EM BUSCA DO SUCESSO - ÚLTIMAS SEMANAS - CAPÍTULO 49

Um conto erótico de Rocio
Categoria: Homossexual
Contém 5305 palavras
Data: 28/01/2021 11:55:56

Oi gente, antes de tudo, desculpas pelo meu sumiço, acabei deixando a história de lado, mas voltei pra trazer o final para vocês, não queria desistir e não acho justo abandonar a obra assim. Estou bem e espero que gostem.

Kauan: Eu estou namorando. – Ele disse com as mãos trêmulas

Gilda: Ah! Que bom meu filho, Deus abençoe. – Ela sorriu.

Kauan: A senhora conhece.

Gilda: Quem? A Luana de novo?

Kauan: Não mãe, não é a Luana, é o Renan, eu to namorando um rapaz.

EM BUSCA DO SUCESSO – ÚLTIMAS SEMANAS – CAPÍTULO 49

Gilda mudou a expressão do rosto, parecia que ela não tinha entendido.

Gilda: Que? Aí Kauan! Agora você quase me assustou com essa brincadeira. – Ela levantou rindo.

Kauan: Não estou brincando.

A xícara que a mulher segurava foi direto no chão. Jéssica olhou assustada, pois sabia que a mãe era homofóbica.

Gilda: Como assim não está? Você não é gay, não é viado pra namorar outro homem!

Kauan: É que... aconteceu.

Gilda: Me responda! Você é bicha por acaso?

Kauan: Mãe eu descobri que eu também gosto de homens, mesmo gostando de mulher.

Jéssica: A bissexualidade é quando a pessoa se atrai pelos dois gêneros...

Gilda: Você né Jéssica? Foi você que enfiou isso na cabeça do menino! Eu não acredito! Já não basta você gostar de mulher e agora fez a cabeça do seu irmão, meu Deus do céu.

Jéssica: Não é nada disso mãe, pelo amor de Deus, não fiz a cabeça de ninguém.

Gilda: Então foi aquele menino, o enteado da Néia, Kauan como você se deixa levar por isso? Quer viver nesse caminho do pecado?

Kauan: Mãe não tem nada disso, eu sou assim e pronto, gosto, fico com quem eu quiser, namoro quem eu quiser.

Gilda: Você não tem pena de mim? Faz isso pra me magoar?

Kauan: Meu Deus, mas o que tem a ver?

Gilda: O que eu fiz pra merecer isso? Dois filhos que querem viver nesse mundo colorido que a mídia influencia.

Jéssica: Mãe isso é normal, eu já to cansada de debater isso com a senhora.

Gilda: Não é normal, se fosse normal a bíblia não condenava, meu Deus! Minha nossa senhora Aparecida! – Ela dizia com a mão na boca, nervosa.

Jéssica e Kauan se olhavam tristes com a reação de Gilda, embora já esperavam, era um momento difícil.

Gilda: Eu não entendo, porque você Jéssica depois de tudo, que eu já tava até me acostumando um pouco, comecei a lembrar que você não gostava de coisa de menina, era preguiçosa, não queria limpar a casa, fazer nada, queria jogar bola, brincar na rua, até tava entendendo que sei lá o que poderia ser esses sinais, mas meu filho! Você Kauan? Tão bonito, que sempre gostou de coisas de menino, carrinho, sempre gostou de futebol, namorou a Luana, vivia pegando as meninas por aí, eu achava que tinha um filho macho mesmo, que ia me dar orgulho, netos, aonde foi que eu errei? Aonde foi que eu errei?

Kauan: Não fique se culpando.

Gilda: Eu vou sair, tomar um ar, a Estela queria falar comigo.

Kauan: Mãe, não vai.

Gilda: Por que?

Kauan: A história ainda não acabou.

Gilda: Eu não quero ouvir mais nada, mas fique sabendo, eu não apoio esse tipo de coisa e não quero saber desse menino enfiado aqui dentro de casa, entendeu?

Gilda pegou a bolsa e ia saindo.

Kauan: E agora?

Jéssica: Fala você senão a Estela vai falar!

Kauan: Não tenho coragem Jéssica, você viu a reação dela só de saber que eu tô com o Renan. – Ele disse aflito.

Jéssica: Meu Deus do céu.

DELEGACIA

Delegado: A senhora está me dizendo então que foi legítima defesa?

Adriana: Mas é claro que foi, meu filho pode confirmar isso, ele iria me matar.

Delegado: Há quanto tempo estavam separados?

Adriana: 6 anos.

Delegado: E como era o relacionamento de vocês após a separação?

