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Um conto erótico de Mcarbone
Categoria: Gay
Contém 1816 palavras
Data: 24/01/2020 17:46:42

Natanael olhou em volta, mas não havia nada parecido ao espaço que antes era seu lar.

Não poderia ser muito diferente, afinal há praticamente 30 anos não pisava na Rua da Liberdade. Mesmo tendo voltado diversas vezes à cidade de Esteio, evitava o bairro de sua adolescência.

II

Quanto tinha nove anos Natanael foi morar com sua mãe na Rua da Liberdade. Logo fez alguns amigos. O Ciro, jogador de basquete seu vizinho. Jony, irmão de Ciro, dono da banca de revista e que lhe forneceu as primeiras Playboys de sua vida. Adriana e Alexandra, mais velhas e gostosas. Julia, prima mais nova delas e que arrastava uma asinha por Natanael.

Mas seu melhor amigo acabou sendo Sapeca.

Sapeca era uns dois meses mais novo que Natanael. Branquinho, loirinho, olhos verdes e cabelo de anjo. Em linguagem de hoje, seria um Thiago Fragoso.

No dia em que Natanael se mudou – um domingo – foi o velório da irmã mais nova de Sapeca, de dois anos de idade. Desajeitado foi consolar o rapaz que chorava:

- Deus sabe o que faz! – Nesse tempo Natanael ainda não era ateu.

- Acho que não. Senão teria levado o motorista que atropelou minha irmã – respondeu Sapeca.

III

Natanael e Sapeca iam e vinham juntos para a escola. Encontravam-se no recreio. Torciam pelo mesmo time.

A única coisa que não tinham em comum era a religião. Natanael era espírita, Sapeca católico.

Um ano depois de se conhecerem foram juntos ser escoteiros. Dividiam a mesma barraca. Compunham a mesma equipe.

Das coisas que meninos fazem juntos, só não batiam punheta. Natanael era reservado e Sapeca não tinha os mesmos gostos que Natanael. Sapeca sempre falava de uma ou outra colega de classe ou da aula de crisma que Natanael não conhecia.

IV

Aos doze anos aconteceu o fato que levou Natanael a querer sair de sua confortável vizinhança.

V

A mãe de Natanael precisou viajar à capital, deixando-o sozinho no fim de semana.

Na sexta feira Natanael recolheu-se a casa às sete da noite. Explicou aos colegas os motivos e entrou para sua casa.

Por volta de 10 da noite escuta uma batida na porta.

- Quem é?

- Eu, o Sapeca.

Natanael abriu a porta e amigo estava lá, com uma mochila.

- Eu falei para minha mãe da sua situação e ela me deixou dormir aqui.

E Sapeca foi entrando, sem que Natanael pudesse esboçar reação.

Uma vez que o amigo já estava em casa, Natanael achou por bem instalá-lo. Iriam dormir ambos no quarto da mãe, Sapeca na rede e Natanael na cama.

- Trouxe duas coisas para a gente, disse Sapeca.

Puxou duas barras de Diamante Negro.

- E agora, diversão de verdade!

Dito isso, apareceu na mão de Sapeca um embrulho que ele desatou e jogou sobre a cama: quase 20 revistas de fotonovelas, denominadas “Aventuras Eróticas”.

A curiosidade de Natanael foi mais forte que a surpresa e ele perguntou de onde vinha aquilo.

- Meu primo, Nel – começou Sapeca – coleciona e eu sei onde ele guarda. Peguei emprestado.

VI

Naquela noite Natanel descobriu pra que aqueles balões que ele sempre via pendurados nas garotas da Playboy e as fendas eventualmente avistadas na “Ele e Ela” serviam. E também descobriu outro uso para sua piroca.

Mas a grande revelação de sua noite foi descobrir naquelas revistas que homem brincava com homem e mulher com mulher. Desse jeito ele aprendeu o significado das palavras “pederasta” e “filhas de Safo” de vez em quando ouvidas nos sermões escolinha dominical no centro espírita.

VII

- Nato, você já viu mulher pelada?

- Eu não, Sapeca. E você?

