CRÔNICAS DE DANI – Boa noite, Boa semana e Feliz Aniversário - Parte 1- Após o Final de Semana na Cachoeira

Um conto erótico de ShinigamiBear
Categoria: Homossexual
Contém 4070 palavras
Data: 01/01/2021 11:48:29
Última revisão: 01/01/2021 13:16:11

Obrigado pelas mais de cinquenta mil leituras do conto "Final de Semana na Cachoeira". A vida de Daniel continuou após este final de semana, sigo narrando os acontecimentos, alguns fortemente baseados em situações pessoais, através do conto "CRÔNICAS DE DANI". Espero que gostem, comentem, mandem mensagem privada, é muito importante pra criação da história, saber o que pensam de cada personagem e como se sentem lendo. Aqueles que chegaram pela primeira vez, podem se sentir perdidos com os personagens, sugiro ler o conto Final de Semana na Cachoeira antes de começar a ler As Crônicas de Dani.

Abraços.

Boa Noite, Boa Semana e Feliz Aniversário - Parte 1

Aquele final de semana fora de longe um dos melhores da minha vida, conhecer e poder conversar melhor com meu pai, poder estar tão perto e íntimo dos amigos dele, e agora por que não dizer? Meus amigos também, pois acredito que muitas coisas mudarão daqui pra frente, me peguei pensando nisso enquanto os lábios quentes tocavam os meus, aquele lábios macios e calorosos eram forçados contra os meus, a língua tentava penetrar minha boca, forçando entrada por entre nossos lábios, permiti, o beijo seguiu, eu já usava minha samba canção para dormir, uma de algodão, bem larga, quase dando a sensação de estar nu, por ela sua mão que inicialmente acariciava minha coxa passou pela perna até tocar meu pau que já latejava e doía de tesão, uma mão cheia o preencheu, o beijo seguiu molhado e terno, estávamos sentados na beira da minha cama, no meu quarto. Então meu “pijama” fora tirado, e de joelhos abocanhou meu pau, eu me sentia sugado com força, tinha eu saco lambido e em seguida meu pau abocanhado, então me pusera debruçado na cama com a bunda pra cima, senti quando a língua tocou meu cuzinho já dolorido de todo aquele final de semana, mas apesar da leve ardência o tesão seguiu, senti-me invadido por aquela língua, sendo lambido lentamente até ouvir ao meu ouvido um quase sussurro de:

- Quer ser penetrado?

- Quero.

Foi só o que disse.

Então senti aquela rola anatômica, forçou entrada no meu buraquinho já tão bem tratado no Final de Semana na Cachoeira (conto prólogo às Crônicas de Dani), a saliva me lubrificava e aos poucos fui sentindo cada centímetro invadindo meu corpo, quando senti que a pelve tocava minha bunda, soltei um suspiro de prazer maravilhoso, eu tinha as costas beijadas e o pescoço lambido e mordiscado levemente enquanto o movimento de vai e vem se fazia, tendo o membro dentro e fora do meu corpo num ritmo quase instintivo de reprodução que só nós humanos usamos par ao prazer, e ali, naquele momento, eu estava indo ao máximo prazer sendo invadido as entranhas por um pênis rijo que pulsava quente dentro de mim, me contorcia na cama de tesão e senti que os movimentos aumentavam, na posição que estava não conseguia me tocar, então apenas relaxei e segui nos movimentos dando vazão para aquele tesão que agora estava parado dentro de mim, com bufadas entredentes, pelo que pudera sentir, as pulsações anunciavam que o líquido viscoso e reprodutivo fora despejado nas minhas entranhas, eu estava encharcado de sêmen por dentro, o peso sobre meu corpo diminuiu, senti o membro rijo sendo retirado de dentro de mim, meu ânus latejava, depois de todo aquele final de semana, na madrugada véspera da semana do meu aniversário, estava sendo muito bem presenteado.

Me levantei e vesti meu pijama, sentei-me novamente na cama, minha atenção focava meu ânus, para não sujar o short ou a cama, então novamente fui beijado lentamente, passos até a porta do quarto:

- Boa Noite Filho.

- Boa Noite Pai.

