[LGBTQ+] PANDEMIC LOVE - DIÁRIO DE UMA QUARENTENA / 8 - ESSA TAL FELICIDADE

Um conto erótico de EscrevoAmor
Categoria: Gay
Contém 2609 palavras
Data: 02/08/2020 13:02:51

VOU TENTAR SER BONZINHO COM O PERÍODO DE PUBLICAÇÕES, EU JURO. RS. ESPERO DE CORAÇÃO QUE VOCÊS ESTEJAM GOSTANDO. E LEMBREM-SE: FIQUEM SEGUROS!!!

Platão uma vez disse: "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida". Fico pensando no contexto dessa frase. Será que ele passava por um momento difícil? Sabe, Doutora, sempre quis viajar no tempo para conhecer as civilizações antigas. Os problemas deles seriam os mesmos que os nossos?

"Higor Duarte, fora do armário", Quintino leu em um site de fofoca. Meu primo se desesperou e garantiu que não havia sido ele o responsável em contar a história para os jornalistas. A Rêh entrou no quarto, eu tinha 70% de certeza que tinha o dedo dela nessa situação.

— Higor, você está na boca do povo. Estou te defendendo irmão. Não deixo ninguém te chamar de viado. — Ela disse, sentando ao meu lado, tirando uma selfie e saindo. — Vou colocar uma bandeira de arco— íris.

— Reneta. Faz um favor? — Falei forçando um sorriso no rosto.

— Claro, maninho.

— Vai para o inferno. — Soltei, saindo do quarto.

Uma semana infernal se passou. Primeiro, que uma equipe estava instalando uma bomba de água no lago, ou seja, nada de caça ao tesouro. E também teve a crise do "Higor Fora do Armário". Assim que a assessoria de imprensa da minha família nomeou o grupo no WhatsApp.

Meus pais estavam na sala, tentando achar uma forma de processar o tal fofoqueiro. Ligaram para a assessoria de imprensa da família para criarem uma nota oficial. Passei direto, não queria drama na minha vida, quer dizer, mais drama. Eu e Quintino fomos até o lago, quando acabaram as obras corremos para continuar nossa missão.

Se fosse o Hércules no nosso lugar, o tesouro já tinha sido achado. Essas aventuras épicas sempre foram o meu sonho, desbravar lugares de tirar o fôlego, enfrentar monstros míticos, mas era apenas o lago da fazenda, e claro, os mosquitos chatos.

Mais uma vez contamos com o apoio do André na nossa missão. O idiota do Quintino ficava rindo igual a uma adolescente coreana, colocando a mão na boca. Sério, que mancada. Dei apenas um beliscão na sua costa, e rapidinho ele se calou.

No barquinho, o André ia na frente, remando, Quintino e eu atrás, tentando não nos virar na água. Toda hora, o meu primo olhava para o André e ria, ou fazia sinais de beijos. Aff, crianças! Chegamos no meio do lago, colocamos as máscaras e snorkels. Quase derreti quando o André arrumou o meu cabelo, o enxerido do Quintino deu uma risada e o empurrei dentro da água.

Mergulhei na água gelada, pareciam agulhas furando o meu corpo, a roupa de mergulho não funcionou. Fora que a água era barrenta, então, visibilidade zero. Alguma coisa tocou na minha perna, e nadei de volta para a superfície.

— Achou? — Questionou André ficando em pé no barco sem dificuldade nenhuma.

— Tem certeza que não tem bicho aqui? — Quis saber me segurando no barco.

— Tirando os jacarés, acho que nada. — Ele falou rindo. — É brincadeira, viu?

Maldito do sorriso perfeito. Minha vontade foi de puxar ele para a água, mas apenas coloquei meus aparatos de mergulho e voltei para buscar a caixa. Fiquei de olhos fechados, já que não conseguia ver nada mesmo. Usei as mãos para tatear o fundo do lago, caramba, que coisa nojenta, o lodo acumulava nas pontas dos meus dedos, só que não fiquei amedrontado, queria a próxima dica.

Foram 30 minutos de busca, quando pensei em desistir, o Quintino emergiu segurando uma sacola. Ele teve dificuldade de subir no barco, quase nos derrubou. A cena foi hilária, infelizmente, não consegui filmar ou tirar foto. Ele não perdeu tempo e começou a abrir a sacola. Por incrível que pareça, o papel estava sequinho.