Adriana: Ele nunca aceitou, eu recebi uma proposta para trabalhar fora do país e passei a guarda das crianças para ele, mas o Rogério era um homem machista, ruim, a discussão começou quando meu filho mais velho assumiu o namoro com outro rapaz, isso foi o que deixou ele exaltado, começamos a discutir, ele dizendo que a culpa era minha, ele veio pra me bater, me enforcar, ele quis me matar num momento de ódio que tomou conta, minha defesa foi a faca.

Delegado: Então a senhora realmente o matou com a faca... a perícia já está analisando suas digitais.

Adriana: Foi um ato de defesa, não queria que ele morresse, chamei o SAMU para que ele fosse socorrido, mas não deu tempo, eu ainda estou abalada com tudo isso.

Delegado: E ele não usou algum objeto, alguma coisa que comprove que ele tentou te matar também?

Adriana: Já não basta o exame que fiz de corpo de delito? Essas marcas no meu pescoço?

Delegado: Calma, não precisa se exaltar, já arrumou um advogado?

Adriana: Já, ela já está a par da situação.

Delegado: Até o fechamento da investigação, a senhora não pode retornar à Espanha, sob o risco de ser considerada uma foragida da polícia.

Adriana: Eu já sabia e nem pretendo, tenho um filho de 10 anos que tudo o que ele mais precisa é da mãe ao lado dele nesse momento.

Delegado: Bom, por enquanto, a senhora está dispensada, em breve será comunicada novamente.

Adriana: Passar bem. – Ele disse saindo.

Delegado: Essas mulheres de hoje em dia. – Ele balançou a cabeça negativamente.

Adriana encontrou Enzo e Gustavo na saída.

Adriana: Eu pedi pra você trazer o Miguel, cadê ele?

Enzo: Ficou com a tia, achei bom ele ter o primo pra se distrair.

Adriana: Que dor de cabeça, e você Gustavo? Vejo que não saiu do nosso lado praticamente, não tem seus compromissos?

Gustavo: Hoje não, meu compromisso tá aqui. – Ele disse pegando na mão de Enzo.

Enzo: Como foi lá dentro mãe?

Adriana: Tudo certo, acho que não tenho que me preocupar, só com meu trabalho porque não sei quando vou poder voltar e se vai dar certo uma transferência pra cá.

Enzo: Fica aqui de vez mãe, não volta não.

Adriana: É o que eu quero e se não der pra transferir eu posso arrumo outro, o importante é ficar perto dos meus filhos, Enzo, desculpa se eu vacilei com você em alguns momentos, eu sei que eu não fui uma boa mãe pra você e não quero repetir isso com o Miguel, Rogério também não foi um bom pai, mas vejo que esse rapaz te faz feliz e confesso que nunca gostei da Valentina, uma nojenta, temos muito que nos acertar filho e eu espero que a nossa relação daqui pra frente seja a melhor possível.

Enzo e Adriana se abraçaram emocionados. Gustavo sorria ao ver os dois se dando bem.

Enzo: Obrigado pelo seu apoio mãe, e nós vamos recuperar todo esse tempo perdido.

HOSPITAL

Médico: Agora você precisa marcar seus exames com o infectologista urgente e trazer aqui para mim.

Matilde: Aí doutor esses exames saem caros né?

Ezequiel: Mãe!

Médico: Faça uma pesquisa ou busque o tratamento gratuito no SUS, aconselho uma terapia Ezequiel, você precisa passar pelo processo de aceitação da sua condição.

Matilde: Doutor, ainda morre muita gente de AIDS?

Médico: Entendam que só vai desenvolver a AIDS se o tratamento não foi iniciado, uma pessoa que toma sua medicação correta, faz os exames regularmente, vive como qualquer um e depois de um tempo se torna indetectável, não transmite mais o vírus HIV, é hora de encarar Ezequiel e não adoecer, você é jovem, tem uma vida inteira pela frente, tem o apoio da sua mãe, é bom manter os laços, você não tá sozinho, existe uma rede de acolhimento pra isso.

Ezequiel: Tudo bem, eu sei que eu já tava me deixando levar pelo caminho de que morrer era a melhor coisa e dane-se tudo, mas eu vou me cuidar sim, eu vou enfrentar isso e aprender a conviver com isso.

Ezequiel foi medicado e voltou para casa aliviado.

Ezequiel: Mãe, eu tirei um peso muito grande das minhas costas, um peso que eu não tava conseguindo carregar sozinho!

Matilde: Filho, você nunca vai estar sozinho.