Meu pai saíra do quarto, pelo barulho de seus passos percebi que passara no banheiro social, uma opção provavelmente para se lavar, uma vez que deixara de usar o banheiro do seu próprio quarto. Segundo ele minha mãe já estava desmaiada, me pergunto sua reação ao saber desse intercurso sexual entre meu pai e eu. Será que ela chegou a perceber algo sobre mim e os amigos do meu pai? Provavelmente ela sabe do tipo que meu pai mantém com eles, fiquei sozinho um dia inteiro só com eles, e depois já estávamos todos tão íntimos que impossível não ter percebido, minha mãe é perceptiva, boa parte em função da profissão.

Estava muito cansado, esperei meu pai sair do banheiro, ouvi o barulho da porta do seu quarto, fui até o banheiro me higienizar, voltei para a cama, 1:16 da madrugada, acordaria em menos de 6 horas, minha mãe provavelmente viria ver se já estou acordado e não tem como faltar as aulas, último ano do ensino médio, preciso me dedicar se vou tentar vestibular pra psicologia na federal, é bastante concorrido, no segundo semestre começarei o pré-vestibular, não vi motivos pra entrar no início do ano uma vez que sou bom aluno, esforçado e um tanto exigente comigo mesmo, se os outros se contentam em serem medíocres, tudo bem, o mundo precisa de gente medíocre, mas eu me cobrava a não ser assim. Em meio a esses pensamentos adormeci.

Como previsto acordei seis e vinte da manhã, na verdade seis horas e duas sonecas de dez minutos depois, estava deveras cansado, levantei-me, e fui direto para o banho, voltei e vesti a roupa, peguei minha mochila, a deixei na sala e sentei na cozinha, a mesa já com as empadinhas e salgados que sobraram do aniversário do meu pai, que se encontrava de costas para a mesa, passando um café.

- Bom dia Dani.

Disse ele virando com o bule.

- Café?

- Quero.

Estendendo minha caneca para ele, completei o restante com leite e sentei pra comer umas 5 empadinhas rapidamente antes de sair, ia andando pra escola que era há quatro quadras de casa.

- Minha mãe já acordou?

- Ainda não, deve estar numa ressaca só, ontem ela meteu o pé no balde.

Rimos, então ele se sentou do meu lado, no seu habitual lugar, começou a comer também, ele já estava arrumado para o trabalho.

- Dormiu bem?

- Oh, desmaiei.

- E você ta bem?

- To sim pai, preocupa não, mas eu acho que vou dar uma passada no hospital pra ver o Tio Marcio mais tarde, eu to meio dolorido.

Disse baixinho quase sussurrando e olhando para a porta.

- Está machucado? Quer que te leve?

- Não precisa, vou depois da aula, é só dolorido mesmo, Tio Marcio tinha dito que poderia ficar dolorido mesmo e que se não melhorasse pra eu ir lá que ele me passava uma pomada.

- Desculpa por ontem, não sabia.

- Desculpa nada pai, foi ótimo, e eu queria também.

- Vou te dar boa noite toda noite agora?

- Também não é assim pai, relaxa.

- Sim, estava só brincando.

Disse rindo baixinho.

- Mas se você quiser, fala que te pego e levo lá no hospital mais tarde. Ah, liga pra ele antes e pergunta se ele vai estar no hospital ou no consultório hoje.

- Ih é. Ainda bem que você lembrou.

Levantei, e já ia saindo quando lembrei.

- Pai.

- Que?

E eu com uma cara divertida de encabulado.

- É que eu não tenho o telefone dele.

Rimos alto desta vez.

- Eu te passo, pode deixar.

- Passa dos outros Tios também, por favor, acho que tenho só do Tio Zé, mas passa assim mesmo pra eu garantir.

- Ficaram amigos agora né?

Disse rindo.

- Espero que sim.

- Dani, espera ai que te levo, vou encontrar com o Tio Antônio pra ver se fechamos negócio, aliás, seu Tio Marcio deve estar também, já vejo com ele onde estará a tarde.

- Não pai, vou andando mesmo.

- Nada. Te levo. Seu irmão não acordou ainda, já to saindo.

Disse tomando uma golada no café e pegando as chaves do carro no porta chaves perto da geladeira.

