O segurança que fez de mim seu viado - Parte I

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 13478 palavras
Data: 15/08/2020 08:10:46

O segurança que fez de mim seu viado - Parte I

Eu devia saber que aquele casamento terminou no exato dia em que começou, ali no altar, diante do padre e da igreja cheia de familiares, parentes e amigos. Os sinais de que ele jamais daria certo começaram na adolescência, quando meus hormônios fizeram com que eu mais me admirasse com o corpão de um belo macho musculoso ao invés da silhueta cheia de curvas das garotas. Já adulto, constantes abordagens femininas, devido ao meu porte e aparência, me induziram a acreditar que aquela fase havia passado, que eu estava destinado a ser um bom marido e pai de família como todos esperavam. A situação persistiu quando comecei a dar aberturas para as garotas e ensaiei meus primeiros namoros, embora eles não passassem de um compartilhamento afetivo que nunca envolveu sexo. E, por fim, acabou culminando na união oficializada com a Ana Elisa, o mais longo dos meus namoricos que o próprio caminhar das coisas fez chegar às portas do cartório e da igreja, muito mais do que a minha intencionalidade. Não era bem isso que pretendia da vida, uma vez que, de vez em quando, aquilo que eu pensava ter conseguido trancar a sete chaves no fundo do baú, voltava a me encher a cabeça de caraminholas. No entanto, uma série de fatores me levou a acreditar que isso não passava de uma fase, de inseguranças, de desejos proibidos que deveriam ser guardados no fundo do baú da minha alma e esquecidos por lá.

Pouco mais do que um ano e meio depois, lá estávamos a Ana Elisa e eu, novamente diante de um escrivão, assinando a papelada do divórcio, nos odiando mais a nós próprios do que um ao outro por termos sido tão cegos diante das evidências de que nosso casamento jamais teria futuro. E, tudo começou, quando passamos a morar sob o mesmo teto, quando os encontros aos finais de semana, pequenas viagens nos feriadões, saídas conjuntas com outros casais de amigos deram lugar ao compartilhamento de uma rotina, à infactível necessidade de consumar o que estava naquela certidão, mantendo relações sexuais. Nunca me mostrei interessado nelas, era a Ana Elisa quem ficava me seduzindo até meu pinto começar a reagir à sua bolinação e o ato se consumar; quando então, eu sentia como se meu corpo tivesse sido estuprado pelas circunstâncias e, um sentimento de frustração tomava conta de mim, persistindo por dias. Eu havia embarcado no bonde errado, cada dia ficava mais convencido disso. Mas, como sempre, deixei que o caminhar da vida encontrasse uma solução. E, ela veio no dia em que a Ana Elisa, voltando das férias que havia ido passar com os pais no interior, sugeriu que nos separássemos. Concordei com ela, para sua total surpresa, antes mesmo de ela terminar de desfilar todos os argumentos que havia montado para obter o meu aval.

No pouco tempo de casados não juntamos um patrimônio significativo e, na divisão dos bens, acabei ficando com a casa financiada, situada numa pequena vila de não mais do que três ruelas cujo acesso se fazia por meio de uma guarita, pois ainda não a havíamos terminado de pagar. Dei a ela a parte com a qual tinha contribuído e isso encerrou aquilo que, na verdade, nunca foi um casamento.

Pensei que fosse mergulhar num estado depressivo com o fim daquela união, me sentir solitário e abandonado, mas aconteceu exatamente o contrário. A volta da liberdade de solteiro levantou meu astral, me fez retomar minha preocupação com a aparência, me levou a praticar esportes, algo que nunca tinha me interessado muito e, me fez mais presente nas rodas de amigos. Mesmo quando em casa, o fato de impor ao cotidiano apenas os meus desejos, fez com que ela me parecesse mais aconchegante. E, por estar situada naquela pequena vila tranquila, habitada majoritariamente por pequenas famílias ou casais de todas as idades sem filhos e, inclusive alguns outros solteiros, não demorei a ter a solidariedade dos meus vizinhos pelo infortúnio que eles acharam que tinha sido a minha separação. Como eu fazia parte do time que se preocupava tanto com a preservação quanto com a segurança da vila, logo acabei sendo eleito pelos moradores como uma espécie de síndico a quem todos vinham sugerir ideias para melhorar as condições de vida naquele pequeno oásis dentro da cidade grande. Era uma tarefa que, nem de longe, se equiparava a de um síndico de condomínio; uma vez que não passava de se preocupar em recolher de todos sua contribuição para o pagamento dos três seguranças que ficavam na guarita com cancela que dava acesso às ruelas, instruir a pequena equipe de jardineiros que vinha fazer a manutenção das calçadas arborizadas e, vez ou outra, atender uma demanda que fugia desse padrão.

Foi assim que conheci o Adriano, irmão do Juvenal um dos nossos seguranças, que tinha recentemente vindo do interior de Minas Gerais, na esperança de ficar com a vaga do irmão que estava de mudança com a esposa e filhos para um município vizinho à grande São Paulo, onde conseguira um emprego numa indústria. Na pequena assembleia que promovi, numa noite em minha casa, para participar aos demais vizinhos a intenção do Juvenal de nos deixar, não tive problemas em ter o apoio irrestrito para a contratação do Adriano, sem bem que eu, pessoalmente, não tinha me simpatizado com ele. Não sei o que me levou a isso, talvez a maneira como me encarava, talvez aquela postura algo atrevida, talvez o fato de ter um linguajar algo cafajeste quando falava comigo, embora não o fizesse com os demais moradores ou, tudo isso somado. O fato é que ficou alguma coisa em suspense entre nós e com a qual eu não me sentia muito à vontade e, nem gostava. Depois de alguns meses trabalhando, sem que houvesse uma única queixa quanto ao seu serviço por parte dos moradores, deduzi que, mais uma vez, meus critérios para avaliar e julgar as pessoas estava equivocado; uma vez que eram exatamente eles que acabavam por me meter nas enrascadas da vida. Meus vizinhos, ao contrário, até vinham me participar os elogios à pessoa do Adriano, classificando-o como atencioso, prestativo, proativo e, outros adjetivos tão positivos quanto esses. Eu mesmo precisei me render a esses argumentos, pois o Adriano, por minha casa ficar um pouco distante a entrada e, portanto, da guarita, costumava me trazer as correspondências, alguma encomenda, ou até se prontificar a me ajudar com algum problema mecânico no meu carro; o que não era raro, uma vez que no divórcio fiquei sem carro e precisei comprar um usado mais rodado, pois era o que a grana dava para comprar.

- Tá precisando trocar essa lata velha, Bruno! Isso já deu o que tinha que dar! Vai acabar ficando na rua uma hora dessas. – disse, numa manhã em que, outra vez, o carro não deu partida. Era disso que eu não gostava nele, dessa maneira abusada como me tratava me chamando de Bruno, quando a todos os demais ele se referia a senhor ou senhora e, de modo mais respeitoso. Eu ficava puto, mas se todos gostavam dele, era porque deviam estar certos e eu, um implicante sem causa.

- Me dá o dinheiro para comprar outro que eu vou hoje mesmo a uma concessionária e compro um zerinho! – devolvi carrancudo. Ele deu uma risada zombeteira.

- Eu daria com o maior prazer se tivesse condições para isso! – retrucou.

- Pois então deveria se preocupar em comprar o seu e não ficar me dando conselhos! – revidei irado. Ele parecia se divertir ao me deixar puto.

- Então antes de você começar a chorar, vamos ver qual é o problema dessa geringonça dessa vez. Destrave o capô e não fique muito perto para não sujar as mãozinhas nem a roupinha de mauricinho. – caçoou. Se não dependesse dele para pôr o carro em funcionamento e me encontrar com um cliente para o qual já estava atrasado, teria o mandado à merda.

- Já que é tão hábil, me diga, dá para consertar ou preciso chamar um mecânico, pois estou atrasado para um encontro com um cliente? – questionei sarcástico.

- Não seria um mecânico e sim, um eletricista, pois foi a bateria que pifou. É só comprar outra e substituir. – respondeu, tirando uma com a minha cara. – Se está atrasado é melhor chamar um carro de aplicativo, pois as lojas não abriram ainda. E, pode ligar para uma delas que eles vêm fazer a troca. Peça para me procurarem que eu supervisiono a instalação. – essa postura de ter triunfado sobre mim é que me fazia odiar aquele sujeito. Ainda mais, porque fiz exatamente o que ele havia sugerido.

Passei o dia no pequeno escritório de contabilidade que montei com um ex-colega da faculdade, resmungando sobre o acontecido naquela manhã. Nosso negócio ia muito bem, tínhamos uma boa carteira de clientes que se expandia constantemente, onze funcionários e, já tínhamos adquirido o imóvel no qual ele funcionava, portanto, meu mau humor foi logo percebido pelo meu sócio e amigo.

- Acordou com a pá tirada? Qual é? O cara dessa manhã não topou virar nosso cliente? – questionou, ante minha cara amarrada e os resmungos.

- Não, o cliente deixou os assuntos do negócio dele em nossas mãos. Não é isso que está me aborrecendo. É o meu carro que me deixou na mão outra vez e, aquele desgraçado do segurança da vila que fica tirando uma com a minha cara toda vez que o carro pifa. Caralho! – respondi.

- Então vê se muda essa cara e vamos comemorar com a galera no final da tarde, numa happy-hour divertida que vai fazer você esquecer desses probleminhas. Já que o sujeito te perturba tanto, manda para olho da rua! – ele sempre tinha uma solução simples para o que me pareciam grandes problemas.

- Vontade não falta! Acontece que os outros moradores só faltam colocar o sujeito num pedestal. Mandá-lo embora é comprar encrenca com toda a vizinhança, e não estou a fim de arranjar mais problemas. – expliquei.

- Aí a coisa muda de figura! É você que tem alguma questão não resolvida com o coitado. – retrucou ele.

- Há pouco você quis que eu botasse o fulaninho no olho da rua, agora já virou um coitado? De que lado você está? – questionei. Ele apenas riu e me mandou pensar na happy-hour ao invés de ficar pensando naquela besteira.