Ezequiel: Obrigado por ser tão incrível.

Matilde: Eu te amo, independente de tudo, eu te amo filho.

Ezequiel: Também te amo mãe.

Os dois se abraçaram.

APARTAMENTO DE RENAN

Renan chegou em casa e encontrou a irmã fumando um cigarro na janela.

Paula: De quem esse notebook?

Renan: O meu, adivinha onde estava? Na pensão do Ezequiel, a Néia e o Giovani moravam lá.

Paula: Meu cu, não creio, não achou mais nada lá?

Renan: Não, só isso, ela devia estar usando.

Paula: Sabe quem morreu né?

Renan: O pai do Enzo?

Paula: Aí tão triste, eu gostei de ter saído com ele.

Renan: Sabe que ele morreu tentando matar a mulher né?

Paula: Isso eu não sabia, meu Deus! Que horror!

Renan: Pra você ver o tipinho com quem você se envolveu.

Paula: E você e o Kauan se acertaram então?

Renan: Sim, tudo certo, aleluia.

Paula: Glória a Deus. – Ela riu.

Renan: Tô com o coração na mão porque ele ia contar tudo pra mãe, antes que a Estela contasse.

Paula: E a Estela quer contar é?

Renan: Quer mesmo, o pouco que vi e ouvi a Jéssica falando da Gilda, ela é do tipo que vai enlouquecer.

Paula: Mas também... mora lá naquele fim de mundo da Vila Pinto, favelada e ignorante nunca vai abrir a cabeça.

Renan: Aí Paula nada a ver, Rogério que era o bambambã do mercado financeiro, era tão ignorante chucro igual, tava falando com o Gustavo no whats e ele disse que o pai do Enzo surtou quando soube ontem, gente preconceituosa tanto faz se é pobre ou rico, mas o pobre ainda dá pra relevar pois as vezes não teve condições de aprender sobre isso.

Paula: Tá, faz sentido até, quando vai contar pra mãe?

Renan: O que?

Paula: Que está namorando.

Renan: Aí calma né, faz pouco tempo ainda, mas a mãe está de boa, nem esquento minha cabeça.

Paula: Será que vou ficar encalhada pra sempre? – Ela disse triste olhando pela janela.

Renan: Paula, não pira.

Paula: Será que é muito tarde pra querer o Guilherme?

Renan: Amore, tomou seu remédio hoje? Que carência é essa? – Ele balançou a irmã.

Paula: Besta, aí bateu uma bad, de não ser feliz, de ficar pra titia.

Renan: Vai pegar o primeiro que aparecer pra ser infeliz? Na hora certa aparece, relaxa.

Paula: Vou tomar um banho.

Renan: Vai pra onde?

Paula: Vou no shopping, gastar.

Renan: Acho que o Kauan vai vir aqui.

Paula: Hummm safado.

Renan: Ele deve estar sem cabeça pra isso, essas horas a mãe dele já sabe de tudo.

Paula: Então, hora boa pra se consolar.

Renan: Ui você só pensa em safadeza.

Paula: Por que não ando fazendo, estou a mil, quero fuder, dar bem gostoso! – Ela disse de boca cheia.

CASA DE VALENTINA

Camila chegou na casa da amiga para conversar e encontrou Valentina na piscina.

Valentina: Camila! Que surpresa boa.

Camila: Vim ver como você está.

Valentina: Ótima, melhor impossível. – Ela disse tomando um drink.

Camila: Valentina, não se arrependeu do que fez?

Valentina: Eu não, me poupe.

Camila: Eu fui no enterro do Rogério hoje.

Valentina: Não tenho nada a ver com isso, pelo que soube ele tentou matar a Adriana, e ela fez o certo, eu teria feito o mesmo, acho que fiz foi pouco pra se vingar do Enzo.

Camila: Coitado.

Valentina: Ele tava triste?

Camila: Claro né, se bem que agora ele e o Gustavo podem ficar em paz, Rogério se tivesse vivo ia fazer da vida dele um inferno.

Valentina: Fora a bolada que deve ter herdado do pai, Rogério não era flor que se cheirasse, até preso já tinha sido, pena da Adriana, mas tenho certeza que ela vai se livrar dessa culpa.

Camila: E agora o que você vai fazer?

Valentina: Não vou fazer mais nada, o que eu tinha que fazer, já fiz e você como está? O clima lá na sua casa?

Camila: Ai ta um saco né, minha mãe nervosa, pelo menos o Guilherme já se acalmou.