Quando entramos no carro ele pegou o celular e já me passou todos os contatos antes de sairmos, no curto caminho até minha escola mandei a mensagem para cada um “oi Tio, bom dia. Aqui é o Dani, não tinha o contato de vocês, este é meu número para deixar registrado”. Até chegar na porta da escola todos tinham respondido, e o Tio José respondeu “Dani, quem é Dani? Não conheço nenhum Dani”, mas o que me intrigou foi o “ok” do Tio Roberto. Toda aquela situação com Tio Marcio no domingo deve tê-lo deixado constrangido, deve ter sido isso, todos os outros se mostraram carinhosos, até Tio Fernando que tende a ser um ogro mandou um caloroso “agora sim, gostei de ver, passa lá na oficina depois da aula, vou estar lá hoje” e eu respondi que só poderia na terça pois ia ao hospital mais tarde, ele perguntou se estava tudo bem, respondi que sim, não era nada demais.

Desci na escola e meu pai seguiu caminho, já tinha dado o segundo sinal, eu realmente enrolei hoje, subi e entrei junto com o professor Carlos de matemática.

- Quase hein.

Brincou ele.

- Quase.

Disse rindo.

Carlos era um professor muito gente boa, eventualmente era brincalhão, mas no geral era sério, não dava pra dar mole com minha turma, então tinham alguns alunos que ele era particularmente mais gentil e educado, eu felizmente era um deles, me esforçava muito, nunca gostei de matemática, então eu me esforçava duas vezes mais pra conseguir fixar o conteúdo, ficava um pouco acima da média da turma, nada extravagante, mas ele reconhecia o meu esforço e dos demais colegas que o faziam.

A aula transcorreu normalmente, os dois primeiros tempos de matemática e então o intervalo. No intervalo me encontrei com Felipe que era de outra turma, fomos à lanchonete, compramos nosso lanche e sentamos pra comer numa mesinha com só duas cadeiras, ele quis saber do final de semana.

- Nem te conto.

- Por que você não olhou nem seu celular?

- Estava ocupado, você tem que ir lá, tem uma cachoeira maravilhosa, umas piscinas naturais sensacionais.

- Mas não é do seu tio?

- Por ora.

- Que?

- Nada não. Eu fiquei o sábado inteiro na cachoeira, não desci com o celular e depois voltei e dormi, fiz basicamente isso.

- De boa. Conhece a Joziane do segundo ano?

- Aquela branquinha de cabelo longo? Quem não conhece?

- Peguei sexta a noite, descobri que ela é prima do marido da minha tia, fui na casa da minha tia na sexta a noite pra encontrar meu primo e ela tava lá com a mãe dela, a gente trocou uma ideia e aí fomos pro quarto do meu primo, ele já tava chegando nela há um tempo mas não queria nada sério, aí eu cheguei junto e ficamos lá.

- Ficaram tipo...

- Só uns beijos, aí a gente saiu os 3 pra ir comer um sanduiche na esquina da casa do meu primo, tem um sandubão delícia lá, tão reformando, então tem uma parte que ta em obra, levei ela pra lá e eu passei a vara nela atrás dos banheiros.

- Nossa que elegante da sua parte.

- Pô não dava pra fazer melhor.

- E você fez isso pra aparecer pro seu primo? Porque você não é assim.

- Pô ta com ciúmes?

- Tirando o fato da Jozi ser uma garota vulgar? Não. E nem é por ter dado pra você na construção, o corpo é dela, dá pra quem quiser, mas ela é chula, vulgar, fala gritando, só fala palavrão, não sabe falar uma frase sem xingar ou agredir alguém.

Eu estava com um leve ciúme, mas eu também nunca gostei dessa Jozi, estudei com ela há dois anos, no primeiro ano, era pra ela estar na minha sala, ela já tem seus 20 anos, está muito atrasada, então lembrei.

- Felipe, ela é casada, quer dizer, tem um filho, lembrei agora, eu estudei com ela no primeiro ano, ela engravidou de um amigo do pai dela, ela ainda não tinha nem 18, o cara uns 40, deu maior bafafá na época, você não lembra?

- Eu sei que ela tem um filho, mas até aí tudo bem, calma não vou casar com ela não, foi só umazinha.

Eu não estava reconhecendo o Felipe, ele nunca havia se comportado essa maneira, nunca falou essas obscenidades dessa forma.