- Quase todo dia vejo minha irmã Camélia, tomando banho. Ela não é gostosa mas vai ser bonita. Os peitinhos dela parecem os daquela menininha de “Cabocla”.

- Você “coisa” sua irmã? Isso é pecado.

- Não leso, eu vou vigiar ela tomando banho pro Nel e os outros moleques lá de casa não irem brechar. Mas ela me deixa olhar porque sabe que eu não maldo.

Entre histórias das revistas, as descobertas de Natanael e as revelações de Sapeca o sono foi chegando. Natanael adormeceu com uma história em que uma sósia da Vera Fisher chupava um sujeito e era comida por outro numa sala de aula vazia.

VIII

Natanael nunca soube quanto tempo se passou entre adormecer e sentir aquela sensação de estar urinando mais quente e viscoso que o normal. Desde os três anos de idade não mijava na cama.

Sentiu que o quarto estava escuro, por isso demorou a abrir os olhos. Ele se arrependeu o resto da vida de te-los aberto.

Sapeca passava a língua em seu pau, limpando-o do que – agora ele sabia – era gala. O cansaço, a surpresa, as coisas descobertas o fizeram gozar na boca do até então seu amigo.

- O que isso, Sapeca????!!!!

- Você tava gostando.

- Eu nem sabia o que estava acontecendo. Vou dormir no meu quarto. E quando eu acordar, de manhã, eu não te quero aqui.

- Vamos conversar?

- Sem conversa! Não quero ver sua cara de manhã.

IX

De manhã, de fato, Sapeca não estava na casa.

Natanael passou o dia trancado. Estava puto. Decepcionado. Com medo.

Todos no mundo eram assim?

X

Sete da noite bateram na porta.

Ao atender a surpresa: Sapeca e sua irmã Camélia.

Sapeca e Camélia eram gêmeos. Tinham feito doze anos há pouco mais de duas semanas. Parecidíssimos, exceto pelo peitoral de Camélia, levemente mais tufado.

XI

Natanael não sabia até onde Camélia tinha conhecimento. Por isso evitou ser ríspido.

- Nato, a Camélia trouxe o jogo de ludo que ganhou no aniversário, para a gente jogar. E eu trouxe material prum sanduiche mais tarde.

Jogoram na sala até 10 da noite.

- Estou com calor, disse Sapeca. Vou tomar um banho.

10 minutos depois quando Sapeca saiu do banheiro foi a vez de Camélia:

- Também vou. Nato, quando eu sair do banho você também e a gente podia ir pro quarto, aproveitar o ar-condicionado e ver TV até meia-noite.

XII

- Que é isso Sapeca?

- Eu não queria deixar você sozinho. Por isso convidei a Camélia. Sei que você não confia mais em mim.

- QUE SEJA A ÚLTIMA VEZ, SENÃO TODA A RUA VAI SABER QUE ÉS UM VIADO.

Antes que Sapeca pudesse responder ouve-se a voz de Camélia:

- Nato, vai tomar banho, Cascão. Eu e o Sapeca vamos te esperar no quarto.

Quando Natanael chegou no quarto a TV estava ligada na sessão bang-bang. Sapeca sentado ao pé da cama. E Camélia no meio da cama.

XIII

- Senta aqui, falou ela rindo para Natanael.

- Sabe, Nato, eu queria ganhar um presente seu.

- Mas eu te dei um conjunto. E não tô com grana.

- Não leso. Não custa dinheiro.

- Ah. Tudo bem. O que é?

- Um beijo, de língua.

- Como é? Natanael se deixou levar, quando sentiu o hálito quente de Camélia.

- Viu como é bom?

Camélia pegou a mão de Natanael:

- Sente uma coisa.

Ela pôs a mão dele sobre o coração dela, que não estava acelerado. Olhando em seus olhos foi conduzindo lentamente sua mão por sua barriga. A camisola terminou e Natanael pode sentir sua pele. Ela faz sua mão tatear sua coxa até o joelho e voltar até o vão das coxas.

Nesse momento Natanael compreendeu uma verdade: Camélia estava sem cacinha.

