Memórias de Josias – Parte Final

Um conto erótico de 50ãoRala&Rola
Categoria: Homossexual
Contém 4386 palavras
Data: 16/08/2020 23:18:04

A reação daquele jovem adulto não foi boa. Ele fez uma cara de chateado e falou:

— Mas eu ficaria aqui três semanas sozinho? Isto não é justo! — A sua mãe, inicialmente, riu mas depois completou falando seriamente:

— Mas, Josias, esta viagem é do seus pais. Somente nós dois, você estará em período de aula e terá muito tempo para viajar no futuro! — Josias percebeu que, aquilo de quê reclamava, não fazia sentido e, mesmo aborrecido, falou para a mãe:

— A senhora tem razão. Mas eu não esperava essa notícia! Três semana sozinho... — Então, ele pediu licença aos pais, e foi para o seu quarto. A mulher olhou para o marido e, com ar de interrogação, comentou:

— É isso mesmo que entendi? Agora Josias vai regredir e dar uma de menino mimado?

— Deixa isso pra lá! Ele deve estar em um dia ruim. Mais tarde eu o procuro para uma conversa... — Como a mãe sabia que o filho ouvia melhor o pai, Concordou.

Mais tarde, José Carlos bateu na porta do quarto do filho e entrou:

— Podemos conversar? – Josias, muito chateado, falou:

— Sim, por favor, entre! Desculpe-me pela reação, foi uma surpresa para mim... – Demonstrava arrependimento mas deixou claro sua indignação:

— Você acha justo me deixar aqui por um mês, sozinho?

— Meu filho, você fica longe de mim vários dias por semana! Isto será, somente, um período maior. Eu quero dar este presente à sua mãe desde que nos casamos, nosso começo de casamento foi duro... – Ele se volta para o pai:

—Eu sei que a mamãe se casou grávida, já comparei minha data de nascimento com a data do seu casamento, imagino que isto dificultou tudo, mas não quero passar um mês longe de vocês, principalmente de você. Tenho minhas necessidades! – José Carlos se assustou com o fato de que ele sabia da gravidez da mãe mas não se deixou abalar:

— Sim, ela se casou grávida mas este não foi o maior dos problemas. Claro que o casamento teve que ser apressado e eu tive que fazer tudo sozinho pois ela estava muito abalada com tudo o que aconteceu. – Josias questiona:

— Tudo o quê? – José Carlos faz cara de quem falou demais e se retratou:

— Ah, você sabe, a situação, a família questionando, as amigas, essas coisas... – Josias deu com os ombros:

— Mamãe amadureceu muito pois hoje ela não se importa com o que as pessoas pensam dela. – José Carlos concordou e mudou de assunto:

— Quanto às “suas necessidades”, lembre-se que eu também tenho as minhas. – Josias olhou com uma cara irritada:

— Você resolverá as suas com ela! E eu? – José Carlos fez uma cara de desapontado e falou:

— Josias, não é ela que eu quero na cama. É você! Entenda isso! Este era o meu medo de começar a ter relações com você, agora eu sinto sua falta. – Josias, desconfiado, questionou:

— Como assim, vocês não transam? – José Carlos pensou, antes de responder:

— Não vou discutir nossa vida sexual com você, não consigo! – Josias, complementa:

— Quer saber? Você tem razão! Não me importa o que acontece na cama de vocês e, sim, na nossa cama. Entendo seu ponto mas se é para ficarmos sem sexo, comecemos já! – José Carlos, desapontado com a infantilidade do filho, abaixa e cabeça e sai do quarto dizendo:

- Será como quiser, Josias! Eu não posso te obrigar a fazer sexo comigo. Mas estou te esperando, me procure se mudar de ideia. – E partiu!

Aquela notícia acabou com o final de semana, o clima ficou ruim. Os próximos dias não foram melhores, Josias se mostrava distante, mal conversava com os pais. A mãe achava que era pura birra, uma infantilidade e, entusiasmada com a viagem de sua vida, passou a planejar a viagem. José Carlos evitava discutir a viagem quando os três estavam juntos e, assim, levaram a situação até a viagem.

