O Diário - Capítulo 13

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 1049 palavras
Data: 05/04/2020 08:13:01

Boa leitura!

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O Diário

Capítulo treze - Olhos no olhos

Olhar nos olhos do Léo depois de tantos anos despertou em mim algo que eu ainda não havia sentido/percebido. O quanto nós precisamos crescer e como evoluímos com o passar do tempo. Eu achava que já havia saído de meu casulo, mas ao olhar para ele percebi que ainda estava preso ao meu processo de metamorfose, eu ainda não tinha rompido esse casulo. Aquilo foi um choque, eu achava que sabia todas as respostas, mas me surgiram novas questões. Eu tinha angústia pra respondê-las.

Leonardo olhava para mim hipnotizado, era um olhar com um misto de dor, receio e desejo, dava para ler seus pensamentos através do olhar. Nesse ponto sempre fui muito talentoso, tenho o dom de ler as pessoas pelo seu olhar, sou muito intuitivo com isso e naquele instante eu sabia que aquilo ia ser problema. Sabe quando um cachorro te olha acanhado pedindo carinho depois de ter aprontado? Então, era assim que ele me olhava, só que era um olha mais intenso, quase devorador eu diria. Nem um nem o outro desviamos o olhar e nem sei quanto tempo ficamos naquilo sem sequer piscar, até que o barulho do celular do Leonardo toca nos despertando daquele transe.

Eu me retirei, pois precisava tomar um ar e o Léo atendeu o telefone. Era seu pai pedindo para que ele fosse lhe fazer companhia. Nos despedimos muitíssimo envergonhados e ele se foi. Acabei o restante da pintura sozinho, depois passei algumas horas com um ou outro conserto e voltei para casa. Ao chegar me deparei com o Léo de cueca vermelha no corredor e não pude deixar de reparar. Vou descrevê-lo: Léo tem queixo triangular, olhos verdes, pele morena clarinha, cabelo preto com um topete modesto, pescoço largo, ombros e costas também (agora mais robusto). Tem peitoral definido, abdômen também, sem pelos exceto pelo “caminho da felicidade”, pernas torneadas, especialmente as panturrilhas e as coxas, e um pé grande, pelos na perna e no braço, em pouca quantidade. Mas a melhor parte era seus lábios, vermelhinhos e carnudos.

Era um homem muito lindo e estava ali, na minha frente, de cueca, justo vermelha. Me excitei na hora e não consegui conter a cara de exclamação. Ele percebendo, enrolou a toalha na cintura e me pediu desculpas. Menti que não tinha problema algum e encenei uma postura de descaso. Não sei se colou, mas ficou naquilo. Ele perguntou se eu já havia almoçado e respondi que não, era umas 14h00min. Então decidi levá-lo àquele restaurante de frutos do mar, ele adorou. Enquanto eu bebia água ele me disse:

— Foi mal por aquela hora, eu estava com pressa e como estava sozinho em casa...

— Não tem problema. — interrompi-o.

— Verdade ? — Perguntou-me.

— Sim.

— Ok — Ele disse, com uma expressão meio confusa.

Não percebi naquela hora, mas depois me perguntei o porquê de tê-lo levado justo em um de meus restaurantes preferidos (e mais caros). Eu ainda não admitia que continuasse a amá-lo. E por mais que uma parte primitiva de mim gritasse isso, a mais sensata e governante ignorava esse sentimento. Só dormi depois de um calmante naquela noite.

Acordei num pique incrível e trabalhei muito disposto naquele dia. Estranhei o fato de ter demorado mais tempo pra me arrumar e de ficar olhando compulsivamente para meu reflexo no vidro espelhado de uma divisória dos corredores no hospital. Malhei com mais vontade naquele dia e depois de um banho na academia mesmo, fui ao shopping comprar algumas roupas. Encontrei uma camisa branca muito linda, só que não tinha meu tamanho, apenas o “G”. Acabei levando mesmo assim. Demorei mais do que de costume para escolher o que levar.

Já era tarde da noite quando cheguei, o Leonardo estava no sofá olhando um porta-retratos meu, quando me viu levantou-se num salto e antes que eu pudesse reagir ele me disse:

— Eu tentei te ligar, mas você não atendeu, fiquei... Preocupado.

— Aah eu... Tava no shopping. Não ouvi , foi mal.

— Eu... Já vou... Dormir — disse-me envergonhado e eu o respondi imediatamente:

— Eu também, boa noite.

— Boa noite.

Dormi rapidamente e acordei cedo porque tinha que adiantar o Buffet do Luau, afinal faltava apenas alguns dias. Deixei tudo pronto e fui para mais um dia de trabalho, cansativo devido a um surto de gripe na cidade. Cheguei em casa muito cansado e fui dormir em seguida.

Acordei com o Leonardo no telefone e ele estava falando com sua irmã. Pelo pouco que eu pude entender ela viria ficar em seu lugar. Aquilo desceu minha garganta doendo e uma enorme angústia tomou conta de mim. Eu estava num estado catatônico e fiquei muito desesperado. Quando percebi estava chorando, Não que eu seja dramático, mas era como se estivessem arrancando algo de mim, uma coisa importante. Percebi que teria que agir rapidamente se eu quisesse que ele permanecesse ali. Não era tarde, então me levantei, me vesti e peguei aquela camisa que ficou grande em mim. Saí do quarto e ele me olhou assustado, me pedindo desculpas por ter me acordado. Menti que ainda estava acordado e lhe falei:

— Olha, ontem no shopping eu comprei esta camisa, vê se fica boa em você.

— Por quê?

— Ah, é porque ficou grande em mim, deve ficar boa em você...

— Ok — Ele me disse e trocou ali mesmo na sala, ficou perfeita nele.

— Ficou ótima em você! Pode ficar com ela.

— Quanto foi? Para eu te pagar.

— É um presente, relaxa!... Ah... Não pude deixar de ouvir, você vai embora quando?

— Eu não sei, acho que daqui uns dez dias, por quê?

— Nada... Só fiquei em dúvida, porque iria te convidar para o Luau, afinal você me ajudou de certa forma.

Ele ficou algum tempo pensativo e falou:

— Valeu pela camisa! E sobre o Luau... É claro que eu vou, vai ser ótimo! — Ele disse e me abraçou. Senti cada músculo dele enrijecer, sua barba para fazer encostada em meu ombro e sua respiração quente próxima à minha nuca. O calor de seus braços me envolvia ea devemos ter ficado uns trinta segundos assim, sem falar, sequer pensar. Só sentindo um ao outro, como num acordo mudo. Ao redor de nós? Nada. Era como se fôssemos os únicos homens existentes no planeta, dois seres na imensidão do universo.

CONTINUA...

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