Valentina: E eu poderia ter ficado igual a sua mãe... não tenho nada contra gay, mas não venha me fazer de palhaça, quer ficar com macho escondido e usam a gente pra bancar o hétero? É por isso que eu tenho nojo do Enzo, sinceramente, se eu fosse lésbica eu assumiria.

Camila: Concordo em partes.

APARTAMENTO DE RENAN

Kauan: Não tive coragem de contar. – Ele entrou abraçando o namorado.

Renan: Calma, calma amor, não contou nada?

Kauan: Contei da gente, mas do César não.

Renan: E ela?

Kauan: Falou um monte, saiu nervosa, se eu contasse do César eu não sei o que tinha acontecido, a reação dela já foi ruim só de contar da gente.

Renan: Meu Deus.

Kauan: Pior que essas horas ela e a Estela já devem ter se encontrado.

Renan: Calma Kauan, ela vai precisar de um tempo pra aceitar, igual a minha.

Kauan: Mas eu to preocupado com o que a Estela vai dizer, minha mãe vai me odiar.

Renan: Você não ta sozinho. – Ele deu um beijo.

Kauan: Obrigado.

CAFÉ

Estela estava sentada em uma mesa quando Gilda chegou.

Gilda: Estela, nossa aconteceu alguma coisa? – Ela disse observando a expressão no rosto da ex patroa.

Estela: Aconteceu, senta, porque vem uma bomba.

Gilda: Mais uma? Já to em choque com o que aconteceu lá em casa, mulher, acredita que meu filho, Kauan, também entrou nessa moda de ser gay? Olha, é pra acabar mesmo viu.

Estela: É claro que eu acredito, seu filho tinha um caso com o César, meu marido!

Gilda: Que? Como é? – Ela não tinha entendido direito.

Estela: É isso mesmo, o César e o Kauan mantinham um relacionamento, o César é gay, eu descobri tudo ontem.

Gilda: Não pode ser Estela, como assim? Nunca, meu filho?

Estela: Na festa do Guilherme, passou um vídeo, um vídeo Gilda, nem queira ver, os dois transando, meu marido bancava seu filho, sabe aquele carro? Foi César que deu, Iphone, roupa boa, perfume, ele enchia o Kauan de presentes em troca de sexo.

Gilda: Ai meu Deus, meu Deus!

Estela: É difícil acreditar né? Mas ele não vai negar, ele tava lá, junto com sua filha.

Gilda: O César sempre foi um patrão tão bom.

Estela: Pra te agradar, eu acho que o César se apaixonou, loucamente, não sei se ele teve outros relacionamentos assim, mas desde que você começou a trabalhar lá em casa que essa história acontece!

Gilda: O Kauan que eu tinha como um orgulho, agora me apronta uma dessa.

Estela: Pior, sabe quem ta envolvida nisso? A Néia, ela chantageou o César com esse vídeo, e por isso ele terminou comigo, anunciou que iria se casar com ela, ela não vale nada, uma mulherzinha que olha, tenho vontade de quebrar a cara.

Gilda: A Néia? Mas ela sempre quis ser minha amiga.

Estela: Sabe o que eu achei estranho Gilda, pode ser coincidência, mas será que ela já não entrou pra trabalhar lá em casa porque sabia desse caso dos dois? Você sofreu um acidente e ela foi pedir o emprego que era seu.

Gilda: Mas ela estava comigo quando o carro me atropelou.

Estela: Não sei, pra se dar bem, aquela vadia faria tudo eu acho.

Gilda: Aí Estela, que coisa chata, que horrível de pensar, é nojento, meu filho com o César?

Estela: Eu estou arrasada.

Gilda: Eu nem sei o que fazer, já brigamos hoje porque ele disse que está namorando um rapaz, olha isso, já não é o bastante pra uma mãe?

Estela: Gilda sinceramente, você já tem uma filha que gosta de mulher, esse negócio de ser gay ou não, já nem me abala mais sabe, olha o mundo do jeito que tá.

Gilda: O Kauan então fez por dinheiro, ele foi ambicioso, mal caráter.

Estela: É aí que tá o problema eu acho.

Gilda: Se fosse uma mulher mais velha, rica, já digo assim, eu também não ia concordar.

Estela: O fato dele ter esse namoradinho aí, logo passa, bobeira dessa juventude, mas eu achei muita sacanagem, falta de respeito, ele ter se envolvido com o meu marido, justo com o César, é um sentimento que não sei explicar, estou a base de calmante porque senão já tinha me jogado embaixo de um caminhão.