Como regressei tarde naquela noite devido ao encontro com a galera, não me encontrei com o Adriano, pois o turno dele era o das oito da manhã às quatro da tarde. Mas, por baixo da minha porta estava a nota fiscal da compra da bateria, a garantia e, um bilhete escrito num pedaço de papel com a letra do Adriano – TUDO RESOLVIDO DOUTOR! ESTAMOS ÀS ORDENS PARA O QUE PRECISAR. TENHA BONS SONHOS! – tremendo de ódio, amassei o papel e, em alto e bom som, mandei-o à puta que o pariu. Ao me deitar, fiquei conjecturando que não seria capaz de dizer isso a ele cara a cara, em hipótese alguma. Seria covardia? Seria porque eu acreditava que isso não passava de outro dos meus chiliques? Seria porque eu via naquele homem um macho que eu não era? Com essas perguntas sem resposta, acabei por demorar a pegar no sono e tive uma noite péssima.

Na manhã seguinte, sábado, acordei com o toque insistente da campainha. Ao abrir a porta só com a bermuda de seda do pijama, me deparei com o sorriso acintoso do Adriano.

- Tudo certinho? – perguntou ele, me medindo da cabeça aos pés. De repente, senti como se estivesse nu diante dele.

- Tudo! – balbuciei, meio sonolento, esfregando os olhos devido a claridade.

- Ótimo! Só quis saber se já testou o carro e viu se está tudo funcionando. – disse ele.

- Não! Ainda não testei, mas deve estar tudo certo. – respondi, querendo me ver livre dele e, daquele olhar para lá de estranho.

- É bom testar, nunca se sabe. Para provar que uma coisa é boa, só experimentando! – algo me dizia que já não estava mais falando do carro.

- Nem acordei direito ainda, depois me preocupo com isso, obrigado!

- Não é melhor experimentar agora que estou aqui e posso dar aquela força de que você tanto precisa?

- Nem tomei café ainda!

- Mais um motivo! Assim você aproveita e me oferece um.

- Tá bom, vai! Entra aí! – eu sabia que estava fazendo outra cagada, e ia me arrepender disso mais tarde.

- Licença! – para que isso agora, pensei comigo, você nunca foi de fazer cerimônia comigo, querendo parecer educado, seu cafajeste.

- Vai entrando.

- Você deveria tomar mais cuidado com as palavras! – exclamou

- Não entendi?

- Me mandar ir entrando logo de cara, vestido só com esse shortinho safado empacotando essa bunda toda, não é convite que se recuse. – sentenciou.

- Não é cedo demais para isso? – questionei, frente ao pouco tempo que trabalhava na vila e ao fato de sermos praticamente dois estranhos.

- Até que não, já é quase meio-dia e, para isso não tem hora. – devolveu, acomodando-se numa cadeira da cozinha onde eu tinha posto a cafeteira para funcionar.

- Não é disso que estou falando! – exclamei, já meio puto. Mas, desisti de acrescentar qualquer outra observação, pois aquele panaca não ia entender mesmo. – Espere um pouco, já volto! – subi e fui vestir uma bermuda e uma camiseta, pois continuava me sentido pelado na frente dele.

- Que pena! – exclamou quando me viu entrando outra vez na cozinha.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa com a cafeteira? – indaguei, me fazendo de bobo.

- Não, com ela não! Foi com outra coisa que já estava quase pronta para entrar em ação. – respondeu, ajeitando a pica dentro da calça. Não sei porque, mas um calafrio percorreu minha coluna quando vi ele mexendo naquele troço.

Depois que ele se foi tendo feito a refeição toda comigo, como se fosse o mais íntimo dos meus amigos, eu fiquei me questionando porque me sentia tão desconfortável perante aquele sujeito. Ele não era tipo que atraía o meu olhar. Não era maçudo e peludo como os caras pelos quais eu sentia atração, devia estar há anos-luz da inteligência, sabedoria, educação e estabilidade que eu admirava num homem, portanto, fazia mais o tipo daqueles por quem se passa sem sequer nota-los. O pior, é que ele se fazia notar, filho da puta de uma figa! Até que a cara dele não era daquelas de espantar defunto. Também não se parecia com aqueles jegues do interior, embora usasse umas roupas meio largas e que quase nunca combinavam entre si. Isso também não permitia que se pudesse avaliar como era fisicamente, pois o pouco que se notava era que não fazia o tipo atlético e tinha os braços menos vigorosos do que aqueles que habitavam meu imaginário, se bem que tinham uma musculatura definida. Cacete! Nesse momento percebi que não era capaz de descrever aquele desgraçado de forma adequada, o máximo que saberia dizer para defini-lo é que era irritante.

Algumas semanas depois, diante de um novo problema com o carro, resolvi que não recorreria aos préstimos do Adriano. Pela manhã chamei um carro de aplicativo e segui para o trabalho, encarregando-me de lá acionar a oficina mecânica a que costumava levar o carro problemático, evitando assim, qualquer interferência do segurança. Não funcionou tão bem quanto eu imaginei. Ao constatar que o carro precisava ser levado à oficina, o mecânico me ligou afirmando que não o estavam deixando sair com o carro pela portaria, que o sujeito que estava na portaria alegava não estar sabendo de nada e que, portanto, não podia deixa-lo levar o carro.

- Filho de uma puta! – exclamei exacerbado, deixando meu sócio boquiaberto, pois raramente falava palavrões. – Você acredita que aquele merda do porteiro não está querendo deixar o mecânico levar meu carro para a oficina, alegando que não tinha ordens para que levassem o veículo? – expliquei

- Você avisou ao porteiro que o mecânico podia levar seu carro? – questionou meu sócio.

- Não! Não tenho que dar explicações da minha vida para aquele sujeito! – respondi, exaltado.

- Ele está fazendo o papel dele. Imagina se aparece qualquer pessoa lá e diz que vai levar o carro de um morador, sem ele saber de nada. Vai ser acusado de cumplicidade, no mínimo, com o ladrão. – ponderou

- Mas, não é um ladrão, é o mecânico! – exclamei, mais irritado ainda.

- Ele sabe disso?

- Ora, não me venha com esses detalhes! O que o camarada não pode é ficar se metendo na minha vida! Caralho! – eu estava quase berrando, e o pessoal do escritório já estava de orelha em pé para entender qual era o meu problema.

- Trate de se acalmar, ou vai acabar enfartando! O cara não está se metendo na sua vida, está zelando pela segurança dos moradores, ou seja, cumprindo sua função. – argumentou meu sócio.

- Você só pode estar mancomunado com aquele pulha! Sempre dá razão a ele. – respondi furioso. – Vou lá agora mesmo por um basta nessa situação. – avisei.

- Se eu fosse você pegava leve. Está tão transtornado por uma bobagem dessas que vai acabar metendo os pés pelas mãos. – aconselhou.

Cheguei mesmo muito mais agressivo do que seria razoável para aquela situação, questionando o Adriano por que ele se metia tanto na minha vida, qual era a dele querendo me tirar do sério, exigindo que se colocasse em seu lugar e não começasse a folgar comigo. O mecânico ficou sem entender nada daquela fúria gratuita e o Adriano apenas riu do meu destempero. Não me senti mais em condições de voltar ao escritório e resolvi tirar a tarde de folga. Meu sócio me aconselhou a tomar uns calmantes, dar uma bimba, tomar um banho frio ou enfiar a cabeça no congelador. Era mais um a tirar o sarro da minha cara. Desliguei antes de sugerir que fosse à merda, mesmo porque a campainha estava tocando insistentemente e, eu já tinha me posto à vontade num velho short surrado naquele dia abrasador de verão que estava fazendo.

- Puta merda! Não se tem um minuto de sossego! – esbravejei, enquanto os toques na campainha não paravam.

- Qual foi a sua diante daquele sujeito, me dando um esculacho como se eu fosse um moleque, hein? – questionou o Adriano, me empurrando para o lado ao passar pela porta pisando firme.

- Eu é que te pergunto por que se mete tanto na minha vida? Nem um mecânico eu posso chamar que você já está no meio da história. Eu estou de saco cheio e vou te botar no olho da rua se não parar de se meter comigo. – despejei, num súbito acesso de coragem.

- Chamou o mecânico porque estava querendo me colocar de escanteio, posso saber por quê? Não, deixa que eu respondo. Porque você é um viadinho enrustido que fica todo ouriçado quando fico secando esse corpão tesudo, sua bichinha safada! – eu não estava acreditando que ele dizia uma coisa dessas. Mas, fiquei intimidado.

- Não tenho que te dar explicações, faço aquilo que é melhor para mim. – respondi, tentando ainda parecer um homem.

- Pois de agora em diante, você vai me dar todas as explicações que eu pedir, vai se comportar como uma cadelinha bem obediente ou vai levar umas porradas até aprender a respeitar um macho de verdade. – afiançou exaltado, enfiando um dedo em riste na minha cara.

- Quem você pensa que é? – devolvi, com a voz gaguejando.

- Eu vou te mostrar quem é que eu sou! – exclamou, partindo para cima de mim, me debruçando sobre o encosto do sofá, rasgando o tecido fraco do meu short e expondo minha bunda.

Eu me debati, mas fui facilmente imobilizado, numa demonstração de que ele não era tão fraco quanto eu pensava, ou talvez fosse por ele ser um malandro acostumado a brigar. Eu precisava acreditar nisso, para salvar o pouco de dignidade que ainda me restava. Comprimido contra o sofá por suas coxas e uma mão que apertava minhas costas para baixo, ele tirou um baita de um caralhão da braguilha e o pincelou dentro do meu rego justo. Eu segurei a respiração, estava quase me mijando de tanto pavor. Sem o menor constrangimento, o Adriano meteu aquela cabeçorra ameaçadoramente insuflada, vermelha e babando no meio do meio cu, rasgando as pregas da minha rosquinha anal. Soltei um grito agoniado quando senti aquele bagulhão duro entrando em mim.

- Cala a boca, putinha! Quer fazer escândalo só porque tem um macho arregaçando seu cu? – questionou ele, dando um bofetão na lateral da minha coxona roliça e lisa.

- Está me machucando, para! – exclamei choroso.

- Mandei ficar quieto! Toda bichinha fica louca para levar vara no cu e, quando leva uma, começa a se fazer de vítima, choramingando que está doendo! Tu vai ficar bem silenciosa, cadelinha do caralho, se não quiser levar umas porradas junto com a foda, entendeu? – ameaçou.

- Ai, Adriano, por favor! Tá doendo de verdade, juro!

- Até a vozinha já ficou fina, não é bichona? Quem é que estava falando grosso agora há pouco, hein?

- Tô te pedindo, não me machuca.

- Então trate de ficar com essa bunda tesuda bem empinadinha para levar pica sem reclamar.