"Muito bem,

Que determinação, hein. Mas, a vida é assim, cheia de obstáculos, alguns mais fáceis, outros complicados. Você está no caminho certo. Eu queria ter tido essa determinação e coragem. Na sala secreta, existem vários livros do escritor Rodolfo Albuquerque, a nossa amizade poderia ser vista com maus olhos pela sociedade, mas eu nutria um carinho muito especial por ele. Queria ter tido a coragem necessária...

Enfim, esse velho está falando demais, não é? Como sempre! A próxima dica está na minha casa. Nossa, quantas saudades do meu lar. Um lugar onde pude ser feliz, ver meus netos crescerem, formei uma verdadeira família com os meus funcionários.

Não vou facilitar a vida de vocês, claro! A dica está em uma caixa no sótão do quarto principal. Boa Sorte!"

— Ótimo, logo no quarto do mamãe. — Reclamei, jogando a máscara de mergulho no chão do barco.

— Putz. Vovô sacaneou. — Concordou Quintino.

— Mas acho que a casa é toda interligada, talvez do teu quarto, Higor, a gente tenha acesso. — Falou André, nos dando uma ponta de esperança.

Voltamos para casa, subimos até o meu quarto, reparei que era a primeira vez que o André entrava lá. Tirei algumas bagunças que eu acumulava na cama e coloquei o mapa da casa. Eu teria que passar pelos quartos da Rêh e do Lukas, isso tudo sem fazer qualquer tipo de barulho.

— Sabe de uma coisa. — Começou Quintino. — Acho que vocês devem ir. Eu não me arrasto nesse sótão, não! Vocês podem fazer hoje à noite. — Deitando na cama, fingindo um medo que não existia.

— Eu não acho uma boa ideia! — Falei apavorado.

— Eu topo. — Soltou André.

Pronto, o André passaria à noite comigo. Doutora, a minha cabeça estava a mil por horas. Assumir meus sentimentos para a minha família era uma coisa, mas com o André, outra coisa. Na hora do jantar, o pessoal tentou evitar o assunto "Gay". Achei legal da parte deles, só que a paz não durou muito, afinal, a Regina começou a falar sobre os fãs delas que estavam torcendo por mim.

Papai iniciou um discurso sobre orgulho, família e união, já a minha mãe bebeu mais que o normal, e declarou todo o seu amor por mim. Se eu soubesse que ia ser assim, uma coisa mais tranquila, acho que teria me assumido antes. A forma da Rosinha mostrar seu afeto foi através do strogonoff, meu prato favorito.

O Lukas parecia feliz também, ao contrário do ogro que surgiu no dia anterior. Será que eram as drogas atuando no humor dele? Não sei, eu ainda não tinha desistido dele, apenas dei um tempo para encontrar a melhor abordagem. Após o jantar, decidi tomar sorvete, encontrei a Dona Hellena na cozinha lavando louça, confesso, fiquei chocado.

— Higor, você é feliz? — Ela perguntou, enquanto tirava a gordura da panela.

— Sou, mãe! — Respondi de forma rápida, mas nervoso pelo rumo da conversa.

— Que bom! Sabe que nada vai ser diferente, não é? Ah, e queria te pedir desculpa pela Rêh, o Léo Meses me falou quem o informou. Ela vai ser castigada. Espera que amanhã você vai ver. — Ela disse rindo e colocando a panela no lava— louças.

— Mãe! — Soltei a abraçando. — Eu te amo, desculpa por não demonstrar tanto.

Foi a conversa mais linda e esquisita da minha vida. Fiquei ali, abraçando mamãe, e ela abaixada para fechar a porta da lava-louça. Depois de alguns segundos, me afastei e subi para o meu quarto. Devorei o sorvete, pensando no André, ele subiria pela janela do meu quarto. De repente, o Quintino entrou e soltou: "O ninho do amor. Que coisa linda".

O idiota desligou a luz, ligou a TV e emparelhou o celular. Do nada, começou a tocar uma música romântica. Revirei os olhos, desliguei a Tv e religuei a luz. O André jogou algumas pedrinhas na janela e chamou nossa atenção. Ele subiu sem qualquer dificuldade, apesar de passar a madrugada ao lado dele, senti falta da nossa aula.