Chegando à véspera da viagem, José Carlos e Irene explicam o plano para Josias que, ainda um pouco distante, já estava mais comunicativo:

— Filho, amanhã você nos leva ao aeroporto?

— Claro! Tem que estar lá três horas antes, certo?

— Sim, as malas estão prontas, te acordaremos às 8:00 pois vamos sair daqui às 10:00, como demora até uma hora para chegar no aeroporto, estaremos lá com a antecedência esperada. – O filho concordou com a cabeça e ela continuou, agora mais entusiasmada, pois estava preocupada com a reação de Josias:

— Deixamos o freezer e a dispensa cheia mas você deve comprar legumes e frutas semanalmente, por favor, compre, pois você precisa se alimentar direito, não fique só comendo pizza, cachorro-quente e hambúrguer! – Ele fez uma cara de tédio mas ela fez que não viu:

— Seu pai colocou dinheiro na sua conta bancária, o suficiente para um mês, pague com o cartão de débito ou saque no caixa eletrônico. – Ele se manifestou:

— Mãe, fala algo que eu não saiba, já faço isto desde o início da faculdade...

— A faxineira virá duas vezes por semana, deixe a roupa suja no cesto da área de serviço, nas segundas-feiras ela limpa a casa e lava sua roupa, nas quintas ela limpa a casa novamente e passa a roupa lavada. Se não puser no cesto, ela não lava! – Josias, novamente:

— Ok, mãe, mas nem precisava se preocupar, eu sei lavar roupa e limpar a casa, um dia vou precisar fazer isto, de qualquer forma. – Irene esperava que este dia nunca chegasse e, então, ignorou o comentário:

— Fiz isto para você se preocupar com os estudos! Sei que você é um rapaz “ajuizado” mas nada de bebedeira e festas aqui, ok? – Josias fez um sinal de positivo e foi saindo da sala pois a conversa já estava ficando irritante.

No dia seguinte viajaram, Josias se despediu na calçada do aeroporto, um grande abraço e beijo na mãe mas, somente apertou a mão do pai e falou:

- Boa viagem, pai! – Entrou no carro e partiu. José Carlos viu naquela despedida um sinal que o deixou preocupado mas, desde que esta história começou, estava decidido a cumprir a promessa à Irene e resolver este problema na volta. E foi o que fez, Irene teve, realmente, a sua viagem dos sonhos, parecia uma menina contente em todos os lugares, conversava com os outros turistas em passeios, lia tudo a respeito das cidades, experimentava as comidas e bebidas típicas entre alegres comentários. José Carlos sentiu que tudo valeu a penas quando a viagem terminou. Voltaram e, ao sair na sala de desembarque olharam em volta procurando Josias. De repente ele surge, com uma bela moça ao seu lado e abraça os pais:

- Mãe, pai! Que saudade, fizeram uma boa viagem? Esta é a Ana. Eu a conheci na faculdade. Ana, estes são meus pais! – Irene olhou sorridente para a moça e falou:

- Trouxemos uma mala de presentes para o Josias, mas ele nos trouxe algo melhor! Muito prazer, Ana! – A moça, muito educada, respondeu:

- O prazer é meu dona Ana! Josias sempre fala muito da senhora, e do senhor também “seu” José Carlos! – E deu a mão para o pai que, atônito, não entendeu nada, mas a cumprimentou educadamente:

- Muito prazer, Ana! – E olhou para o filho que fazia uma cara sem graça.

Entraram no carro e Josias foi tomando a frente, colocou as malas no porta-malas e abriu a porta traseira direita para a mãe e a da frente para a namorada, José Carlos, que sempre foi o motorista oficial da família se sentou atrás, ao lado da esposa. Irene muito alegre, conversava com a Ana:

— E como foi que se conheceram? – Ana respondeu:

— Já fazia tempo que nos conhecíamos, estudamos juntos há dois anos, meu pai é juiz ele foi transferido para a cidade. Confesso que sempre tive uma “quedinha” pelo Josias mas ele me convidou para sair somente agora, que as aulas começaram. Josias dirigia sem falar nada.