O caralhão já estava todo dentro do meu cuzinho, e eu sem forças para continuar argumentando ou exigindo o que quer que fosse. Como continuava a sentir muita dor no rabo e essa dor ia se intensificando a cada estocada que aquele bruto dava em mim, eu comecei a ganir feito uma cadela, justamente do que ele acabara de me chamar. Meu corpo todo tremia com o frenesi que agitou minha musculatura. Eu só conseguia sentir aquele verga gigantesca entrando e saindo do meu rabo num vaivém abrutalhado e impiedoso. O Adriano havia tirado a camisa, quando me atrevia a virar o rosto para trás, via seu tronco definido brilhando com o suor que se acumulava sobre sua pele. Aquele torso nu, com uns pelos entre os mamilos que desciam numa faixa estreita para dentro da virilha não era tão mirradinho quanto eu pensava e, pela intensidade com a qual ele conseguia me comprimir contra o sofá, suas pernas também deveriam ser mais musculosas do que era de se supor por debaixo das calças largas. Tudo isso passava pela minha mente apavorada com o que ele estava fazendo comigo. Sendo bem objetivo, naquele momento eu não passava de um menino assustado sendo oprimido por um macho que sabia o que estava fazendo e, controlava toda a situação.

Como aquele entra e sai da rola estava detonando minha mucosa anal, fazendo-a arder como se me tivessem metido uma brasa incandescente no cu, eu não parava de gemer e ganir, o que ia atiçando o Adriano e, transformando-o num garanhão sem rédeas. Para sufocar os sons que escapavam involuntariamente da minha boca, ele enfiou dois dedos nela e me mandou chupa-los. Eu nem ousei não obedecer. Aos poucos ele foi se deitando sobre as minhas costas, o peito suado dele encostou na minha pele e, mais um calafrio percorreu minha coluna.

- Tá gostando, minha putinha? Já se acostumou com a minha rola? Eu podia passar o resto da vida engatado nesse rabão do caralho, te fodendo até deixar esse cuzinho apertado melecado de porra. Já sentiu porra de macho nesse cuzinho? – ele sussurrava essas indecências junto ao meu ouvido, o que tornava tudo mais sórdido e devasso.

- Ai, eu não tô aguentando mais! Para, por favor, Adriano! – balbuciei, com a voz trêmula e embargada.

- Não é essa a resposta que eu quero, viadinho! Responde só o que eu te perguntei. – rosnou ele.

- Não, não senti! – respondi, já precisando segurar o choro da humilhação.

- Não sentiu o quê? Fala! Quero ouvir as palavras saindo dessa boquinha gostosa.

- Não senti a porra.

- Que porra? – ele me deu um safanão, junto com pergunta.

- Porra de macho! – eu tinha começado a chorar.

- Jura? Então eu vou ser o primeiro a galar esse cuzinho! – exclamou, com um risinho debochado.

Eu me sentia um trapo velho, um boneco inanimado debruçado sobre aquele sofá, sem vontade própria, sem coragem de enfrentar aquele homem que estava tripudiando de mim, sem nem mais saber direito o que é que eu estava sentindo; se era apenas aquela puta dor ou se a presença daquela carne quente e cheia de energia entalada nas minhas entranhas estava me fazendo descobrir sensações com as quais eu nunca havia sonhado. Era isso que passava pela minha cabeça quando ele agarrou meu tronco com mais força, deu um urro selvagem e começou a gozar, ejaculando uma quantidade imensa de porra no meu cuzinho, enchendo o ar com um cheiro almiscarado de sexo e luxúria.

Levou um tempo antes de ele tirar, sem pressa, o caralho à meia bomba do meu cuzinho. Soltei um ganido fino quando a saliência da chapeleta passou pelos esfíncteres, pois a distensão voltou a me provocar uma dor aguda e forte. Eu fiquei tão inseguro que, por pouco, não pergunto se já podia me erguer. Como ele estava parado atrás de mim, observando atenta e cobiçosamente minhas nádegas, eu fui me levantando lentamente; não sem antes, notar que um filete de sangue escorria pelo lado interno da minha coxa. O Adriano também notou o sangramento, e abriu um sorriso largo para o meu infortúnio.

- Onde é o chuveiro? – perguntou secamente.

- Lá em cima! – respondi numa voz vexada.

- Então vamos subir! Preciso lavar o caralho e você esse cabacinho gostoso que está escorrendo na tua perna. – ele foi tão explícito propositalmente, pois isso me colocava numa situação de humilhação maior ainda.

- Tá! – retruquei, submisso como jamais me senti antes.

- Entra! – ordenou, assim que abriu a água da ducha apontando a entrada do box. Obedeci. – Lava a pica do teu macho, com todo carinho! – voltou a ordenar, quando a água morna já havia molhado todo seu corpo, que eu estava observando por inteiro e pelado pela primeira vez. Como eu já sabia, não era o corpão dos homens de revistas ou sites de pornografia. Mas, inegavelmente, era o corpo de um macho; particularmente, quando se olhava para aquele cacetão de vinte e cinco centímetros e exorbitantemente grosso e, para aquele sacão acintoso pendurado no meio das coxas peludas. – O que foi, tá gostando de ver teu macho pelado? – perguntou petulante. Desviei imediatamente o olhar e fiz o que ele me mandou, delicadamente ensaboei seus genitais e os lavei com mais carinho do que recomendaria o bom senso. – Isso, é assim mesmo! Essas mãozinhas de mulher até que são bem carinhosas! – exclamou, enquanto eu enfiava meu orgulho goela abaixo.

Pensei que ele fosse embora depois do que tinha feito comigo, da humilhação que tinha me feito passar. No entanto, ele encheu a mão com o sabonete líquido e começou a passa-la nas minhas costas. Iniciou pelos ombros, deslizando-a vigorosamente sobre a minha pele. A tentativa de me esquivar foi prontamente desestimulada por uma ordem seca e enérgica. Fiquei imóvel, temendo até respirar mais fundo, achando que isso fosse irritá-lo. Suas mãos desceram pelas minhas costas, deslizaram sobre os meus glúteos, apertando-os de quando em quando e, uma delas escorregou para dentro do meu rego. Um tremor avassalador voltou a afligir meu corpo, mas não ousei me mexer. Senti a mão se movendo apertada pelas bandas carnudas da minha bunda, ensaboando o rego, roçando a portinha do meu cu dolorido. Ele respirava tão próximo ao meu cangote que eu podia sentir seu hálito quente. Um dedo entrou no meu cuzinho e eu gemi.

- Tá todo galadinho, do jeito que eu gosto! – sussurrou ele, movendo aquele dedo depravado no que eu tinha de mais íntimo e incógnito.

- Por que está me humilhando? – indaguei, quando ele ficou frente a frente comigo e me encarava sem dizer nada, apenas mexendo nas minhas preguinhas rasgadas.

- Acha que é isso que estou fazendo, te humilhando? – devolveu. Ele estava outra vez tão próximo de mim com aquele rosto a apenas alguns centímetros do meu que eu pensei que ele fosse me beijar.

- Não é isso que está fazendo? Tripudiando por ter feito meu ânus sangrar?

- Ainda vai demorar para você entender o que está acontecendo aqui. – respondeu, numa frase que não compreendi. O beijo que já estava praticamente engatilhado acabou não acontecendo, porque ele se afastou e tirou o dedo do meu cu. Em seguida, alcançou uma toalha, se enxugou, vestiu a calça e desapareceu. Enquanto eu me enxugava, ouvi a porta lá embaixo batendo, ele tinha ido embora finalmente. Aí é que o choro engasgado na minha garganta explodiu de vez.

Passei o restante do dia e, noite adentro, macambuzio, cuidando do meu ferimento anal e, tentando entender que acesso de fúria, selvageria e ostentação tinha sido aquele e, o porquê de o Adriano perpetrá-lo em mim. Nenhuma das suposições que aventei conseguiram me dar uma resposta satisfatória.

A noite agitada e mal dormida me fez acordar tarde no sábado preguiçoso. Bastou eu acordar para que toda a barbárie da tarde anterior viesse à minha mente. Ao me encarar no espelho senti uma vergonha profunda. Durante anos mantive minha condição sexual em segredo. Um segredo tão bem guardado que cheguei a me casar sem levantar suspeitas. Até mesmo o meu desinteresse em manter relações sexuais com a Ana Elisa tinha sido interpretado como uma falta de afinidade, e não atribuídas à minha homossexualidade. Subitamente, do nada, surge um fulano inexpressivo que me violenta e, enquanto o faz da forma mais animalesca possível, me atribui os adjetivos mais pejorativos para explicitar minha condição.

Fiquei o fim de semana todo trancafiado dentro de casa, sem coragem de colocar a cara para fora e, correr o risco de me deparar com o Adriano. Seria inevitável uma hora dessas, eu sabia; mas, até lá, encontraria uma maneira de fazê-lo da forma menos desonrosa possível. Ainda fiquei em casa na segunda-feira, alegando um mal-estar, uma provável gripe me rondando, conforme expliquei ao meu sócio. Na verdade, eu continuava com certa dificuldade para me sentar e, cada vez que precisei ir ao banheiro para fazer as necessidades fisiológicas, senti dores excruciantes no cuzinho.

Nos dias que se seguiram, saí para o trabalho antes de o Adriano assumir seu turno e, só regressava para casa no início da noite, quando ele já tinha sido substituído pelo rapaz do turno da noite. Foi esse o jeito capenga que encontrei de não ter que encará-lo. Porém, a estratégia durou pouco. Quase no final do expediente da sexta-feira, quando encerrávamos uma hora mais cedo no escritório, o Adriano apareceu. Eu estremeci quando a secretária me avisou, pelo ramal interno, que ele me aguardava querendo conversar comigo. Gaguejei uma resposta qualquer para a secretária e, ao desligar o telefone, meu sócio me encarou.

- O que foi? Parece que viu um fantasma! – exclamou.

- Hã? Sei...quer dizer, o que foi? – balbuciei, procurando um meio de fugir da situação.

- Foi isso que eu te perguntei! – repetiu meu amigo.

- O segurança! O segurança lá da vila.

- O que tem ele?

- Está na sala de espera.

- E o que tem isso? O que ele quer?

- Não sei! Não, não sei! – estava difícil raciocinar e responder ao que nem mesmo eu saberia responder.