Revisamos o plano, eu e André subiríamos no sótão, e Quintino ficaria no corredor para ver se faríamos barulho. Na hora, pensei que teria sido melhor pedir permissão dos meus pais, mas ao mesmo tempo, queria ficar perto dele.

Emprestei uma blusa velha minha para André, ele tirou a camiseta sem cerimônias e vestiu a outra. Confesso, fiquei encantado, como as coisas evoluíram tão rápido? Tentei negar tanto essa atração, porém, agora estava caidinho pelo André. O enxerido do Quintino ficou fazendo alguns comentários idiotas, eu queria morrer.

— André, você não acha que o Higor está mais bonito hoje? — Perguntou Quintino, tirando os óculos e piscando.

— Não sei. — Disse André soltando um riso abafado. — Acho que pessoas felizes sempre são bonitas.

— Ele te acha bonito. — Sussurrou Quintino perto do meu ouvido.

Resolvemos assistir a um filme, na verdade, "Hércules", como a senhora sabe, meu desenho favorito no mundo inteiro. O André riu bastante, o Quintino adormeceu e eu cantei todas as músicas. Queria fazer alguma coisa, dar um sinal para ele, então, fingi que estava com sono e encostei minha cabeça no ombro dele.

— Tem problema? — Perguntei.

— Não, claro que não. — Ele respondeu sem hesitar.

Conseguia ouvir o coração do André palpitando, aquele momento me trouxe sentimentos novos, não era negação como no início, mas algo, tipo, receio do sentimento não ser correspondido. O meu coração seria quebrado logo de primeira? Acho que quando voltar, a senhora vai precisar fazer um intensivão comigo.

As minhas mãos estavam inquietas, eu também, olhava para o filme, mas já tinha visto aquilo umas 600 vezes, sem brincadeira. Comecei a bater meus dedos contra minha perna, no ritmo da música "De Zero a Herói", a número 3 do meu TOP 5. Então, aconteceu, Doutora. O André encaixou sua mão na minha. Eu estava cantarolando a canção e parei na hora.

A mão direita dele era áspera, nada que chegasse a incomodar. Eu não falei nada, não queria acabar com aquele momento, o meu coração parecia que ia pular do peito. Essa é a sensação de estar apaixonado? Pensei que ia sentir as borboletas voando no estômago, mas na hora, fiquei afim de arrotar. Segurei o máximo que pude e disfarcei, só que o André não percebeu.

Minha mão que estava gelada, agora era aquecida pela mão do André. Dentro de mim, os sentimentos conflitavam, mas não de uma forma negativa. Ficamos o resto do filme de mãos dadas, aquilo significava algo? Nós estávamos namorando? Ele ia ter que pedir minha mão para minha família?

O Hércules consegue derrotar seu tio Ades, e recupera o amor de sua vida, Mégara. Assistimos ao final glorioso, e infelizmente, precisamos voltar para a realidade. Confesso que demorou um pouco para as nossas mãos se distanciassem. Conversamos sobre o filme, André adorou a história, e comentou sobre a minha voz.

Para fechar a noite com chave de ouro, um beijo. Brincadeira, a gente resolveu pregar uma peça no meu primo. Fui até o banheiro e peguei um creme para espinhas, passei um pouco no nariz do Quintino, enquanto o André filmava. Depois, o cutuquei com uma canudo de metal que estava na minha prateleira.

Magnífico! Um vídeo maravilhoso para minha coleção pessoal de "Momentos de Mico do Quintino". Ele, claro, detestou a brincadeira e limpou o rosto com o meu cobertor. Depois da pegadinha, voltamos a nossa atenção para a missão. O relógio marcava 0h33. Liguei para o Quintino, e coloquei um lado do Earbud no meu ouvido e entreguei o outro para o André.

— Caramba, esse fone não tem fio. — Ele soltou.

— Querido homem do campo...

— Nem começa. — Repreendi colocando a mão na boca do Quintino.

— Acho difícil alguém nunca ter visto um Earbud. — Ele resmungou fazendo uma expressão engraçada. — Tá, vamos lá. Eu vou para o corredor, então, cuidado. Nada de movimentos bruscos. — Fazendo uma voz grave, mas tentando manter o tom baixo.