Chegaram na casa, toda arrumada, com a mesa posta e uma comida quente no fogão, Ana se adiantou:

— Tomei a liberdade de preparar um almoço, sei que a senhora cozinha muito bem pois o Josias vive elogiando sua comida, mas achei que estaria cansada e decidi ajudar. – José Carlos pede licença para ir ao banheiro, passa em frente ao quarto do filho e abre a porta discretamente. Notou que as coisas estavam diferentes, a cama bem arrumada, foi até o banheiro e viu cosméticos em cima da pia e duas toalhas molhadas. Foi ao banheiro e voltou à sala onde os três conversavam. Ana se levantou e falou:

— Só vou esquentar a carne no forno e podemos almoçar. Irene disse “eu te ajudo” e a seguiu. José Carlos aproveitou a ausência das mulheres e falou:

— O que está acontecendo, Josias? – O rapaz falou baixo, evitando olhá-lo nos olhos:

— Eu pensei bem em tudo e quero parar com nossos encontros. Preciso seguir com a minha vida, da mesma forma que você seguiu com a sua. Quero me casar, ter filhos e estabelecer minha própria família. – José Carlos começou a se descontrolar:

— Mas você disse que não era isso que queria, você deixou claro que queria a mim, olha: eu não fiz sexo com sua mãe durante a viagem, estava ansioso por te reencontrar, não entendo... – Josias, frio, respondeu:

— Não quero mais falar sobre isto, te avisei que eu não iria ficar sozinho, você me abandonou, não posso ficar aguardando sua vontade de me ver. – José Carlos, em súplica, falou:

— Mas fiz isto por sua mãe, eu sei que a ama, não seja egoísta. – Josias respondeu grosseiramente:

— Se sou egoísta, puxei ao meu pai! – José Carlos, irritado, falou:

— Puxou mesmo! Seu pai sempre demonstrou ser um grande egoísta! – E se calou. Josias ficou muito chateado, olhava para o pai e pensava “este homem sempre foi uma pessoa que tirou de si para dar aos outros. Eu o ofendi ao chama-lo assim...”, mas nada disse, preferiu se manter calado.

As mulheres avisaram que o almoço estava na mesa, eles comeram e conversaram, somente José Carlos estava mudo, respondia tudo com “Sim”, “Não” e “Um-hum”. Comeu um pouco e falou:

— Me desculpem, mas vou me deitar, estou com muita dor de cabeça, deve ter sido a viagem. Ana, sua comida estava ótima, parabéns! – e partiu para seu quarto. A esposa foi até lá e ele já se deitara, ela ficou preocupada:

— O que está sentido, quer um remédio? – Ele, evitando detalhes:

— Somente um remédio para dor de cabeça. Amanhã estarei melhor.

Mas não estava, José Carlos foi ficando cada vez mais calado, Irene, que agora tinha a nora como companhia, não percebia que o marido estava mudando de comportamento, aos poucos foi perdendo peso e a vontade de sair, passear, etc. As poucas vezes que aceitava comer em um restaurante era por insistência da família. Josias passou a fazer os convites. Ele ia mas não queria ficar muito tempo. Voltava para casa e se escondia em seu quarto. Ninguém via, mas ele chorava quase todos os dias. Não se conformava com a situação.

Os meses foram passando, no final do ano conheceu os pais de Ana, o casal de namorados começou a falar de um noivado em breve e casamento em um ano. José Carlos olhava para Josias enquanto falava, mas o filho evitava o olhar. Aquilo estava destruindo José Carlos, ele estava desesperado por não saber o que fazer.

O ano seguinte ocorreu da mesma forma, Josias já começara a trabalhar meio período, fazendo um estágio numa grande empresa, o estágio se seguiu à um plano de trainee e uma oferta de contratação ao final da faculdade. Os pais da Ana prometem uma casa para morarem nos primeiros anos, até que pudessem comprar sua própria casa. Irene sugere que morem com eles pois a casa é grande, Josias diz que não, que eles precisam começar suas vidas sozinhos. José Carlos não participa de nada, ouve os planos em silêncio, sem força para lutar pelo rapaz que tanto amava e desejava.