Gilda: Não deve ser fácil pra você, na minha família aconteceu algo parecido, um tio meu traia a mulher com uma empregada novinha de 18 anos que eles tinham contratado, era a parte rica da família, até a empregada engravidar do patrão, foi um escândalo.

Estela: Não sei o que é pior, aí traição é traição né, não importa se é homem ou mulher, ninguém quer ser trocado.

Gilda: Todo mundo passa por isso.

Estela: Eu achei que nunca ia passar, sempre me arrumei, cuidei da minha pele e César sempre foi carinhoso, ele não era o tipo de homem safado, agora entendo o porquê, os gays são mais delicados né, era mais fácil pra ele ser assim.

Gilda: Entendi, faz sentido, mas traição é normal, de homem então... todo mundo acha mais normal ainda, até os famosos traem, até aquela atriz linda a Grazi Massafera foi traída.

Estela: Ah eu lembro, Cauã Reymond né, um gostoso.

Gilda: Não importa o quanto a gente se arrume, se valorize, fique bonita, homem não vale nada, meu falecido eu sei que traia horrores também, sabe o que eu fiz? Comecei a trair também.

Estela: Gilda! Estou chocada.

Gilda: Chumbo trocado não dói, você precisa de um homem Estela, você tem dinheiro, vá viajar, conhecer gente nova, queria eu ter condições pra isso.

Estela: Você está certa, olha, sinceramente, eu vim aqui mais pra desabafar, na hora da raiva a gente fica a mil, eu queria ver o diabo na frente, mas não queria ver seu filho, sei que ele errou, mas o César é que foi o culpado né, sei lá também, quanto mais mexe nessa história mais ela fede, mas fazer o que né, agora já tá feito, nem estão mais juntos, então não sei o que você fazer, mas acho que não deve fazer nada né, os filhos erram, dão dor de cabeça, mas é assim mesmo.

Gilda: Vejo que fui injusta com a Jéssica, ela desde pequena já apresentava esse jeito de homem dela, e eu fui me afastando, fui dando mais atenção, carinho, amor pro Kauan, pra no final os dois serem iguais.

Estela: Eu sei como é, porque eu também fui injusta com a Camila, sempre passei a mão na cabeça do Guilherme pra tudo, tanto que ela é mais próxima do pai do que ele, que coisa né? César sempre tratou a filha como uma princesa, gostava de levar ela assim pra fazer coisas de menina que eu mesma não tinha paciência, agora a gente começa a analisar que os traços da homossexualidade sempre existiram, coincidência ou não, não sei.

Gilda: Eu vou esfriar minha cabeça, procurar rezar, acho que é o melhor a ser feito.

Estela: Obrigada por me ouvir Gilda.

Gilda: Você mais do que uma patroa, sempre foi uma amiga Estela.

CASA DE EZEQUIEL

Já havia anoitecido quando Matilde percebeu que um carro havia parado em frente à casa.

Matilde: Pois não? – Ela abriu a porta e foi em direção ao portão.

Kallel: Boa noite, o Ezequiel está?

Matilde: Sim, você quem é?

Kallel: Um amigo, Kallel, pode chamar ele?

Matilde: Calma aí.

Matilde foi até o quarto do filho.

Matilde: Tem um rapaz querendo falar com você, Kallel, seu amigo.

Ezequiel: Aff, devia ter falado que eu não estava em casa.

Matilde: Se quiser eu vou lá falar que você não está bem, peço pra ele voltar outro dia.

Ezequiel: Não, melhor eu acabar com isso logo.

Ezequiel saiu do quarto e foi falar com Kallel na rua.

Ezequiel: Boa noite.

Kallel: Boa, tudo bem?

Ezequiel: Mais ou menos.

Kallel: É... você não parece estar muito bem, efeitos da ressaca?

Ezequiel: Pode ser.

Kallel: Eu vim te chamar pra sair, comer alguma coisa, ver o que você está a fim.

Ezequiel: Poxa, mas você nem avisou.

Kallel: Posso te esperar, você se arrumar.

Ezequiel: É que não vai rolar Kallel.

Kallel: O que?

Ezequiel: Isso aí, olha, você é um cara legal, mas eu não estou a fim, a gente ficou ontem, foi bacana, não é nada com você, é comigo.

Kallel: Sério? Então você não quer nem me conhecer melhor? Já descarta assim?

Ezequiel: É que não to nessa vibe.

Kallel: Eu pensei que tinha rolado um clima, um interesse.

Ezequiel: Até rolou, mas eu não posso seguir com isso, não quero criar expectativas e nem te magoar mais pra frente.

Kallel: Tudo bem, já entendi, vou indo nessa. – Ele saiu decepcionado.