- Você ainda está às turras com esse sujeito? O que é que está havendo entre vocês dois? Estão mais parecendo marido e mulher tendo um arranca rabo. Isso está parecendo enredo de novela! – retrucou ele.

- Não diga besteiras! – exclamei furioso. – Onde já se viu fazer uma alusão dessas! O que eu poderia ter com um sujeito como esse? Era só o que me faltava! – pronto, eu já havia perdido o controle novamente. Agora, já abalado, seria ainda mais difícil encarar o Adriano.

Esperei uns minutos até a maioria do pessoal ter ido embora. Assim, se rolasse algum barraco, o escândalo seria menor, pensei.

- Pois não? O que você quer? – indaguei formalmente, ao me encontrar com ele na sala de espera vazia, procurando não demonstrar o tremor na voz e nas mãos.

- Oi! Vim te buscar para irmos a um bar aqui perto e tomar uma cerveja. – disse ele, na maior tranquilidade e cara de pau. Não havia o menor vestígio de um sorriso em seu rosto e, as palavras – vim te buscar – soaram da mesma maneira autoritária que sua ordem no dia em que me fodeu. Levei um tempo antes de responder, pois a resposta errada podia me custar caro novamente.

- Me dá só alguns minutos para terminar de classificar uma papelada, fechar o escritório, e podemos ir. – melhor não criar caso, pensei. No bar arranjo uma desculpa para ir embora e tudo fica bem.

- Eu espero, mas não demore!

Ele tirou as chaves do carro das minhas mãos quando nos aproximamos dele e assumiu a direção. Me senti ultrajado, mas não questionei. Fomos a um boteco de esquina a poucas quadras dali. Um bar daqueles bem comuns, onde costumam se juntar alguns operários saídos das fábricas para tomar alguns goles de álcool com os companheiros antes de seguir para casa. As mesas dobráveis metálicas da calçada e distribuídas ao longo de uma parede azulejada estavam todas ocupadas exclusivamente por homens falando alto sobre futebol, mulheres e praguejando contra os patrões. Ocupamos duas banquetas junto ao balcão no fundo do estabelecimento.

- Uma cerveja e uma porção de linguiça frita! – pediu o Adriano ao senhor barrigudo que veio nos atender.

Quando a garrafa de cerveja e os dois copos foram colocados diante de nós, foi o Adriano quem os encheu com o líquido estupidamente gelado que fez os copos começarem a suar. Um prato com os pedaços de linguiça frita e tiras de cebola veio em seguida, e o Adriano o empurrou mais para perto de mim.

- À nossa saúde! – exclamou, erguendo um brinde. Minha mão tremia tanto quando toquei meu copo no dele que fiz força para ele não escorregar da minha mão. Aonde isso vai acabar, pensei comigo mesmo.

Terminada a primeira garrafa, ele pediu outra. Eu mal havia tocado no conteúdo do meu copo, pois os goles que eu dava não conseguiam descer pela minha garganta. Forcei-me a esvaziar o copo por ordem dele e, ao vê-lo enchendo-o novamente, pensei que aquele tormento jamais cessaria. Ele praticamente não falou nada comigo, o que tornava tudo mais constrangedor e angustiante. À nossa volta, o vozerio ficava mais intenso à medida que as mesas iam se enchendo de garrafas vazias.

- Você nunca esteve num lugar desses, não é? – perguntou ele, repentinamente

- Não!

- Você já saiu com homens alguma vez? Homens que eu digo são machos, machos de verdade. – questionou. Eu não sabia onde enfiar a cara, pois o sujeito ao meu lado espichou um olhar curioso ao ouvir a pergunta.

- Sim! – mal eu mesmo ouvi a minha resposta.

- Aposto que foram para aqueles barzinhos chiques dos Jardins ou da Vila Madalena, onde só dá mauricinho e boiola. – devolveu ele. Por sorte o vizinho desistiu de acompanhar nossa conversa.

- Foi. Não tem só mauricinho ou boiolas, como você diz, por lá. Tem muita garota bonita e muita gente legal. – não sei porque me dei ao trabalho de dar essa explicação. Acho que não queria parecer tão deslocado quanto ele pensava.

- Sei! Lá você também bebe tão pouco assim? Pode tomar a cerveja sem receio, ela pode não ser tão cara quanto o que você está acostumado a pagar por lá, mas é tão honesta quanto aquelas. – disse, ao ver que meu copo não chegava ao fim.

- Não costumo beber muito. – respondi acanhado, o que era verdade. – Receio que tenha que ir, fiquei de me encontrar com uns amigos mais tarde. – era a desculpa que eu estava ensaiando fazia mais de meia hora.

- Ainda não! Você nem tocou na linguicinha, e eu sei que você é chegado numa bem suculenta. – afirmou ele, despertando mais uma vez a curiosidade do sujeito ao lado com essa frase de sentido dúbio.

- Por favor, Adriano, acabe com isso! – eu estava prestes a ter um ataque de nervos sob toda aquela pressão.

Ele fez que não me ouviu, mas não voltou a fazer insinuações desse tipo. Mudou radicalmente de assunto, dizendo que tinha um amigo mecânico e que me levaria até ele para dar uma revisão completa no meu carro, pois não punha fé nos mecânicos da oficina onde eu costumava levar o carro. Ao mesmo tempo, terminou de verter o restante da cerveja em seu copo e o engoliu em duas goladas.

- Vamos para casa! – exclamou, ao final das razões que deu para justificar a troca de mecânico.

Eu fiquei ainda mais agitado com aquele – vamos para casa – como se tivéssemos uma casa em comum para onde voltar. Aquilo era desesperador. Essa angustia de não saber o que se passava na cabeça daquele doente pervertido, a situação humilhante na qual me encontrava, o fato de não estar vendo uma luz no fim do túnel para acabar com aquela situação vexatória, o receio de estar diante de um camarada que talvez fosse um criminoso e pudesse colocar um fim na minha vida se provocado e levado a uma situação em que se visse encurralado.

Foi ele quem assumiu o volante novamente ao tomar o rumo da vila. Mencionou alguns defeitos que o carro estava apresentando e, me questionou se eu não os havia notado. Eu estava tão perdido em meus pensamentos que não conseguia prestar atenção na conversa dele. Estava escuro e a lua tentava atravessar as nuvens quando passamos pela guarita da portaria. Um leve aceno ao rapaz do turno da noite foi tudo o que ele fez. Quantos estariam envolvidos com o Adriano nessa história macabra, pensei comigo. Não houve despedida quando chegamos à garagem de casa, ele entrou comigo e trancou a porta. Meu coração estava quase saindo pela boca.

- Vá se aprontar! – ordenou, assim que deixei minhas coisas sobre o aparador da entrada.

- É, vou agora mesmo. Meus amigos logo devem estar ligando perguntando pelo meu atraso. – afirmei.

- Você não vai mais sair hoje! Suba e vá se aprontar! – seu tom de voz não era ríspido, mas me abalava de tal maneira que eu não tinha mais controle sobre mim mesmo.

- Não entendi! Para que vou me aprontar se não é para eu sair? – indaguei.

- Você vai se aprontar para mim! Tipo, fazer a chuca, essas coisas que vocês precisam fazer antes de ficar com um macho. – aquilo não podia ser verdade, só podia ser um pesadelo e eu não conseguia acordar desse tormento.

- Pelo amor de Deus, Adriano! Acabe com isso! O que você quer? É grana? Não tenho muita coisa, mas eu vou tentar arranjar, me diz quanto que eu vou ver se consigo levantar e te pagar. – devolvi atormentado.

- Não quero um centavo seu! Se voltar a mencionar isso mais uma vez, nem que de brincadeira, não respondo por mim. Só sei que vou te ferrar. – revidou zangado.

- Não sei mais o que fazer! Estou com medo! Se não é dinheiro que você quer arrancar de mim, o que é? Se pretende me matar faça-o de uma vez. Mas, pelo que você tem de mais sagrado, acabe com isso.

- Larga mão de ter chiliques, viado! Faça o que te mandei antes que eu perca a paciência com você. Anda! – eu obedeci.

Ao sair do banheiro, encontrei-o assistindo televisão sentado na minha cama, trajando nada mais do que um calção que ele usava como cueca. Vi que meu pijama estava em cima da cama, perto dele e, suspeitei que ele o teve nas mãos e o cheirou enquanto eu me lavava. Não esperava encontra-lo ali, e hesitei uns segundos antes de atirar a toalha sobre a cama e começar a vestir uma cueca.

- Para que está vestindo isso? Só para eu ter o trabalho de tirar? – perguntou. – Vem cá, peladinho do jeito que está, vem! – aqueles três passos em sua direção se pareciam com os últimos de um condenado seguindo para o cadafalso. – Está com frio? Qual a razão dessa pele macia estar toda arrepiada? Tesão por seu macho? – questionou libidinoso, tocando minhas coxas assim que cheguei ao alcance de suas mãos. Não respondi nada, pois não havia o que dizer.

Ele fez um comentário sobre meu pintinho de quinze centímetros, outro sobre o gostoso contorno das minhas coxas grossas, acariciou meu abdômen antes de beijá-lo, fazendo com que minha pele ficasse ainda mais arrepiada. Beijou todo meu baixo ventre, foi de uma coxa para a outra, sempre contornando meus genitais bem de perto, nos quais não tocou uma única vez; mas que, sem meu controle, começaram a esboçar uma ereção. Mandou que eu me virasse, separou minhas nádegas e inspecionou meu cuzinho liso.

- Como você chegou nessa idade sem um único pelo nesse rabo? – questionou. – Seu cuzinho me deixa maluco, sabia? Você sabe como ele é?

- Não! – o que dizer a um homem que está te esquadrinhando onde nunca ninguém, além de seus pais, tiveram acesso?

- É um olhinho fechado, rosadinho, cercado por um enrugado de pregas tão macias e frágeis que fazem a gente se perguntar como são capazes que aguentar uma caceta grossa como a minha e; ainda por cima, deixam a gente com um puta tesão, um desejo fervilhante de colocar a pica dentro delas. É o que estou sentindo agora. – sentenciou.

- Você vai me machucar outra vez? – perguntei tolamente, pois já sabia como seria o desfecho daquela gana expressa em seu rosto.

- É quase certo! Doeu muito da primeira vez?

- Doeu! Eu te suplico, não faz aquilo de novo comigo.

- Por que não, você é uma bichinha e bichas gostam de levar vara no cu. – retrucou, cutucando de leve a portinha do meu cu com o dedo.