Mais alguns meses se passaram e José Carlos definhou um pouco mais. Estava mais magro, pálido e sentindo várias dores pelo corpo. Irene procura seu filho e demonstra sua preocupação. Josias, por estar muito envolvido com a faculdade, o emprego e a noiva não estava prestando muita atenção ao pai e, neste momento, percebeu que algo errado estava acontecendo e foi procurá-lo:

— Pai, há quanto tempo você não vai à um médico? — José Carlos olha para o filho e fala:

— Ir em médico para quê? Eu estou bem! — Josias discorda:

— não, você não está bem Eu vou agendar uma consulta o mais rápido que eu possa. — José Carlos quis discutir mas o filho, agora um homem, tomava as decisões na casa:

— não há o que discutir, pai! Vamos ao médico e, se estiver tudo bem, assunto encerrado. — José Carlos aceitou e Josias agendou uma consulta que aconteceu alguns dias depois. O médico pediu vários exames para José Carlos e, após analisar os resultados pediu, sem que o paciente soubesse, uma conversa com Irene e o filho:

— O José Carlos não tem nenhuma doença mas, realmente está perdendo muita massa muscular e não preciso ser psicólogo para perceber que ele passa por algum problema emocional. — A esposa alerta:

— Olha, doutor! Ele andou tendo alguns problemas no trabalho, aparentemente a sua performance não está nada boa, ele não recebeu bônus nenhum neste ano e lhe ameaçaram com uma demissão, caso ele não melhore. — Josias ouviu aquilo de boca aberta até que falou:

— Mas, mãe! Eu não estou sabendo nada disso. Por que não me contaram?

— Ele não queria que você soubesse, meu filho! Ele não quer deixar você preocupado com essas coisas... — Josias facilmente entendeu o que estava acontecendo e falou para a mãe:

— Precisamos fazer alguma coisa que o motive! Estou tendo uma ideia. Vou convidá-lo para uma pescaria, como a gente fazia nos velhos tempos! — Irene sorriu e falou:

— Excelente ideia, meu filho! Isto vai fazer bem para ele.

Josias procurou o pai e fez o convite para a pescaria:

— Pai, o que acha da gente passar um fim-de-semana juntos, pescando lá na represa, como fazíamos antigamente? —José Carlos falou:

— Como antigamente, Josias? Tem certeza que é isso que você quer? — Josias entendeu o recado mas, como a mãe estava ao lado, não tinha como debater o assunto e confirmou:

— Sim, pai! Tenho certeza que é isso que eu quero. Acho que vai fazer muito bem a você! Então, posso reservar? — José Carlos, sorri como não sorria há um bom tempo e concordou com a cabeça.

Dois fins de semana depois, Pai Filho seguiram cedo para o hotel, alugaram o mesmo chalé do passado e se prepararam para pescaria. Irene e Ana iriam passaram o tempo juntas, planejando o casamento.

José Carlos se sentou no deck à beira do rio com sua vara pronto para pescar, Josias se sentou ao seu lado. O rapaz agora era um homem e seu corpo estava totalmente definido, ele se muito forte e robusto. Seus pelos grossos enfeitavam todo o seu corpo e seu corte de cabelo era o de um adulto. O pai, de repente, falou:

— Não tenho reparado em você, meu filho! Você se tornou um belo homem. Me desculpe por não ter acompanhado este seu desenvolvimento.

Josias observava o pai e percebia como ele havia envelhecido em pouco mais de dois anos, estava magro, seus braços e pernas afinados e as rugas começavam aparecer no seu rosto, eram rugas prematuras pois ainda não tinha idade para isso. Junto com as rugas, o pai também começar a perder os cabelos e, os que ainda restavam, estavam ficando finos. Ele, então, falou:

— Pai, não me diga que você está assim por causa de nossa separação? — José Carlos sorriu para o filho e disse:

— você quer que eu minta? Não consigo aceitar o fato de você não me querer mais...

