Nas Madrugadas (Parte 1)

Um conto erótico de Melquior
Categoria: Heterossexual
Contém 1216 palavras
Data: 05/05/2019 11:35:12

Nas Madrugadas

Aonde eu moro, os dias são quentes. Talvez não seja a temperatura que deixe o ambiente tão claustrofóbico, talvez sejam os pequenos cubículos de acrílico, as escrivaninhas em ‘L’, os grandes blocos de documentos ou os ternos. A questão é que, as vezes, é difícil respirar por aqui.

Eu sempre chego as 08:00h, minha secretária entrega meu ‘frappuccino’ com menta, vejo as mensagens gravadas no telefone e organizo as pilhas de papéis a minha volta. Eu detesto bagunça e adoro eficiência, isso me permitiu crescer tanto nessa empresa.

Na verdade, nada disso importa muito. Eu não quero relatar meu dia a dia no trabalho, tampouco perder linhas e linhas de texto falando sobre papéis, ternos e cubículos. Pelo menos não dessa forma tão casual. A questão aqui é que eu tenho uma paixão. Uma paixão por uma garota cuja profissão é bem específica.

Dizem que as madrugadas são dedicadas aos loucos, poetas e putas. Eu não sei exatamente em qual categoria eu me encaixo, mas ela sim.

Em algum momento, eu comecei a sofrer de insônia. Quando se está assim, você nem dorme e nem está acordado, tudo parece distante. Nada no conforto do meu apartamento era suficiente para me gerar algum tipo de contentamento ou, sequer, me ajudar a passar o tempo. Algumas semanas assim e eu já havia me tornado um consumista. Eu tinha todo o kit de talheres de pratas da ‘BD Company’, forjados na Índia dos quais os arranhados nas pontas eram provas de que haviam sido forjados a mão por indígenas. Mas isso não durou muito e o tédio retornou. Eu percebi que não havia nada na minha casa que pudesse me ajudar, por isso eu comecei a sair durante as noites.

Aonde eu moro, as ruas são muito agitadas. Mesmo a noite, você pode ver os diversos ‘fast foods’ abertos, as casas de show, as igrejas e as mulheres. As mulheres que vagam pelas noites.

Foi assim que eu a conheci, em um quarto escondido de um motel barato da região. Eu me lembro dos seus olhos e como eles me hipnotizaram.

Catarina era uma mulher jovem e bela. Magra, alta e de rosto bem delineado e definido. Não se preocupava em manter o corpo em forma, se aproveitava de sua beleza natural. Ela tinha pernas e braços magros, bunda e seios médios e um cabelo ondulado na altura dos ombros. Quando eu a conheci, usava uma maquiagem forte quase gótica e cheirava a cigarro.

Ela me recebeu de maneira descompromissada: abriu a porta do quarto, vestia uma lingerie com tons de preto e vinho, me mandou entrar e se deitou na cama, acendendo um cigarro. Eu fiquei em pé, a observando. Ela passou alguns segundo tragando profundamente o cigarro até que, de maneira sarcástica, me perguntou se eu “ficaria ali olhando”. Percebendo minha completa falta de atitude, ela se levantou e ficou bem próxima de mim. Encostando no meu ouvido, ela disse com a voz bem baixa “você me quer ou não?”. Eu a olhei nos olhos, segurei firme em sua cintura e a beijei.

Foi a primeira vez que eu senti o gosto de tabaco na minha boca. Seus lábios estavam levemente ressecados e eu podia sentir a fumaça do cigarro se dissipando atrás da minha nuca, aonde suas estavam cruzadas e apoiadas sobre meus ombros. Sua cintura é fina e eu a aperto de maneira desajeitada e ansioso e, após alguns segundos, minhas mãos navegam devagar por suas costas.

Ela interrompe o beijo, me abraçando apenas para dar o último trago em seu cigarro quase ao fim. Ela o apaga encostando-o na parede. Me olhando nos olhos ela me pergunta o que eu gostaria de fazer. Eu ainda estou desajeitado e perdido. Ela dá outro sorriso sarcástico, me dá um selinho e me puxa em direção a sua cama.

Haviam três armários velhos dentro do quarto, todos em volta da cama formando uma espécie de ‘L’. Em um deles, tinha um som em cima, ela apertou um botão e uma música começou a tocar. O som meio gótico, meio eletrônico, ecoou por todo o quarto, era óbvio que dava para se ouvir a música por todo o corredor, ela não parecia se importar nem um pouco. De olhos fechados, ela começou a dançar, tão sensual quanto eu poderia tentar descrever. Não demorou para que ela começasse a tirar a roupa.

Eu me lembro de cada detalhe daquele corpo. A pele branca como papel, as pequenas veias amostras em seus braços, os seios firmes com auréolas médias e escuras circulando os mamilos. Eu poderia desenhá-la se tivesse alguma habilidade para isso. Ela viu minha admiração e, fingindo cobrir seus seios, deu um sorriso tímido e caminhou até mim.

Eu estava deitado na cama e ela veio sobre mim até sem sentar sobre a minha barriga. Se abaixou segurando meus braços e me deu outro beijo. Pegou minhas mãos e as levou até seus seios, apertando elas sobre eles. Ela fechou os olhos e os aproximou da minha boca. Eu nem percebi quando comecei a beijá-los.

A respiração dela era levemente ofegante, ouvi-la me deixava a cada minuto mais excitado. Eu fortemente apertei sua bunda e mordisquei seus seios. Ela me olhou e disse “você tem alguma atitude afinal”, logo em seguida voltou a empurra seus seios contra meu rosto.

A música continuava ecoando pelas paredes do pequeno quarto. Eu estava em ecstasy com tudo aquilo. Foi aí que ela se levantou, segurando meu rosto firmemente contra o colchão. Ela desceu uma das mãos até o zíper da minha calça, abaixou ele e puxou meu pênis para fora. Eu fechei os olhos. Ela sorriu e disse “Nós não podemos brincar sem proteção gatinho”. Eu abri os olhos, confuso.

Ainda com o sorriso malicioso no rosto, ela colocou meu pênis entre suas coxas e começou a cavalgar sobre mim. Eu não entendia exatamente o que estava acontecendo, mas não conseguia negar a mim mesmo o prazer que estava sentindo. Ela se movia devagar, mas intensamente. Estava de olhos fechados, com o rosto para o teto. Em algum momento ela segurou os próprios seios e se colocou a se mover mais rápido e com mais força.

Eu podia ouvir os gemidos que ela dava, o que me deixava em transe. Eu ofegava e viajava em tudo aquilo. Estava fora de controle.

Ela diminuiu a velocidade gradativamente, abriu os olhos, me olhou e sorriu novamente. Abriu suas pernas e revelou meu pênis latejando de desejo. Começou a me masturbar. Primeiro bem devagar, depois rápido e com muita força, sempre me olhando profundamente nos olhos. Ela percebeu que eu estava prestes a gozar e apontou meu pênis para sua barriga, aonde os jatos de espermas voaram até se colidirem com sua pela. Ela esfregou sua barriga com os dedos e os lambeu.

Ao terminar, ela se levantou, me disse o valor e esclareceu que eu não poderia dormir ali. Eu não disse nada. Paguei e fui para minha casa.

Eu não dormi naquela noite, mas por outro motivo. Talvez eu tenha me apaixonado por ela, ou talvez apenas o desejo ainda estivesse pairando sobre mim.

Eu continuo esperando o dia para revê-la, mas nunca tenho coragem para isso.

Aonde eu moro, as noites são longas e os dias não passam.

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