— Esse garoto é uma comédia. — Brincou André, subindo na cadeira e levantando um alçapão do teto. — Isso tem em todos os quartos, por isso, precisamos de cautela. Lembra, Higor, pisa sempre nas vigas.

— Pisar! Vigas! — Repeti para mim mesmo.

— Esse plano vai ser uma furada. — Reclamou Quintino abrindo a porta e nos desejando sorte.

— Ei, não liga para ele. Eu confio em você. — Garantiu André pegando no meu ombro.

Ele confia em mim! Ele confia em mim! A adolescente coreana que dormia dentro de mim conseguiu achar o caminho do meu coração. Perto do André, eu parecia um bobão. E o pior? Eu nem me importava. Queria fazer a Elsa e testar os meus limites. Ah, Doutora, isso foi uma citação de "Frozen — Uma Aventura Congelante".

Enfim, voltando ao remake fajuto de "Missão Impossível". O André subiu com facilidade para o Porão, eu rasguei o meu pijama, nem me pergunte como. O lugar era escuro demais, não sou alguém com frescura, longe de mim, mas se aparecesse um rato eu perderia a compostura.

O André ia guiando o caminho, e eu olhava para os pés dele. Não estava interessado no que havia ali. Consegui ver algumas caixas grandes, brinquedos antigos e uma casa de bonecas. O sótão também era frio demais, o André prestava atenção no caminho, até que parou, quase o atropelei, pois, não percebi o sinal de pare e esbarrei nele.

— Sútil. — Ele sussurrou. — Achei algo!

— A pista? — Questionei quase sussurrando.

— Sim! Igual a caixa que encontramos hoje. — Mostrou meu primo.

Fiquei feliz por encontrar mais uma pista, mas queria sair dali logo. Quando me virei para retornar ao meu quarto, escuto os meus pais conversando. Eles falam sobre a minha saída do armário, e claro, que o André também. Só que o meu pijama fica preso em um prego, e lá embaixo, o tema Higor Gay reina absoluto.

— Espero que ele seja feliz. De verdade! — Desejou minha mãe. — Viu que ele tá paquerando o André?

— O Andrezinho? Caramba. Esses meninos crescem rápido. — Disse meu pai.

No desespero de sair dali acabei me cortando, algo superficial. Ao ver aquilo, André focou a lanterna na minha calça e conseguiu tirar minha calça do prego. Ele assumiu a dianteira e voltamos para o meu quarto. Odiei o sótão da casa, preferia passar cem horas nadando no lago frio.

Graças a Deus que não chamamos a atenção de ninguém, Quintino já esperava ansioso. André passou a caixa para ele, desceu e ficou me esperando. Quando desci, escorreguei e caí nos braços dele. André explicou que eu tinha me cortado e pediu para meu primo pegar a caixinha de primeiros socorros.

— Claro, super. Quintino. Ativar. — Ele soltou fazendo uma pose engraçada e saindo do quarto.

— André, eu...

— Higor, cara, relaxa. Eu sinto a mesma coisa...

— Atchim! — Espirrei, cortando o André. — Desculpa, acho que foi a poeira.

— Gente, encontrei a Rosa desmaiada na cozinha. — Avisou Quintino entrando correndo. — Vou chamar a titia!

"Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida", falou Platão uma vez. Sabe, a gente nunca espera que algo ruim vá acontecer conosco, longe disso. Como o vovô também já escreveu, algo real já espera por nós, todos os passos estão escritos: precisamos estudar, encontrar um bom emprego, casar e ter filhos. Mas quando sobra tempo para caçarmos a tal felicidade? Bem, em alguns casos, ninguém sabe.

***

***

***

"Mas o tempo foi passando e a coisa mudou

Solidão foi se chegando e se acostumou

Essa tal felicidade, hei de encontrar

Mesmo se eu tiver que aguardar, se eu tiver que esperar

De uma coisa eu não desisto, sou fiel, não abro mão

De ter filhos, ter amigos, companheira e irmãos

Se essa vida é bonita, ela é feita pra sonhar

Mais aumento o meu desejo de afinal te encontrar

Mas o que eu não me acostumo é com a solidão

Um pedaço do seu beijo ou seu coração

Isso já me fortalece, me faz delirar

Mesmo se eu tiver que escolher, se eu tiver que esperar"

(TIM MAIA)

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Comentários

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Acho que está meio lento, tá faltando mais ação neste conto.

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