, soltou seu caralho dentro de mim. Nós tremíamos de tesão, e ficamos assim por alguns minutos. Eu colocava a mão na sua cabeça, alisava seu cabelo, sem pensar em nada mais além de nós dois ali.

– Eu também te amo, Léo.

Ele apenas me brindou com um sorriso e um beijo no nariz.

– E como vai ser com seu bebê e a mãe dele? E a Marinha?

– Meu filho é a coisa mais importante da minha vida. Vou estar sempre presente na vida dele. – respondeu-me depois de uns segundos pensando. – Eu nunca namorei a Bea. Ela engravidou por um descuido da gente. Já a Marinha eu sai.

– Como assim?

– Relaxa, gatão. Logo passo noutro concurso...

– Com essa pandemia, não vai aparecer concurso nem tão cedo.

– Pra polícia, receitas, justiça, sempre têm. Independente de crise.

– Vai ficar no Rio mesmo? – perguntei numa retórica.

– Queria saber se posso ficar aqui com você?

– Você tá ligado no que tá me pedindo? Morar comigo...

– Algum problema?

– Claro que não. Mas isso é a definição de um casal gay.

Ele calou-se. Com a expressão em seu rosto, percebi que isso não estava bem definido pra ele ainda. Deixei-o deitado e fui ao banheiro me limpar. Tomei banho e ele apareceu no umbral da porta, observando-me, como fizera na rodovia do café, em Minas Gerais. Achava aquilo um sonho. Eu tinha pra mim o amigo, adolescente, o homem, o companheiro, por quem desejei profundamente por 12 anos. E mesmo que não fôssemos mais as mesmas pessoas de 2019, eu continuava o amando. E sabia que era correspondido.

Depois do banho, ocorreu-me de perguntar a Leonardo como ele me achou em Curitiba. Achei engraçado ele responder que me procurou no Google e achou meu endereço no Linkedin. Também explicou que tinha procurado um psicólogo no RJ, e, por fim, mostrou-me outra tatuagem – na virilha –, que inexplicavelmente eu não vi. Era uma escrita em números romanos com a data de 3 de janeiro de 2019, aquela infeliz noite. Disse-me que era uma marca pra nunca se esquecer do seu erro e que a tatuou no mesmo dia que fez a de seu filho, seu grande acerto.

Meses se passaram, o ano já é 2021, o mundo ainda está lidando com o coronavírus, e eu decidi contar aqui essa história. Estamos há quase um ano juntos, Leonardo está diferente, mais maduro, ainda mais bonito, e louco pra rever a sua cria. Não posso dizer que viveremos felizes para sempre, até por que o futuro só a Deus pertence. Porém, espero que envelheçamos juntos. E que eu também tenha um filho. Rindo aqui enquanto escrevo isso. Depois de narrar tudo isso, concluo dizendo apenas uma coisa pra vocês: Apaixonar-se pelo amigo hétero é um clichê extremamente doloroso e imprevisível. Se puder, fuja dele!

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Comentários

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olá bruno, mano que conto top gostei demais parabéns mano

uma coisa, posso ver uma foto de vocês 2? durante o conto todinho eu tentei imaginar como você e o leo são kkk abraços se puder me responder lll

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Realmente é uma história muito dolorosa, dá até uma agonia, acho que deveria ter contado a ele que Eudenes mentiu e tudo mais, mas enfim. Também de certa forma é uma história que traz aprendizado, reflexão e até inspiração. Espero que hoje os 2 estejam bem, que tenham resolvido suas questões, inclusive acho que terapia faria bem ao casal, no mais, felicidades, saúde e sucesso aos 2.

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Fala THEO, blz?

Tô bem sim, cara. Gratidão pela lembrança :)

E vc?

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Rapaz, que estória complicada heim, meu senhor rsrs... Mas até agora vem dando certo, isso que importa. Que o amor de um cresça pelo outro cada dia mais! Lindo demais!

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Bru se imponha.E muuitoo bom beijos.

Me visitem.