— Eu sempre te quis, mas o destino nos separou! Eu peço desculpas por não ter percebido pelo que estava passando, estive muito ocupado ultimamente. – O pai sorri e diz:

— Isto não é só por estar ocupado, meu filho. Isto é porque você está mais preocupado com você do que com o próximo. Lembra-se quando me disse que eu era egoísta? Será que só eu estava sendo egoísta naquele momento, Josias. – O filho abaixou a cabeça e falou:

— Eu errei, pai. Me afastei e não soube como voltar, nem dei espaço para você me ajudar mas, você é meu pai e eu sempre te quis!

— Se sempre me quis, por que não vem aqui e me dá um beijo? — Josias foi até o pai, o abraçou e deu-lhe um beijo no rosto. José Carlos nada falou, somente abraçou o filho, fechou os olhos e encostou a cabeça em seu ombro, fazendo de conta que nada havia acontecido e que ele estava no mesmo chalé da pescaria, há dois anos atrás. Josias também sentiu aquela lembrança voltar e começou acariciar as costas do pai, que retribuiu e os dois ficaram ali, por quase 30 minutos, um acariciando as costas do outro.

Josias, se deixou levar pela emoção e deu um beijo na boca do pai, que retribuiu ardorosamente. Josias afastou seu rosto e olhou o pai nos olhos, falando:

— Eu sempre te amei, pai mas não consegui perdoar o que você me fez. — José Carlos respondeu:

— um dia você vai entender que eu nada de fiz, meu filho mas eu também continuo te amando, como sempre te amei. Me dói não te ter mais ao meu lado. — Josias, não sabendo se estava sendo levado pelo amor, pela saudade ou compaixão, sente seu fogo arder e se levantou, ergueu seu pai nos braços e o levou até a cama. Ele não queria pensar em mais nada, somente queria deixar aquela paixão toda acontecer e saciar o seus desejos. José Carlos, que há tanto tempo esperava por aquilo, também não se importou com nada e nem ninguém, se entregou a paixão que o consumia e que lhe tirava a vida.

Foi a relação sexual mais longa que eles tiveram, ele se amaram, se desejaram, se doaram, serviram e foram servidos durante toda a noite. Josias estava no auge da sua virilidade mas, José Carlos não, e estava totalmente esgotado quando o dia amanheceu. Eles ficaram toda a manhã do dia seguinte na cama, deitados e em silêncio, somente trocando carinhos e aproveitando as horas que lhes restavam. Ao final, Josias falou:

— Foi muito bom matar a saudade, pai! Mas agora temos que voltar pois as nossas mulheres nos espera! — José Carlos olhou no rosto do filho e falou:

— Depois de tudo que aconteceu esta noite, você ainda pretende se casar com a Ana? — Josias olhou assustado para o pai e falou:

— Claro que pretendo, pai! O que o senhor acha? — José Carlos olhou para o filho, E as lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos enquanto falava:

— Eu já não sei mais o que acho, Josias. Eu quero muito você ao meu lado, mas sabemos que isto é impossível. Entendo que você queira seguir seu caminho, ter sua esposa, sua casa e sua família. Vou ter que me contentar a assistir isto de longe e torcer por você, mesmo sentindo o que sinto! Pois sei que nunca mais encontrarei o amor, pois esta é a segunda vez que ele me toca mas me faz seguir por um caminho diferente. – Josias olhou para o pai com carinho e fala:

— Pai, isto que sentimos não é natural, acho que nem deveria existir. Não sou hipócrita, o sentimento existe e não posso negá-lo mas, realmente, para o bem de todos os envolvidos, é melhor que sigamos assim: pai e filho! – José Carlos dá um sorriso um pouco sem graça mas demonstra que entende a situação.