- Por que está falando assim comigo? O que foi que eu te fiz para você falar assim comigo?

- Você não é gay? Qual o problema de eu dizer que você é bichinha, boiola, viadinho, queima-rosca, baitola, semi-fêmea, não é isso que você é?

- Soa degradante quando você fala. – respondi

- Se te soa degradante é porque você tenta fugir da sua natureza. Para um homossexual não passam de meros adjetivos, não carregam ofensa alguma. – devolveu.

- Não é o que você faz parecer!

- Acredite, não estou te ofendendo! – essa era a questão, como não acreditar quando ele agia como estava agindo, sendo um cafajeste da pior espécie.

Voltei a sentir o dedo dele deslizando sobre as pregas, também o corpo reagindo àquele toque sem que eu pudesse não o fazer sentir o que estava sentindo, estava além da minha vontade. Houve uma penetrada leve, restrita à portinha, mesmo assim meus músculos anais comprimiram aquele dedo lascivo. Depois vieram as mordiscadas, delicadas no início, parecendo beliscadas. Porém, aos poucos os dentes dele penetravam na minha carne deixando marcas avermelhadas sobre a pele clara. Foi impossível não gemer com aquela boca quente e úmida me degustando, especialmente, quando ele enfiou todo o rosto entre as nádegas e começou a lamber meu cuzinho. Eu mal conseguia ficar em pé, as pernas bambas tremiam de tanto tesão. Eu conseguia sentir quando o cuzinho se abria e a ponta da língua dele entrava no buraquinho, chegando a me provocar calores que afogueavam cada palmo do meu corpo.

- Pega aqui e chupa a minha benga! – exclamou excitado

A dopamina e as endorfinas que aquela língua impudica fez circular nas minhas veias, não me fez questionar sua ordem. O pau já estava duro quando o toquei cautelosamente, ainda dentro do calção. Mas, bastaram alguns toques para que a cabeçorra emergisse através da fenda de uma das pernas. Acariciei-a com as pontas dos dedos e tentei puxar o cacete para fora, mas o estado de rigidez em que se encontrava dificultou a ação. Olhei para o Adriano, me encarando impávido e afoito, e puxei o calção para baixo. Assim que calção passou pelo pauzão, ele deu um salto e ficou em riste bem diante dos meus olhos. Parecia maior e mais ameaçador do que naquele dia, em que o vi praticamente só de relance e, a certa distância. Era quase inimaginável que um homem carregasse um troço daquele tamanho no meio das pernas. Mas, ele estava ali, bem na minha frente, emitindo seu cheiro característico, vertendo uma caldinha translúcida e rala pelo orifício uretral, pulsando cadenciadamente à medida que o sangue o irrigava através do complexo emaranhado de veias saltadas que o revestiam. O Adriano forçou minha cabeça sobre ele, e eu abri a boca para deixa-lo entrar. A cabeçorra latejando na minha boca era de uma sensualidade ímpar, e isso me estimulou a lambê-la e chupá-la. Junto com um apertão mais forte na minha cabeça, veio um gemido longo e prazeroso do Adriano. A rola pesada foi caindo sobre meu rosto à medida em que eu descia lambendo em direção ao saco. Primeiro, segurei-o entre as pontas dos dedos; depois, com cada um dos bagos bem delineados sob a pele enrugada, coloquei um deles na boca e comprimi delicadamente com os lábios enquanto a língua se movia ao redor dele massageando-o. Meus cabelos estavam entre os dedos do Adriano, quando suas mãos seguravam minha cabeça e ele erguia a pelve socando aquela pica na minha garganta. Seus gemidos preenchiam o silêncio do quarto me deixando aloucado de tanto tesão.

- Mama, viado! Mama a rola do teu macho, sua putinha! – grunhia ele, em meio aos gemidos.

Embora me faltasse o ar, o sabor daquele sumo descendo pela minha garganta não me deixava soltar aquela carne suculenta e quente. Um puxão brusco nos cabelos da minha nuca me fez erguer o rosto em sua direção e, tão logo nossos olhares se encontraram, ele gozou na minha boca uma farta quantidade de jatos expelindo um caldo grosso e esbranquiçado, cujo sabor lembrava o cheiro da água sanitária, mas se completava com algo amendoado e doce. Engoli até a última gota que ficou pendurada no orifício uretral. Fiquei sem saber se valia à pena deixá-lo ciente de que era a primeira vez que colocava uma pica na boca e que, talvez por conta disso, meu desempenho não tinha sido de seu total agrado. O risinho libertino que ele me lançou me fez desistir da ideia. O pulha ali não era eu, portanto, não seria eu a ter que me desculpar de alguma coisa.

Aquele pau gigantesco deu uma leve esmorecida depois disso, nada além de poucos minutos, o tempo suficiente para ele controlar sua respiração ofegante e me fazer ficar de quatro sobre o colchão. Entrou o primeiro dedo no meu cuzinho, rodopiou em círculos e entrou o segundo, tive que gemer, pois aquela abertura estava distendendo e forçando minha musculatura. Então entrou a cabeça do caralhão, a quebra do silêncio agora fora devida ao meu vagido de dor.

- Ai, ai, ai, ai – era tudo que conseguia escapar da minha boca a cada estocada que eu levava no cu e que, fazia aquela pica desaparecer dentro do meu rego escancarado. Aquilo entrava tão profundamente que mais parecia um endoscópio vasculhando minhas entranhas.

Levei as estocadas no cu feito uma cadela, sendo puxado contra a virilha do Adriano ao mesmo tempo em que impulsionava a cintura para a frente, num vaivém vigoroso e escorchante. Eu já estava no limite das minhas forças, queria desabar sobre a cama, mas era impedido por aqueles braços que me retinham junto às suas coxas. Gemíamos ambos, eu de dor, ele pelo prazer que aqueles esfíncteres apertados ao redor de sua jeba lhe causavam. Foi um alívio quando ele me soltou e eu pude, finalmente, me deixar cair sobre a cama. Só que ele ainda não estava satisfeito, puxou-me pelas pernas, forçou-me a abri-las, o que já foi difícil e dolorido, encaixou-se no meio delas e meteu o cacetão outra vez no cuzinho que tinha ficado virado em sua direção. Cada vez que aquilo passava pela minha rosquinha, dilacerava algumas pregas. Outro vaivém frenético começou e, como todo o corpo dele estava no meio das minhas pernas erguidas eu não conseguia juntá-las mantendo o cu esticado para ser lanhado por sua tara insaciável. Joguei meus braços para trás, acima da minha cabeça, meu corpo parecia já não me pertencer mais, tudo era daquele macho que estava me virando do avesso. Mas, de repente, nossos olhares se encontraram, e algo mudou no brilho que fulgurava em seus olhos. Ele se inclinou sobre mim, veio chupar meus mamilos, deslizou ambos os braços exatamente sobre os meus até encontrar minhas mãos e enlaçou seus dedos nos meus. Os arremedos brutos com os quais estava me fodendo, deram lugar a um friccionar espaçado que fazia a rola deslizar suavemente sobre a minha mucosa anal. Se alguém tivesse me perguntado naquele momento o que é que eu estava sentindo, eu teria dito com toda a sinceridade, a melhor sensação da minha vida. Toda a pele de seu peito, abdômen e coxas roçando a minha nas mesmas regiões, aquela quentura que vinha dela, aquela química que a minha e a dele amalgamavam juntas era algo que eu nunca havia sentido. Eu ainda gemia, só que mais pelo prazer que pela dor. Era um gemido sensual, quase o ronronar de uma gata no cio, um ganido que se produzia na vibração do ar impulsionado pelo arfar sôfrego passando pelas minhas cordas vocais trêmulas, uma espécie de canto que embevecia aquele rosto que me encarava, contraindo-se a cada impulso que sua pelve dava contra minha bunda. Nossos rostos estavam novamente a centímetros um do outro e, de repente, veio o beijo; um colar de bocas, uma esfregação de lábios, uma dança libertina das línguas, uma cópula bucal desenfreada. Foi o primeiro beijo que troquei com um macho, algo que habitava meu imaginário desde a adolescência e, que estava se consumando agora. Esse toque caloroso de bocas não mexeu apenas comigo. Como pude sentir, pois estava com as mãos espalmadas nas costas do Adriano, ele estremeceu quando nossas bocas se tocaram, e fizeram aflorar nele outra onda de intempestuosidade. Foi algo tão forte que seu corpo se retesou e, em segundos ele soltou um urro deixando o gozo e toda a porra que estava em seus culhões, encher o meu cuzinho. Ele gozou com aquele olhar brando que me fitava em silêncio, com as carícias que as pontas dos meus dedos faziam em sua nuca e, que pareciam não só enternecê-lo, mas abrandar seu espírito combativo. O corpo dele foi ficando cada vez mais pesado sobre o meu, sua respiração quase inaudível, o abatimento de seu coração compassado e tranquilo. Por alguns segundos pensei que tinha adormecido, mas logo percebi que estava apenas desfrutando das curvas do meu corpo onde ele se encaixava com uma precisão milimétrica. Ele tirou o caralhão de mim com cuidado, pela primeira vez. Rolou para o lado e apoiou a cabeça sobre as mãos cruzadas. Ficou quieto, olhando o teto, imóvel. Meu quarto, subitamente, me pareceu um antro de perdição. Aquelas paredes haviam assistido minha depravação e se tornado cúmplices da perversão sexual dele e, mesmo assim, continuava sendo o mais acolhedor dos ninhos. Ao se levantar, ele me estendeu a mão.

- Vem lavar teu macho! – dessa vez aquilo não soou mais como um vitupério.

Lavei sua pica pesada sob seu olhar atento e prazeroso. Depois, ele inspecionou meu cu, abrindo minhas nádegas para examiná-lo.

- Machucou outra vez! – exclamou com naturalidade.

E, tal como fizera da primeira vez, ensaboou meu cuzinho ao mesmo tempo em que me trouxe para junto de seu peito. Encarando-nos, frente a frente, aquela mão trabalhava acintosamente no meu rabo. Minhas mãos deslizaram do peito dele para os ombros, os rostos se aproximaram e, outro beijo, tão devasso e sensual quanto o que tinha acontecido na cama, se prolongou até meus lábios estarem entorpecidos. Algo me fez crer que ele não queria ter me beijado, porém não conseguiu impedir aquele ímpeto que veio de algum lugar de sua mente. Ele se desvencilhou de mim e me deixou sozinho. Fui encontrá-lo na cozinha, a preparar uns ovos mexidos. Fiquei pasmo com o jeito desenvolto e natural como se apossara da minha casa, agindo como se tudo ali lhe fosse familiar e ele estivesse em sua própria casa.