Ezequiel até tinha se interessado por Kallel, mas ele acreditava que o HIV seria um problema para as futuras relações.

Ezequiel: Queria que desse certo, mas vai ser melhor assim. – Ele disse triste.

CASA DE GILDA

Gilda chegou em casa e só encontrou Jéssica assistindo.

Gilda: Que que é isso aí que você tá vendo na TV?

Jéssica: Sex Education.

Gilda: Sexo o que? Esse guri aí vestido de mulher? Daqui a pouco seu irmão tá desse jeito, a televisão ensina muita coisa errada.

Jéssica: Mãe, senta aqui vamos conversar.

Gilda: Não quero falar desse assunto, eu to muito chocada com tudo isso, ainda mais depois da conversa que tive com Estela.

Jéssica: Ela contou tudo?

Gilda: Contou, e eu ainda to com nó aqui na garganta, com vergonha de sair na rua se essa Vila Pinto souber disso.

Jéssica: Babado.

Gilda: Cadê o Kauan falando nisso?

Jéssica: Na casa do Renan, acho que ele não volta hoje.

Gilda: Por mim, pode ficar morando com o macho já, mas esqueça que eu sou mãe dele.

Jéssica: Mãe a senhora ta quase me aceitando, se começar a namorar outra mulher, vai me tratar assim também?

Gilda: Aí Jéssica, não sei, não sei de mais nada, só quero tomar um remédio pra dor de cabeça.

Gilda tomou um remédio e entrou no quarto do filho, ela começou a olhar, observar, estava abalada e começou a chorar, ela abriu o guarda-roupas, sentiu o perfume dele, e viu uma foto, Kauan abraçado a Renan dando um beijo no rosto dele.

Gilda: O cara que me faz o homem mais feliz do mundo, meu Deus! – Ela enxugou as lágrimas.

A mulher ficou observando a foto por um tempo, guardou e revirou mais coisas do filho, pegou outra foto onde Kauan exibia um troféu de futsal em um campeonato da escola.

Gilda: Aonde foi que eu errei? Aonde foi que eu errei? – Ela chorava.

DIA SEGUINTE

APARTAMENTO DE RENAN

Renan e Kauan estavam preparando o café da manhã.

Renan: Você vai ver sua mãe hoje?

Kauan: Não sei, depende do que a Jéssica falar.

Renan: Acho que é melhor deixar essa poeira baixar também, tudo no seu tempo, olha só eu vou viajar amanhã, visitar a minha mãe, mas sabe que você pode ficar aqui né? O tempo que quiser, a Paula vai estar aí.

Kauan: Ah e eu vou ter que ficar longe?

Renan: Mas você vai estar no meu quarto, sentindo meu cheiro.

Kauan: Não é a mesma coisa do que ter você aqui. – Ele puxou o namorado.

Paula: Ouvi meu nome, nossa que mesa linda, não precisava todo esse carinho por mim.

Renan: Nem sabia que você tava em casa.

Paula: Cheguei de madrugada.

Renan: Tava falando aqui que vou pra Califórnia amanhã visitar a mãe.

Paula: Aí queria ir, mas tenho que trabalhar.

Renan: Daí o Kauan vai passar essa semana aqui acho, até a mãe dele se acalmar.

Paula: Aí quando que essa mulher vai deixar de uó? Vou torcer pro meu filho ser gay.

Kauan: Difícil, minha mãe é complicada, acho que o lance do César lá, pesa bastante também.

Paula: E quem contou isso? Você?

Kauan: A Estela.

Paula: Nossa, que vaca, aí Kauan sinceramente, não sentiu pena também da pobre Estela?

Renan: Chega desse assunto.

Paula: Aí vai ficar com ciúmes? Já não se acertaram?

Renan: Já, mas não obrigado a ficar ouvindo isso que aconteceu.

Kauan: Calma amorzinho. – Ele fez um carinho.

Paula: Pelo menos alguma coisa fez aquela família descer do salto, Guilherme teve a festa arrasada, bancava o machão e não sei o que, toma, na frente de todo mundo soube que o pai era gay, eu tenho pena, mas me divirto também com as voltas que o mundo dá.

Renan: Isso é dor de cotovelo, porque até hoje você sente pelo Guilherme, ontem mesmo queria ficar com ele.

Paula: Deus me livre, cafezinho gostoso hein. – Ela disse experimentando.

DOIS DIAS DEPOIS

CALIFÓRNIA

Renan estava na cidade visitando sua mãe.

Marta: Mas então você agora ficou desempregado filho?