Entre a retirada abrupta e vasculhar aqueles segredos, Natanael ficou com a mão parada naquele lugar que – para sua surpresa – não era um buraco. Era como se fosse dois gomos de tangerina, ainda por afastar. Ele podia sentir que estavam levemente umedecidos, o que o fez refletir sobre que sabor teria aquele caldo.

- Seja homem. Seja meu primeiro. Me salva desse peso.

Eles estavam sós no quarto. E ele sentiu a mão dela em seu pinto.

Rapidamente ele e seu pênis – que é nome do pinto quando adulto – chegaram ao acordo de que valeria a pena experimentar aquela vagina. Pela primeira vez na vida Natanael aceitou que tinha que se curvar às circunstâncias.

Com autoridade Camélia abriu as pernas e conseguiu encaixar Natanael em sua entrada.

Com determinação em superar a dor de ser penetrada, foi forçando Natanael para dentro de si. Natanael era novo, mas não era pequeno. Quando sentiu que já não havia o que entrar, Camélia lhe fitou. Natanael viu as lágrimas em seus olhos e seu sorriso branco. E ouviu sua voz quase chorosa:

- Bomba esta porra até gozar.

XIV

Algum tempo depois Sapeca entrou no quarto:

- Então, Nato. É melhor perder o cabaço ou tirar um cabaço?

- Por que – pergunta Natanael – vocês fizeram isso comigo?

- Nato – começa Camélia – o nosso primo Nel tem vinte anos. E desde os doze ele tira todos os cabaços da família. Acho que até a irmã dele ele comeu.

- Há um ano ele cerca a Camélia – continuou Sapeca – e eu fiz um acordo com ele pra preservar o cabaço dela.

- Que acordo?

- No começo eu só chupava. Depois ele começou a gozar na minha boca.

- Sei. E você não gosta disso.

- Há uns seis meses ele começou a comer o Sapeca. E de dois meses ele insiste em que eu fique por perto prá ficar pegando minha xana.

- Em pouco tempo ele não vai se contentar comigo e vai foder minha irmã. Meu sacrifício vai acabar sem valia.

- Por isso ontem à noite...

- Ela sabe de ontem à noite. Eu fiz aquilo por mim. Desde a primeira vez em que chupei o Nel, eu pensava em você. Eu comecei a acreditar que era correspondido, só precisava te encorajar...

- De onde você tirou isso?

- Ilusão. Eu queria ser comido por alguém que amasse. Ou, no mínimo, que gostasse de mim. De qualquer forma contei à Camélia hoje.

- E tivemos a ideia. Vai se inevitável o Nel me comer. Mas já vai pegar panela destampada. E também uma forma do Sapeca se desculpar com você.

- Então a gente não vai namorar nem nada?

- Não lindo. A menos que você queira apanhar do Nel e do meu irmão Arthur. Que eu acho que Nel também comeu. Nunca vou contar quem foi, mas você será para sempre meu herói.

E assim, o dia amanheceu. Os dois foram para suas casas após o café da manhã.

Foi a última vez em que os três ficaram sozinhos.

Nos cinco anos em que ainda passou na Rua da Liberdade nunca mais Natanael dormiu sozinho. Sempre que sua mãe viajava, pedia para um de seus tios ou tias virem dormir com ele.

Ou ia para a casa de seus antigos vizinhos no bairro da Olaria – Dona Zuleide e seu Juvêncio. A filha deles, Suzy, ficou surpresa de como o seu coleguinha tímido tinha aprendido a usar a boca e as mãos tão bem.

XV

Aos 47 anos Natanael estava em frente ao complexo de clínicas em que sua casa tinha se transformado. Uma lágrima lhe escorreu a face.

Chorava por Sapeca.

A única pessoa em sua vida que o amou de forma despreendida e imotivada.

E Natanael dele não sabia nem o nome.

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Comentários

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Lebrun, não havia pensado.

Vou levar em consideração.

Valterso, não vejo Natanael como retardado.ingenuo é consagradora, talvez.

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Há muito não lia algo tão bom, tão cheio de poesia por aqui. Tua história é linda, Mcarbone, e merece uma continuação: ou conta o que aconteceu depois de tirar a virgindade de Camélia, ou traz um reencontro com Sapeca. Faz isso, conte-nos mais.

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