- Fico com um apetite de leão depois de uma foda! – exclamou ao notar minha presença. – Gosta de omelete? Não quero me gabar, mas faço uma bem fofinha. Não encontrei a pimenta, pode pegar para mim? – definitivamente estava difícil de compreender tudo aquilo. – Ah, e a canela, se você tiver, para incrementar a vitamina que já estava pronta, servida em dois copos.

Sentei-me diante da mesa posta e fiquei observando ele terminar a omelete. Meu corpo estava tenso ainda, como se eu tivesse sido atropelado por um caminhão, tudo doía, desde os músculos do pescoço ao cuzinho beiçudo de tão inchado. Não trocamos mais do que algumas frases enquanto comíamos, eu sem muita vontade, ele com um apetite voraz, bem como havia definido. Num relance rápido até o relógio do micro-ondas, vi que era ligeiramente passado de uma hora da madrugada. Ele não me deixou lavar a louça nem arrumar a pequena bagunça que tinha feito ao preparar a refeição. Fez tudo sozinho, sob meu olhar incrédulo.

- Vem, vamos deitar que está tarde. – disse ao terminar. Eu só me questionava quando e como isso ia chegar ao fim, mas segui com ele para o quarto e me deitei ao seu lado. Ao acordar no dia seguinte ele não estava mais na cama, nem o encontrei pelo restante da casa.

Não consegui mais recobrar a tranquilidade. Andava sempre tenso, dormia mal à noite, tinha perdido o humor e a vontade de me encontrar com os amigos, tinha ficado exigente e sem paciência no trabalho e, tinha um sobressalto cada vez que o Adriano aparecia na minha frente.

- O que é que anda acontecendo com você? O pessoal tem até medo de chegar perto de você. Está parecendo uma bomba prestes a explodir. – disse meu sócio, percebendo minha súbita mudança de comportamento.

- Ando tenso, não sei o que se passa. – respondi, omitindo os verdadeiros motivos da mudança.

A frequência com a qual o Adriano me assediava e me levava para a cama era mais constante do que a de um casal em lua-de-mel. Eu já tinha deixado de me questionar o porquê de eu me deixar submeter a ele com aquela facilidade. Quanto mais eu cedia, mais ele se tornava presente na minha vida. Ele cumpriu o que havia dito quanto a me levar ao mecânico seu amigo. Fomos à oficina num sábado chuvoso pela manhã. Após examinar detalhadamente tudo o que havia embaixo do capô e até sob o chassi, o sujeito, um cara corpulento dentro de um macacão com os botões abertos até bem próximo ao umbigo peludo, explicou o que precisava ser feito. Apontou onde tinham feito algumas gambiarras e onde tinham ignorado por completo o desgaste de algumas peças. Enquanto ele expunha seu diagnóstico, o Adriano colocou sua mão sobre a minha bunda, para a qual o sujeito já tinha olhado com interesse por algumas vezes, e me bolinou descaradamente. Fiquei sem graça diante do olhar cobiçoso do mecânico, por estar sendo usado tão acintosamente. Tentei me esquivar e tirar a mão do Adriano da minha bunda, mas seu olhar penetrante e uma agarrada incisiva nas minhas nádegas bastaram para eu aceitar mais essa humilhação. Antes ela do que um escândalo diante de estranhos, pensei. Foi o Adriano que me levou para o trabalho na segunda-feira pela manhã e, em seguida, o carro para a oficina, onde passou o dia para os reparos necessários.

- Amanhã você vai notar como a dirigibilidade do carro melhorou e, como aqueles barulhos sumiram. – disse ele, quando cheguei em casa.

- Obrigado por me ajudar com essa questão. – agradeci com um sorriso tímido, pois era assim que estava começando a me sentir diante dele, intimidado e inseguro. – Você vai se ofender se eu te perguntar quanto te devo por essa ajuda?

- Vou! Portanto, nem tente.

- Foi só uma pergunta e, uma forma de demonstrar que estou agradecido. – retruquei.

- Você acabou de agradecer, é o suficiente.

- Posso ao menos te oferecer o jantar?

- Não, obrigado! Não estou a fim de te foder hoje, então não faz sentido eu ficar. – respondeu. Em outros tempos eu o teria mandado à merda, mas agora já não me sentia em condições de fazê-lo. Eu estava constantemente pisando em ovos, não sabia como lidar com aquele sujeito. Havia momentos em que eu o odiava tanto que seria capaz de estrangulá-lo com as próprias mãos, em outros, quando estava com o cu cheio de porra, queria ficar recostado em seu ombro.

Acho que me enganei ao pensar que um dia podia viver ao lado de um homem a quem eu amasse e, que também me amasse. Isso era uma ilusão, um devaneio de homossexual. Aquela experiência estava me mostrando que, no máximo, eu podia compartilhar meus dias com outro gay, mas jamais com um heterossexual, 100% macho, 100% ativo. Quem sabe não teria sido melhor continuar casado com a Anna Elisa? Fazer das tripas coração para encarar aquela buceta o mínimo necessário para ela se sentir realizada, e deixar meus sonhos guardados no fundo do armário e da alma, foi o que concluí. Agora era tarde para se lamentar, a besteira já tinha sido feita. Concentrar-me numa maneira de me livrar do Adriano era o que eu devia fazer. A grande questão que permanecia inexplicável era o que fazer com todo aquele tesão que eu sentia quando ele me enrabava. Enquanto a solução não vinha, os meses iam passando.

Certa noite, ao chegar em casa do trabalho, um pouco além da hora, encontrei as luzes acessas e Hear me now do Alok tocando no sistema de som. Um arrepio percorreu minha espinha. Não havia ninguém na sala, mas um tilintar vinha da cozinha.

- Como entrou aqui? O que pensa estar fazendo? – perguntei exaltado, quando vi o Adriano revirando as gavetas à procura de alguma coisa, vestido apenas com um daqueles calções horríveis. Bastou ele me encarar para eu me dar conta de que tinha sido agressivo demais no meu questionamento.

- Por que está chegando tão tarde? – foi o que ele me devolveu, com a cara amarrada.

- Fiquei resolvendo umas pendências no escritório. – respondi, tentando me justificar, mas sem revelar a verdade.

- Deu para mentir para mim agora? Aonde esteve? – retrucou, me encarando como se fosse um pai cobrando explicações do filho desobediente.

- Eu já disse, no escritório. – insisti, pois alguma hora eu precisava começar a reagir à toda aquela pressão.

- Mentira! Eu liguei para lá e me disseram que você tinha saído um pouco antes do final do expediente. Passaram-se quatro horas desde então. Você vai me dizer onde esteve ou preciso arrancar essa resposta de você na marra?

- Fui me encontrar com uns amigos. – acabei cedendo. – Nós precisamos conversar, Adriano. As coisas não podem continuar como estão. Eu não estou mais aguentando o que você vem fazendo comigo. Eu preciso de liberdade, de espaço para respirar, de não sentir medo toda vez que você chega perto de mim. Vamos ser razoáveis, e terminar com isso. Eu já me propus a te dar o que você quiser para me deixar em paz. Tente entender o meu lado, por favor. – implorei.

- Eu estou tão disposto a te entender e vou até esquecer essa mentira que você acabou de inventar para se justificar. Por outro lado, estou me segurando para não te dar umas boas bofetadas nessa cara arrogante com a qual você entrou aqui e, por voltar a mencionar que quer me dar alguma coisa em troca de eu te deixar em paz. Vou repetir, não quero um centavo seu. Eu me dispus a te dar uma lição, e vou cumprir minha promessa. – retrucou.

- Que lição? Por que? O que foi que eu fiz?

- Enquanto continuar a me perguntar essas coisas, sei que preciso insistir, pois você está longe de chegar onde eu quero.

- Então me diga onde quer que eu chegue! É mais simples, e acabamos com isso de uma vez por todas. – argumentei.

- Você ouviu a letra da música que está tocando? Pense nela e, talvez, você chegue a uma conclusão. – disse ele. Não atinei com a coisa.

- Como você entrou aqui? A casa da gente também é nosso refúgio, o lugar onde nos sentimos seguros e protegidos. Como você acha que eu estou me sentindo vendo você invadir esse espaço? – questionei, mudando o rumo da conversa, pois a anterior não estava nos levando a nada.

- Meu irmão me deu a chave quando vim trabalhar no lugar dele. Você e sua ex-esposa não tinham deixado uma aos cuidados dele para que recebesse as encomendas que eram entregues enquanto vocês estavam no trabalho? Foi com ela que eu entrei. – eu tinha me esquecido desse detalhe.

- Não seria o caso de você a devolver para mim, agora?

- Ainda preciso pensar a respeito! Mas, não quero fazer isso nesse momento. Eu vim aqui para te foder, faz três dias que não dou uma trepada. Pela maneira petulante com a qual entrou aqui o meu saco, que já estava cheio, ficou mais cheio ainda, se é que você está atinando onde quero chegar. – afirmou.

- O que você quer provar me fodendo como se eu fosse uma puta barata disponível para te satisfazer? – ousei perguntar.

- Uma hora qualquer você encontra a resposta! – devolveu sarcástico. – Eu tinha outros planos para essa noite, mas acho que é melhor subirmos logo, eu arregaçar esse rabo e deixar você pensando na vida. – disse, um pouco contrariado.

- Como assim? Que planos?

- Pedi o jantar no tailandês aqui perto, onde você costuma pedir. Sei que gosta, por isso faz semanalmente algum pedido.

- Obrigado! Não precisava se preocupar com isso! – de repente, eu estava me arrependendo de ter sido tão grosseiro com ele e até, esquecendo que ele havia invadido a minha intimidade sem permissão. Se bem que isso já nem tinha mais importância diante das vezes em que o fizera e de me foder com a mesma desenvoltura e desfaçatez. – Desculpa! Vamos ver o que você pediu de bom. – sugeri, dirigindo-lhe um sorriso caloroso. Ele se desarmou.

