No Escurinho do Comitê Eleitoral

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1660 palavras
Data: 01/12/2020 19:28:19
Última revisão: 01/12/2020 19:46:56

Acho que perdi meu crush. Bateu um vazio interno ao sentir que ficaria sem uma relação que estava me fazendo tão bem. Sentia-me péssima ao sair do quarto do Lucas, e o culpado era o pai dele. Ainda assim aceitei a carona do coroa para não chegar atrasada na loja. Aproveitei a oportunidade para trocar uma ideia com aquele tiozão tarado.

— O senhor deveria me agradecer por não te acusar de assédio e estupro.

— Eu não te forcei a nada, meu anjo, fui carinhoso e você permitiu. E pelos seus gemidinhos, tenho certeza que gostou. Foi consensual, como dizem por aí.

— O senhor se aproveitou de mim, chegou entrando de sola me encurralando no meio da noite. Só não armei um barraco porque ia sobrar pra mim, a parte mais fraca. Quais minhas chances contra um “vereador”, né?

— O que aconteceu, minha linda? A gente se deu tão bem horas atrás. Fiz algo que não gostou?

— Você me tratou como uma puta, e eu sou a namorada do seu filho… Ou quase isso.

— Perdoe se agi por impulso, mas desde aquele dia que te vi nua lá em casa eu perdi a razão e só pensava em ter você. Seu rosto de menina nesse corpo sedutor me deixou louco.

— Puta merda! Vocês homens só olham pra gente pensando em sexo?

— Não quis dizer isso, eu te respeito, você é uma joia preciosa.

Baixei as alças do meu vestido exibindo meus seios pra ele.

— Olhe bem, pois é a última vez que o senhor verá esta joia. Nunca mais tocará neste corpinho. Voltei a me recompor enquanto ele recuperava o volante, pois havia perdido o controle e passeou fora da pista.

— Caralho! Assim você mata a gente. Peço desculpas mais uma vez, meu anjo, reconheço que fui afoito. Deixa eu te mostrar meu lado carinhoso, me dê outra chance pra gente se conhecer melhor.

— Nem pensar, o senhor é a maior roubada.

Nossa conversa ficou repetitiva até ele deixar-me na loja e seguir seu caminho. Não contei pra ele que o Lucas viu a gente se pegando de madrugada. Acho que o filho também não contaria, eu supus, pois o Lucas, além de ser um carinha liberal e desligado do senso de propriedade, vive em seu mundo “Zen” evitando o estresse e curtindo seus baseados. Além do mais ele depende do dinheiro do pai para continuar sem trabalhar, fotografando e escrevendo por diversão, apesar dos seus vinte e cinco anos.

Fiz tentativas de voltar às boas com o Lucas. Ele não respondia as minhas ligações e mensagens, então tive que ir atrás dele. Aleguei que naquela noite estava bêbada e fui seduzida pelo seu pai. Tentei explicar-lhe que sofro de hipersexualidade e que, ao contrário do que parece, não sou uma vadia. Eu convivo com meus mistérios psíquicos e minha dependência por adrenalina. É como se eu fosse bipolar, quando sou defrontada com uma relação de risco, ou sexo proibido, algo em mim se joga de cabeça no abismo só visando o desejo carnal, perco a razão e o meu corpo se torna refém dessa vontade.

Ele não acreditou em mim, ainda achou que eu estava zoando com a cara dele e o chamando de idiota. Percebi que seria difícil voltarmos às boas, já que o meu passado me condena. Deixaria quieto por hora.

***

O período de eleições municipais chegou, o meu patrão estava me transferindo temporariamente da loja de conveniência para um dos comitês eleitorais do partido. Ele era candidato a vereador, assim como o pai do Lucas (seu Durval). Fui com seu Reginaldo conhecer meu novo local de trabalho: era uma salão comercial dividido em três ambientes: ante sala, uma sala maior e um mezanino. Só tinha os móveis de escritório, e um sofá enorme no mezanino. Ele olhou pra mim solicitando uma rapidinha. Eu tentei disfarçar a raiva que me consumia ao entender o real motivo da transferência. “Até quando serei escrava deste escroto?”, pensei. Ele foi invadindo minha intimidade, me subjugando e deixou-me de quatro na beirada do sofá. Arriou minha calcinha e brincou com seu pau em minha boceta até que ficou duro. Melecou com sua saliva nojenta, enterrou e se divertiu por dois ou três minutos. Ele gozou dentro e aquela coisa ficou molinha a seguir. Deu um tapa na minha bunda e disse que era hora de irmos embora.

Foi uma das piores transas que já tive. “Odeio este velho”, pensei com desprezo.

Na segunda-feira, meu primeiro dia no comitê, fui treinada pelo Douglas, um homem com menos de trinta. Ele é quem recebia os currículos e analisava o perfil dos candidatos ao emprego de distribuição de “santinhos”. Ele fazia uma entrevista rápida para saber se a pessoa tinha uma postura carismática, uma vez que simpatia é fundamental para conquistar o voto do eleitor. Meu trabalho seria o de ajudá-lo fazendo uma primeira verificação básica nas fichas, telefonar para os aprovados, entre outras coisas.