- Não Felipe, tenho certeza, ela mora com o cara no fundo da casa dos pais, o Anderson é amigo dela também, ele até foi no aniversário do filho dela.

- Que merda cara.

- Você usou camisinha né Felipe, pelo amor de deus.

- Usei, não ando sem.

- Melhor, vê se desgruda dessa garota, ela é chave de cadeia Felipe, só você mesmo.

- Poderia jurar que você estava com ciúmes.

- E se estivesse? Ia me pegar também?

Falei sem pensar, se uma coisa mudou neste Final de Semana na Cachoeira, era que eu estava mais abusado, acho que definitivamente não era mais o “inocente” que era antes, estava mais atirado, mas ainda assim era bom ter cautela, conheci Felipe o manjando no banheiro, mas não sabia qual a dele, anos sem falar de mulher e veio do nada com esse papo com essa Jozi.

Terminamos o lanche e ele perguntou se o Arnaldo tinha passado trabalho pra minha turma também, Arnaldo era o professor de História, um homem sem igual, um professor com P maiúsculo, um excelente profissional, que entendia a necessidade de entendermos o que se passou no passado, na história do Brasil e do Mundo para não repetirmos as mesmas merdas que foram feitas antes.

- Passou junto com a Cristiane.

Cristine era professora de Geografia, também uma ótima professora, igualmente motivada, como Arnaldo.

- Bora fazer juntos?

- Ta doido? Somos de turmas diferentes.

- Mas pode, é tudo 3º ano, vou pedir pra fazer contigo.

- E como a gente vai apresentar?

- Ué, a gente apresenta na minha turma e na sua.

Acabando o intervalo, íamos para as salas quando demos de cara com Arnaldo saindo do banheiro do primeiro andar. Ele sempre usava banheiro dos andares, apesar de ter banheiro na sala dos professores, já havia notado esse comportamento há algum tempo. Felipe ficou todo animado e foi falar com ele, eu passei direto e fui pra minha sala no segundo andar.

No meio da aula Felipe manda WhatsApp dizendo que Arnaldo havia deixado fazermos em grupo, se podia passar lá em casa pra começarmos a fazer o trabalho, respondi que não, que naquele dia teria compromisso a tarde, ele perguntou se poderia ser a noite, depois das 19hs, só pra gente decidir sobre o que faríamos, e então topei e fiquei dele ir lá pra casa pra definirmos o assunto.

A aula acabou 13hs, antes de sair, me sentei na porta da escola na sombra de uma amendoeira enorme e mandei mensagem para meu pai perguntando se ele falou com Tio Marcio, ele disse que hoje ele estaria na clínica, pra eu mandar mensagem sabendo quando poderia ir. Foi o que fiz, mandei mensagem perguntando que horas poderia passar no consultório (que fica no centro da cidade, na área dos prédios comerciais) e ele disse que teria um encaixe pra mim por volta de 17:30 pra eu passar lá. Isso me deixou preocupado em relação ao tempo, havia marcado compromisso com Felipe 19hs, será que daria tempo?

Fiquei sentando ainda remoendo esse tempo apertado pra dois compromissos, pensando se devia cancelar com alguém, se fosse acontecer, seria Felipe, apesar de querer ficar junto dele, eu precisava ver se estava tudo bem no meu principal playground, na noite anterior havia dado novamente, confesso que não doeu mais, ainda assim queria saber se estava tudo bem, e seria a primeira vez na vida que me encontraria com Tio Marcio sem ser em eventos ou visitas, primeira vez só eu e ele na sociedade.

Estava me convencendo a levantar pra ir pra casa quando Cristiane passou e me deu tchauzinho, eu retribuí e ela voltou e disse:

- Daniel, eu adorei a ideia de vocês, parabéns.

- Ah, obrigado, foi mais ideia do Felipe mesmo, mas obrigado.

- Vocês dois são muito bons, tenho certeza de que vão se sair bem no vestibular.

Estávamos naquela época da pressão pelo vestibular, como se não existisse possibilidade de futuro sem se sair bem e passar para uma universidade pública.

- Vou indo então. Beijo e boa sorte no trabalho.

- Obrigado Cristiane.

Quando Cristiane estava saindo e eu já me levantando, Arnaldo chega e pergunta.

- Cristiane aposto que já te deu a notícia né?

