Cris e Léo - segunda parte

Um conto erótico de Maverick
Categoria: Gay
Contém 1660 palavras
Data: 25/07/2020 21:36:11
Última revisão: 25/07/2020 22:00:43
Assuntos: Gay

Ele levantou a cabeça e me olhou de olhos arregalados. Talvez não esperasse aquela resposta, mas eu estudava na mesma sala com dois caras que eram gay e pra mim não fazia a menor diferença, amigo pra mim é amigo independente do cara gostar de meninos ou de meninas… sei lá, sempre fui muito desencanado com essas coisas.

— Sério que você não se importa?

— Para de viadagem. A gente é irmão, então, a não ser que você se torne um serial killer, a gente sempre será parceiro.

— Léo, o papo é sério, cara…

Até pensei em não zoar com ele, mas não aguentei.

— Me diz. Você é gay do tipo que come os caras ou que dá a bunda? - perguntei caindo na gargalhada.

— Você é muito idiota, Léo! - gritou ele, mas também não aguentou muito tempo e começou a rir comigo.

— A coisa é complicada, Léo. Minha cabeça tá dando tantas voltas que acho que estou ficando maluco…

— Por que?

— Eu gosto de meninas…

— Então, você é o gay mais estranho que eu conheço.

— Mas eu fiquei com um cara e gostei também.

— Deu a bunda pra ele?

— Não… eu comi ele.

— Você está dizendo que já comeu um cara e umas meninas…

— Mas tem mais coisa…

— Ser bissexual não é suficiente? Eu queria ser bi, caralho! Porra Cris, cê tá reclamando do quê, maluco? Quantas vezes eu saí e não catei ninguém! Se gostasse de homem também a minha vida ficava bem mais fácil, caralho… Já pensou? Menina nenhuma dá mole, mas tem um bonitinho ali dando sopa… Quero ser bi também.

— Você não leva nada a sério, filho da puta?

— Você que não tá levando a sério. Eu quero ser bi também. Assim que surgir oportunidade vou experimentar ficar com um cara.

— Você tá falando sério?

— Claro que não, maluco! Mas na teoria a sua vida é bem mais fácil.

— É nada… já que você tá dizendo que aceita de boa, deixa eu te contar a pior parte.

— Eita, porra…

— Eu nunca gostei de ser homem.

— Não sei se é uma coisa que dá pra escolher, não, Moleque…

Eu vi pela forma como ele ficou sem graça que o papo era mesmo sério e parei com a palhaçada.

— Fala aí, como assim não gostou de ser homem?

— Acho que sempre me incomodei com esse negócio de fazer as coisas que os meninos fazem. - ele viu que eu não entendi e continuou – Eu me divirto jogando bola e fazendo as coisas porque é com você, e agradeço muito, minha vida teria sido bem complicada se a gente não fosse amigo. Mas eu queria usar maquiagem, roupa de menina, depois que deixei o cabelo crescer nem penso em cortar curtinho de novo, tenho até uns vestidos e blusinhas escondidos na mala, tenho sandálias e até já aprendi a andar de salto alto…

— Eita, porra…

— Tá vendo como é complicado?

— Cara… cê precisa me mostrar como é isso.

— Mostrar o quê?

— Como você fica vestido de menina!

— Sério?

— Claro que é sério, Maluco! Não vou conseguir pensar em outra coisa… vai lá se arrumar que eu vou preparar um lanche pra gente.

— Cris… eu tenho vergonha…

— Sem essa! Você é amigo meu, e amigo meu pode o que quiser. Quer ser menina e sair par ai comendo todo mundo? Vai se vestir de menina e vai comer todo mundo, sim! - vi que ele ficou até assustado e maneirei no tom – Tem uma mina que eu sigo no youtube, lésbica, parece o Harry Porter (Louie Ponto) e ela faz uns vídeos sobre essa parada de gênero, sexualidade e essas coisas. Vejo os vídeos dela porque a mina parece mesmo o Harry e você sabe que sou fã. Mas a maluca é divertida e inteligente pra caralho. Você vai gostar. Tenho certeza.

— Então, tá. Desde que voltei numa mais me montei. Lá em casa eu tinha tempo sozinho pra isso.

— E bota uns peitinhos… cê tá meio liso aí na parte de cima.

— Vai tomar no seu cu, Léo! - mas ele ria enquanto ia para o quarto.

Fui pra cozinha fazer o lanche e liguei para os meus pais para ver se eles tinham a moral de trazer umas pizzas. Estava a fim de comemorar a libertação do Cris comendo pizza no play. Não que eu achasse que ele continuaria montado com meus pais em casa, mas mesmo que fosse só para ele saber que podia contar comigo. A gente era moleque, comemorar com cerveja ainda não era pra gente.

— Meu amor… - a minha mãe é do tipo melosa, não liga não – eu e o seu pai vamos num jantar hoje a noite, esqueci de avisar. A gente vai chegar bem tarde. Pede a pizza você mesmo, tem dinheiro em cima da geladeira, pode usar.

— Beleza, mãe. Valeu! Aproveita e leva o pai pro motel!!! Se diverte um pouco, mulher!