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Caro Bruno. Um conto autobiográfico é sempre uma experiência única. já passaram por aqui outros escritores com relatos autobiográficos excecionais que depois se aventuraram na ficção. Estou a recordar-me de "Pedro e Eu" do Rafael Alencar. O 2ºconto que publicou não tinha nada a ver com o anterior. Faltava emoção. Faltava amor. Faltava a aventura. A meio ele até desistiu. Quanto à sua história pessoal de vida, vá por mim que já estou com 68 anos. Não se permita desvalorizar-se ainda mais do que já fez durante tantos anos com o Leonardo. Você tem de lhe revelar o amor que sempre teve por ele e a razão de nunca o ter revelado pelo medo de perder a amizade dele. No meio de uma transa fenomenal em que sinta a plenitude da entrega mútua entre ambos, tem de lhe dizer que nunca foi possuído por mais ninguém. diga-o como uma prova de amor. Não tem nada a perder com isso. Se ele o confrontar com a versão do Euclenes diga claramente ao Leo que ele acreditou numa mentira medonha daquele enrustido que você fodeu como se fosse uma puta mas que mentiu ao Leo só para se armar em macho. Você deve isto a si próprio. Não se condene a si próprio pelo falso juízo de valor que o Leo possa continuar a ter a seu respeito por mais que ame você. Você merece que ele tenha esta informação. Já se menorizou demasiado com o Leo. Dê a si próprio o devido valor. De contrário, a CULPA de você não ser devidamente valorizado pelo Leo É e CONTINUARÁ A SER SUA1 DO QUE É QUE VOCÊ AINDA TEM MEDO? NÃO SEJA MAIS COBARDE! ASSUMA ESSA RELAÇÃO DE IGUAL PARA IGUAL E SEM MEDO1 TENHA QUILHÕES CARAGO. AO MENOS UMA VEZ NA VIDA DEIXE DE SER ESSE COITADINHO QUE ATÉ OMITE O MAIS PRECIOSO DE SI PRÓPRIO SÓ PARA POUPAR O LEO DE MAIS SENTIMENTO DE CULPA, GARAGO. FAÇA-SE HOMEM DE UMA VEZ POR TODAS! DEIXE DE SER ESSE COITADINHO. jÁ ESTÁ MAIS DO QUE NA ALTURA! ACREDITE EM MIM. SE VOCÊ NÃO DER VALOR A SI PRÓPRIO, COMO É QUE PRETENDE QUE OS OUTROS LHE DÊM VALOR? APRENDA COM OS SEUS ERROS E NÃO PROLONGUE ESSA OMISSÃO MUITO IMPORTANTE DA SUA VIDA. ISSO SÓPODERÁ AUMENTAR O AMOR DO LEO POR SI. MESMO QUE AUMENTE UM POUCO A CULPA DELE ELE TEM QUE SABER A VERDADE. E SÓ PODERÁ AMÁ-LO AINDA MAIS POR SABER ESSA VERDADE SE FOR UM HOMEM DE CARÁCTER. EU AINDA QUERO SABER O RESULTADO DESTA HISTÓRIA PORQUE AINDA AGUARDO QUE VOCÊ SEJA FINALMENTE UM HOMEM DE CORAGEM. MUITO DO QUE LHE ACONTECEU TAMBÉM FOI PORQUE VOCÊ COLOCOU SEMPRE O MEDO A CONTROLAR E A CASTRAR-SE A SI PRÓPRIO. ACABE COM ISSO HOMEM. DEIXE-SE DE SER BICHINHA PARA DEIXAR O LEOZÃO PERMANECER NA SUA ZONA DE CONFORTO ENQUANTO VOCÊ APENAS SE DEIXA LEVAR COMO SE NEM FOSSE GENTE. A SUA RESPOSTA MEXEU COMIGO. A SUA POSTURA NA PERMANÊNCIA DAQUELA OMISSÃO É OBSCENA. SE NÃO TEM NENHUM AMIGO QUE LHE ABRA OS OLHOS ACREDITE EM MIM COMO SE FOSSE SEU PAI. TENHO FILHOS E NETOS E SÓ DE PENSAR QUE UM FILHO MEU PUDESSE DEIXAR-SE FICAR NA POSIÇÃO EM QUE VOCÊ SE ACOMODOU POR MEDO SINTO-ME BASTANTE TRANSTORNADO. BRUNO!!!!! VOCÊ TEM SANGUE DE BARATA OU DE UM SER HUMANO? PENSE.