Renan: Aí mãe por enquanto, mas tenho procurado bastante e já tenho duas entrevistas marcadas.

Marta: Que bom, vai dar tudo certo. – Ela disse colocando o café na mesa.

Renan: E por aqui como estão as coisas?

Marta: Tudo na mesma, mas sabe que eu estive conversando com a filha do seu Pedro, e a polícia descobriu que quem estava envolvido naquele assalto era o irmão do Giovani com mais um outro.

Renan: É mesmo é?

Marta: Depois eu fui tirar saber e realmente aquele Nando era um bandidinho daquelas bandas lá onde vendem drogas.

Renan: Giovani quase não falava do irmão porque eles nem eram tão próximos.

Marta: E como anda o Giovani?

Renan: Ele está preso, pelo visto o Giovani seguiu os passos do irmão, ele tava envolvido com o tráfico daqui da cidade inclusive.

Marta: Não acredito, ele que tinha uma cara de anjo.

Renan: Aí só porque era loiro dos olhos azuis, me poupe né mãe.

Marta: Mas ele era ali da paróquia, como se envolve com o crime assim? Bom, pelo visto teve o mau exemplo do irmão.

Renan: Me admira a senhora não saber disso, sabe da vida de todo mundo da cidade.

Marta: O povo fala o que tá na cara.

Renan: O povo julga sem saber, essa que é a verdade, ninguém vem escrito na testa que é bandido.

Marta: Credo, mas tô tão feliz que você veio, não sabe como eu estava com saudades. – Ela disse sorrindo.

Renan: Eu também estava mãe, a Paula mandou um beijo.

Marta: Ingrata por que não veio também? Trabalha igual uma condenada né? O que ela aprontando?

Renan: Nada, só trabalhando e estudando mesmo.

Marta: Paula com quase 30 anos e não arruma um homem.

Renan: Aí mãe, cada um é cada um, não precisa casar pra ser feliz.

Marta: Mas ela me disse que você tá namorando.

Renan: É, eu estou.

Marta: Quero ver uma foto dele. – Ela disse curiosa.

Renan: Deixa eu ver aqui, procurar uma bonita né.

Marta: Mas ele é bonitão né, bem homem, eu não entendo direito essas coisas, mas ele é o homem e você é o gay Renan? É isso?

Renan: Nós dois somos homens.

Marta: Tá, mas eu não sei.

Renan: Ele gosta é bissexual, gosta de homem e mulher.

Marta: Nossa, que estranho... existe isso mesmo é? Então por isso que a filha da Jucélia tava casada com uma mulher e acabou traindo com um homem será? A cidade inteira ficou sabendo.

Renan: Sei lá, as pessoas podem gostar de homem e mulher assim como podem gostar só de um, eu gosto só de homem e a senhora também gosta só de homem, entendeu? Mas o Kauan, gosta de homem e mulher.

Marta: Filho, mas que complicado, já pensou que ele pode te trair em dobro?

Renan: Aí mãe, se a gente for ficar preocupado em ser traído a gente não namora, tá na chuva é pra se molhar!

Marta: Mas ele é bonito, mais bonito que aquele lá que conheci no enterro do seu pai.

Renan: Ui nem me lembre! É claro que o Kauan é muito mais bonito que o Samuel.

Marta: E ele estuda? Faz o que?

Renan: Faz administração também, mas ele entrou depois de mim na faculdade.

Marta: Que legal.

Renan: E cadê o Ademir?

Marta: Logo chega, deve estar preso no trabalho, você sabe que quando eu soube eu fiquei chocada assim... imagina, eu não queria que você fosse gay, nunca quis e sempre achei que dava pra evitar isso, mas o Ademir sentou comigo, conversou, disse que não podia impedir você de gostar de quem quer que fosse, ele tinha a cabeça mais aberta do que eu pra essas coisas.

Renan: Que bom mãe, ele nunca ligou muito pro que os outros iam pensar, ao contrário da senhora.

Marta: É, eu não gosto mesmo, porque você sabe aqui é um ninho de cobra, essas vizinhas tudo fofoqueira, mas eu entendi, nas novelas a gente vê bastante também, eu tava vendo aquela novela do Félix no Globo play, assisti inteirinha na internet e é assim muito legal, tudo tão natural né? Só diga pro Kauan que ele tem que ser um bom genro pra mim e que te faça feliz né meu filho. – Ela disse o abraçando.

AUDIÊNCIA

Juiz: As partes chegaram a um acordo com a divisão de bens?

Kallel: É melhor você aceitar César, é viável, encerra a briga por aqui.