Pelo menos, o final de semana de pescaria serviu ao seu propósito. Pai e filho se perdoaram, Josias entendeu o sentimento que tinha e o transformou em uma grande amizade, respeito e gratidão ao Pai enquanto José Carlos voltou a viver sob a regência do conformismo de que este amor seria impossível, conseguiu reverter a situação professional e assegurar seu emprego.

Apesar da tristeza contida e a vida começar a voltar aos poucos para José Carlos, o período de melancolia deixou sequelas e, menos de dois anos depois do casamento de Josias, ele sofreu um ataque cardíaco e faleceu. A família passou por um período de luto, Ana engravidou de seu primeiro filho e isto trouxe um pouco de esperança a todos. Quando completaram um ano sem José Carlos, Irene chama Josias até seu quarto:

— Tenho que cumprir um desejo de seu pai, pedido desde que voltamos daquela viagem à Europa. – E lhe entrega uma foto. Josias olha para a foto e não entende nada, são três jovens, dois rapazes e uma moça. Um dos dois rapazes era seu pai, apesar de diferente tinha os mesmos traços, a moça era, aparentemente, sua mãe mas o outro rapaz deixou Josias assustado pois era ele. Como isto era possível? Ele olha para a mãe, que explica de uma forma desconexa, falando sem parar:

— Estávamos sempre juntos, éramos muito amigos e confidentes, nossas libidos à flor da pele. Não sabíamos ainda o que seria de nossas vidas e queríamos aproveitá-la ao máximo, queríamos tudo o que pudéssemos ter... – Josias interrompe a mãe, com uma cara assustada:

— Mãe, não estou entendendo nada. Mais devagar por favor! – Irene se acalma e recomeça:

— Na foto estão José Carlos, Evaldo e eu. – Você deve ter percebido que você é a cara do Evaldo, certo? – Josias sente um arrepio percorrer seu corpo e fala:

— José Carlos não era meu pai biológico? É isto que está me dizendo? – Irene abaixa a cabeça e fala:

— Sim, seu pai biológico era o Evaldo. Tenha paciência pois preciso contar a história com calma para que você entenda. Portanto, não me interrompa!

José Carlos, Evaldo e eu éramos amigos há alguns anos, nos conhecemos no colégio e nos tornamos muito próximos, eu não gostava dos outros garotos do colégio pois eram muito chatos, com brincadeiras de mau-gosto e sempre me assediando. José Carlos e Evaldo eram mais tranquilos, não me assediavam e gostavam de minha companhia, íamos ao cinema, teatro, lanchonete e tudo o mais, ríamos muito e estávamos sempre juntos. Não era muito observadora mas, depois de um tempo, percebi que os dois estavam namorando e, por isto, não tinham atração sexual por mim.

Por mim, tudo bem, adorava os dois e achava muito legal esta relação pois era um tabu na nossa época e eu sempre fui muito boa em guardar segredos. Acontece que, como todos os namorados, havia brigas e Evaldo deixava José Carlos durante alguns dias para se preocupar com qualquer outra coisa, seja um outro rapaz, uma oportunidade de ir à um show com algum outro grupo ou outra coisa qualquer. Neste momento José Carlos me procurava e eu o consolava. Evaldo era muito egoísta e só se preocupava com ele mesmo.

Infelizmente, em um momento onde estávamos juntos, Evaldo e José Carlos felizes e eu curtindo a amizade, houve uma conversa sobre o futuro e o que seria de nós, profissionalmente, emocionalmente e tudo o mais. José Carlos declarou que pretendia ser o companheiro de Evaldo por toda a vida e construírem um futuro juntos, porém Evaldo não gostou, disse que queria ter uma esposa e filhos, pois era o que sua família esperava, por mais que ele quisesse estar com José Carlos. Eu, que queria meus amigos felizes, sugeri: “Porque você não casa comigo e o José Carlos vem morar conosco?” Todos rimos mas Evaldo levou a sério e começou a convencer a todos para seguirem com a ideia. José Carlos, o mais romântico, achou que esta seria a solução ideal, mas eu falei que minha família não iria aceitar Evaldo como meu marido, então ele falou: “E se você engravidasse? Eles teriam que aceitar o casamento!”, rimos mas pensamos que esta poderia ser uma solução.