O prato que ele pediu era o meu favorito. Não sei se ele já chegara ao ponto de vasculhar até minhas preferências alimentares, ou se tinha sido uma coincidência. Com ele tudo estava envolto em mistério e suspense. E, era exatamente isso que acabava comigo. Passada a raiva, tanto minha quanto dele, o papo durante o jantar até que foi legal. O mais descontraído que já tivemos, na verdade. Ao terminarmos, arrumei as coisas sem muita pressa, pois sabia o que estava à minha espera. Ele não ia deixar passar barato, só porque tivemos aquela conversa menos ríspida. Por um tempo ele ficou me encarando, acompanhando tudo o que eu fazia. Finalmente, levantou-se e veio na minha direção junto à pia. Seus braços me envolveram e me puxaram para junto dele. Ele cheirou meu cangote enquanto se esfregava na minha bunda para fazer o cacete endurecer. Fiz menção de subir para o quarto, mas ele continuou a me reter ali. Suas mãos entraram pela minha camisa depois a de ter desabotoado quase até a cintura. Ele apalpou meus mamilos até perceber os biquinhos começarem a brotar rijos, não os acariciava, apenas os manipulava libidinosamente, sem nenhum traço de afeto. Era essa frieza que me fazia sentir uma prostituta nas mãos dele. Também fiz menção de me virar para ficarmos de frente um para o outro. Outra vez ele não o permitiu. Tive que me contentar com aquele esfrega-esfrega nas minhas nádegas, quando, na verdade, já sentia vontade de sentir aquela jeba dura entrando em mim. De nada adiantou eu empinar o rabo e forçá-lo contra a virilha dele, ou jogar a cabeça para trás e, ligeiramente para o lado, sobre seu ombro, esperando talvez que ele colasse sua boca na minha. O tesão que eu estava sentindo teria mesmo que ficar insatisfeito ou, no máximo, adiado para quando resolvesse me usar.

Depois de um tempo, ele baixou minhas calças, abusou da minha bunda enfiando a mão no meu rego e roçando o dedo no olhinho quente do meu cu. Levei lentamente uma das mãos para trás para pegar naquele cacete duro dentro do calção. Assim que toquei nele ele se afastou.

- Já está querendo pica, viadinho? – indagou.

- Não é isso que você tem para me oferecer? Ou, talvez eu devesse dizer para me intimidar?

- É isso que você acha?

- O que mais poderia ser?

- Então faça o seu trabalho, putinha! Chupa meu caralho! – ordenou, tirando seus braços da minha cintura e me forçando a ajoelhar diante dele.

Acariciei a rola debaixo do calção até ela formar uma tenda. Com uma das mãos entrei pela abertura da perna e a alcancei. Tomei-a na mão e a movimentei como se a estivesse punhetando, até não haver mais espaço dentro do calção para movimentá-la. Baixei o calção e a coloquei na boca, enquanto as pontas dos dedos entravam na pentelhada densa e delicadamente acariciavam seu períneo e o sacão. Não demorei a sentir o pré-gozo na boca e o cheiro viril estimulando meu olfato. Seu rosto estava tão impassível quanto o de um jogador de pôquer. Não dava para ver qualquer emoção em seu semblante, não se podia saber quais as cartas estava prestes a jogar, não se sabia se meu boquete lhe causava algum prazer e, era angustiante não saber se a foda que viria a seguir tinha outro objetivo que não o de me aviltar. Bani esses pensamentos da minha mente e continuei a pagar o boquete da forma mais servil, habilidosa e até carinhosa que consegui, uma vez que já estava gostando de fazer aquilo com um macho. Foi então que o primeiro som saiu de seus lábios cerrados, um gemido rouco que brotou do fundo da garganta. Subitamente isso causou uma felicidade imensa em mim e, eu o encarei com o olhar fulgurando. Ele empurrou minha cabeça de encontro a sua virilha, estocou o cacetão na minha garganta e, junto com outro gemido, desta vez mais alto e longo, ejaculou na minha boca. Sofregamente fui engolindo aqueles jatos cremosos, mesmo os que foram esporrados no meu rosto na impetuosidade dele de deixar seu gozo fluir abundante e libertadoramente, recolhendo-os com os dedos do queixo, próximo aos olhos e levando-os à boca onde eu os lambia como tinha feito há pouco com o cacete dele entre os lábios. Foi essa atitude que começou a esboçar algumas sutis modificações na expressão de seu rosto, e colocou um brilho em seu olhar que não estava lá antes disso. Voltei a ficar em pé quando terminei de limpar todo o cacetão dele com as minhas lambidas. Por uns instantes ele parecia perdido, sem saber exatamente o que fazer. Coloquei minhas mãos espalmadas sobre o peito dele, aproximei meu rosto do dele e, o projetei lentamente para a frente, em direção à boca dele, esperando juntar meus lábios aos dele. Mas, ele deu um passo para trás e se afastou, passando a mão sobre os cabelos e parecendo procurar um caminho para sair dali.

- A bichinha está aprendendo rápido! Até que a mamada não foi das piores! – disse, sem olhar para mim, ali parado perdido feito alguém largado à própria sorte.

Até aquele momento eu não havia pensado nisso, mas ele evitava o contato com a minha boca. Tinha percebido isso nos dois beijos que trocamos. Apesar de ele ter se empolgado durante o toque prolongado de nossas bocas e até enfiado sua língua em mim, o que mexeu com todo o corpo dele, tão logo sentiu que não conseguia ser indiferente e tão frio como costumava agir comigo, ele se afastava, exatamente como acabara de fazer agora. Talvez recusara meu beijo por saber que ainda devia estar com o gosto de sua porra, afinal machos habitualmente são avessos ao contato com ela e, até se sentem enojados.

- Vamos subir? – indaguei. Repentinamente, senti-me atraído pela nudez dele, por aquela rola grossa que agora pendia flácida entre suas pernas, pela sensação aconchegante daqueles braços que há pouco me envolviam e, senti um imenso desejo de dar o cu para ele.

- Não! Debruça aí mesmo sobre o balcão e abre as pernas, vou te foder aqui mesmo. – ordenou. E, sem nenhuma preliminar além de algumas pinceladas do cacete no meu reguinho até ele estar outra vez duro para consumar o coito, ele o enfiou de uma só vez no meu cuzinho.

Eu gritei e estrebuchei até ele terminar de enfiar o pauzão até o talo no meu rabo. No balcão liso e escorregadio não havia onde se agarrar e, do jeito que ele meteu aquela estrovenga colossal em mim, eu precisava me apoiar nalguma coisa para aguentar a gana bruta daquele macho. Jurei para mim mesmo que desta vez não ia me queixar, não ia pedir arrego e nem demonstrar o quanto ele estava me machucando. Ia, tão somente, usar a mesma tática que ele acabara de usar comigo, demonstrar frieza e impessoalidade. Só eu sei como foi difícil, pois ao notar que eu não reagia feito uma bicha disparatada, ele me fodeu sem dó nem piedade, arregaçando meu cuzinho com seu mastro descomunal. Das outras vezes não tive a menor sensação de que ia gozar enquanto ele me fodia, por que então agora eu começava a sentir meu baixo ventre se retesando e aquela sensação prazerosa de ejacular estava a me consumir? Não, eu não ia gozar e deixar ele notar que estava sentindo prazer naquela foda. Seria mais um trunfo nas mãos dele e, eu não ia dar esse gostinho a ele.

Como tinha gozado há pouco, ele ficou engatado no meu cu por uns vinte minutos, antes de eu perceber que seus movimentos de vaivém estavam se transformando em estocadas mais rígidas e abruptas, de sentir que suas mãos me apertavam o tronco com mais força, de sentir que ele estava chegando ao clímax. Embora estivesse feliz por receber seu esperma, não deixei que ele o percebesse. Teria que se contentar apenas com seu próprio prazer egoísta. Ouvi seus urros coincidindo com os jatos quentes que encharcavam meu cu, tentando sublimar qualquer emoção que demonstrasse como meu corpo se regozijava com seu néctar viril.

- Embora lá para cima! Agora está na hora de lavar o pau do teu macho! – sentenciou, quando tirou a pica do meu cu.

- Me dá uns minutos, preciso fechar as pernas e esperar um pouco, ou perco seu sêmen. – devolvi, procurando me aprumar sobre as pernas bambas. Minhas palavras pareciam ter o efeito de um soco na cara dele, pois eu podia jurar que a minha preocupação em não perder seu esperma tinha ecoado fundo nele.

Todo meu corpo tremia com o frenesi da foda que ainda não havia recrudescido quando subimos a escada; ele atrás de mim, observando diligentemente minhas nádegas se movendo sensualmente a cada degrau que eu subia. Imaginei que fossemos para debaixo da ducha, mas assim que entramos no banheiro ele disse que precisava mijar.

- Vem segurar meu pau! – exclamou, já diante do vaso. Havia sangue na rola dele, certamente meu, quando mirei a cabeçorra no vaso e o jato grosso e barulhento tingiu a água com sua urina. Ele ficou passando a mão na minha bunda enquanto mijava, mas não olhou para mim, a não ser pela imagem refletida no espelho. Eu senti vontade de beijá-lo, mas ele desviou o rosto e meus lábios resvalaram só na borda da mandíbula dele. Era um desalento perceber que o homem que acabara de detonar seu cu não se dignava a aceitar um simples e terno beijo seu, como se você fosse um leproso ou um ser pestilento.

Ao terminar ele foi até a pia, não para lavar as mãos, mas para me mandar lavar seu pauzão ali mesmo. Não era tão prático lavar aquele cacetão na pia como debaixo do chuveiro, mas eu o fiz delicada e zelosamente, chegando até a ensaboar e lavar o sacão e a pentelhada densa. Não sei que prazer lhe causava aquele ritual, se é que sentia prazer naquilo, ou se esse prazer era apenas o de me avexar. Peguei sua mão e tentei levá-lo para o box para tomarmos uma ducha juntos como das outras vezes, pois confesso que estava esperando para ele meter aquela mãozonha no meio dos meus glúteos e me lavar o rabo arregaçado, mas ele se soltou e desceu.

- Aonde vai? Você está todo suado, não quer que eu também ensaboe suas costas? – indaguei esperançoso.

- Não! O que eu tinha para fazer aqui, já fiz! – respondeu. Ao invés de seguir na direção da cama ele se dirigiu à porta do quarto.

- Você não vai dormir aqui?

- Não! Já disse que o que tinha para fazer já fiz!

- Mas está de madrugada! É perigoso ficar perambulando por aí.

- Eu sei me cuidar!