Também passei a ter mais contato com o pai do Lucas, por conta do meu trabalho no escritório de campanha, e foi contra a vontade do meu patrão, mas era a minha função atender a todos os candidatos daquele comitê. Ele não conseguia disfarçar o seu ciúme e já estava dando na vista dos demais.

Em uma uma das minhas conversas com o pai do Lucas, durante um dia excepcional em que aceitei sua carona ao findar o expediente, eu sugeri que daria outra chance pra ele, mas teria que me dar algo em troca.

— O senhor pode ganhar alguns pontos comigo se me ajudar em um lance.

— Já sei, quer que eu controle a minha mulher que pega no seu pé.

O sem noção nem sabia que eu não estava mais com seu filho.

— Não, o assunto é com o seu cunhado, meu patrão. Aquele dia em que vocês me viram na varanda da casa dele eu estava pagando uma chantagem.

Contei pra ele a história da câmera na garagem e que seu Reginaldo me filmou transando com um homem proibido pra mim. Não disse que a transa havia sido com meu padrasto ou então ele me consideraria uma devassa qualquer.

O homem disse que me ajudaria, pediu uns dias para investigar a respeito.

O seu Reginaldo e seu cunhado Durval eram do mesmo partido e tinham uma disputa interna pelos fundos partidários. O meu patrão tinha a preferência por ter amizades influentes dentro da legenda, além de ter mais dinheiro.

***

Noite do dia da eleição, acompanhando um site que dava o resultado das apurações online, vimos que o partido foi bem votado e meu patrão conseguiu uma das onze concorridas cadeiras da câmara municipal. Ele havia prometido uma grana extra para nós, trabalhadores do comitê, em caso de vitória. Fui fazer uma comemoração particular no gabinete eleitoral.

Durante o início das atividade de alto impacto com meu acompanhante, ele disse ter ouvido um barulho e desceu as escadas em direção a ante sala, só de cueca. A luz acendeu e ouvi uma discussão. A outra voz era de uma mulher conhecida. Em seguida duas outras vozes chegaram de imediato dizendo serem da polícia. A situação lá embaixo parecia tensa. Agachadinha eu aproximei a cabeça da grade para ver o que se passava. Um policial me viu e ordenou que eu descesse do mezanino. Puta merda! Eu havia deixado meu vestido e lingerie lá embaixo durante um strip-tease na ante sala que fiz para o homem, depois ele me levou em seus braços escada acima até o sofá.

Peguei a camisa dele, era a única peça apropriada para cobrir minha nudez. Vesti e comecei a descer as escadas e errando na abotoação. Ficou tudo torto, pois o policial continuava gritando impaciente e me apressando.

— Moça, venha com as mãos levantadas!

Estava no meio da escada de madeira, visualizei a mulher do seu Durval dominada por um dos policiais. Continuei descendo, estava super assustada e desconfortável vestida apenas com a camisa masculina que foi parar quase na altura da minha periquita ao levantar os braços.

Minutos depois, esclarecido parcialmente aquele incidente, a mulher foi liberada, mas teria que comparecer na delegacia segunda-feira para se explicar ao delegado. Eu não seria obrigada a ir, felizmente.

Ganhei uma carona do meu parceiro sexual daquela noite, o Douglas, meu supervisor. No caminho pra casa ele contou a parte que eu não ouvira no início:

— Aquela mulher doida achou que você estava com o marido dela, segundo disse para os policiais, o seu Durval havia sumido e não atendeu suas ligações. A mulher ciumenta foi lá no prédio na tentativa de surpreendê-lo. Com a ajuda de um homem que forçou a fechadura da porta e depois a deixou sozinha para não se envolver. Ela invadiu o local em silêncio para consumar o flagrante.

— Aquela louca tem que ser presa, ela ia me matar.

— Ela chorou e jurou arrependimento e disse que a arma era só para assustar o marido.

— Ah tá! Lágrimas de crocodilo. Aquela bruxa me odeia.

— Ainda bem que um vizinho suspeitou que fossem ladrões e acionou a polícia. A viatura estava no quarteirão e eles agiram prontamente a desarmando antes que acontecesse o pior.

Depois ele falou sobre o meu visual quando eu desci as escadas do mezanino. Foi carinhoso como se recitasse um poema:

“Seu caminhar encantador dava a impressão de que você estava de salto alto, apesar de estar descalça. A silhueta do seu corpo nu de curvas sensuais e visíveis no interior do tecido branco da minha camisa, delineados pela luz vinda por detrás, não foi apreciado só por mim, os policiais também estavam babando e só voltaram a bancar os profissionais depois que você se juntou a nós.”

Fim… Por enquanto.

Este conto faz parte de uma sequência de três outros contos que já postei aqui semanas atrás. Para um entendimento maior sobre tudo que rolou anteriormente, recomendo a leitura dos contos abaixo:

1 - No Banco do Simca Chambord

2 - Maldito Simca Chambord

3 - Um Texto Explosivo

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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 107Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

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