Resumo da história: três jovens imaturos, sonhadores e querendo conservar a amizade, fizemos o que você já imagina. Mantivemos uma relação a três mas somente Evaldo me penetrou e, portanto, me engravidou. José Carlos sempre gostou, somente, de homens e não conseguiu fazer sexo comigo. Alguns dias depois, nós três estávamos juntos e José Carlos pergunta: “Então? Engravidou?” eu expliquei que teríamos de esperar um pouco mais para saber e Evaldo, com uma cara séria, fala: “Espero que não, pois eu vou me mandar para a Itália em dois meses!”, olhamos para ele assustados e ele falou: “Pois é, mudança de planos, pessoal! Vou me mandar!”.

Ficamos muito bravos com ele, que foi para sua casa e ficou alguns dias sem nos procurar, telefonávamos para a casa dele e ele nunca estava. José Carlos passava os dias chorando e eu a consolá-lo até que, infelizmente, Evaldo se envolveu num acidente de carro e faleceu. Achei que José Carlos iria morrer pelo tanto que sofreu até descobrirmos que eu estava grávida. Fiquei muita assustada e José Carlos me animou pois eu levava o filho de Evaldo, o rapaz que ele tanto amou. O restante você consegue imaginar: José Carlos assumiu a paternidade e foi meu grande companheiro e amigo por todo este tempo.

O mundo caiu em cima do Josias, ele ficou desesperado com aquilo. Quer dizer que José Carlos não era seu pai biológico, que se apaixonara por Josias pois era a “reencarnação” do antigo amado. Josias, por sua vez, foi tão egoísta quanto Evaldo e abandonou José Carlos da mesma forma que Evaldo o fez no passado. Por isto José Carlos disse que ele era egoísta como o pai e por isso afirmou, também, que perdeu os dois amores de sua vida, ele pensava que o outro amor era a Irene, mas não. Irene sempre foi, na verdade, sua grande amiga.

Josias entendeu, a duras penas, que o amor não tem fronteiras e deve ser vivido, pois pode ser que nunca mais aconteça novamente. Ele abandonou o amor de José Carlos por egoísmo e vingança, sem permitir que seu amor por ele fluísse plenamente como deveria, destruiu os sentimentos de José Carlos e não viveu o grande amor que poderia ter vivido. E, finalmente, descobriu que aquele homem que amava desde sua juventude e a quem chamara de pai foi, na verdade, um homem dedicado a proteger sua mãe e a ele. Este homem, sim, era desprovido de egoísmo e tinha muito amor a oferecer.

Fim

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Comentários

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Infelizmente por falta de dialogo se perdeu uma vida e um amor alias duas pq Josias nunca superou.

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Confesso que o final me pareceu um pouco mirabolante. Ao longo do conto é feita referência ao José Carlos continuar a satisfazer as necessidades da esposa, mesmo quando se relacionava com o Josias. Agora a mãe de Josias diz-lhe que José Carlos não era o seu pai biológico porque sempre gostou somente de homens e nunca a penetrou e foi apenas seu grande companheiro e amigo. Para além destas contradições, naquele contexto, porque José Carlos faria com que Josias carregasse a culpa de incesto no seu relacionamento, quando ele próprio não carregava esta culpa por Josias não ser seu filho? Gostei do conto mas confesso que tem demasiadas incongruências. O autor tem capacidade para nos brindar com bons contos, mas deve aprofundar mais as ideias antes de começar a escrever improvisando.

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O que a desonestidade entre csais faz: Se o José carlos tivesse sentado à mesa e aberto o jogo com a mulher, o Josias poderia ter ido à viagem, e NADA precisaria ter sido escondido da esposa, que com toda certeza se adaptaria como o fez nos tempos de faculdade.É por isso que meu maior comedor, o MELHOR macho, o pau mais gostoso, o melhor homem e macho com que já estive e divido a vida e outros machos secundários é MINHA ESPOSA.

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