- Em poucas horas vai amanhecer, você quase não vai ter tempo de descansar antes de voltar para o trabalho. – argumentei. Eu devia estar sofrendo com a síndrome de Estocolmo, pois estava zelando pelo macho que até agora só me provou que não passo de seu capacho.

- Não tem importância!

- Leve ao menos o meu carro! Amanhã é sábado não vou precisar dele logo pela manhã. – devolvi.

- Ok, vou aceitar! – eu sorri para ele, mas não vi nenhuma expressão em seu rosto, nem de agradecimento, nem ao menos um tchau, um boa noite ou até amanhã. Chorei feito um idiota debaixo da ducha, lavando meu cuzinho e minha alma destroçados; pois acabara de descobrir que estava gostando daquele facínora arrogante e impiedoso.

Mergulhar de corpo e alma no trabalho e continuar a fazer o jogo do Adriano, foi a solução que encontrei para viver naquela condição. Só algumas vezes deixava escapar inadvertidamente algum queixume por algo que o Adriano tinha feito comigo ou deixado de fazer, para algum amigo ou para meu sócio, que era meu maior confidente, até pelo convívio diário no escritório.

- Você ainda continua às voltas com esse segurança? Que raios deu em você que não manda o sujeito para o olho da rua? Estou cansado de te avisar, se livre dele antes das coisas tomarem um rumo sem volta. – aconselhava meu sócio, sem saber da exata dimensão do meu envolvimento com o Adriano e, muito menos, de eu já estar trilhando aquele rumo sem volta, tola e perdidamente apaixonado pelo meu algoz.

Eu detestava aqueles calções que o Adriano usava como cuecas. Tinha exposto a ele meu desagrado com elas e, ele não dado importância ao que eu pensava.

- Está pensando que vou usar as mesmas cuequinhas de viado que você? Ficam gostosas na sua bunda, mas um macho não aguenta um troço desses enfiado no olho do cu, socado na toca do rabo, isso deve dar uma puta dor no sabugo do cu. Eu preciso deixar o pau e o saco soltos, detesto sentir qualquer coisa me apertando, exceto quando se trata de uma bucetinha ou, melhor ainda, de um cuzinho de boiola estreito feito o teu. – afirmou.

Argumentar qualquer coisa com aquele bronco era inútil. Pior, podia acabar levando um de seus esporros. Não daqueles pelos quais vinham sentindo cada vez mais desejo e prazer, mas dos que ferem o coração e degradam. Isso, no entanto, não me impediu, de certa vez andando pelo shopping, me preocupar em encontrar algo que o agradasse. Lembrei-me de uma ocasião em que ele tinha mencionado como gostava de tocar nas minhas nádegas quando eu estava usando minha bermuda de seda do pijama. Depois de muito procurar, encontrei umas cuecas samba-canção de viscose, bem soltas como ele gostava, com pequenas e discretas estampas com as quais achei que ele não iria implicar, por achar que fossem abichanadas demais para um macho como ele. Eu devia estar com um sorriso bobo na cara quando deixei a loja com meia dúzia delas num pacote embrulhado para presente, pois me sentia feliz por ter conseguido encontrar algo para agradar meu macho. Sim, eu já tinha incorporado que o Adriano era meu macho, tanto por ele muitas vezes me obrigar a expressar isso em alto e bom som enquanto me fodia, quanto pelo que ele representava para mim, no mais camuflado dos escaninhos da minha alma.

Convidei-o para jantar no dia em que tencionava lhe entregar o presente. Fiz uma das funcionárias do escritório, que cozinhava bem para caramba e, que já tinha me surpreendido com uns escalopes num almoço em sua casa na companhia do marido e dos filhos, vir preparar o prato na minha casa.

- Tô sentindo que tem mulher na jogada! Jantarzinho caprichado, vinho na geladeira, nem me atrevo a imaginar o que mais tem de armadilha espalhada por aí. – zombou, quando me viu todo empenhado naquele jantar.

- Pois está enganada! É só uma amiga que está de passagem pelo Brasil e eu quero fazer as honras de um bom anfitrião. – expliquei, para que não começassem as fofocas no escritório.

O Adriano me deixou esperando por mais de duas horas. Já pensei que tinha desistido e que ia me dar o bolo, quando ouvi a chave girando na fechadura.

- Oi! – cumprimentou secamente, distraído pelas luzes difusas de apenas dois abajures e do tremular de algumas velas acessas espalhadas pela sala, onde um piano solo tocava baixinho os acordes de Somewhere in time do filme homônimo, de um CD antigo adquirido num sebo e, que há tempos eu não ouvia, abandonado dentro de uma gaveta da estante. Ele também sentiu o perfume que vinha da cozinha, mas não demonstrou nenhuma emoção com tudo aquilo.

- O que significa isso tudo? – perguntou, sem se desculpar pelo atraso.

- Pensei que não viesse! – eu estava com as mãos suadas e puto por estar me sentindo um cretino vulnerável, depois de tudo o que ele já tinha feito comigo.

- Tive coisas mais importantes para fazer! – exclamou, me espezinhando mais uma vez.

- Estou contente por ter vindo! Faz um tempo que eu queria te agradecer e retribuir a gentileza por ter me indicado seu amigo mecânico que deu um jeito no meu carro. Não tive mais problemas com ele desde então. – devolvi, tentando não parecer entusiasmado demais com aquele encontro.

- Você já me agradeceu e eu deixei isso bem claro! – retrucou, ainda mais seco.

- Bem! Não deve fazer mal algum eu querer retribuir a gentileza. Isso também é para você, espero que goste, acho que vai se sentir confortável com elas. – afirmei, entregando-lhe o pacote com as cuecas.

- O que você está querendo? Sentindo falta da minha pica? Para armar esse circo todo, só pode ser vontade de dar o cu, é isso viadinho? – questionou, depois de examinar o conteúdo do pacote.

- Estou tentando ser gentil com você. Não vejo motivo para nos tratarmos como se fossemos inimigos. Nunca tive nada contra você. Custa baixar a guarda e aceitar um jantar amistoso?

- Não foi o que eu te perguntei! Perguntei se está querendo dar o cu?

- Estou! – respondi, quase explodindo de raiva, embora estivesse me controlando para não deixar aquele nó na minha garganta desabrochar num choro vergonhoso.

- Ah! Então chegamos lá! O que você fez para o jantar? – indagou, seguindo na direção da cozinha. Me senti um lixo!

Ele elogiou o jantar que fiz questão de dizer que não tinha sido eu a prepará-lo. Minha cota de bondade estava esgotada por conta da desfeita que me fizera.

- Barriga cheia, agora é saborear a sobremesa! – exclamou, ao terminar com o último gole de vinho que estava em seu copo.

Como se fosse um robô, um ser movido por comandos, alguém que só fazia o que lhe ordenavam, me levantei e me despi diante dele sem dizer uma única palavra.

- Jura, aqui? Já, sem antes me dar um fôlego para respirar? Posso acabar tendo uma indigestão, sabia? – indagou, num risinho irônico.

- Não é a sobremesa que você estava pedindo? – devolvi, com a mesma ironia.

- Está sendo sarcástico! Já devia ter aprendido que não é bom me provocar. – respondeu. – Mas, vou fingir que não notei seu sarcasmo, em nome desse jantar maravilhoso.

- Fico mais uma vez muito agradecido por sua gentileza! – retruquei. Eu devia ter servido estricnina no seu prato, assim acabava com essa agonia de uma vez, pensei comigo mesmo.

- Não provoque! Perdeu o senso do perigo?

- Juro que não sei mais o que fazer com você, Adriano! Aonde isso vai nos levar? Nem para arrancar uma confissão de culpa os inquisidores usavam de tanta crueldade. – tudo aquilo tinha sido demais para mim e, as lágrimas desceram pelo meu rosto.

- Vão fica assim, viadinho! O que eu disse não foi para tanto! E, se esse for mais truque para me sensibilizar, pode poupar essas lágrimas. – sentenciou insensível.

- Acha que sou capaz disso? Eu tenho sentimentos, sabia? E você está pisoteando neles sem a menor compaixão. – afirmei.

- Pensei que ignorar os sentimentos dos outros fizesse parte de você! – exclamou.

- Pois pensou errado! – devolvi, com o que me restava de coragem e ódio.

- Então vem dar o cuzinho para o teu macho, que seus probleminhas hão de desaparecer. – contestou, me conduzindo para o quarto. – Já limpou bem esse rabo? – questionou, enquanto se despia e ia atirando as roupas sobre uma poltrona próxima à cama e, eu o observava, pelado e imóvel, de braços cruzados sobre o ventre, esperando para servir meu corpo à sua devassidão. Balancei a cabeça positivamente e fui me recostar nos travesseiros empilhados junto à cabeceira.

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Comentários

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Isso é um relacionamento a abusivo.O cara mente na cara de pau quando Bruno diz que ele tá se divertindo humilhando e Adriano nega com casualmente e eu não sei se é mais assustador se ele acredita no que diz ou não.Ele é tremendamente violento, exigente, auto-indulgente, e paranoico a ponto que eu DUVIDO que ele consiga ter relacionamentos sociais normais ou que ele já não tenha feito uma cena em público mostraria que criatura ele é.Eu não acredito no quanto o principal não tem respeito próprio. A única vez que Bruno diz não pro maldito, o autor garantiu q eles estariam sozinhos e que ele poderia estuprar sem interrupções...E na próxima vez que encontra com Adriano no qual ele EXIGE seu tempo apesar de ser o subalterno Bruno aceita estupidamente jantar com o ele!?!? Tá de sacanagem!?A gramática e estrutura é boa mas todo o diálogo é construído pra humilhar Bruno, até o sócio que trabalha com ele parece só existir pra dizer que Bruno não deveria acreditar em seus próprios julgamentos até o ponto de se contradizer defendendo ou julgando Adriano só pra sempre estar na posição de repreender Bruno e ser o supremo amigo da onça.Eu não li todos os contos do autor mas toda bom conto erótico que quer ser uma história pelo menos envolve o personagem principal decidindo seu próprio destino por avanço pessoal(decidindo sair de seu ambiente de costume) ou clarificando um mal entendido(o ambiente de costume é aprimorado) aqui eu só vejo o autor e Adriano conspirando pra que o Bruno não tenha escolhas enquanto tudo vai pro inferno. É uma tragédia.

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cONTO LONGO e bem estruturado com linguajar Conto bom com portugues adequado e com veracidade das situações Muito bom ler um texto assim

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