César: Sim. – Ele disse desanimado.

Estela: Muito bem.

Juiz: Sendo assim, o processo está encerrado.

Estela saiu vitoriosa, ela encontrou o ex-marido fora da sala.

Estela: Achou que ia esconder aquele apartamento? Dar pro seu amante?

César: Eu não quero brigar sobre isso.

Estela: A propósito aquele carro do Kauan, o Guilherme mandou pra oficina, agora ele vai estar nas mãos de quem merece.

César: O Kauan não quer mais o carro?

Estela: Dane-se o Kauan, não é dele, nunca esteve no nome dele, olha aí no que deu, cadê ele agora? Você vai morrer sozinho César, sem ninguém, acho bom você dar valor pros seus filhos.

César ficou pensativo.

Kallel: Foi melhor assim.

César: Eu perdi muita coisa nessa história.

Kallel: Quer um conselho? Depois que tudo isso passar, tirar umas férias César, coloca a cabeça no lugar, tire um tempo pra você, refletir, se descobrir, se entender.

CALIFÓRNIA

Renan estava dando uma volta na cidade, e passou pelo bar onde trabalhava.

Renan: Seu Pedro! Que Deus o tenha.

Andando mais um pouco, ele percebeu um andar conhecido a sua frente.

Renan: O que esse cara tá fazendo aqui?

CENTRO DE ACONSELHAMENTO

Ezequiel estava pegando seus remédios, só de pensar que aqueles comprimidos seriam para sempre, ele ficava triste.

Ezequiel: Obrigado. – Ele disse retirando na farmácia.

Quando estava saindo, acabou batendo de frente com Kallel. Os dois ficaram surpresos.

Kallel: Olha que surpresa.

Ezequiel: Com licença.

Ezequiel saiu rápido, tentando esconder os remédios.

Ezequiel: Meu Deus, será que veio só fazer uma testagem? Será que é soropositivo?

CALIFÓRNIA

Renan viu claramente Lucas em um ponto de drogas da cidade, exatamente onde Néia esteve uma vez falando com Giovani. Lucas parecia estar negociando alguma coisa.

Renan: A ligação do Giovani com o Lucas é até aqui.

***Marta: Tudo na mesma, mas sabe que eu estive conversando com a filha do seu Pedro, e a polícia descobriu que quem estava envolvido naquele assalto era o irmão do Giovani com mais um outro.

Renan: É mesmo é?

Marta: Depois eu fui tirar saber e realmente aquele Nando era um bandidinho daquelas bandas lá onde vendem drogas***

Renan: Essa é a boca. – Ele disse olhando uma livraria que estava ao seu lado, resolveu entrar e observar pela vitrine.

De repente, tiros. Sirene, polícia, barulho, correria.

Lucas sangrava no chão.

CONTINUA...

O próximo capítulo é o penúltimo, até lá!

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Comentários

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UM ano e nada do final. Uma pena!

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Seis meses se passaram e o ultimo capitulo não chegou. Será que ainda vem?

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Oi querido, qnd teremos capítulo novo? Anisoso pelo final da sua história.

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gente o que aconteceu? nunca mais deu noticias... Estamos com saudades

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Maravilhoso como sempre.......já estava com saudades

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GILDA TEM QUE TOMAR UM CHÁ DE REALIDADE. OU SE INTERNAR NUM CONVENTO E OLHE QUE ATÉ LÁ AS FREIRAS SE MASTURBAM OU SAEM COM PADRES OU MANTÉM CASO ENTRE ELAS. O FATO DE JÉSSICA NÃO GOSTAR DE LIMPAR A CASA E BRINCAR DE BONECA NÃO FAZ ELA SER PIOR. O FATO DE KAUÃ GOSTAR DE BOLA, CARRINHO NÃO SIGNIFICA QUE ELE NÃO POSSA SER GAY. MAS UMA COISA É CERTA, RENAN CORRE RISCO DE KAUÃ UM DIA TRAIS COM UM HOMEM OU COM UMA MULHER. RSSSSSSSSSSSSSSSSS NÃO TEM JEITO UM CASAL QUE NÃO DESCE PRA MIM É ENZO E GUSTAVO. DUAS FALSIANES. VEREMOS... CÉSAR COLHEU OS FRUTOS QUE PLANTOU. EZEQUIEL PODE SER FELIZ COM KALLEL SE TOMAR OS DEVIDOS CUIDADOS. SERÁ QUE KALLEL VAI ACEITAR EZEQUIEL QUANDO SOUBER QUE ELE É SOROPOSITIVO???

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