- Que notícia? Que poderei fazer o trabalho com Felipe?

- Não, que cada aluno do 301 vai ter que fazer o trabalho com um aluno no 302, achei sensacional a ideia de vocês.

- Como assim Arnaldo?

- Ué, como Felipe propôs, do jeito que vocês pensaram, cada aluno do 301 vai fazer o trabalho com um aluno do 302, no caso você já vai fazer com Felipe né? Não acho justo porque são dois dos meus melhores alunos, mas como foram vocês que propuseram, acho justo.

Eu estava meio tonto com essa informação, meus colegas de classe e os do Felipe iam cair matando em cima da gente.

- Arnaldo, você se importa de não comentar com a turma que foi ideia nossa? Do Felipe na verdade.

- Ta, tudo bem, sem problema.

- Valeu, obrigado.

- Ta indo pra casa?

- To sim.

- Quer uma carona?

- Não precisa, moro pertinho.

- Eu sei, mas se quiser a gente pode ir discutindo o trabalho, você deve ter mais ideias.

Fiquei sem graça de dizer não, eu já estava com vergonha suficiente de ficarem me dando crédito por algo que não fui eu que pensei. Concordei com a carona e ele já foi andando por uma porta lateral que dava pra um lote vago ao lado da escola, mas que era integralmente murado, somente com um portão grande de metal que ficava sempre fechado, ali era o estacionamento dos professores, cada um tinha seu controle remoto, foram a solução mais barata pra substituir o funcionário que ficava ali abrindo e fechando o portão todo o dia, Arnaldo me contou a caminho do carro, disse que foi contra, mas que quando chegou a eles, já estava tudo decidido, o porteiro já tinha sido demitido e o portão já estava instalado.

Quando chegamos no carro, estava muito quente, entramos e ele ligou o ar imediatamente, ligou o ar mas não ligou o carro.

- Deixa dar só um tempinho por que se eu ligar agora, vai morrer o carro e ficamos sem ar.

Como Tio José havia dito, eu não entendo nada de mecânica, mesmo, então, tomei como verdade.

- O amigo do meu pai tem uma oficina, qualquer coisa leva lá, se quiser posso falar com ele.

- Quem é?

- Fernando, eu nunca lembro o nome, mas ele tem uma aqui, uma em (cidade vizinha) e vai abrir outra na esquina de casa.

- Ah sim, me indicaram ele já, vou levar lá semana que vem, quando sair o pagamento. Ta osso.

- Imagino.

- Não, nem imagina Dani.

Estranhei ele me chamando de Dani, até então só havia me chamado de Daniel, meus amigos sempre me chamam de Dani, mas os professores chamam os alunos pelo nome corretamente, menos o Gustavo, que era um homem trâns, o nome na certidão ainda é Regina, mas todos professores o chamam de Gustavo, inclusive é o nome dele na chamada, a entrada dele na escola foi um “escândalo”, o pai dele, policial, veio transferido de outra cidade. Ele era do 302, sala do Felipe, que até onde eu sabia, não eram amigos nem nada, foi transferido há pouco.

- Foi mal. Mas se você quiser falar, fica a vontade.

- Você vai ser um ótimo psicólogo, igual a sua mãe, está sempre disposto a ouvir os outros né?

Embora ele tivesse uma visão um tanto distorcida de que psicólogo é quem escuta apenas, levei como um elogio, fiquei feliz, minha mãe eventualmente dava palestras ou mesmo mini cursos na escola, tendo também trabalhado lá por alguns anos como psicopedagoga, conhecia todos e os professores a adoravam.

- Obrigado, assim fico com vergonha.

- Fique não, você é de longe um dos melhores alunos da escola, soube que rejeitou até uma bolsa pra São Patrício (escola em que Maria estudava).

- Sim, minha mãe não gosta do método de lá, diz que lá são treinados pra fazer vestibular, que aqui os professores ensinam os alunos a questionar, a pensar criticamente. Hoje eu entendo que foi melhor, na época eu fiquei puto. Opa, desculpa.

- Nada, não estamos mais em sala, pode falar palavrão, eu também falo e conheço todos.

Rimos.

- Vamos lá né? Você deve estar atrasado.

- Não, só tenho compromisso mais tarde lá no centro, até lá to livre.