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Fala, mulekada, blz?

Antes de mais nada, mando um abraço a todos que acompanharam a história e interagiram! Vcs são fodas!!

Em seguida, peço por favor que não me julguem rsrss

Eu sei como alguns ficaram frustrados com o final do relato, e, sendo sincero, eu esperei isso. E os entendo, acreditem!

Mas, apesar de eu não ter dito diretamente, não poderia ter concluído diferente porque é um recorte da minha vida. SIM! Rsrsrs Mudei a maioria dos nomes e minha profissão porque nem mesmo meu companheiro sabe que escrevi sobre a gente LOL

Dito isso, gostaria de responder ao @Favo que a situação daquela (de certo modo) ainda é tabu. Não é fácil falar sobre isso, então, não, não comentei sobre ele e com ninguém a respeito de ter me guardado. Talvez nunca o faça!

Não quis romantizar minha história porque não acho que ela foi romântica. Foi muito dolorida, na verdade. Rsrss Por isso a frase final do relato é com um conselho...

@Rick-rec, falei por email contigo...

@Bynho7 e @Brendan Hollygan, nós não nos conhecemos, mas senti a empatia de ambos. Sou grato, mesmo! Que bom que curtiram a história. E pena que odiaram o final. Mas realmente, depois de eu ter dito tudo que fiz até aqui e terminar como terminou, mostra que sentimento é algo muito complexo, para além do preto no branco.

@THEO, sempre que leio seus comentários, me pego rindo rsrss Vc é D+. Sobre continuar escrevendo aqui, não é algo que eu me veja fazendo, embora tenha umas ideias ficcionais que pensei, sim, em escrever, mas meu tempo não permite. E temos que conciliar tempo pro marido, amigos, trabalho e social, né? Rsrsrs

ABRAÇO A TODOS! MUITO GRATO!!!LOL

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Primeiro eu gostaria de lhe desejar os meus mais sinceros vai tomar no cu e se fuder seu arrombado. Cara parabéns pelo conto, sua narrativa é incrível e muito rica. Mas nao consigo entender um final assim depois de tudo que aconteceu tudo que passou ir lá e focar com um cara lixo assim!? De fato isso é um retrato da realidade acredito que existam muitos casos assim por aí, mas é insano cara! Em alguns momentos lendo seu conto lembrei de um carinha nos conhecemos em 2017 ele era o típico princeso o típico sonho de todo gay. Porém eu não estava numa fase pra relacionamentos no momento tinha terminado com uma garota que amava muito estava meio perdido. E com isso tivemos ideias erradas um do outro. E isso me dói até hoje sabe. Desde então nos afastamos é nos aproximamos, tudo isso desde 2017 ele ja namprpu 3 carinhas lixo que ferraram com ele de todas as formas e sempre nos aproximavamos nesses momentos ruins dele. Sempre tentei fazer ele se sentir bem dar moral pra ele sabe. Agora no fim de 2020 nos reaproximamos ele tá todo ferrado emocionalmente eu perguntei pq ele fazia isso se colocava nessas situações namorava os mesmos caras quando eu estava aqui o tempo todo ele disse que tinha medo eu disse que ele não era o único que tinha medo eu também tenho o máximo que poderia fazer por ele era dizer que o amo e que o quero na minha vida só resta a ele decidir oq quer ele respondeu que no momento tudo que poderia fazer era ficar ficando comigo então eu deixei ele ir sabe se depois de tantos anos é só isso que ele tem a me oferecer talvez não seja pra mim embora queira muito focar com ele não sei se vale o esforço

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Bruno, seu relato é incrível! Espero que n esqueça da gente e traga mais relatos de vcs dois! ❤️ Tudo de bom p vcs!!

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Aaaa!! Muito bom!! Égua...queria q isso acontecesse cmg. MAS, fazer oq?! Kkk

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perdoar eu vou até entender, mas ter estômago pra continuar com a pessoa só porque é o maior de infância e bla bla bla. ah não.

Se fosse pra dar uma nota, daria 4 no mínimo.

Seu conto é bom, só o final que não curtir.

Mas enfim, cada um é cada um. que arque com as consequências das suas escolhas.

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