— Leonardo!!! - gritou ela escandalizada, como eu sabia que reagiria.

Quando comecei a gargalhar ela desligou na minha cara. O que me fez rir ainda mais.

Quando terminei de fazer o lanche e como não sabia se o Cris, na versão menina continuaria comendo hambúrguer, aprontei um monte de coisa e deixei separado… foda que não tinha nenhum refrigerante diete… sei lá… vai que ele já estava fresco igual umas meninas que eu conheci.

Na verdade não estava achando que ele fosse ficar muito diferente. Achei que ele pareceria… sei lá… uma drag queen ou um travesti, mas quando ele entrou na sala, eu levei um bom tempo para reconhecer meu amigo naquela criatura linda que estava na minha frente.

— Caralho, Cris… - não consegui falar mais nada.

Sabia que estava de boca aberta e espantado pra caralho, mas mesmo reconhecendo o Cris naquela menina… sei lá… deu um nó na minha cabeça. Sabe quando você não consegue pensar em nada, nem uma piadinha…

Ele estava com uma mini saia e sandálias de salto, uma camiseta justa, o cabelo solto e arrumado, maquiada e com brincos… tinha até peitinho!!!

— Gostou? - perguntou ele dando uma voltinha.

E até a voz, que não estava tãooo diferente, mas parecia voz de menina. Sexy para um caralho! E as perninhas que no Cristiano pareciam perninhas finas, naquela mini saia pareciam as pernas mais lindas que já vi, e de salto alto a bundinha dele ficou arrebitada e tinha até curva no quadril. E fiquei eu estático, mudo, de olhos arregalados, até ele começar a andar na minha direção e o desgraçado rebolava, discretamente, mas rebolava, o Cris… a cris… sei lá… chegou bem perto e fechou minha boca com dedos que pareciam de menina, de unha pintada e tudo.

Mas quando senti o perfume que ele estava usando, até engoli em seco.

— Puta que paariuuu, Cris… - eu estava tão fora do ar que minha voz parecia a mesma voz que eu usava para convencer as meninas a engolir meu pau – você é uma menina!

— Gostou, de verdade? - perguntou ele ansioso.

Mesmo naquele estado quase catatônico em que eu estava, percebi que para ele era importante saber a minha opinião. Limpei a garganta, dei dois passos para trás e falei fazendo o maior drama.

— Fique longe de mim, sua bruxa! Cadê meu amigo, caralho? O que você fez com o Cris?

— É sério que você gostou, Léo?

— Cara… vai levar um tempo para eu ver você como menino de novo… vá tomar no cu, Cris. Que linda que você é, meu… minha… mano… mina… sei lá que porra eu tô falando!

Aí a coisa ficou feia pro meu lado.

Ele ficou tão feliz que veio e me deu um abraço. Daquele que grudam o corpo inteiro. Não que a gente nunca tivesse se abraçado, mas, caralho, vamos combina que aquilo era maldade. Eu sabia que era um cara por trás daquela roupa e maquiagem, mas para mim era uma menina linda e cheirosa e não deu outra… fiquei de pau duro.

E pior?

Ele percebeu.

— Nossa… devo ter ficado linda, mesmo. – disse ele olhando nos meus olhos e chegando a boca bem perto da minha.

Cara, aquela criatura não era o Cris. O meu amigo era tímido, tinha vergonha de tudo, enquanto a versão feminina dele, naqueles passos que deu e na forma como me prendeu no abraço mostrou uma pessoa totalmente segura de si, que sabia o que queria e como conseguir.

Eu estava hipnotizado, não conseguia me mexer, me afastar, soltar a cintura dela…

Dela, sim!

Não tinha mais meu amigo Cris ali… tinha uma gata linda pra caralho que eu queria beijar.

— Porra, Cris… não faz isso, não, cara.

— Só diz que ficou de pau duro por minha causa e eu paro. - eu olhava para a boca pintada e para os olhos com cílio compridos e tentei respirar fundo para ver se me acalmava e saia daquela situação com o mínimo de dignidade, mas o perfume dela não ajudava e acabei entregando os pontos.

— E ainda preciso dizer alguma coisa, mulher? Você tá se esfregando nele, cê tá vendo que tá duraço pra caralho, e se você não percebeu só tem uma gata aqui.

— E quem é essa gata, Leozinho?

— Você sua filha da puta, linda do caralho…

Assim que eu disse isso ela sorriu de um jeito muito filho da puta, e chegou ainda mais perto, quase encostando os lábios nos meus, eu arregalei os olhos com medo e com vontade, mas ela apenas sorria pra mim e quando eu estava criando coragem para acabar com aqueles poucos centímetros que nos separavam, ela me soltou, rebolou até a mesa e sentou como se nada tivesse acontecido.

Aquilo me deixou numa puta de uma confusão, que eu não sabia se queria brigar com ela, ou se queria beijar sua boca.

Tentei de todo jeito ver o meu amigo ali sentado a mesa, mas não tinha jeito, só via uma mulher linda e aquilo tava fodendo com a minha cabeça.

Saí dali e fui para o banheiro, joguei água no rosto e dei um tempo até me acalmar.

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