- Ah, que bom, o papo ta tão bom que poderia ficar horas conversando com você.

- Também acho.

Eu senti um clima estranho no ar, ele estava sendo só legal comigo, ou...? Neste momento Carlos passou pelo carro do Arnaldo e deu uma abanada de mão, Arnaldo e eu fizemos o mesmo movimento de volta e percebi que ele ficou desconfortável.

- Mas vamos, outro dia marcamos esse papo melhor.

- Sim, vamos sim.

- Vai me guiando pra sua casa então.

Enquanto o guiava, percebi que ele estava quase a 30km por hora, mais um pouco ele desceria do carro e empurraria, realmente Prof. Arnaldo queria papear.

- Aliás, eu to indo no escritório do seu Tio Antônio, ele é tio do seu pai né?

- Sim.

Fiz uma cara de curioso, Tio Antônio era advogado, “por que ele precisaria de um advogado?” Pensei.

- Sabe Dani, estou me divorciando, seu Tio está cuidando das papeladas pra mim.

- Caramba Arnaldo, que merda.

- É uma situação bem merda mesmo.

Tive um sobressalto e ele riu.

- Viu, eu também falo palavrão.

- Sim.

Disse rindo.

- Achava que tinha encontrado uma companheira pra vida toda e ela me engravida de outro.

Arregalei meus olhos olhando pra ele.

- Caralho Arnaldo, não tem chance de ser seu?

- Não é, minha esposa não faz nada comigo há uns dois anos, aí quando pedi o divórcio deu um mês veio dizer que estava grávida, que não podia divorciar, só que ela deve ter esquecido que não fazia nada comigo há mais de um ano. Agora está dificultando as coisas, vamos ter que esperar o filho dela nascer pra fazer o dna pra seu Tio conseguir com o Juiz a liberação do divórcio sem eu ter que pagar pensão pro filho de outro.

Eu segui agora mais ainda com os olhos arregalados.

- Arnaldo, eu não sei nem o que falar. Mas eu tenho quase certeza que a Helena disse em aula e eu já li algo a respeito de colher material pra dna antes do filho nascer.

- Tem como sim, mas é muito caro, já está pra nascer, o prazo do médico dela é até sexta feita, se bobear ta nascendo agora, a irmã dela ta dormindo lá em casa pra poder ir com ela pro hospital, seu tio me orientou a me envolver o mínimo com essa situação pra ela não querer me pedir pensão pelo filho.

- Entendi.

Nisso já entrávamos na rua de casa, virando a esquina passando em frente à oficina do Tio Fernando eu apontei.

- É aqui que vai abrir a nova oficina do Tio Fernando.

- Ele é seu tio?

- Não, é que eu os conheço desde criança aí cresci chamando todos os amigos do meu pai de Tios, eles até gostam, já tentei parar de chamar, mas sempre cobram chamar de Tio.

- Sabia que eu era bem amigo do seu pai quando éramos garotos?

- Sério? Sabia não, depois você me conta.

- Quinta feira eu te dou os últimos tempos, e trago o carro aqui e te dou uma carona.

- Só inaugura segunda, sábado vai dar até um churrasco aqui.

- Te dou a carona de qualquer forma e te conto.

Falou rindo sem graça.

- Tá bem então, obrigado pela carona e boa sorte lá com o Tio Antônio.

- Você é muito atencioso, obrigado você. Mas posso pedir pra esse nosso papo ficar entre nós?

- Que papo?

- hahaha você é o melhor Dani. Abraço.

Professor Arnaldo saiu com o carro e eu fiquei em frente de casa olhando o carro virar na próxima esquina, realmente o carro estava meio velhinho, mas o que mais me chamou a atenção é a história do Arnaldo, uma cidade de pouco mais dehabitantes, era de esperar que uma história dessas viesse a público, ainda mais um professor de três escolas, Arnaldo dava aula na minha escola na manhã, a tarde em outra e a noite em outra, ele sempre falava que os melhores alunos eram da nossa escola, e eu sempre pensei que ele fizesse isso em todas.

CONTINUA...

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Comentários

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Caralho man, seu conto já começou ótimo. Você escreve muito bem. Tenho impressão que esse vai ser melhor que o outro. Doido pra ler mais putarias do Dani.

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